segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Bons pensamentos (resumo ao estudo nº 06)




Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento. Filipenses 4:8

Saber: O impacto de nossos pensamentos sobre as palavras e comportamento e o efeito das palavras de Deus ao redirecionar nosso pensamento.
Sentir: O poder concedido pelo Espírito Santo ao meditarmos na Palavra de Deus.
Fazer: Permitir que o Espírito molde nosso pensamento ao considerarmos o poder criativo de Deus, Seu amor leal e Sua Lei.

Esboço

I. A fonte da ação
A. Que relação nossos pensamentos têm com o que dizemos e fazemos?
B. Que diferença produz em nossos pensamentos e sentimentos quando meditamos nas palavras de Deus nas Escrituras? Como a oração opera para mudar a direção dos nossos pensamentos?

II. O poder das palavras de Deus
A. Nossos sentimentos estão intimamente relacionados com o que comunicamos a nós mesmos. Por que é importante fazer escolhas conscientes sobre as palavras nas quais pensamos?
B. Como pode o Espírito, mudando nossos pensamentos, mudar nossos sentimentos?

III. Escolha o Espírito
A. Colocando-nos propositadamente onde o Espírito pode encher nossa mente com Sua maneira de pensar, permitimos que Ele controle nossa mente e coração.
B. O que podemos fazer para dar ao Espírito pleno acesso a nossos pensamentos?
C. que mudanças precisam ocorrer em nossas escolhas de amizades e entretenimento?

Resumo: Nossos pensamentos são a fonte de nossas palavras e ações, e como tais, precisam ser submetidos ao controle do Espírito Santo, momento a momento.

Motivação
Momento a momento, dia a dia, nossos pensamentos são uma poderosa força que, ou nos levam para perto de Cristo ou nos afastam de Sua vontade para nossa vida.

Tentar controlar nossos pensamentos pode ser como tentar reunir peixes – você cerca um, enquanto outros cinco fogem do seu alcance. Ajude sua classe a entender o papel poderoso que nossos frequentes processos de pensamentos – conscientes ou inconscientes – desempenham em moldar nossa caminhada cristã diária e descobrir ferramentas espirituais que ajudem a proteger nossa mente.

Atividade: 
Em 18 de novembro de 1978, 909 homens, mulheres e crianças morreram em um suicídio-assassinato em massa em uma remota colônia da Guiana. Os poucos sobreviventes do “massacre de Jonestown” contavam de uma cena de tumulto, na qual pais voluntariamente introduziam em seus filhos uma solução de cianeto antes de eles mesmos beberem o veneno. Mas uma gravação em fita de áudio, recuperada depois, mostrou que nem todos participaram voluntariamente. Uma mulher, Christine Miller, desafiou em voz alta a Jim Jones, o líder religioso carismático do grupo, que conduziu a morte de seus seguidores. Jones respondeu como havia feito inúmeras vezes ao longo dos anos para neutralizar divergência. Ele incitou outros na multidão a gritar para abafar a voz de Christine, e sua solitária voz de protesto foi abafada em uma avalanche de censura da multidão.

Os métodos de Jones de controle da multidão não eram novos. Gustav Lebon em seu livro de 1895, The Crowd: A Study of the Popular Mind [A Multidão: Um Estudo da Mente Popular], investigou como os pensamentos de um indivíduo podem ser pervertidos, controlados e canalizados para a ação pelo poder da “mentalidade de turba”. Décadas depois, Adolf Hitler notoriamente empregou técnicas similares em seu uso da mídia de massa.

Pense nisto: 
Facilmente esquecemos o poder absoluto do que acontece dentro de nossa mente; a habilidade incrível dos padrões de pensamentos para impactar não somente nossa própria vida mas a vida dos que nos rodeiam – para o bem ou o mal. Consideramos seriamente a assustadora vulnerabilidade de nossos pensamentos a influências externas – o que vemos, lemos ou pensamos?

Examine o simples poder da sugestão. Peça que sua classe NÃO pense em um elefante cor de rosa se equilibrando em uma corda bamba. Quantos foram capazes de afastar essa imagem de sua mente? Peça que eles especifiquem influências diárias que podem inconscientemente moldar seu pensamento.

Compreensão
Destaque a importância da árvore boa e dos frutos bons, do interior e do exterior. Os dois são importantes. O desequilíbrio ocorre quando cuidamos apenas de um aspecto, caindo nos extremos (liberal ou radical, formal ou essencial). Árvore sem frutos embeleza, mas não alimenta. E frutos sem árvore podem até alimentar, mas os frutos podem ser artificiais, causando mal-estar e envenenando a vida da igreja.


Comentário bíblico


I. “Fazendo a conexão”

43  Não há árvore boa que dê mau fruto; nem tampouco árvore má que dê bom fruto.
44  Porquanto cada árvore é conhecida pelo seu próprio fruto. Porque não se colhem figos de espinheiros, nem dos abrolhos se vindimam uvas.
45  O homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau do mau tesouro tira o mal; porque a boca fala do que está cheio o coração. Lc 6:43-45 

21  Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios,
22  a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura.
23  Ora, todos estes males vêm de dentro e contaminam o homem. Mc 7:21-23.)

Pensamentos podem parecer passageiros. Fisiologicamente, são apenas o estímulo das sinapses em nosso cérebro. Porém a mensagem das palavras de Jesus é inconfundível: pensamentos são importantes.

Consequentemente, expressamos nossas convicções íntimas e emoções em nossas escolhas, palavras e ações. Se o amor é a força controladora de nossa mente, então, como Ellen G. White afirma: “O amor não pode existir sem revelar-se em atos exteriores, assim como o fogo não pode ser mantido aceso sem combustível” (Testemunhos Para a Igreja, v. 1, p. 695).

