sexta-feira, 30 de julho de 2010

Justificação e a lei – (comentário ao estudo nº 05)




Nesta semana estudaremos Romanos 4 com prévia atenção a 3:31. Paulo continua sua exposição da justificação pela fé mostrando, dessa vez, que nunca houve outro recurso de salvação senão aquele provido por Deus. A esse respeito o Antigo Testamento deu seu testemunho claro e irretorquível. Isso fica evidente da experiência de Abraão e Davi, dois vultos memoráveis da história de Israel, por demais estimados por toda a nação. De fato, desde a entrada do pecado neste mundo, justificação pela fé sempre foi o método de salvação. Os judeus acabaram enveredando para outro caminho por pura desatenção às Escrituras.

Infelizmente, ainda hoje permanece o falso conceito de dois caminhos de salvação. Já ouvi pessoas que se diziam conhecedoras da Bíblia afirmarem, com certa pretensão, que, antes de Jesus, a salvação era pela lei e que, depois passou a ser pela graça. Mas pergunto:

houvesse outro meio possível de salvação, haveria necessidade de Jesus vir a este mundo, sofrer tudo o que sofreu e amargar a terrível morte de cruz? Tudo para nos salvar, quando, realmente, não precisávamos de tanto sacrifício? Como a lição demonstra já em sua abertura, a cruz é a maior evidência de que a lei não pode salvar, ao mesmo tempo em que não poderia ser alterada nem cancelada.

Com efeito, nem a lei no Antigo Testamento foi contrária à graça, nem a graça no Novo Testamento é contrária à lei.


I. A lei confirmada


É próprio considerar o texto de Romanos 3:27-31 um sumário das conclusões inferidas por Paulo daquilo que expôs nos versos 21-26:

(1) A jactância foi excluída (v. 27);

(2) A justificação é exclusivamente pela fé (v. 28);

(3) A salvação está disponível a toda a humanidade – judeus e gentios, no pensamento paulino (v. 29, 30); e finalmente, 
(4) Pelo plano divino de salvação, a lei é confirmada (v. 31). “Anulamos , pois, a lei, pela fé? Não, de maneira nenhuma, antes confirmamos a lei.”

Esse texto é interpretado de duas maneiras:

(1) Lei” significa todo o Antigo Testamento. Justificação pela fé foi anunciada antes da cruz, na forma de promessa. O capítulo 4 comprova esse fato mais uma vez, já que a citação de Habacuque aparece em 1:17. Nesse caso, o v. 31 abre caminho para o argumento de Romanos 4, o que significaria que esse verso é um prólogo, ou ligação a esse capítulo. Essa hipótese remove a aparente digressão do capítulo 3 para o 4. Princípio exarado nesta interpretação: em lugar do Antigo Testamento ser anulado pelo Evangelho, é confirmado por ele. Em geral, os evangélicos adotam essa interpretação.

(2) O verso expressa um ataque, por parte de Paulo, ao antinomismo (conceito de que os requerimentos da lei não mais incidem sobre os crentes). Lei aqui teria o sentido da expressão da vontade de Deus, como expressa, por exemplo, nos Dez Mandamentos. Essa é, naturalmente, a posição adotada pelos ASDs.

Depois de falar tudo o que Paulo expôs sobre lei e justificação, alguém poderia raciocinar que a lei não mais teria lugar no plano de Deus. Paulo se apressa em contrariar esse raciocínio. Suas palavras rechaçam falsas inferências tiradas de sua teologia pelos que a ela se opõem. Ele já o fizera no v. 8.

Cremos que esta é a melhor interpretação, pelo menos por dois pontos principais:

(1) O verso 31 mantém uma relação lógica com o que Paulo apresentou antes. Muito natural seria a pergunta: então, o que aconteceu com a lei? Qual é sua situação atual? O que a fé fez com ela? Excluiu-a como fez com a jactância (v. 27)? Aboliu-a?

(2) A estrutura do verso 31 combina mais com o que precede e não com o que vem em seguida: “Anulamos, pois [isto é, em vista do que acabamos de expor], a lei pela fé?...” Realmente Romanos 4 não necessita desse tipo de introdução, porque a digressão ali é apenas aparente, e não real. O 1º verso do capítulo 4 é transicional, não inferencial. A esta altura, seria mais que apropriado para Paulo defrontar o argumento judaico da filiação abraâmica e a questão da circuncisão, agora dentro de sua exposição do plano divino de salvação.

Bem analisada, a ideia de que a fé confirma o Antigo Testamento não é o que o apóstolo tem afirmado, e sim exatamente o contrário: é o Antigo Testamento que confirma a fé, e isso ele desdobra no capítulo 4.

A pergunta 2 nos remete aos versos 1-8 desse capítulo. Pelo que considerei anteriormente, ficou claro que não há diferença nenhuma entre os métodos de salvação num e noutro Testamento. Acrescento que em Romanos 4, Paulo substancia esse fato provando que a justificação pela fé não é uma verdade nova; que ela é exposta no Antigo Testamento, o apóstolo já afirmara no princípio da epístola (1:2, e o faz também ao final dela. Ver 16:25, 26), e com um texto específico ao introduzir seu tema (1:17). Então, ele se vale da experiência de Abraão, aquele a quem os judeus chamavam de pai e por cuja linhagem se sentiam os eleitos de Deus; e, de passagem, menciona também Davi (versos 6-8, a lição de amanhã), outro vulto ilustre dos hebreus, da descendência de quem esperavam o Messias.


II. Graça ou dívida


A lição de ontem menciona como Abraão e Davi encontraram na graça o recurso para ser vencedores. Embora o primeiro, vez ou outra, tenha agido inadequadamente, Gênesis 26:5 afirma que ele foi obediente aos mandamentos de Deus. Também sabemos que ele aguardou com fé o cumprimento da promessa que Deus lhe fizera. Contudo, as “obras” de Abraão não foram imputadas a ele “para justiça” mas, sim, sua fé (15:16). Davi, por sua vez, pecou vergonhosamente no caso de Urias e Bate-Seba, mas, exclusivamente pela graça, alcançou plena restauração. Tudo o que Abraão e Davi obtiveram da parte de Deus lhes veio na forma de dom imerecido, indébito, fruto exclusivo da misericórdia. Nada do que Deus fez a eles foi como pagamento de dívida, porque Deus nada deve a quem quer que seja.

