domingo, 29 de julho de 2012

O exemplo apostólico (1Ts 2:1-12) (estudo nº 05)





Visto que fomos aprovados por Deus, a ponto de nos confiar Ele o evangelho, assim falamos, não para que agrademos a homens, e sim a Deus, que prova o nosso coração (1Ts 2:4).

Leituras da semana: 1Ts 2:1-12; At 16; Dt 10:16; Sl 51:1-10; 2Co 8:1-5; Lc 11:11-13

Pensamento-chave: Ao revelar qual deve ser o verdadeiro motivo do ministério, Paulo pode nos ajudar a examinar nosso coração e nossa vida à luz do evangelho.

A lição desta semana marca uma importante transição dos argumentos da primeira carta aos Tessalonicenses. Paulo partiu do foco na igreja (1Ts 1:2-10) para o foco nos apóstolos e na experiência deles em Tessalônica (1Ts 2:1-12). No capítulo anterior, Paulo deu graças a Deus porque os cristãos em Tessalônica seguiram o exemplo dele e, por sua vez, tornaram-se modelos de fidelidade. Agora, em 1Tessalonicenses 2:1-12, ele examinou com mais profundidade o tipo de vida que permite aos apóstolos atuar como exemplos a ser seguidos.

Embora existam muitas possíveis motivações para o ensino, pregação e serviço, Paulo apontou a mais importante: que o ministério seja agradável a Deus. Paulo estava menos preocupado com o crescimento numérico da igreja do que com seu crescimento, por meio da graça de Deus, nos princípios espirituais corretos.

Nesta lição vislumbramos a vida íntima de Paulo. Ele a expôs de um modo que nos desafia a alinhar nossas esperanças espirituais, sonhos e motivações para que agrademos a Deus e influenciemos os outros de modo correto.

Domingo                               Ousadia no sofrimento (1Ts 2:1, 2)


1. Leia 1Tessalonicenses 2:1, 2, à luz de Atos 16. Que conexão Paulo fez entre seu ministério anterior em Filipos e seu ministério em Tessalônica?

1 Porque vós, irmãos, sabeis, pessoalmente, que a nossa estada entre vós não se tornou infrutífera;
2 mas, apesar de maltratados e ultrajados em Filipos, como é do vosso conhecimento, tivemos ousada confiança em nosso Deus, para vos anunciar o evangelho de Deus, em meio a muita luta. 1Tessalonicenses 2:1, 2

Em 1 Tessalonicenses 2:1 são retomados os temas do capítulo 1. A expressão “vós, irmãos, sabeis” do verso 1 relembra a mesma linguagem de 1 Tessalonicenses 1:5. E a referência de Paulo à “estada” ou “visita” (NVI) à igreja relembra 1 Tessalonicenses 1:9. Assim, Paulo continuou os temas que ele levantou no primeiro capítulo da carta. O fim do capítulo anterior estava relacionado com o que “todos” sabiam sobre os tessalonicenses. Neste capítulo ele considera o que os leitores sabiam acerca dos apóstolos e o comprometimento deles com a fé.

Paulo lembrou como ele e Silas foram maltratados de modo vergonhoso em Filipos em virtude da pregação do evangelho. No longo caminho de Filipos a Tessalônica, cada passo era uma lembrança dolorosa desse tratamento cruel. Sem dúvida, eles traziam sinais exteriores da dor, mesmo no momento da chegada a Tessalônica. Nesse ponto, teria sido fácil adotar uma abordagem menos direta para o evangelismo na nova cidade. Depois de tudo que tinham acabado de passar, quem iria censurá-los?

Mas os tessalonicenses se mostraram ansiosos por receber a verdade e abertos para ela. A realidade dizia: “Jamais pregue o evangelho novamente.” Mas, no meio da dor e do sofrimento, Deus estava dizendo a Paulo e Silas: “Sejam ousados. Sejam fortes!” Por isso, eles “
começaram a ser ousados” (1Ts 2:2, tradução do autor), apesar da probabilidade de que a perseguição se repetisse. Havia um forte e evidente contraste entre sua condição humana (e todas as fragilidades que vêm com ela) e o poder que Deus lhes concedia.

No fim, o Senhor usou essas circunstâncias exteriores para Sua glória. As feridas visíveis dos pregadores evidenciavam duas coisas aos tessalonicenses. Primeira, sua pregação do evangelho realmente era o resultado de sua convicção pessoal. Eles não estavam fazendo isso para benefício pessoal (veja 1Ts 2:3-6). Segunda, ficou claro para os ouvintes que Deus estava de uma forma poderosa com Paulo e Silas. O evangelho que eles pregavam não era apenas uma concepção intelectual, mas era acompanhado pela presença viva do Senhor, como revelado na vida dos apóstolos (v. 13).