Pense nisto: 
As Escrituras frequentemente se referem a nossas ações como “fruto” (karpos). Contraste o “fruto” dos que deixam de controlar seus pensamentos com o “fruto” dos que entregam seus pensamentos a Deus

19  Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia,
20  idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções,
21  invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam.
22  Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade,
23  mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei.    Gl 5:19-23).

Cave mais fundo nessa metáfora. Que lições práticas sobre o viver cristão podemos tirar das fases do crescimento natural de uma planta viva? Assim como a produção do fruto requer primeiro uma semente saudável, bem plantada e cuidada regularmente, o que deve vir antes dessa colheita de “fruto” espiritual?


II. Definindo nossa perspectiva

1
  Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus.
2  Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra;
3  porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus.
4  Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis manifestados com ele, em glória.
5  Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria;
6  por estas coisas é que vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.
7  Ora, nessas mesmas coisas andastes vós também, noutro tempo, quando vivíeis nelas.
8  Agora, porém, despojai-vos, igualmente, de tudo isto: ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso falar.
9  Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos
10  e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou;
11  no qual não pode haver grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo em todos.
12  Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade.
13  Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós;
14  acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição.
15  Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual, também, fostes chamados em um só corpo; e sede agradecidos.
16  Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração.
17  E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.  Cl 3:1-17

Qual é o passo mais crucial na edificação de uma vida de pensamentos saudáveis? Leia novamente Colossenses 3:1-4. Observe as frases “
Portanto, já que vocês ressuscitaram com Cristo”; “pois vocês morreram, e agora a sua vida está escondida com Cristo em Deus”; “então vocês também serão manifestados com Ele em glória” (NVI). Agora, compare-as com a linguagem similar de Hebreus 3:1“participantes do chamado celestial” (NVI). - Por isso, santos irmãos, que participais da vocação celestial, considerai atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus,:

Paulo lembra a seus leitores que eles tiveram um encontro com seu Senhor, que transformou sua vida e alterou sua perspectiva. Vemos as coisas de modo diferente. Somos convidados a partilhar do triunfo de Cristo sobre a morte. Nossa perspectiva agora transcende o mundo finito. Em lugar disso, vemos pelas lentes da eternidade.

Pergunta para reflexão:
Que mudanças práticas essa “perspectiva eterna” pode trazer ao nosso modo de pensar sobre nossa carreira, família e finanças?

III. Entrada e saída

Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento. Fp 4:8.)
Se um encontro com Deus que altera a perspectiva provê o fundamento para uma vida de pensamentos saudáveis, como edificar sobre esse fundamento? Nesse processo,  qual é importância da simples equação “lixo para dentro = lixo para fora”?

Perguntas para reflexão:
1. Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração. Colossenses 3:16. Que papel a comunidade de cristãos desempenha em nos ajudar a desenvolver o pensamento saudável? É importante ter um lugar seguro para expressar nossos medos, faltas, esperanças e conflitos? O que acontece quando tentamos ser cristãos insensíveis – mantendo tudo em segredo?
2. Quanto abrange a batalha spiritual para “guardar as avenidas de nossa mente”, influenciadas pelas considerações aparentemente mundanas, como ter repouso adequado, comer bem, manter um estilo de vida equilibrado e rejeitar substâncias que poderiam prejudicar nossa habilidade de pensar com clareza?

Aplicação
Os princípios bíblicos que temos estudado são muito importantes no atual mundo em que a mídia de massa está difundida. Ajude sua classe a aceitar esses ensinos antigos sobre guardar a mente e aplicá-los no contexto moderno.

Pense nisto: 
Você está consciente das mensagens que moldam seus pensamentos cada vez que você liga a televisão, entra na internet ou abre uma revista? O que significa cultivar uma atitude mental de “avaliação crítica”?

Aprenda a reagir à mídia com a qual você se ocupa. Se você está assistindo a um programa ou lendo um artigo, faça as seguintes perguntas: “O que estão tentando me levar a crer? Que insinuações, valores e cosmovisão fundamentam a mensagem que estão me comunicando? São eles aceitáveis à minha visão de mundo? Eles se alinham com meus valores e a “perspectiva eternal” que me foram dados por Cristo?

Atividades:
Dê a cada pessoa na classe uma página de uma revista ou jornal. Peça que gastem alguns minutos examinando os artigos e propagandas; então, peça que partilhem dois ou três valores ou insinuações que, embora não declarados, ainda são comunicados. Peça que a classe comente: Essas insinuações, de alguma forma, desafiam nossos valores cristãos?

Jogos eletrônicos violentos são os mais importantes no contínuo debate sobre a relação entre violência na mídia e aumento da agressividade. Na série de jogos Grand Theft Auto [Grande Roubo de Carros], os jogadores se envolvem em simulações de roubo, violência, atividade de gangues de rua, atividade sexual e profanação. Peça que a classe faça uma lista de princípios simples que poderiam ajudar os pais cristãos a guiar seus filhos em meio ao mundo difícil dos jogos e da mídia. É importante igualmente comentar como esses princípios poderiam ser comunicados efetiva e positivamente aos adolescentes.

Criatividade
Bloquear influências negativas é somente um lado da batalha para guardar nossa mente. Incentive os membros da classe a buscar maneiras práticas de cultivar a “paz de Deus” em seus pensamentos.

Pergunta para reflexão:
Você tem paz mental? Frequentemente focalizamos somente a exortação de Filipenses 4:8, mas qual tema é repetido nos versos 7-9? O que essa ênfase na “paz de Deus” diz sobre o importante resultado final de aprender a guardar nossos pensamentos?



Atividade: 
Crie duas listas em um quadro ou folha grande de papel. Peça que os alunos mencionem os mais fortes “perturbadores da paz” que podemos imaginar (como preocupações com trabalho ou finanças, ira, tentações, etc).