Quanto à maneira de Paulo expandir seu tema (v. 6-13), acrescento o seguinte em resposta à pergunta 3:

Paulo toca no controvertido tema da circuncisão, muito valorizada pelos judeus em termos de eleição e salvação. A abordagem da circuncisão é feita em decorrência do que ele fala acerca de Abraão.

Considerando a maneira pela qual o patriarca foi justificado, Paulo deixa claro que a circuncisão não pode ser tomada como condição para a justificação: Abraão foi justificado antes de ser circuncidado (v. 10); isto é decisivo na argumentação do apóstolo. A fé, portanto, antecedeu a circuncisão, tanto quanto Gênesis 15:6 antecede 17:10-14. É impróprio mesmo afirmar que a fé substituiu a circuncisão a partir da cruz. A fé foi sempre o meio da justificação.

Assim, Paulo usa o exemplo de Abraão para mostrar que a circuncisão veio apenas para confirmar o que já era uma realidade através da fé. E isso foi providencial para que o patriarca fosse considerado o pai de todos aqueles que creem, não importando se gentios ou judeus. O apóstolo conseguiu divisar um significado teológico para o fato de ter sido Abraão circuncidado depois de ter sido justificado:

sendo justificado antes da circuncisão, ele adquire qualidades que o tornam o pai dos que, sem ser circuncidados, creem em Jesus. Ter sido posteriormente circuncidado o torna pai daqueles que, circuncidados, também creem em Jesus. Em outras palavras, a circuncisão não é nem condição nem impedimento para que alguém seja justificado.

Os cristãos judeus não haviam entendido esse importante detalhe quando Deus, no princípio, estendera o evangelho aos gentios. Começaram a exigir que estes fossem circuncidados (At 15:1, 5). É possível também que alguns gentios já começassem a supor que a circuncisão fosse um obstáculo para que os judeus desfrutassem plenamente a salvação em Cristo. Nada disso, todavia, tinha sentido.
 Unicamente a fé era condição sine qua non para uma salvação disponível a circuncidados e incircuncisos (ver Gl 5:6; 6:15; 1Co 7:19). Por isso, Paulo afirmou: “Foi alguém chamado estando circunciso? Não desfaça a circuncisão. Foi alguém chamado estando incircunciso? Não se faça circuncidar” (1Co 7:18). Acho isso normativo para a evangelização de judeus hoje.


III. Promessa e lei


Nesta altura, Paulo adiciona outro ponto de consideração em seus argumentos. Estabelecido que Abraão foi justificado pela fé sem a colaboração da circuncisão, não há como sustentar que a promessa feita a ele e a seus descendentes, promessa que antecedeu mesmo a fé, haja sido com base nas obras da lei, uma vez que esta, na forma de um código, entrou em cena bem depois da própria circuncisão.

Não foi a justiça humana, auferida com base no cumprimento do direito, o fator determinante da promessa feita a Abraão, mas a justiça que decorre “da fé”. Como a promessa feita a Abraão define em última instância a salvação anunciada no evangelho, conclui-se mais uma vez que a justificação não ocorre segundo o ideal judaico, isto é, através das obras da lei, mas segundo o ideal evangélico, isto é, exclusivamente pela fé.

Para o grande apóstolo, portanto, permanece o fato de que Abraão foi justificado exclusivamente pela fé, e foi com base na justiça daí oriunda que a promessa de ser herdeiro do mundo lhe foi assegurada.

No verso 14, Paulo fala em termos de hipótese, e não de possibilidade, caso contrário, sua palavras não teriam sentido: “
se os da lei é que são os herdeiros, anula-se a fé e cancela-se a promessa.” Em outras palavras: não havendo fé, não há promessa. Mas não havendo promessa não há herdeiros, porque não há uma herança a ser recebida. Uma coisa resulta na outra. Nesse caso, os que são da lei seriam herdeiros de quê? Esta é uma forma bem impressiva de Paulo repetir o que afirmou em 3:20: “ninguém será justificado diante dEle por obras da lei...” Seu argumento aqui é praticamente o mesmo de Gálatas 2:21: “Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão.” E sabemos que, se Cristo morreu em vão todos estamos igualmente perdidos.


IV. Lei e fé


Para Paulo, o papel da lei no processo da salvação é claro: ela suscita a ira divina face ao pecado (v. 15), de forma a salientar a situação extremamente desesperadora do pecador e realçar ainda mais a necessidade da graça. Esse detalhe (a lei suscitar a ira) substancia o que o apóstolo vem afirmando: “
essa é a razão porque provém da fé, para que seja segundo a graça” (v. 16), porque se provier da lei, tudo estará perdido; não estará operando a graça e sim a ira. Embora a lei não seja contra a fé, ela combina com ira, enquanto fé combina com graça. Tem que ser pela fé, caso contrário não será por forma alguma.

É maravilhoso observar como, no raciocínio de Paulo, sua maneira de argumentar, ou de desenvolver seu tema, vai colocando as coisas em seu devido lugar. Ele demonstra que justificação pela fé não é simplesmente o meio mais seguro de salvação; é o único meio.

Não podemos esquecer que salvação começa aqui e agora. E a salvação não é no pecado, no sentido de que o crente vive agora assim como vivia antes ― uma existência voltada e votada ao pecado. A quem justifica, Deus torna justo. É por isso que o legalista jamais poderá desfrutar a alegria de cumprir a vontade de Deus como deve ser feita; ele simplesmente não tem condição de fazê-lo, pois não conta com o recurso da graça, o único poder que pode transformá-lo num autêntico filho de Deus.

É por isso também que Ellen G. White declara, como registrado na lição: “
O princípio de que o homem se pode salvar por suas próprias obras... está na base de toda religião pagã. ... Onde quer que seja mantido, os homens não têm barreira contra o pecado.” Então, simplesmente não podem ser obedientes à lei de Deus.

Em Gálatas 3:21-23 (e eu estenderia a leitura do texto até o v. 29), a exemplo do que transparece na mensagem total dessa epístola, o apóstolo afirma que a lei não é contrária às promessas de Deus (o que significa não ser contrária à fé), embora não possa conceder vida.