O que você apontaria como evidência de que Deus mudou sua vida? Essa evidência é percebida pelos outros?



Segunda                         O caráter dos apóstolos (1Ts 2:3)


2. O que Paulo declarou a respeito dos seus motivos para ensinar e exortar?

Aquilo que anunciamos a vocês não se baseia em erros ou em má intenção; e também não tentamos enganar ninguém. 1Ts 2:3

Era muito conhecido no mundo antigo o conceito de que havia três chaves para persuadir as pessoas a mudar suas ideias ou práticas. As pessoas julgam o poder de um argumento com base no caráter (em grego: ethos) do orador, na qualidade ou lógica do argumento (logos), e no poder do apelo do orador sobre as emoções ou interesse (pathos) do ouvinte. Em 1Tessalonicenses 2:3-6, Paulo focalizou o caráter dos apóstolos como um importante elemento da pregação que promoveu mudanças radicais entre os tessalonicenses.
Nesses versos, Paulo traçou um contraste entre ele e os filósofos populares, cuja pregação muitas vezes era motivada pelo benefício pessoal (veja a lição 3). Paulo usou três palavras no verso 3 para descrever possíveis motivações equivocadas para a pregação ou ministério.

A primeira é “engano”, um erro intelectual. Um pregador podia estar entusiasmado com uma ideia que estivesse simplesmente errada. Poderia estar totalmente sincero, mas iludido. Ele poderia pensar que estivesse fazendo o bem aos outros, mas ser motivado por ideias falsas.

A segunda palavra é “impureza”, ou “imundícia.” As pessoas são atraídas por indivíduos amplamente conhecidos por seu poder, ideias ou desempenho. Algumas figuras públicas podem ser motivadas pelas oportunidades sexuais que vêm com a fama ou notoriedade.

A terceira palavra é mais bem traduzida por “dolo” ou “fraudulência”. Nesse caso, o orador estaria ciente de que as ideias apresentadas estavam erradas, mas conscientemente tentaria enganar as pessoas a fim de se beneficiar.

Paulo e Silas não eram motivados por nenhuma dessas coisas. Se tivessem sido, sua experiência em Filipos provavelmente teria feito com que abandonassem a pregação. A ousadia que eles demonstravam em Tessalônica era possível somente pelo poder de Deus atuando por meio deles. O poder que o evangelho teve em Tessalônica (1Ts 1:5) em parte era devido ao caráter dos apóstolos, que brilhava em suas apresentações. Os argumentos lógicos e apelos emocionais não eram suficientes. O caráter deles estava de acordo com suas declarações. Essa autenticidade tem um poder tremendo no mundo de hoje, como tinha nos tempos antigos.

Pense em seus motivos para tudo que faz. Eles são puros, livres de erro, dolo e impureza? Se eles não são o que deveriam ser, como você pode mudar para melhor? 


Portanto, sejam obedientes a Deus e deixem de ser teimosos. Dt 10:16

Com a força que Cristo me dá, posso enfrentar qualquer situação. Fp 4:13

1 Por causa do teu amor, ó Deus, tem misericórdia de mim. Por causa da tua grande compaixão apaga os meus pecados.
2 Purifica-me de todas as minhas maldades e lava-me do meu pecado.
3 Pois eu conheço bem os meus erros, e o meu pecado está sempre diante de mim.
4 Contra ti eu pequei—somente contra ti—e fiz o que detestas. Tu tens razão quando me julgas e estás certo quando me condenas.
5 De fato, tenho sido mau desde que nasci; tenho sido pecador desde o dia em que fui concebido.
6  O que tu queres é um coração sincero; enche o meu coração com a tua sabedoria.
7 Tira de mim o meu pecado, e ficarei limpo; lava-me, e ficarei mais branco do que a neve.
8 Faze-me ouvir outra vez os sons de alegria e de felicidade; e, ainda que tenhas me esmagado e quebrado, eu serei feliz de novo.
9 Não olhes para os meus pecados e apaga todas as minhas maldades.
10 Ó Deus, cria em mim um coração puro e dá-me uma vontade nova e firme! Sl 51:1-10



Terça                                        Agradar a Deus (1Ts 2:4-6)


3. Qual era a motivação de Paulo para o ministério? Quais eram as alternativas do mundo? Por que muitos não percebem as diferenças e se enganam quanto à pureza dos próprios motivos? Por que é tão fácil alguém se enganar?