Ao lado de cada item, peça que a classe coloque promessas específicas ou passagens da Palavra de Deus que poderiam ajudar alguém a combater esse padrão de pensamento negativo específico e encontrar a paz de Deus. Desafie os alunos a continuar fazendo isso durante a semana: Sempre que forem assaltados pelo negativismo, procure deliberadamente um “antídoto” adequado nas Escrituras, uma música, um livro devocional, ou na natureza.

Reflexão:
Encerre a classe com um momento de reflexão silenciosa e oração. Peça que os alunos considerem a qualidade de seus pensamentos e coloquem suas lutas diante de Deus. Peça que reflitam nas seguintes questões: Tenho um forte fundamento para uma vida de pensamentos saudáveis? Tive um encontro com Deus capaz de  transformar a vida e alterar a perspectiva? Estou batalhando em minha própria força, ou em lugar disso peço diariamente que Deus reine em meu coração e mente? Que mudanças eu poderia fazer durante a semana para ajudar a concentrar meus pensamentos naquilo que me aproxima de Deus?




quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Culpa (estudo nº 05)




Se Tu, soberano Senhor, registrasses os pecados, quem escaparia? Mas contigo está o perdão para que sejas temido (Salmo 130:3, 4, NVI).

Leituras da semana: Gn 3:8-13; 1Jo 1:9; Sl 32; 1Tm 4:1, 2; Mt 26:75; Rm 8:1

O senso de culpa é uma das experiências emocionais mais dolorosas e incapacitadoras. Pode provocar vergonha, medo, tristeza, raiva, angústia e até enfermidade física. Embora frequentemente sejam desagradáveis, esses sentimentos podem ser usados por Deus para levar os pecadores ao arrependimento e ao pé da cruz, onde podem achar o perdão tão desejado. Às vezes, porém, o mecanismo da culpa faz com que as pessoas assumam a culpa por algo pelo que não são responsáveis, como no caso de alguns sobreviventes de acidentes ou filhos de pais divorciados.

Mas quando o senso de culpa é justificado, serve como boa consciência. A culpa produz desconforto suficiente para levar a pessoa a fazer algo sobre ela. Dependendo das escolhas pessoais, a culpa pode ser altamente destrutiva, como no caso de Judas, ou altamente positiva, como no caso de Pedro.

Nesta semana, vamos estudar quatro relatos bíblicos de culpa a fim de entender melhor esse processo e ver o que podemos aprender sobre ela, se for corretamente canalizada. Podemos ver como a culpa pode ser usada pelo Senhor para nosso proveito. Tudo depende, realmente, de nossa atitude em relação à culpa que sentimos e o que fazemos com ela.    

Domingo                                        Vergonha

1. Como Adão e Eva manifestaram a culpa que sentiram? Qual foi o problema com a reação de Adão? 

8  Quando ouviram a voz do SENHOR Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do SENHOR Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim.
9  E chamou o SENHOR Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás?
10  Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi.
11  Perguntou-lhe Deus: Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses?
12  Então, disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi.
13  Disse o SENHOR Deus à mulher: Que é isso que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente me enganou, e eu comi.
14  Então, o SENHOR Deus disse à serpente: Visto que isso fizeste, maldita és entre todos os animais domésticos e o és entre todos os animais selváticos; rastejarás sobre o teu ventre e comerás pó todos os dias da tua vida.
15  Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.   Gn 3:8-15

A culpa foi a primeira emoção adversa sentida pelos seres humanos. Logo depois que Adão e Eva pecaram, seu comportamento mudou. Eles “esconderam-se da presença do Senhor Deus entre as árvores do jardim” (v. 8. NVI). Essa reação sem precedentes indicou medo de seu Pai e Amigo e, ao mesmo tempo, vergonha de enfrentá-Lo. Até a queda, eles achavam alegria na presença de Deus, mas agora, escondiam-se ante Sua aproximação. Um bonito elo estava quebrado. Além de medo e vergonha, eles sentiam tristeza, especialmente ao serem informados das terríveis consequências de terem desobedecido a Deus.

Note as palavras de Adão e Eva: “
Foi a mulher que me deste por companheira” e “A serpente me enganou...” (NVI). A culpa provoca uma reação aparentemente automática de colocá-la em outra pessoa ou justificar o próprio comportamento com argumentação. Sigmund Freud, fundador da psicanálise, chamava essa reação de “projeção” e afirmava que as pessoas projetam sua culpa sobre os outros ou sobre as circunstâncias a fim de aliviar o fardo da culpa. Essa “projeção” é considerada um mecanismo de defesa. Mas o ato de lançar a culpa sobre os outros não contribui para as relações interpessoais e constitui uma barreira para o perdão de Deus. A verdadeira solução consiste em aceitar a plena responsabilidade pelas próprias ações e buscar o único Ser que pode fornecer libertação da culpa: “Portanto, agora já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8:1, NVI).

Às vezes, as pessoas sofrem de culpa pelas razões erradas. Parentes próximos daqueles que cometem suicídio, sobreviventes de um grande acidente ou calamidade e filhos de um casal recém-divorciado, na maioria dos casos, são exemplos típicos de culpa infundada. As pessoas que estão nessas situações precisam ter a certeza de que não podem ser consideradas responsáveis pelo comportamento de outros ou por eventos imprevisíveis. E se, em certos casos, eles tiverem alguma culpa, devem assumir a responsabilidade por suas ações, buscar perdão daqueles a quem ofenderam e, então, apegar-se a promessas bíblicas como: “
Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões” (Sl 103:12).

Como você reage à culpa? Você é rápido, como foi Adão, em culpar os outros por suas ações erradas? Como você pode aprender a fazer face às coisas que fez erradas e então, pela graça de Deus, avançar?       