Pode parecer ironia, mas, na verdade, é precisamente porque a lei determina morte para o transgressor, que acaba sendo favorável à fé e às promessas; pois aí é realçada a necessidade do Salvador provido pelo glorioso plano divino de redenção. Em Jesus e por Jesus as promessas, aceitas inicialmente pela fé, alcançam cumprimento, sendo concedidas a todos os que creem (v. 22). Isso é possível porque Jesus é o verdadeiro “Filho de Abraão”, o centro motivador e realizador de tudo o que Deus prometeu ao grande patriarca. Daí Paulo chegar ao clímax de sua análise nesse ponto da epístola, ao afirmar: “...
se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão, e herdeiros segundo a promessa” (v. 29). Louvado seja o Senhor!

V. Lei e pecado


A relação entre a lei e o pecado é definida em 1 João 3:4: “
O pecado é a transgressão da lei”. A guarda dos mandamentos é a maior evidência de que uma pessoa deu as costas para o pecado, e agora conhece Jesus como resultado de íntima comunhão com Ele (2:3-6) motivada pelo intenso desejo de ser igual ao Mestre: “Aquele que diz que permanece nEle, esse deve também andar assim como Ele andou” (v. 6).

Na realidade, de três maneiras a lei se relaciona com o pecado, tudo de acordo com sua tríplice função:

(1) Condenar o pecador – Quem tenta salvação pela lei só conseguirá uma coisa: a perdição, porque nenhuma de suas três funções é salvar. Muito ao contrário, como estamos vendo, ela incrementa a seriedade do pecado e fortalece seu poder destruidor (Rm 3:20; 4:15; 5:13, 20; 7:7, 8, 10, 11, 13; 1Co 15:56; Gl 3:10, 19). Em suma, ela condena o pecador à morte.

É verdade que o homem, por intuição, sabe que é pecador, e não precisa da lei para se conscientizar disso. Mas agora, atentando à lei, ele vê quão desesperadora é sua situação. Aliás, sem o conhecimento dos reclamos da lei, o pecador poderá até nutrir a ilusão de que está bem. “
Outrora, sem a lei [isto é, sem um adequado conhecimento do que ela requer de mim] eu vivia...”, disse Paulo (7:9).

Antes de se encontrar com Cristo, o fariseu se imaginava cumpridor da lei, irrepreensível “
quanto à justiça que há na lei...” (Fp 4:6). Mas quando ele entendeu os reclamos da lei à luz da própria vida de Jesus Cristo, o único que, diante dela, foi totalmente irrepreensível, ele sentiu quão desesperador era seu estado. Ele já havia dito que “... sobrevindo o preceito, reviveu o pecado, e eu morri” (v. 9). Nesse sentido, a lei incrementa o pecado: “...a fim de que, pelo mandamento, o pecado se mostrasse sobremaneira maligno” (v. 13).

É-nos dito também que a lei foi dada “por causa das transgressões” (Gl 3:19), ou seja, para desdobrar o pecado em atos específicos que a infringem. Antes de tudo, o pecado deve ser compreendido como condição pecaminosa. Com a lei, todavia, aquilo que é apenas condição, passa a ser também comportamento. Em outras palavras, a lei caracteriza o pecado como transgressão, e o pecador como transgressor. Isso, claro, amplia o conceito de pecado.

(2) Conduzir a Cristo – Nesta segunda função, a lei funciona como espelho (Tg 1:23, 24). Se alguém se olha nele e nota o rosto manchado, sente logo o desejo de se lavar (salvo se quiser continuar sujo). Não é o espelho o agente purificador, mas a água. Pode-se dizer, porém, que ele conduziu (ou induziu) a pessoa à água, quando lhe ressaltou a necessidade desta para se limpar. Desta forma age a lei. Ela condena o pecador mostrando-lhe os pecados (Rm 3:20; 7:7). Automaticamente, ele é despertado para a necessidade de um Salvador.

É mais ou menos como alguém que se julga são e vai ao médico. Lá, descobre que está gravemente enfermo. Devemos, então, ajuntar que o mesmo médico o induz à cura, por lhe indicar o remédio que o restabelecerá. Estritamente falando, não é o médico quem o cura, mas o medicamento que toma, ou o tratamento que faz; agora, seja o medicamento, seja o tratamento, a indicação é do médico. É precisamente isto o que ocorre também na vida espiritual em relação à lei, o pecador e a salvação. Primeiramente, a lei demonstra que ele está “gravemente enfermo”, e em seguida lhe prescreve o meio de cura ― Jesus. Assim, o pecador é induzido a ir a Cristo (Gl 3:24), onde encontra a solução para seu problema.

Esse fato é o mesmo referido na lição. Esta enfatiza que é o evangelho que indica o remédio, a solução para o pecado ― Jesus. Mas, de toda maneira, a lei continua exercendo sua função de ressaltar a necessidade de um Salvador. Como a própria lição afirma, “se não houvesse lei, não haveria pecado, e então, de que seríamos salvos?”

Em outras palavras, em lugar de ser contra o evangelho, a lei trabalha a serviço dele. Essa é sua segunda função.

(3) Servir de padrão moral – Recebido e salvo por Jesus, o pecador passa a ser nova criatura. Sua vida atual é bem diferente da antiga. Antes vivia no pecado, isto é, transgredindo a lei. Agora, ele está morto para o pecado (Rm 6:1 e 2), ou seja, para a transgressão, e Cristo está vivendo nele (Gl 2:20), de maneira que a vida obediente de Cristo passa a ser a do pecador. Como Cristo regeu Sua vida pelos princípios do governo de Deus, assim também ele se deixará reger por esses princípios.

Portanto, a lei de Deus passa a ser sua norma de vida. Ela ainda serve de espelho, mas não para lhe mostrar as velhas manchas do pecado (dos quais ele foi lavado no sangue de Cristo), mas para lhe revelar se ainda continua “com o rosto limpo”, isto é, no estado de inocência e pureza em que se viu envolvido quando Jesus o justificou pela fé. Voltando à ilustração do médico, o paciente descobriu que está seriamente enfermo, ficou bom ao tomar o remédio que o médico lhe indicou, e então retorna a este para saber se continua bem.

E é claro, esta terceira função a lei cumpre quando ela é considerada não apenas como um código de ética (um dos problemas dos judeus no tempo de Paulo), mas como ela é em Jesus, avaliada pela vida que Jesus viveu. Falando noutros termos, nosso autêntico padrão é Cristo e não meramente um código de ética.