4 Pelo contrário, sempre falamos como Deus quer que falemos, porque ele nos aprovou e nos deu a tarefa de anunciar o evangelho. Não queremos agradar as pessoas, mas a Deus, que põe à prova as nossas intenções.
5 Pois vocês sabem muito bem que não usamos palavras bonitas para enganar vocês, nem procuramos tapear vocês para conseguir dinheiro. Deus é testemunha disso.
6 Nunca procuramos elogios de ninguém, nem de vocês nem de outros.  1Ts 2:4-6

Apalavra geralmente traduzida como “aprovados” (1Ts 2:4) reflete a ideia de teste ou exame. Os apóstolos permitiram que Deus pusesse à prova a integridade de sua vida e intenções. O objetivo desse teste era garantir que o evangelho que pregavam não seria distorcido pela divergência entre o que eles pregavam e o que praticavam.

Os filósofos populares da época escreviam sobre a importância do autoexame. Eles ensinavam que, se você quiser fazer diferença no mundo, precisa examinar constantemente seus motivos e intenções. Paulo leva essa ideia um passo adiante. Além da autoavaliação, ele foi examinado por Deus. O Senhor verificou que a pregação de Paulo era coerente com sua vida interior. Em última instância, somente Deus merece ser agradado.

Os seres humanos precisam de um senso de valor para atuar. Muitas vezes procuramos esse valor acumulando bens, por meio de realizações ou das opiniões positivas que os outros expressam sobre nós. Mas todas essas fontes de autoestima são frágeis e muito transitórias. A autoestima genuína e duradoura é encontrada apenas por intermédio do evangelho. Quando compreendemos plenamente que Cristo morreu por nós, começamos a experimentar um senso de valor que nada neste mundo pode abalar.

4. Que outras coisas podem motivar os mensageiros?

5 Pois vocês sabem muito bem que não usamos palavras bonitas para enganar vocês, nem procuramos tapear vocês para conseguir dinheiro. Deus é testemunha disso.
6 Nunca procuramos elogios de ninguém, nem de vocês nem de outros. 1Ts 2:5, 6

O conceito de bajulação retoma o tema de agradar pessoas, um fundamento fraco para o evangelismo. Paulo não estava motivado pelo que as outras pessoas pensavam dele. Ele também excluiu outra motivação mundana para o ministério: o dinheiro. Pessoas que foram abençoadas pelo ministério de alguém geralmente ficam ansiosas para dar dinheiro para esse ministério ou para comprar seus produtos. Isso pode tentar os obreiros de Deus a perder o foco da única motivação que realmente importa: agradar a Deus.

O que em sua vida agrada a Deus, e por quê? O que não agrada?



Quarta                                 Afeição profunda (1Ts 2:7, 8)


5. Em 1Tessalonicenses 2:4, a principal motivação de Paulo para o ministério era agradar a Deus. Que motivação adicional Paulo apresentou nos versos seguintes?

4 Pelo contrário, sempre falamos como Deus quer que falemos, porque ele nos aprovou e nos deu a tarefa de anunciar o evangelho. Não queremos agradar as pessoas, mas a Deus, que põe à prova as nossas intenções.
6 Nunca procuramos elogios de ninguém, nem de vocês nem de outros.
7 No entanto, tínhamos o direito de exigir de vocês alguma coisa, por sermos apóstolos de Cristo. Mas, quando estivemos com vocês, nós fomos como crianças, fomos como uma mãe ao cuidar dos seus filhos.
8 Nós os amávamos tanto, que gostaríamos de ter dado a vocês não somente a boa notícia que vem de Deus, mas até mesmo a nossa própria vida. Como nós os amávamos!  1Ts 2:6-8

No mundo de hoje, dinheiro, sexo e poder são frequentemente considerados as principais motivações para o comportamento humano, pelo menos para as pessoas absorvidas pelo interesse próprio. Em 1Tessalonicenses 2:3-6, Paulo usou uma série de palavras diferentes para descartar motivações semelhantes em relação ao seu ministério. Ganância, imoralidade, engano e bajulação não têm lugar na vida cristã, nem no ministério. Os apóstolos foram motivados principalmente pelo desejo de agradar a Deus em tudo o que faziam.