Angústia dos irmãos de José

Segunda                         



2. Que lembrança particular provocadora de remorso continuava na mente dos irmãos de José? Gn 42:21. O que isso nos revela sobre eles?

Então, disseram uns aos outros: Na verdade, somos culpados, no tocante a nosso irmão, pois lhe vimos a angústia da alma, quando nos rogava, e não lhe acudimos; por isso, nos vem esta ansiedade. Gn 42:21

A culpa está associada a uma ocorrência particular do passado, às vezes, uma imagem ou um breve evento, que tende a ser revivido mentalmente. Outras ocasiões, toma a forma de uma imagem retrospectiva que invade a mente ou aparece em sonhos ou pesadelos. A imagem do José adolescente implorando por sua vida diante de seus irmãos mais idosos deve ter assomado à mente dos filhos de Jacó vez após vez.

3. De que outra forma a culpa afetava os irmãos de José?

E disse a seus irmãos: Eu sou José; vive ainda meu pai? E seus irmãos não lhe puderam responder, porque ficaram atemorizados perante ele.   Gn 45:3

Os que são afetados pela culpa pensam nela repetidamente, lamentando o que fizeram, mostrando medo pelas consequências e se recriminando. Essas reflexões produzem muita angústia, frustração e ira contra si mesmo por não ter agido de maneira diferente. Infelizmente, não importa quanto tempo seja dedicado a esses pensamentos, o passado permanecerá inalterado. Falta arrependimento e perdão. O nobre caráter de José emerge, no fato de que ele ofereceu perdão e encorajou seus irmãos a deixar de se zangar consigo mesmos. Ele lhes assegurou que a ocorrência dos eventos era plano de Deus para salvar muitas vidas. No entanto, o fato de que Deus pôde usar sua má ação para o bem não os isentou de um crime horrível.

4. Como a obediência ao que está nestes versos nos ajuda a lidar com a culpa? 

13  Está alguém entre vós sofrendo? Faça oração. Está alguém alegre? Cante louvores.
14  Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor.
15  E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.
16  Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo.    Tg 5:13-16; 

8  Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós.
9  Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.
10  Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós.
1  Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo;
2  e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro.    1Jo 1:8 a 2:2

Todos os pecados causam dor ao pecador e a Deus. Muitos pecados envolvem também outras pessoas. Cada canto do triângulo (Deus–Outros–Eu) precisa ser trabalhado a fim de trazer uma solução para os males passados. João nos diz que Deus está preparado para perdoar e para nos purificar da injustiça.

Além disso, Tiago nos diz que devemos confessar os pecados uns aos outros; devemos fazer isso, especialmente a quem ofendemos.  


Força enfraquecida

Terça                                                    





5. Leia o Salmo 32. O que aprendemos sobre culpa e confissão? O que Davi quis dizer por “calei os meus pecados”? Que acontece quando a pessoa se cala? Qual foi a solução de Davi para sua culpa?

1 Feliz aquele cujas maldades Deus perdoa e cujos pecados ele apaga!
2  Feliz aquele que o SENHOR Deus não acusa de fazer coisas más e que não age com falsidade!
3  Enquanto não confessei o meu pecado, eu me cansava, chorando o dia inteiro.
4  De dia e de noite, tu me castigaste, ó Deus, e as minhas forças se acabaram como o sereno que seca no calor do verão.
5  Então eu te confessei o meu pecado e não escondi a minha maldade. Resolvi confessar tudo a ti, e tu perdoaste todos os meus pecados.
6  Por isso, nos momentos de angústia, todos os que são fiéis a ti devem orar. Assim, quando as grandes ondas de sofrimento vierem, não chegarão até eles.
7  Tu és o meu esconderijo; tu me livras da aflição. Eu canto bem alto a tua salvação, pois me tens protegido.
8  O SENHOR Deus me disse: “Eu lhe ensinarei o caminho por onde você deve ir; eu vou guiá-lo e orientá-lo.
9  Não seja uma pessoa sem juízo como o cavalo ou a mula, que precisam ser guiados com cabresto e rédeas para que obedeçam.”
10  Os maus sofrem muito, mas os que confiam em Deus, o SENHOR, são protegidos pelo seu amor.
11  Todos vocês que são corretos, alegrem-se e fiquem contentes por causa daquilo que o SENHOR tem feito! Cantem de alegria, todos vocês que são obedientes a ele! Salmo 32

A confissão honesta faz bem à consciência e, aparentemente, também para o corpo. A linguagem de Davi sugere claramente que seu estado mental de culpa também estava provocando dor física: “envelheceram os meus ossos” (v. 3) e “minhas forças foram-se esgotando” (v. 4, NVI). Hoje, os profissionais de saúde reconhecem a íntima relação entre o estresse psicológico e as doenças físicas. Há décadas, a expressão “doença psicossomática” tem sido parte da linguagem dos profissionais de saúde, e se refere aos sintomas físicos provocados principalmente por processos psicológicos. Mais recentemente, o campo da psiconeuroimunologia identificou o papel-chave que exercem os estados mentais na proteção do nosso corpo ou em sua exposição às doenças.

A culpa, como qualquer outra emoção adversa forte, provoca a imediata deterioração do comportamento e pode, a longo prazo, destruir a saúde física. Mas para aqueles que conhecem o Senhor, não há necessidade de colocar-se em risco. O testemunho de Davi revela o antídoto para a culpa: “
Confessei-Te o meu pecado..e Tu perdoaste a iniquidade do meu pecado” (v. 5)

Assim, a vergonha, o remorso, a tristeza e a desesperança provocados pela culpa podem desaparecer pelo perdão maravilhoso do Senhor, e, em seu lugar, podem vir alegria e felicidade (v. 11).