É verdade que a pessoa salva pela fé continua pecadora e continuará a ter seus momentos de fraqueza, seus lapsos e “delitos”. Mas ela estará sempre se valendo dos recursos da graça (ver 1Jo 2:1), e, assim, avançará em sua experiência cristã, rumo à semelhança com Seu Salvador. E isso é o que Deus propõe a cada um de Seus filhos.

José Carlos Ramos é pastor e professor do SALT ora jubilado. Engenheiro Coelho, SP




Justificação e a Lei (estudo nº 05)




Verso para Memorizar: Anulamos, pois, a lei pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a lei (Romanos 3:31).

Leituras da semana: Gn 15:6; 2Sm 11, 12; Rm 3:20-23, 31; 4:1-17; Gl 3:19; 1Jo 3:4

Sob muitos aspectos, Romanos 4 chega ao fundamento da doutrina bíblica da salvação unicamente pela fé. Usando Abraão – o modelo de santidade e virtude – como exemplo de alguém que precisou ser salvo pela graça, sem as obras da lei, Paulo não deixou aos leitores nenhum espaço para dúvida. Se a melhor observância da lei e as obras de uma pessoa não foram suficientes para justificá-lo diante de Deus, que esperança tem qualquer outra pessoa? Se para Abraão foi necessária a graça, precisa ser igual com todos os demais, judeus e gentios!

Em Romanos 4, Paulo revela três fases importantes no plano de salvação: (1) a promessa da bênção divina (a promessa de graça); (2) a resposta humana a essa promessa (a resposta da fé); e, finalmente, (3) o pronunciamento divino de justiça atribuída aos que creem (justificação). Foi assim que aconteceu com Abraão, e é assim que acontece conosco.

É crucial nos lembrarmos de que, para Paulo, a salvação é pela graça; é algo concedido a nós, por mais indignos que sejamos. Se a merecêssemos, ela nos seria devida, e se nos fosse devida, seria uma dívida, não um dom. E para os seres corruptos e caídos que somos, a salvação precisa ser um dom.

A fim de provar seu argumento sobre a salvação unicamente pela fé, Paulo faz enfática referência ao livro de Gênesis, citando Gênesis 15:6: “Abrão creu no Senhor, e isso lhe foi creditado como justiça” (NVI). Aqui está a justificação pela fé em umas das mais antigas páginas da Bíblia.  

                                                A lei confirmada

1. Segundo Paulo, existe algum conflito entre a lei e a fé? 

Anulamos, pois, a lei pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a lei.  Rom. 3:31. 

Por que essa questão é importante para nós, cristãos?
Nesta passagem, Paulo declara enfaticamente que a fé não anula a lei de Deus. Mesmo aqueles que guardavam a lei, ou seja, todo o corpo da lei do Antigo Testamento, nunca foram salvos por ela. A religião do Antigo Testamento, tanto como a do Novo, sempre foi da graça de Deus concedida aos pecadores pela fé.

2. Havia alguma diferença entre os métodos de salvação do Antigo Testamento e do Novo? 

1 Que, pois, diremos ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a carne?
2  Porque, se Abraão foi justificado por obras, tem de que se gloriar, porém não diante de Deus.
3  Pois que diz a Escritura? Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça.
4  Ora, ao que trabalha, o salário não é considerado como favor, e sim como dívida.
5  Mas, ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça.
6  E é assim também que Davi declara ser bem-aventurado o homem a quem Deus atribui justiça, independentemente de obras:
7  Bem-aventurados aqueles cujas iniqüidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos;
8  bem-aventurado o homem a quem o Senhor jamais imputará pecado (Rm 4:1-8)

Como esse texto mostra que, mesmo no Antigo Testamento, a salvação era pela fé e não pelas obras da lei?

De acordo com esta narrativa do Antigo Testamento, Abraão foi considerado justo porque “creu em Deus”. Então, o próprio Antigo Testamento ensina a justificação pela fé. Consequentemente, qualquer sugestão de que a fé “anula” (grego katargeo, torna inútil, invalida) a lei é falsa; a salvação pela fé é parte inseparável do Antigo Testamento. A graça é ensinada ao longo de todo o seu curso. Por exemplo, o que significava todo o ritual do santuário se não uma representação de como são salvos os pecadores, não por suas próprias obras mas pela morte de um substituto em seu lugar?

Igualmente, o que mais pode explicar como Davi foi perdoado depois de seu relacionamento sórdido com Bate-Seba? Certamente, não foi a observância da lei que o salvou, pois ele violou tantos princípios da lei que esta o condenava em numerosos aspectos. Se Davi devesse ser salvo pela lei, certamente, ele não seria salvo.

Paulo credita a restauração de Davi ao favor divino como um exemplo de justificação pela fé. O perdão foi um ato de graça de Deus. Aqui, então, está outro exemplo de justificação pela fé no Antigo Testamento. De fato, por mais legalista que muitos do antigo Israel se tornassem, a religião judaica sempre foi uma religião de graça. O legalismo foi uma perversão dela, não seu fundamento.

Pense por alguns minutos no pecado e na restauração de Davi (2Sm 11, 12; Sl 51). Que esperança pode você obter dessa história triste? Existe uma lição aqui de como nós, na igreja, devemos tratar aqueles que caíram? 



Extraído de:  http://www.cpb.com.br/htdocs/periodicos/licoes/adultos/2010/li532010.html

Graça ou dívida




O assunto com o qual Paulo está lidando aqui é muito mais importante que apenas teologia. Chega ao cerne da salvação e de nossa relação para com Deus. Se alguém crê que deve obter aceitação, que deve alcançar certo padrão de santidade antes de ser justificado e perdoado, é natural que essa pessoa se volte para dentro e olhe a si mesma e suas ações! A religião pode se tornar sumamente egocêntrica, a última coisa de que alguém precisa.

Em contraste, se a pessoa entende a grande verdade de que a justificação é um dom de Deus, totalmente imerecido e indigno, como será mais fácil e mais natural para essa pessoa voltar sua atenção para o amor e a misericórdia de Deus em lugar do próprio eu?

E no fim, quem é mais provável que reflita o amor e o caráter de Deus – o que está envolvido com o próprio eu ou o que está absorvido com Deus?