No verso 6, Paulo mencionou que os apóstolos poderiam ter sido um fardo para os tessalonicenses, ou, literalmente, poderiam ter tentado “impor sua vontade”. Como apóstolos e mestres, eles poderiam ter exigido o reconhecimento de seu status. Poderiam ter esperado favores monetários e ser tratados com honra especial. Mas, em Tessalônica, Paulo recusou qualquer coisa que comprometesse seus motivos, ou que fosse uma pedra de tropeço no caminho dos novos conversos.

Embora sua principal motivação fosse agradar a Deus, nos versos 7 e 8 ele expressou uma motivação adicional: a grande afeição pelos tessalonicenses. O verso 8 usou a linguagem da afeição. Para Paulo, pregar o evangelho era muito mais do que um dever. Ele dedicava ao povo o coração, e até mesmo o ser inteiro.

6. Como as igrejas da Macedônia, incluindo a de Tessalônica, responderam à ternura dos apóstolos? O que isso nos ensina sobre a importância do caráter dos que testemunham aos outros?

1 Irmãos, queremos que vocês saibam o que a graça de Deus tem feito nas igrejas da província da Macedônia.
2 Os irmãos dali têm sido muito provados pelas aflições por que têm passado. Mas a alegria deles foi tanta, que, embora sendo muito pobres, eles deram ofertas com grande generosidade.
3 Afirmo a vocês que eles fizeram tudo o que podiam e mais ainda. E, com toda a boa vontade,
4 pediram com insistência que os deixássemos participar da ajuda para o povo de Deus da Judéia e eles insistiram nisso.
5 E fizeram muito mais do que esperávamos. Primeiro, eles deram a si mesmos ao Senhor e depois, pela vontade de Deus, eles se deram a nós também. 2Co 8:1-5

Na lição de segunda-feira, mencionamos as três chaves antigas para a persuasão: o caráter do orador (ethos), a lógica do argumento (logos), e o apelo à emoção ou interesse próprio (pathos). Nos versos 4-6, Paulo enfatizou o caráter dos apóstolos como motivo para segui-los. Nos versos 7 e 8, vemos um apelo ao pathos, o vínculo emocional que se desenvolveu entre os apóstolos e os tessalonicenses.

O evangelho manifesta seu maior poder quando toca o coração.

Pense no caráter de alguém que o influenciou de forma positiva. O que especificamente tocou seu coração? Como você pode imitar essas mesmas características?



Quinta                     Para não ser um fardo (1Ts 2:9-12)


7. Enquanto Paulo esteve em Tessalônica, que outras coisas ele fez, além de pregar o evangelho, e por quê?

9 Irmãos, vocês com certeza lembram de como trabalhamos e lutamos para ganhar o nosso sustento. Trabalhávamos de dia e de noite a fim de não sermos uma carga para vocês, enquanto anunciávamos a vocês a boa notícia que vem de Deus.
10 Vocês são nossas testemunhas e Deus também de que o nosso comportamento entre vocês que creram foi limpo, correto e sem nenhuma falha.  1Ts 2:9, 10

A ideia de que Paulo trabalhava “noite e dia” seria um grande exagero, se tomada literalmente. O grego, entretanto, expressa uma ideia qualitativa, e não a quantidade real de tempo despendido. Em outras palavras, Paulo estava dizendo que trabalhava além do chamado do dever, para não sobrecarregá-los. Ele não queria que nada atrapalhasse seu testemunho a eles.

Além disso, ele era muito cuidadoso para se comportar de modo a não causar ofensa diante de Deus nem de outros (1Ts 2:10;
Conforme crescia, Jesus ia crescendo também em sabedoria, e tanto Deus como as pessoas gostavam cada vez mais dele. Lc 2:52). Paulo e os apóstolos procuravam ser irrepreensíveis em seus relacionamentos para que o evangelho se tornasse o foco central de atenção.

8. Que analogia Paulo usou para descrever sua maneira de tratar os tessalonicenses? O que essa analogia ensina?

11 Vocês sabem que tratamos cada um como um pai trata os seus filhos.
12 Nós os animamos e aconselhamos para que vocês vivessem de uma maneira que agrade a Deus, que os chama para terem parte no seu Reino e na sua glória. 1Ts 2:11, 12

11 Por acaso algum de vocês será capaz de dar uma cobra ao seu filho, quando ele pede um peixe?
12 Ou, se o filho pedir um ovo, vai lhe dar um escorpião?
13 Vocês, mesmo sendo maus, sabem dar coisas boas aos seus filhos. Quanto mais o Pai, que está no céu, dará o Espírito Santo aos que lhe pedirem! Lc 11:11-13

O bom pai provê limites, encorajamento e amor. Ele adapta a educação e disciplina ao caráter único e à condição emocional de cada filho. Dependendo do filho e da situação, o pai pode oferecer incentivo, um “sermão” ou uma punição.