6. Leia 1 Timóteo 4:1, 2. Que significa ter “cauterizada a própria consciência”?

Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência,    1 Timóteo 4:1-2

Paulo advertiu Timóteo a respeito de indivíduos que ensinariam aos fiéis doutrinas estranhas. Eles fariam isso porque sua consciência estaria “morta como se tivesse sido queimada com ferro em brasa” (v. 2, NTLH). Assim como o fogo pode queimar os terminais nervosos e deixar insensíveis certas partes do corpo, a consciência também pode ser cauterizada: (a) Pela repetida violação de princípios corretos até que não sobre nenhum senso de injustiça, (b) Por fortes influências ambientais que levem a pessoa a considerar os erros com indiferença ou até como algo bom.

Existem coisas que no passado o aborreciam e que hoje não mais o perturbam? Nesse caso, isso pode ser uma consciência cauterizada em ação? Tente pensar nas coisas que você faz e que não aborrecem sua consciência, mas que talvez devessem incomodá-lo. 



Pranto doloroso

Quarta                                   




7. O que tornou tão grande o senso de culpa de Pedro? Você já teve uma experiência semelhante? Nesse caso, o que você aprendeu dela que poderia levá-lo a evitar cometer um engano semelhante?

Então, Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe dissera: Antes que o galo cante, tu me negarás três vezes. E, saindo dali, chorou amargamente. Mt 26:75

Em duas ocasiões, Pedro declarou a intenção de ser firme e nunca negar o Mestre. Sua segunda afirmação foi dada mesmo depois que o Senhor predisse que ele O negaria três vezes naquela mesma noite. Horas mais tarde, duas mulheres identificaram Pedro como um dos discípulos de Jesus, e ele negou o Senhor mais uma vez. Então, um grupo de servos da casa do sumo sacerdote o identificou, e ele exclamou: “Não sou” (Jo 18:25). Note que os acusadores (menores, mulheres, servos) eram considerados de baixa posição social. Mais tarde, isso deve ter aumentado a vergonha e a culpa de Pedro.

O ponto crucial, porém, é que o pranto de Pedro o levou ao arrependimento, à mudança de coração e à verdadeira conversão, embora o processo em si tenha sido doloroso. Às vezes, é isso que nos falta: precisamos nos ver como realmente somos, ver o que realmente está em nosso coração, e como somos capazes de demonstrar deslealdade – e então, cair, quebrados como Pedro, diante do Senhor.

Com lágrimas que o cegavam, abriu caminho para a solidão do Jardim do Getsêmani e lá se prostrou onde vira seu Salvador prostrado quando o suor de sangue vertia de Seus poros por causa de Sua grande agonia. Pedro se lembrou com remorso de que dormia quando Jesus orava durante aquelas horas horríveis. Seu coração orgulhoso se partiu, e lágrimas penitenciais molharam o solo recentemente manchado com as gotas de suor sangrento do querido Filho de Deus. Um homem convertido deixou o jardim. Estava pronto, então, para se condoer dos que são tentados. Ele tinha humilhado e podia simpatizar-se com os fracos e com os que erram” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 3, p. 416).

A primeira metade do livro de Atos provê um testemunho inquestionável da transformação de Pedro. Sua pregação e liderança e seus atos miraculosos foram extraordinários e levaram à salvação de muitos. Seu trabalho também levou à fundação da igreja como corpo de Cristo. Sua morte, predita por Jesus em João 21:18, foi recebida como uma honra, pois ele morreu da mesma forma que seu Mestre.

(Em verdade, em verdade te digo que, quando eras mais moço, tu te cingias a ti mesmo e andavas por onde querias; quando, porém, fores velho, estenderás as mãos, e outro te cingirá e te levará para onde não queres. João 21:18)

Suas quedas e fracassos o tornaram mais sensível às quedas e fracassos de outros? Como sua angústia pode ajudá-lo a ministrar a outros em suas aflições?  




Perdão total

Quinta                                      




8. “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito (Rm 8:1, ARC). O que este texto promete? Como podemos nos valer dessa promessa?

O perdão de Deus é tão grande, tão profundo e tão amplo que é impossível entendê-lo completamente. Nem mesmo a melhor qualidade de perdão humano pode ser comparada com o de Deus. Ele é tão perfeito, e nós somos tão falhos! Mas, pela provisão que o próprio Deus fez em Jesus, todos podemos ter pleno e completo perdão no momento em que reclamarmos as promessas mediante plena entrega ao Senhor.

9. Leia os três textos abaixo. Como eles nos ajudam a entender o perdão de Deus?

a) Sl 103:12  -   
Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões.

b) Is 1:18  - 
Vinde, pois, e arrazoemos, diz o SENHOR; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã.

c) Mq 7:19  -   
Tornará a ter compaixão de nós; pisará aos pés as nossas iniqüidades e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar.

A Bíblia usa alegorias do reino concreto e familiar a fim de nos ajudar a entender o significado de conceitos difíceis. Até onde podemos perceber, a neve e a lã são bons exemplos de brancura; as profundezas do mar estão entre os lugares mais profundos que podemos imaginar; e nada pode estar geograficamente mais distante e separado que o leste do oeste. Mas essas são alegorias limitadas do perdão de Deus. Na Abadia de Elstow, um vitral colorido retrata uma imagem inspirada em O Progresso do Peregrino, de John Bunyan. Cristão, o personagem central, pode ser visto ajoelhado ao pé da cruz. Seu fardo pesado de culpa desaparece de seus ombros, trazendo alívio incomparável a seu coração.