3. Como Paulo expande o tema da justificação pela fé? 

E é assim também que Davi declara ser bem-aventurado o homem a quem Deus atribui justiça, independentemente de obras: Bem-aventurados aqueles cujas iniqüidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos;  bem-aventurado o homem a quem o Senhor jamais imputará pecado.  Rm 4:6-8

O pecador tem que ir a Cristo, com fé, apropriar-se de Seus méritos, depor seus pecados sobre o Portador dos pecados e receber Seu perdão. Foi por esta causa que Cristo veio ao mundo. Assim é imputada a justiça de Cristo ao pecador arrependido e crente. Torna-se então membro da família real” (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 215).

9 Paulo continua explicando que a salvação pela fé não era só para os judeus, mas também para os gentios Vem, pois, esta bem-aventurança exclusivamente sobre os circuncisos ou também sobre os incircuncisos? Visto que dizemos: a fé foi imputada a Abraão para justiça.
10  Como, pois, lhe foi atribuída? Estando ele já circuncidado ou ainda incircunciso? Não no regime da circuncisão, e sim quando incircunciso.
11  E recebeu o sinal da circuncisão como selo da justiça da fé que teve quando ainda incircunciso; para vir a ser o pai de todos os que crêem, embora não circuncidados, a fim de que lhes fosse imputada a justiça,
12  e pai da circuncisão, isto é, daqueles que não são apenas circuncisos, mas também andam nas pisadas da fé que teve Abraão, nosso pai, antes de ser circuncidado.  (Rm 4:9-12).

De fato, a rigor, Abraão não era judeu; ele vinha de uma linhagem pagã 

Então, Josué disse a todo o povo: Assim diz o SENHOR, Deus de Israel: Antigamente, vossos pais, Tera, pai de Abraão e de Naor, habitaram dalém do Eufrates e serviram a outros deuses.  (Js 24:2).

A distinção entre gentio e judeu não existia em seu tempo. Quando Abraão foi justificado, ele não era nem circuncidado. (Gn 15:6 - Ele creu no SENHOR, e isso lhe foi imputado para justiça)

 Assim, Abraão se tornou pai tanto dos incircuncisos quanto dos circuncidados, além de ser um grande exemplo usado por Paulo a fim de construir seu argumento sobre a universalidade da salvação. A morte de Cristo foi para todos, não importando raça ou nacionalidade

vemos, todavia, aquele que, por um pouco, tendo sido feito menor que os anjos, Jesus, por causa do sofrimento da morte, foi coroado de glória e de honra, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todo homem.  (Hb 2:9).

Pense por alguns minutos no pecado e na restauração de Davi (2Sm 11, 12; Sl 51). Que esperança pode você obter dessa história triste? Existe uma lição aqui de como nós, na igreja, devemos tratar aqueles que caíram?



quinta-feira, 29 de julho de 2010

Promessa e lei




“Não foi mediante a lei que Abraão e a sua descendência receberam a promessa de que ele seria herdeiro do mundo, mas mediante a justiça que vem da fé” (Rm 4:13).

Neste verso, promessa e lei estão contrastadas. Paulo busca estabelecer uma base do Antigo Testamento para seu ensino de justificação pela fé. Ele encontra um exemplo em Abraão, a quem todos os judeus aceitavam como seu antepassado. A aceitação ou justificação vieram a Abraão à parte da lei. Deus fez uma promessa a Abraão de que ele seria “herdeiro do mundo”. Abraão creu nessa promessa; isto é, ele aceitou o papel que lhe cabia. Como resultado, Deus o aceitou e operou através dele para salvar o mundo. Este é um exemplo poderoso de como a graça estava em operação no Antigo Testamento, e não resta dúvida de que foi por isso que Paulo o usou.

4. Que argumentos usa Paulo para demonstrar que a salvação pela fé é um ponto central do Antigo Testamento? 

Pois, se os da lei é que são os herdeiros, anula-se a fé e cancela-se a promessa, porque a lei suscita a ira; mas onde não há lei, também não há transgressão. Essa é a razão por que provém da fé, para que seja segundo a graça, a fim de que seja firme a promessa para toda a descendência, não somente ao que está no regime da lei, mas também ao que é da fé que teve Abraão (porque Abraão é pai de todos nós, como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí.), perante aquele no qual creu, o Deus que vivifica os mortos e chama à existência as coisas que não existem.  Rm 4:14-17. Veja também 

Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão. Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti, serão abençoados todos os povos. De modo que os da fé são abençoados com o crente Abraão.  Gl 3:7-9.

Como dissemos no princípio, é importante lembrar a quem Paulo estava escrevendo. Esses crentes judeus estavam submersos na lei do Antigo Testamento, e muitos chegaram a crer realmente que sua salvação dependia de uma perfeita observância da lei, embora não fosse esse o ensino do Antigo Testamento.

Na tentativa de corrigir esse conceito, Paulo argumentou que Abraão, muito antes de ter sido dada a lei no Sinai, recebeu as promessas, não pelas obras da lei (o que teria sido difícil, visto que a lei – toda a Torah e os sistemas cerimoniais – ainda não estava exposta) mas pela fé.

Se Paulo aqui estava se referindo exclusivamente à lei moral, que, em princípio, existia mesmo antes do Sinai, a questão permanece a mesma. Talvez ainda mais! Aquele que procura receber as promessas de Deus através da lei, ele disse, torna a fé nula ou inútil. Essas palavras são pesadas, mas seu significado é que a fé salva e a lei condena. Elas ensinam sobre a inutilidade de buscar a salvação pela mesma coisa que leva à condenação, porque todos nós, judeus e gentios, violamos a lei e, consequentemente, todos precisamos da mesma coisa de que Abraão necessitava: a justiça salvadora de Jesus atribuída a nós pela fé.    






Lei e fé




Como vimos ontem, Paulo mostrou que o trato de Deus com Abraão provou que a salvação vem por intermédio da promessa da graça e não pela lei. Então, se os judeus desejassem ser salvos, teriam que abandonar a confiança em suas obras para obter a salvação e aceitar a promessa de Abraão, agora cumprida na vinda do Messias. As condições são as mesmas, realmente, para todos, judeus ou gentios, que pensam que suas “boas” obras são tudo o que é necessário para os reconciliar com Deus.