Havia certa tensão na abordagem missionária de Paulo. Por um lado, ele sempre procurava adaptar sua abordagem ao caráter específico e à situação do povo. Por outro lado, ele estava muito preocupado com a autenticidade, de modo que o exterior e o interior fossem uma coisa só. Como alguém pode ser autêntico e genuíno e ainda ser “tudo para com todas as pessoas”?

O segredo era o amor que Paulo tinha por seus conversos. Ele fazia tudo que podia para exemplificar autenticidade. No entanto, percebia que eles não estavam preparados para lidar com algumas coisas (leia também Jo 16:12). Por isso, ele trabalhava com as mãos e adaptava a instrução, tudo para evitar barreiras desnecessárias à aceitação do evangelho. Uma poderosa lição de autossacrifício.

Sexta                                           Estudo adicional


Não importa quão alta seja a profissão, aquele cujo coração não está cheio de amor a Deus e aos semelhantes não é verdadeiro discípulo de Cristo. ... Poderá ostentar grande liberalidade; mas se ele, por qualquer outro motivo que não o genuíno amor, entregar todos os seus bens para sustento dos pobres, esse ato não o recomendará ao favor de Deus” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 318, 319).

Ao mesmo tempo que Paulo tinha cuidado em apresentar aos seus conversos os positivos ensinos da Escritura com relação à devida manutenção da obra de Deus, ... em várias ocasiões, ... trabalhou num ofício para obter a própria subsistência. ...

É em Tessalônica que primeiro ouvimos a respeito de Paulo trabalhar com as próprias mãos num meio de vida, enquanto pregava a Palavra” (1Ts 2:6, 9; 2Ts 3:8, 9). ...

Mas Paulo não considerava perdido o tempo assim empregado. ... Dava a seus companheiros de trabalho instruções quanto às coisas espirituais, e dava ao mesmo tempo um exemplo de atividade e de esmero” (Rm 12:11, RC; Ellen G. White, Obreiros Evangélicos, p. 234-236).

Perguntas para reflexão
1. Na prática, como se pode encontrar alegria ou coragem em meio ao sofrimento? Por que é muito mais fácil falar do que realmente descobrir essa alegria e coragem?
2. Considere alguém cuja vida evidentemente não reflete as alegações de ser cristão. Como essa pessoa influenciou você na caminhada com o Senhor?
3. Quais são as armadilhas de se tornar ligado emocionalmente às pessoas a quem você está partilhando o evangelho? Como podemos estabelecer os limites adequados?

Resumo: 
Nessa passagem, Paulo abriu o coração para revelar a verdadeira motivação para o ministério. O motivo principal é agradar a Deus, quer agrademos ou não aqueles a quem ministramos. A motivação do dinheiro, sexo e poder não têm lugar no coração decidido a agradar a Deus. O segundo motivo mais importante para o ministério é o amor sincero pelos perdidos. Esses dois motivos são claramente expressos em 1Tessalonicenses 2:1-12.



O exemplo apostólico (1Ts 2:1-12) (resumo do estudo nº 05)





1 Vocês sabem muito bem, irmãos, que a nossa visita não ficou sem proveito.
2 Sabem também como fomos maltratados e insultados na cidade de Filipos, antes de chegarmos aí em Tessalônica. Fomos muito combatidos, mas o nosso Deus nos deu coragem para anunciar a vocês a boa notícia que vem dele.
3 Auilo que anunciamos a vocês não se baseia em erros ou em má intenção; e também não tentamos enganar ninguém.
4 Pelo contrário, sempre falamos como Deus quer que falemos, porque ele nos aprovou e nos deu a tarefa de anunciar o evangelho. Não queremos agradar as pessoas, mas a Deus, que põe à prova as nossas intenções.
5 Pois vocês sabem muito bem que não usamos palavras bonitas para enganar vocês, nem procuramos tapear vocês para conseguir dinheiro. Deus é testemunha disso.
6 Nunca procuramos elogios de ninguém, nem de vocês nem de outros.
7 No entanto, tínhamos o direito de exigir de vocês alguma coisa, por sermos apóstolos de Cristo. Mas, quando estivemos com vocês, nós fomos como crianças, fomos como uma mãe ao cuidar dos seus filhos.
8 Nós os amávamos tanto, que gostaríamos de ter dado a vocês não somente a boa notícia que vem de Deus, mas até mesmo a nossa própria vida. Como nós os amávamos!
9 Irmãos, vocês com certeza lembram de como trabalhamos e lutamos para ganhar o nosso sustento. Trabalhávamos de dia e de noite a fim de não sermos uma carga para vocês, enquanto anunciávamos a vocês a boa notícia que vem de Deus.
10 Vocês são nossas testemunhas e Deus também de que o nosso comportamento entre vocês que creram foi limpo, correto e sem nenhuma falha.
11 Vocês sabem que tratamos cada um como um pai trata os seus filhos.
12 Nós os animamos e aconselhamos para que vocês vivessem de uma maneira que agrade a Deus, que os chama para terem parte no seu Reino e na sua glória. 1Tess 2:1-12