Cristão diz: “Não o vi mais.” O fardo se foi. Dor, remorso, ansiedade e vergonha desapareceram para sempre. Por causa de nossa imperfeição, egoísmo e relacionamentos defeituosos, é muito difícil entendermos o perdão perfeito e total de Deus. Simplesmente podemos aceitá-lo pela fé e orar: “
Senhor, humildemente confesso a Ti meus pecados e aceito Teu perdão e purificação. Amém”!

Como podemos estar certos de que nossos pecados foram perdoados se não sentimos assim? Que razões temos para crer que fomos perdoados, apesar de nossos sentimentos?  

Sexta                                           Estudo adicional


Quando o pecado luta pelo domínio do coração humano, quando a culpa parece nos oprimir e sobrecarregar a consciência, quando a incredulidade anuvia a mente, quem faz entrarem os raios de luz? De quem é a graça suficiente para subjugar o pecado, e quem dá o precioso perdão a todos os nossos pecados, expulsando as trevas e nos tornando esperançosos e alegres em Deus? – Jesus, o Salvador que perdoa os pecados. Ele ainda é nosso advogado nas cortes do Céu; e aqueles que tiveram a vida escondida com Cristo em Deus devem se erguer e brilhar, porque a glória do Senhor nasceu sobre eles” (Ellen G. White, Bible Training School, maio de 1915).

Se você ofendeu um amigo ou vizinho, deve reconhecer sua culpa e é dever dele perdoar plenamente. Então, você deve buscar o perdão de Deus, porque o irmão a quem feriu é propriedade de Deus e, ofendendo-o, você pecou contra seu Criador” (Ellen G. White, A Fé Pela Qual eu Vivo [MM 1959], p. 128).

Perguntas para reflexão
1. Madame Mao, esposa de Mao Tse-Tung, antigo líder da China comunista, vivia com medo e culpa constantes, tudo por causa de muitas coisas ruins que havia feito. Ela era tão paranoica, de fato, tão cheia de culpa que qualquer ruído súbito, qualquer som inesperado, causava suores frios ou a deixava enfurecida. Esse estado era tão ruim que ela exigia que seus criados mantivessem os pássaros longe de sua propriedade para que ela não tivesse que ouvi-los cantando. Embora seja esse um caso extremo, o que esse fato nos diz sobre o poder da culpa para arruinar nossa vida?
2. Que conselho você daria a alguém que tivesse problemas com a culpa por pecados passados, que afirme ter aceitado Cristo mas ainda não conseguiu se livrar dos sentimentos de culpa? Como você ajudaria essa pessoa?
3. Em um mundo em que não existisse Deus, a culpa poderia existir? Comente sua resposta.




Culpa (resumo do estudo nº 05)




Se observares, SENHOR, iniqüidades, quem, Senhor, subsistirá? Contigo, porém, está o perdão, para que te temam. Salmo 130:3, 4

Saber: A diferença entre uma resposta doentia para a culpa e uma resposta saudável, cristocêntrica.
Sentir: Reconhecer um sentimento de humilde confissão e aceitação das disposições de Deus para lidar com nosso pecado.
Fazer: Confessar os pecados, aceitar o perdão de Cristo, e viver alegremente na liberdade de Seu amor.

Esboço

I. Bom para o coração
A.. Uma consciência sadia nos alerta de erros cometidos. Como podemos cultivar esse tipo de consciência?
B.Qual é a melhor forma de se relacionar com a culpa pelo pecado? O que Deus faz por nós quando confessamos nossos pecados?
C. Que problemas podem ocorrer quando não confessamos nossos pecados?
D. Por que é importante perdoar os que pecam contra nós?

II. Humildade e confiança
A.  Que sentimentos podem atrapalhar o reconhecimento de nossos erros?
B. Que sentimentos devem acompanhar a confissão?
C. Como nos sentimos quando aceitamos o perdão de Deus?

III. Vida abundante
A. Quais pecados necessitamos confessar?
B. Após termos confessado os pecados, o que precisamos contemplar, apreciar e aceitar a respeito do que Deus fez por nós?
C. O que seria preciso para vivermos de maneira livre e feliz em Cristo nesta semana? Como podemos partilhar a notícia dessa liberdade com os outros?

Resumo: O sentimento de culpa surge de um pecado não confessado, mas o reconhecimento e o perdão do pecado traz liberdade, paz, alegria e vida abundante que começa agora e se estende para a eternidade.

Motivação
A culpa é uma parte inevitável da condição humana, mas isso não deve ser o fim da história. E é por isso que Deus tem provido o remédio.

A culpa pode ser esmagadora; pode ser debilitante emocional e fisicamente. Ao ensinar este assunto, planeje colocar a culpa no contexto do chamado de Cristo ao arrependimento e Seu desejo de oferecer perdão, uma força incrivelmente mais poderosa do que a da culpa.

Atividade de abertura: 
O Dr. Kent Kiehl, um professor associado de Psicologia na Universidade do Novo México, mergulha no intenso e frequentemente horripilante mundo dos criminosos psicopatas. Ele investiga a mente deles – literalmente – examinando o cérebro, procurando em sua estrutura semelhanças que possam dar um sinal físico que explique por que algumas pessoas têm uma incapacidade quase completa de experimentar culpa. Seu interesse em psicopatas foi despertado quando tinha oito anos de idade, e vivia em Tacoma, Washington. Seu pai, que trabalhava no jornal local, chegou em casa certo dia falando sobre Ted Bundy, um jovem aparentemente cativante, inteligente e bonito, que havia atacado e assassinado pelo menos trinta mulheres. “Esse rapaz havia crescido na rua”, afirma Kiehl. “Eu disse que quero entender por que as pessoas fazem coisas más. Como alguém poderia chegar a ser como Ted Bundy? E quero estudar o cérebro.” – John Seabrook, “Suffering Souls: The search for the Roots of Psychopathy” [Almas sofredoras: A Busca pelas Raízes da Psicopatia], revista New Yorker (10 de novembro de 2008).