5. “O princípio de que o homem pode se salvar por suas próprias obras... está na base de toda religião pagã. ... Onde quer que seja mantido, os homens não têm barreira contra o pecado (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 35, 36).Que significa isso? Por que a ideia de que podemos salvar a nós mesmos mediante nossas obras nos deixa tão expostos ao pecado?

6. Como Paulo explicou a relação entre a lei e a fé em Gálatas? 

21  É, porventura, a lei contrária às promessas de Deus? De modo nenhum! Porque, se fosse promulgada uma lei que pudesse dar vida, a justiça, na verdade, seria procedente de lei. Mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado, para que, mediante a fé em Jesus Cristo, fosse a promessa concedida aos que crêem. Mas, antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela da lei e nela encerrados, para essa fé que, de futuro, haveria de revelar-se.  Gl 3:21-23

Se existisse uma lei que pudesse dar vida, essa teria sido certamente a lei de Deus. Ainda assim, Paulo diz que nenhuma lei, nem mesmo a de Deus, pode dar vida, porque todos a violaram e, portanto, todos estão condenados por ela.

Mas a promessa da fé, revelada mais completamente em Cristo, livra todos os que creem de estar “sob a tutela da lei”; isto é, de ser condenados e sobrecarregados na tentativa de conseguir a salvação por meio dela. A lei se torna um fardo quando apresentada sem a fé, sem a graça – porque sem a fé, sem a graça, sem a justiça que vem pela fé, estar sob a lei significa estar sob o fardo e a condenação do pecado.      






Lei e pecado




Frequentemente, ouvimos pessoas dizendo que, na Nova Aliança, a lei foi abolida e, então, continuam citando textos que acreditam provar esse aspecto.

A lógica por trás da declaração, porém, não é sólida, nem sua teologia.

7. Qual é a relação entre a lei e o pecado? 

3 Ora, sabemos que o temos conhecido por isto: se guardamos os seus mandamentos.
4  Aquele que diz: Eu o conheço e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade.
5  Aquele, entretanto, que guarda a sua palavra, nele, verdadeiramente, tem sido aperfeiçoado o amor de Deus. Nisto sabemos que estamos nele:
6  aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou.   1Jo 2:3-6; 

Aquele que diz: Eu o conheço e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade.  1Jo 3:4; 

visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado.  Rm 3:20

Cerca de cem anos atrás, o escritor irlandês Jonathan Swift escreveu: “Mas será que alguém diria que se as palavras beber, enganar, mentir, roubar fossem extirpadas da língua e dos dicionários ingleses por um Ato do Parlamento, na manhã seguinte iríamos acordar temperantes, honrados, justos e amantes da verdade? Essa é uma consequência justa?” (Jonathan Swift, A Modest Proposal and Other Satires [Uma Proposta Modesta e Outras Sátiras], Nova Iorque: Prometheus Books, 1995, p. 205).

Da mesma forma, se a lei de Deus foi abolida, por que mentir, matar e roubar ainda são pecados? Se a lei de Deus tivesse sido mudada, a definição de pecado também deveria ser mudada. Ou se a lei de Deus tivesse perdido o valor, o pecado também deveria ter desaparecido. E quem acredita nisso? (Veja também 

7  Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado.
8 Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós.
9  Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.
10  Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós.   1Jo 1:7-10; 
Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz.  Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte.  Tg 1:14-15

No Novo Testamento, estão presentes tanto a lei como o evangelho. A lei mostra o que é pecado; o evangelho indica o remédio para esse pecado, que é a morte e a ressurreição de Jesus. Se não houvesse lei, não haveria pecado, e então, de que seríamos salvos? Só no contexto da lei, e sua validade continuada, o evangelho faz algum sentido.

Frequentemente, ouvimos que a cruz anulou a lei. Isso é um tanto irônico, porque a cruz mostra exatamente que a lei não pode ser anulada nem mudada. Se Deus não revogou nem mudou a lei antes de Cristo morrer na cruz, por que faria isso depois? Por que não Se livrar da lei assim que a humanidade pecasse e, dessa forma, poupar a humanidade da punição provocada pela violação da lei? Assim, Jesus nunca teria precisado morrer. A morte de Jesus mostra que, se a lei pudesse ter sido mudada ou revogada, isso teria sido feito antes, não depois da cruz. Assim, nada mostra mais a validade contínua da lei que a morte de Jesus, ocorrida justamente porque a lei não pode ser mudada. Se a lei pudesse ter sido mudada para nos ajudar em nossa condição caída, não teria sido uma solução melhor para o problema de pecado do que Jesus ter que morrer?

Se não houvesse lei divina contra o adultério, esse ato provocaria menos dor e magoaria menos do que acontece agora aos que são vítimas dele? Como a resposta o ajuda a entender por que a lei de Deus ainda está em vigor? Qual foi sua experiência com as consequências de violar a lei de Deus?              


                                                  Estudo adicional


Leia Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 388: “Cristo, o Centro da Mensagem”; Patriarcas e Profetas, p. 125-127: “A Vocação de Abraão”; p. 363, 364: “A Lei e os Concertos”; O Desejado de Todas as Nações, p. 307, 308: “O Sermão da Montanha”; p. 608: “Conflito”; p. 762, 763: “Está consumado”.

Naquele século de tantas diferenças sociais, quando os direitos dos homens não eram muitas vezes reconhecidos, Paulo expôs a grande verdade da fraternidade humana, declarando que Deus ‘de um só fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da Terra’. À vista de Deus, todos são iguais” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 238).

Para o homem ser salvo, e para ser mantida a honra da lei, foi necessário que o Filho de Deus Se oferecesse como sacrifício pelo pecado. Aquele que não conheceu pecado tornou-Se pecado por amor de nós. Por nós morreu no Calvário. Sua morte demonstra o maravilhoso amor de Deus ao homem e a imutabilidade de Sua lei” (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, livro 1, p. 240).

Justiça é obediência à lei. A lei requer justiça, e esta o pecador deve à lei; mas ele é incapaz de apresentá-la. A única maneira em que pode alcançar a justiça é pela fé. Pela fé ele pode apresentar a Deus os méritos de Cristo, e o Senhor lança a obediência de Seu Filho a crédito do pecador” (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 367).