Saber: Que o testemunho de uma pessoa em favor de Cristo é mais eficaz quando está enraizado na motivação de agradar a Deus e amar os outros.
Sentir: O desejo de cuidar dos outros de modo mais genuíno e de agradar a Deus em tudo o que fazemos.
Fazer: Avaliar as forças motivadoras em nossa experiência cristã.

Esboço

I. Questão de caráter
A. Considere a lista de qualidades para anciãos e diáconos em 1Timóteo 3:1-13. Por que o caráter é tão importante para a vida cristã?

1 Este ensinamento é verdadeiro: se alguém quer muito ser bispo na Igreja, está desejando um trabalho excelente.
2 O bispo deve ser um homem que ninguém possa culpar de nada. Deve ter somente uma esposa, ser moderado, prudente e simples. Deve estar disposto a hospedar pessoas na sua casa e ter capacidade para ensinar.
3 Não pode ser chegado ao vinho nem briguento, mas deve ser pacífico e calmo. Não deve amar o dinheiro.
4 Deve ser um bom chefe da sua própria família e saber educar os seus filhos de maneira que eles lhe obedeçam com todo o respeito.
5 Pois, se alguém não sabe governar a sua própria família, como poderá cuidar da Igreja de Deus?
6 O bispo não deve ser alguém convertido há pouco tempo; se for, ele ficará cheio de orgulho e será condenado como o Diabo foi.
7 É preciso que o bispo seja respeitado pelos de fora da Igreja, para que não fique desmoralizado e não caia na armadilha do Diabo.
8 Do mesmo modo, os diáconos devem ser homens de palavra e sérios. Não devem beber muito vinho, nem ser gananciosos.
9 Eles devem se apegar à verdade revelada da fé e ter sempre a consciência limpa.
10 Primeiro devem ser provados e depois, se forem aprovados, que sirvam a Igreja.
11 A esposa do diácono também deve ser respeitável e não deve ser faladeira. Ela precisa ser moderada e fiel em tudo.
12 O diácono deve ter somente uma esposa e ser capaz de governar bem os seus filhos e toda a sua família.
13 Pois os diáconos que fazem um bom trabalho conquistam o respeito dos irmãos na fé e são capazes de falar com coragem sobre a sua fé em Cristo Jesus 1Timóteo 3:1-13

B. Que motivações o apóstolo Paulo identifica em 1 Tessalonicenses 2:1-6 como impróprias para um cristão? O que torna essas motivações tão prejudiciais?

II. Chamado à integridade
A. Você já testemunhou escândalos na igreja? Que motivações levaram a esses escândalos?
E que impacto eles tiveram na igreja, na comunidade e em você?
B. Os modelos são importantes. Infelizmente, muitos dos modelos na sociedade atual minam as coisas que Deus mais aprecia. Paulo foi um modelo positivo para os tessalonicenses (1Ts 1:5, 6; 2:10). Quem são os modelos para Deus hoje? Que tipo de modelo você é na igreja, no local de trabalho ou na família?

5 porque o nosso evangelho não chegou até vós tão-somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção, assim como sabeis ter sido o nosso procedimento entre vós e por amor de vós.
6 Com efeito, vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, tendo recebido a palavra, posto que em meio de muita tribulação, com alegria do Espírito Santo, 1Ts 1:5, 6

Vocês são nossas testemunhas e Deus também de que o nosso comportamento entre vocês que creram foi limpo, correto e sem nenhuma falha.  1Ts 2:10

III. Avaliar nossos motivos
A. Alimentar os motivos errados pode facilmente minar o caráter e prejudicar a causa de Cristo. O que podemos fazer para garantir que os nossos motivos sejam puros?
B. Memorize (O SENHOR já nos mostrou o que é bom, ele já disse o que exige de nós. O que ele quer é que façamos o que é direito, que amemos uns aos outros com dedicação e que vivamos em humilde obediência ao nosso Deus. Miqueias 6:8) e peça que Deus cumpra isso em sua vida.