Pense nisto: 
A “Psicopatia” é caracterizada por um estado de vazio moral – Uma incapacidade de experimentar empatia ou arrependimento. As pessoas costumeiramente veem a “culpa” em termos essencialmente negativos, o que implica falha, fazer algo errado. E ainda é horrível a idéia de um mundo em que as pessoas fazem coisas erradas sem a emoção da culpa. Peça que sua classe comente o papel positivo da culpa – para indivíduos e sociedade.

Compreensão
Comente a complexidade que o pecado e a culpa trouxeram ao relacionamento entre criatura e Criador.
1. Condenação e morte são os efeitos do pecado.
2. O pecador tem medo da morte.
3. O medo levou à negação do  pecado e tentativa de transferir a culpa para um terceiro.
4. O medo da morte criou uma visão distorcida do Deus de amor e apagou a visão do perdão e da restauração. O resultado foi separação de Deus. Até hoje as pessoas têm medo de encarar a realidade do pecado. Ignorando o pecado, elas pensam que não precisam do remédio.


Comentário bíblico


I. “Tenho culpa, portanto sou...”

8  Quando ouviram a voz do SENHOR Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do SENHOR Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim.
9  E chamou o SENHOR Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás?
10  Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi.
11  Perguntou-lhe Deus: Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses?
12  Então, disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi.
13  Disse o SENHOR Deus à mulher: Que é isso que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente me enganou, e eu comi.
14  Então, o SENHOR Deus disse à serpente: Visto que isso fizeste, maldita és entre todos os animais domésticos e o és entre todos os animais selváticos; rastejarás sobre o teu ventre e comerás pó todos os dias da tua vida.
15  Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. Gn 3:8-15 

18  Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida.
19  Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos.   Rm 5:18,19.)

Pense nisto: 
Ao longo dos séculos a literatura e a arte testemunharam do caráter universal da culpa como parte inevitável da experiência humana. Por que essa emoção é parte tão essencial do ser humano?

“Perversão” original. A culpa não pode existir por si mesma. Ela é um subproduto de outra coisa – o pecado. Teólogos têm debatido há muito tempo o conceito de “pecado original”. Eles têm perguntado: Quais foram exatamente as consequências de Adão e Eva terem desobedecido a vontade de Deus?

Eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe. Salmo 51:5. A palavra pecado obviamente descreve atos específicos. Mas não descreve também um estado ou condição geral que os seres humanos herdam ao nascer? Ellen G. White claramente ligou o problema do pecado humano com a queda de Adão. Ela escreveu: “Há em sua natureza um pendor para o mal, uma força à qual, sem auxílio, ele não poderá resistir” (Educação, p. 29).

Gerhard Pfandl, teólogo Adventista do Sétimo Dia, sugere que a expressão “perversão original” descreve melhor o ensino de nossa igreja. Não herdamos a efetiva culpa do pecado de Adão (pecado original), mas herdamos a tendência humana para o pecado. Ele escreveu: “
O estudo do pecado e corrupção originais deveria nos levar à maior consciência de nossa necessidade de justiça e de que necessitamos de um Salvador desde o dia em que nascemos, e não somente depois de transgredirmos a Lei de Deus…. O evangelho eterno de Jesus Cristo satisfaz nossa necessidade” – Gerhard Pfandl, Some Thoughts on Original Sin [Reflexões sobre o Pecado Original], p. 22.

Perguntas para reflexão:
Considere teorias alternativas para a origem da culpa. (Por exemplo, expectativas da sociedade, expectativas dos pais, um desejo inato de não prejudicar os outros e neurose psicológica.) Por que estas explicações não são adequadas? Pode a emoção da culpa existir sem um padrão objetivo de certo e errado?

II. Mea Culpa – “Sou culpado”

Confessei-te o meu pecado e a minha iniqüidade não mais ocultei. Disse: confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniqüidade do meu pecado. Sl 32:5 

Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei. Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: Jo 16:7-8

Antes dos modernos avanços na ventilação e maquinaria, a mineração de carvão era uma atividade extremamente perigosa. Uma técnica utilizada para verificar a segurança da qualidade do ar nas minas era manter canários – aves especialmente sensíveis ao metano e ao monóxido de carbono – na entrada das minas. Enquanto os pássaros permaneciam sadios, os mineradores sabiam que o ar estava seguro. Um canário morto era sinal para sair da mina imediatamente.

Pense nisto: De que maneiras nossa consciência age como um “canário em uma mina de carvão”, “um sistema de advertência antecipada” dado por Deus? Sobre o que exatamente ela nos adverte?

III. Nossa escolha – paralisia ou transformação

1
Feliz aquele cujas maldades Deus perdoa e cujos pecados ele apaga!
2  Feliz aquele que o SENHOR Deus não acusa de fazer coisas más e que não age com falsidade!
3  Enquanto não confessei o meu pecado, eu me cansava, chorando o dia inteiro.
4  De dia e de noite, tu me castigaste, ó Deus, e as minhas forças se acabaram como o sereno que seca no calor do verão.
5  Então eu te confessei o meu pecado e não escondi a minha maldade. Resolvi confessar tudo a ti, e tu perdoaste todos os meus pecados.
6  Por isso, nos momentos de angústia, todos os que são fiéis a ti devem orar. Assim, quando as grandes ondas de sofrimento vierem, não chegarão até eles.
7  Tu és o meu esconderijo; tu me livras da aflição. Eu canto bem alto a tua salvação, pois me tens protegido.
8  O SENHOR Deus me disse: “Eu lhe ensinarei o caminho por onde você deve ir; eu vou guiá-lo e orientá-lo.
9  Não seja uma pessoa sem juízo como o cavalo ou a mula, que precisam ser guiados com cabresto e rédeas para que obedeçam.”
10  Os maus sofrem muito, mas os que confiam em Deus, o SENHOR, são protegidos pelo seu amor.
11  Todos vocês que são corretos, alegrem-se e fiquem contentes por causa daquilo que o SENHOR tem feito! Cantem de alegria, todos vocês que são obedientes a ele! Sal 32

O que ocorre depois de sermos convencidos de nossa culpa diante de Deus? As Escrituras colocam diante de nós dois possíveis caminhos – um leva à paralisia espiritual, e o outro à transformação.