Se Satanás tiver sucesso em levar o ser humano a considerar meritórias e justas as próprias obras, ele sabe que pode vencê-lo em suas tentações, e torná-lo sua vítima e presa. ... Marque as ombreiras de suas portas com o sangue do Cordeiro do Calvário, e você estará seguro” (Ellen G. White, Review and Herald, 3 de setembro de 1889).

Perguntas para consideração

1. Por que é tão importante entender que a salvação se alcança unicamente pela fé, sem as obras da lei? De que erros esse conhecimento pode nos proteger? Que perigos aguardam os que perdem de vista esse ensino bíblico crucial?
2. Que outras razões você pode dar para a validade permanente da lei de Deus, mesmo quando entendemos que não é a lei e nem a obediência a ela que nos salva?
3. Pense mais nessa ideia de que, por causa da cruz, todos os seres humanos são iguais. Por que os cristãos, que têm a cruz diante de si, tão frequentemente parecem esquecer essa verdade importante e podem ser culpados de preconceito racial, étnico ou até nacional?
4. Como pecadores justificados, recebemos a graça e o favor imerecido de Deus, contra quem pecamos. Como esse fato deve afetar nossa maneira de lidar com os outros? Temos demonstrado graça e favor para com os que nos ofendem, que realmente não merecem nossa graça e favor?


segunda-feira, 26 de julho de 2010

Justificação e a lei – (resumo do estudo nº 05)




Que, pois, diremos ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a carne? Porque, se Abraão foi justificado por obras, tem de que se gloriar, porém não diante de Deus. Romanos 4:1-2

Saber: Por que uma compreensão da fé nas providências de Deus para nossa justiça é o fundamento de um relacionamento correto com Ele tanto no Antigo como no Novo Testamento.
Sentir: As bênçãos da justificação pela fé.
Fazer: Abandonar obras próprias e pôr toda a confiança no que Cristo fez.

I. A fé demonstrada por Abraão
A. Por que Abraão, pai tanto dos circuncidados como dos incircuncisos, foi considerado justo? Qual é o significado de saber que esse fato ocorreu muito antes da distinção entre judeus e gentios, da outorga das leis de Moisés, ou da morte de Cristo na cruz?
B. Por que a justificação pela fé, em lugar da guarda da lei, é uma crença decisiva para todos em todas as eras?

II. As bênçãos da justificação
A. Embora Davi tivesse pecado gravemente, como Deus foi capaz de perdoá-lo?
B. Quais são as bênçãos de ser justificado pela fé?

E é assim também que Davi declara ser bem-aventurado o homem a quem Deus atribui justiça, independentemente de obras: Bem-aventurados aqueles cujas iniqüidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos; bem-aventurado o homem a quem o Senhor jamais imputará pecado.  Rm 4:6-8).

III. Abandonar o eu em favor de Cristo
A. Visto que a lei não dá vida nem justiça, mas só faz a distinção entre justiça e pecado, o que devemos fazer para nos tornar justos e ter a vida eterna?
B. Como os que são salvos pelo sacrifício de Cristo devem se relacionar com a lei?

Resumo: 
Todos, em todos os tempos, têm a mesma necessidade de abandonar qualquer pensamento de praticar obras para a salvação mediante regras ou rituais. A salvação vem unicamente quando permitimos que Deus nos reconcilie pelo sangue que foi derramado por nós por Cristo Jesus.


Deus é a fonte, tanto da justiça em Sua lei como da graça vista na morte expiatória de Jesus Cristo que nos salva do pecado.


No estudo (5) desta semana,
discutimos e exploramos a relação entre a lei de Deus e Sua graça.

Imagine que você estivesse em uma escola que oferecesse só uma de duas notas: Aprovado ou Reprovado. O único problema seria que, para passar, você precisaria ter um relatório perfeito em cada problema, cada prova, cada tarefa. Uma só resposta errada, uma só, arruinaria suas chances de aprovação. Em outras palavras, você poderia acertar cada pergunta, cada vez e, então, se errasse a última pergunta na última prova, seria reprovado da mesma forma que alguém que tivesse errado todas as questões em todos os testes.

De certo modo, é assim a salvação. Precisamos de uma nota absolutamente perfeita para obter a salvação, santidade absolutamente perfeita, obediência absolutamente perfeita à lei de Deus. Qualquer coisa menos que isso levará à reprovação. O mais maravilhoso santo que tenha até a mínima culpa de caráter está no mesmo barco em que está o criminoso mais sórdido e mais degenerado. Sem justiça absoluta, estamos perdidos.

Agora, suponha que na escola houvesse um estudante que não só tirasse a nota perfeita mas se oferecesse a compartilhar aquela pontuação com você! Isto é, a pontuação perfeita seria sua, a única maneira de ser aprovado.

De certo modo, o evangelho é assim. Nenhum de nós tem nota para aprovação. Todos erramos mais de uma questão, com certeza, pois todos violamos a lei. Só Jesus tem justiça perfeita, e as boas-novas do evangelho são que Ele oferece essa justiça perfeita a todos os que a reivindiquem verdadeiramente pela fé.

Pense nisto: 
A lei de Deus se origina de Sua justiça, bondade e graça. Então, por que não faz nenhum sentido que Ele simplesmente a cancele, como tantos cristãos acreditam que Ele fez?

Comentário bíblico


I. Abraão (leia Rm 4)

Ele creu no SENHOR, e isso lhe foi imputado para justiça. Gn 15:6

Como seres humanos, tendemos a pôr outros seres humanos em um pedestal, às vezes, literalmente! Essa tendência nunca é mais verdadeira do que no modo de nós, cristãos, considerarmos as figuras bíblicas e outros grandes heróis da fé. O que esquecemos é que eles são heróis da fé. Eles são o que são porque tiveram fé no que Deus poderia fazer através deles e por eles, não porque eles houvessem nascido com um gene de santidade especial que a maioria de nós não tem.

Pense em Abraão. Ele é venerado por três religiões mundiais que concordam em pouca coisa mais. No mundo antigo, até os pagãos consideravam Abraão uma figura digna de respeito. O imperador pagão romano Alexandre Severo (que governou de 222 a 235 d.C.), perdendo espetacular e vistosamente o ponto, incluiu um busto de Abraão – junto com outros de Moisés, Jesus, Orfeu e Apolônio de Tiana – em sua capela particular.