Resumo: 
O desejo genuíno de agradar a Deus e amar os outros é a única motivação suficiente para viver de uma maneira que seja um verdadeiro testemunho por Cristo.

Motivação
A causa de Cristo é melhor servida quando somos motivados pelo desejo de agradar a Deus em tudo que fazemos e estamos dispostos a colocar as necessidades dos outros realmente antes das nossas.

Provavelmente a maior ameaça que a igreja cristã tem enfrentado nas últimas décadas não vem de fora dela, mas de dentro, em consequência da sempre crescente lista de escândalos que continuam abalando a igreja. Na verdade, infelizmente, uma pesquisa na internet sobre a expressão "escândalos da igreja" facilmente produz milhões de resultados. Embora cada escândalo envolva diferentes nomes, rostos e denominações, todos derivam de uma das três motivações pecaminosas para o ministério: o desejo de poder, dinheiro ou sexo.

O dano desses escândalos à causa de Cristo é desconcertante. Vivemos em uma geração em que a igreja perdeu em grande parte sua autoridade moral. Em vez de ser uma voz de restrição contra a depravação moral, os céticos são rápidos em apontar que a igreja é, muitas vezes, parte do problema. Depois de cada escândalo, mais pessoas começam a se perguntar como a mensagem do cristianismo pode ser verdadeira se parece que ela não faz diferença na vida daqueles que a proclamam.

Seria fácil atribuir esse problema aos líderes, cujos nomes realçam esses escândalos, mas isso realmente não resolve nada. Em vez de culpar alguém, precisamos entender que, exceto pela graça de Deus, qualquer um de nós poderia cair em tentações semelhantes. Afinal, somos todos seres humanos. A melhor atitude a seguir é prestar atenção à advertência dada pelo apóstolo Paulo aos tessalonicenses há dois mil anos sobre os perigos de permitir que nossa motivação para servi ao Senhor seja superada por qualquer tentação de satisfazer nossos próprios desejos.

Pense nisto: O que podemos fazer para ser parte da solução dos escândalos morais que têm atormentado a igreja, em lugar de ser parte dos escândalos?

Comentário Bíblico

I. As motivações de Paulo

1 Vocês sabem muito bem, irmãos, que a nossa visita não ficou sem proveito.
2 Sabem também como fomos maltratados e insultados na cidade de Filipos, antes de chegarmos aí em Tessalônica. Fomos muito combatidos, mas o nosso Deus nos deu coragem para anunciar a vocês a boa notícia que vem dele.
3 Aquilo que anunciamos a vocês não se baseia em erros ou em má intenção; e também não tentamos enganar ninguém.
4 Pelo contrário, sempre falamos como Deus quer que falemos, porque ele nos aprovou e nos deu a tarefa de anunciar o evangelho. Não queremos agradar as pessoas, mas a Deus, que põe à prova as nossas intenções.
5 Pois vocês sabem muito bem que não usamos palavras bonitas para enganar vocês, nem procuramos tapear vocês para conseguir dinheiro. Deus é testemunha disso.
6 Nunca procuramos elogios de ninguém, nem de vocês nem de outros.
7 No entanto, tínhamos o direito de exigir de vocês alguma coisa, por sermos apóstolos de Cristo. Mas, quando estivemos com vocês, nós fomos como crianças, fomos como uma mãe ao cuidar dos seus filhos.
8 Nós os amávamos tanto, que gostaríamos de ter dado a vocês não somente a boa notícia que vem de Deus, mas até mesmo a nossa própria vida. Como nós os amávamos! 1Tessalonicenses 2:1-8

Da mesma forma que as pessoas hoje, muitas vezes, são céticas a respeito dos evangelistas da televisão, que parecem mais interessados em dinheiro e fama do que em ajudar os necessitados, as pessoas no mundo antigo também eram céticas acerca dos filósofos itinerantes e oradores públicos, e com razão, pois frequentemente, os "pregadores" itinerantes da época de Paulo eram nada mais do que charlatões que perseguiam a fama e a fortuna.