Paralisia.
e disse: Meu Deus! Estou confuso e envergonhado, para levantar a ti a face, meu Deus, porque as nossas iniqüidades se multiplicaram sobre a nossa cabeça, e a nossa culpa cresceu até aos céus. Esdras 9:6 

Pois já se elevam acima de minha cabeça as minhas iniqüidades; como fardos pesados, excedem as minhas forças. Sl 38:4.

Martinho Lutero, cujos ensinos sobre a graça de Deus dividiram o mundo político e religioso de seu tempo, escreveu sobre um período anterior de sua vida, como jovem monge, quando tentou com todas as forças expiar seu sentimento de culpa por meio de jejum e autopunições. Ele escreveu: "Eu perdi a ligação com o Cristo Salvador e Consolador e fiz dEle algoz e carrasco sobre meu pobre ser.” – James Kittelson, Luther The Reformer [Lutero o Reformador] (Minneapolis: Augsburg Fortress Publishing House, 1986), p. 78, 79.

Comente a experiência de Lutero e descreva como um fardo de culpa não resolvida pode moldar: nossos pensamentos, escolhas e relacionamentos.

Perguntas para reflexão:
“Culpa católica”; “culpa judaica”; “culpa adventista”. O que está por trás da ideia popular de que os que são educados dentro de sólidas comunidades de fé, com altas expectativas morais, inevitavelmente viverão arruinados pela culpa?

Transformação
Então, Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe dissera: Antes que o galo cante, tu me negarás três vezes. E, saindo dali, chorou amargamente. Mateus 26:75.

A culpa “saudável” opera como um catalisador para o autoconhecimento, estimulando-nos ao arrependimento e aceitação do perdão divino.

O que é transformado? A autopercepção (reconhecemos não somente nossa culpa mas nosso imenso valor para Deus, que tem provido um remédio para a culpa); nosso relacionamento com Deus (arrependemo-nos e buscamos agir de acordo com Sua vontade); nossos relacionamentos (tentamos compensar, tanto quanto possível, as consequências de nossos pecados).

Pense nisto: 
Um dos temas mais bonitos das Escrituras é o de Cristo nos “reconciliando” com Deus. Peça que três pessoas leiam as seguintes passagens: 

10  Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida;
11  e não apenas isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem recebemos, agora, a reconciliação.   Romanos 5:10, 11; 

7  E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.
18  Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação,
19  a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.
20  De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus.  2Coríntios 5:17-20; 

21  E a vós outros também que, outrora, éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras malignas,
22  agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e irrepreensíveis,  Colossenses 1:21, 22.

Que emoções você sente ao saber dos esforços de Deus para nos aproximar dEle? Podem essas passagens colocar a emoção da culpa dentro do contexto do plano de Deus para nossa salvação?

Aplicação
Quanto mais claramente vemos o pecado, mais intensamente sentimos o poder da culpa. Ajude a classe a definir como podemos destruir o poder negativo da culpa em nossa vida, sem deixar de levar a sério o poder devastador do pecado.

Perguntas de aplicação:
No romance The Scarlet Letter [A Carta Vermelha], de Nathaniel Hawthorne, um pastor puritano esconde seu caso com uma jovem enquanto dirige a punição dela pelo pecado de adultério. Ele esconde sua culpa até que surge o dramático momento de confissão. Alexander Solzhenitsyn, em The First Circle [O Primeiro Ciclo], descreve um prisioneiro que compulsivamente registra cada pensamento mau ou falta, marcando-os em uma folha de papel.

Como você normalmente lida com sentimentos de culpa? Tem a tendência de se preocupar com isso? É levado a tentar corrigir as coisas? É impelido à confissão – a Deus ou outras pessoas?

Atividade:
O estudioso político John S. Mill via a culpa como coisa boa, que provê uma restrição moral na sociedade e impede as pessoas de prejudicar os outros. O filósofo Friedrich Nietzsche via a culpa como sinal de fraqueza e repressão humanas. Sigmund Freud, fundador da psiquiatria moderna, considerava a culpa uma doença psicológica, produto de exigências impossíveis colocadas sobre as pessoas por uma consciência superdesenvolvida.

Como você descreveria a culpa e sua função? Como classe, desenvolvam sua própria definição de culpa com base no estudo das Escrituras.

Criatividade
A culpa raramente chega desacompanhada em nossa vida. Ela também traz desespero, desesperança, depressão, baixa autoestima, ira e frustração. Termine a lição destacando Aquele que deseja nos envolver em Seus braços de perdão e cura.

Medo da separação de Deus, um esmagador sentimento de pavor, a solidão de carregar nos ombros um fardo de culpa – Cristo escolheu experimentar tudo isso. Ele sabe intimamente a angústia que a culpa traz.

Como isso muda nossa compreensão de tudo que temos estudado hoje? Quando se trata de entender o poder da culpa, Jesus, o Inocente, escolheu passar pelo caminho antes de nós.

Desafie a classe a tomar tempo a cada dia para meditar na identificação radical de Cristo com a humanidade; o fato de que Ele carregou nossa culpa a fim de que pudéssemos experimentar a vida livres do paralisante senso de culpa. Encerre a classe lendo Mateus 11:28-30.