Mas onde estava a grandeza de Abraão? Ele “
creu em Deus, e isso lhe foi creditado como justiça” como está afirmado em Romanos 4:3 (NVI), citando Gênesis 15:6.

Abraão precisou ter a justiça creditada a ele porque não era justo por si mesmo. Ele cometeu erros. Às vezes, ele tomou suas decisões por covardia e falta de fé. Por exemplo, recapitule Gênesis 12:10-20, em que ele negou que Sara fosse sua esposa e permitiu que ela fosse levada por Faraó como concubina, e sua repetição desse erro com respeito a Abimeleque em Gênesis 20. E então, houve sua decisão, em Gênesis 16, de ajudar Deus a cumprir a promessa feita de lhe dar um filho. Em resumo, um exame mais detido revela que o passado de Abraão era tão cheio de fracassos quanto o de qualquer um de nós, e o dele está registrado nas Escrituras.

Nem a linhagem de Abraão era particularmente santa, embora os judeus do tempo de Paulo tivessem grande orgulho por ser da linhagem de Abraão. Este era descendente de Noé, como todos os outros habitantes da Terra. Embora os piores antediluvianos houvessem morrido, não deixando herdeiros, os descendentes de Noé logo provaram que tinham um talento significativo para trair e desapontar Deus. Esses foram os antepassados de Abraão.

Nem a predisposição de Abraão à bondade e santidade, nem sua herança, eram particularmente notáveis, mas Abraão foi especial, como alguns de nós podemos ser especiais: Ele creu que Deus podia transformá-lo, trabalhar por meio dele e abençoar o mundo através dele. Ele creu em Deus, o Senhor o aceitou como justo e o fez capaz de ser justo.

Pense nisto: Assim como Deus pretendia que Abraão fosse uma bênção ao mundo inteiro, apesar de suas falhas individuais, Deus quer abençoar o mundo inteiro por nosso intermédio. Como a história de Abraão o inspira a crer em Deus assim como Ele acredita em você?

II. Pela graça, mediante a fé

13  Não foi por intermédio da lei que a Abraão ou a sua descendência coube a promessa de ser herdeiro do mundo, e sim mediante a justiça da fé.
14  Pois, se os da lei é que são os herdeiros, anula-se a fé e cancela-se a promessa,
15  porque a lei suscita a ira; mas onde não há lei, também não há transgressão.
16  Essa é a razão por que provém da fé, para que seja segundo a graça, a fim de que seja firme a promessa para toda a descendência, não somente ao que está no regime da lei, mas também ao que é da fé que teve Abraão (porque Abraão é pai de todos nós,  Rm 4:13-16

Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus;  Ef 2:8.)

Normalmente, graça e  são palavras intimamente relacionadas no Novo Testamento. Efésios 2:8 nos diz que “
pela graça sois salvos, mediante a fé”. A fé é o único meio de buscarmos a Deus. Mas até a fé seria vã se, antes, Deus não nos houvesse buscado. O ato de Deus nos buscar é um ato de graça, ou favor não merecido.

No Antigo Testamento, a palavra normalmente traduzida como graça se refere à consideração ou favor de uma pessoa para com outra, frequentemente, por nenhum motivo ou razão aparente. Usada teologicamente no Novo Testamento, significa quase o mesmo, a não ser pelo fato de que é Deus que nos vê e nos ama simplesmente pelo que Ele é e faz.

Além da graça, existe a lei de Deus. O Senhor nos deu os mandamentos, e tudo o que temos que fazer é obedecer-lhes. Afinal, são só dez! Mas a realidade é que, sem Deus, não temos a capacidade de obedecer nem mesmo àquelas dez simples verdades.

Será que Deus pode simplesmente abrir mão de todos ou alguns dos requisitos da lei? Não sem abrir mão de Sua justiça e santidade. Mas Deus pode estender mais graça a nós, e Ele o faz. Recebemos essa graça e dela nos apropriamos pela fé. Mediante a vida perfeita e o sacrifício expiatório de Seu Filho, Deus nos vê como se tivéssemos a justiça de Jesus.

Pense nisto: 
Como podemos exercer a fé que Deus nos dá a fim de receber Sua graça da salvação?

Use as perguntas para pensar sobre a relação entre a lei e a graça de Deus.

Perguntas para reflexão
No dias de Paulo, muita gente se confundia sobre a relação entre a lei e a graça. Alguns criam que era necessário obedecer à lei a fim de ser dignos de receber a graça. Outros até pensavam que era possível obedecer à lei sem referência à graça, assim acumulando créditos para salvação, por assim dizer, como uma conta a receber. Qual é a relação correta entre a graça e a lei?

Uma das razões por que a lei não pode ser mudada nem abolida é porque seus princípios essenciais representam a vontade e o caráter de Deus e, portanto, são eternamente válidos. Como você descreveria esses princípios em, no máximo, duas ou três frases?

Por que a crença de que se chega ao Céu ou alcança a salvação pelas boas obras ainda é tão disseminada, mesmo nos círculos cristãos?

Perguntas de aplicação
Mesmo com o conhecimento de que somos salvos pela graça, nossa tendência é ficar obcecados com nosso desempenho. Quais são os perigos dessa obsessão? Como podemos mudar nossa visão?

Embora Paulo e outros escritores do Novo Testamento enfatizem claramente a universalidade da salvação de Cristo, por que – mesmo na igreja cristã – ainda erguemos barreiras que podem ser artificiais?

Abraão creu na promessa de Deus, e o sinal de sua crença foi a circuncisão. Quais são os sinais exteriores pelos quais indicamos nossa convicção hoje?

Nesta semana, aprendemos que a lei de Deus ainda é válida por causa da salvação do pecado (não apesar dela) que nos é dada em Jesus Cristo.

A lei de Deus não é arbitrária. Podemos ver isso especialmente nos Dez Mandamentos, que resumem as regras para o comportamento humano para com Deus e de uns para com os outros. Nem mesmo o mais forte crente na anulação da lei pelo Novo Testamento desejaria viver em uma sociedade em que as pessoas ignorassem os princípios dos Dez Mandamentos ou os considerassem opcionais.

Escreva um ou mais dos Dez Mandamentos em um quadro de giz ou num projetor. Leia em voz alta.

Pergunte qual é o princípio que se encontra por trás desse mandamento e de que outras formas esse princípio poderia ser aplicado.