Temos um quadro impressionante do tipo de trapaceiros religiosos presentes nos dias de Paulo quando consideramos a vida de um homem chamado Alexandre de Abonoteichus. De acordo com Luciano de Samósata, Alexandre era um charlatão por excelência. Durante o segundo século, Alexandre fundou uma seita muito popular centralizada em um deusa serpente chamada Glycon, que supostamente tinha uma cabeça humana, com cabelos loiros. Pessoas de muitos lugares, incluindo o imperador romano Marco Aurélio, foram para ouvir (e pagar pelos) oráculos de Glycon, tal como interpretados por Alexandre. Em apenas um ano, Alexandre recebeu 80.000 dracmas (a dracma era mais ou menos o equivalente a um dia de salário). Realmente era uma fraude lucrativa. O relato de Luciano e as imagens de Glycon podem ser encontradas por meio de pesquisa na internet utilizando a expressão "Luciano de Samósata: Alexandre, o falso profeta".

Para não ser associado a fraudes religiosas, como Alexandre, Paulo faz, em 1 Tessalonicenses 2:1-12, uma ousada defesa de seu ministério. Suas palavras deixam claro que algumas pessoas desconfiavam não apenas de seus ensinamentos, mas até mesmo dos motivos por trás de seu ministério. Em resposta a essas acusações, Paulo argumenta que seu ministério não estava fundamentado em engano , impureza, dolo (1Ts 2:3), nem ganância (v. 5), coisas que certamente eram associados à seita de Glycon.

Vale a pena observar alguns aspectos de três das palavras mencionadas por Paulo. Primeiro, o uso da palavra "impureza" provavelmente tenha conotações sexuais ligadas. Ela é usada com esse sentido em 1Tessalonicenses 4:7
porquanto Deus não nos chamou para a impureza, e sim para a santificação) e Paulo frequentemente a associa à imoralidade sexual em outros lugares

Receio ainda que na minha próxima visita o meu Deus me humilhe diante de vocês e que eu tenha de chorar por muitos de vocês que continuam a cometer os mesmos pecados que cometiam no passado e não se arrependeram da sua imoralidade sexual, nem das relações sexuais proibidas, nem de outras coisas indecentes que faziam. 2Co 12:21

19 As coisas que a natureza humana produz são bem conhecidas. Elas são: a imoralidade sexual, a impureza, as ações indecentes,
20 a adoração de ídolos, as feitiçarias, as inimizades, as brigas, as ciumeiras, os acessos de raiva, a ambição egoísta, a desunião, as divisões,
21 as invejas, as bebedeiras, as farras e outras coisas parecidas com essas. Repito o que já disse: os que fazem essas coisas não receberão o Reino de Deus. Gl 5:19

Isso pode sugerir que alguns pagãos viam com desconfiança a associação de Paulo com as mulheres de destaque em Tessalônica que se haviam convertido ao cristianismo (Paulo e Silas conseguiram convencer disso algumas daquelas pessoas, as quais se juntaram a eles. Um grande número de não-judeus convertidos ao Judaísmo e muitas senhoras da alta sociedade também se juntaram ao grupo. At 17:4). Segundo, a palavra que Paulo usa em 1Tessalonicenses 2:3 para "dolo" (RA) ou "fraudulência" (RC) vem de uma palavra que descreve a isca usada para pegar um peixe. Ela se refere a qualquer atividade que procura tirar vantagem de alguém sem que a pessoa perceba. Por último, embora a palavra ganância (2:5, NVI) tenha alguma referência ao desejo de ganho financeiro, na verdade é um termo muito mais amplo. Ela vem da combinação de duas palavras gregas: "ter" e “mais”. Assim, ela aponta para o desejo humano generalizado de satisfação própria, em todas as fases da vida.

Pense nisto: 
Em uma época de charlatões itinerantes, por que era tão importante que Paulo defendesse seus verdadeiros motivos para o ministério? Que implicações isso pode ter para nós hoje?

II. O método de Paulo 1Tessalonicenses 2:9-12.)

Qualquer um pode alegar que seus motivos são justos. Se é verdade ou não é uma questão totalmente diferente. O estilo de vida e o ministério de Paulo, no entanto, deram amplas evidências da veracidade de suas alegações.

Ao contrário de outros mestres itinerantes, que dependiam do apoio financeiro de seus ouvintes, a prática de Paulo era ganhar o seu próprio sustento, trabalhando com as mãos. A razão para essa prática não era que Paulo achava que os ministros não deviam ser pagos pelos seus serviços. Em suas outras cartas, ele afirma claramente que eles devem receber apoio financeiro

17 Os presbíteros que fazem um bom trabalho na igreja merecem pagamento em dobro, especialmente os que se esforçam na pregação do evangelho e no ensino cristão.
18 Pois as Escrituras Sagradas dizem: “Não amarre a boca do boi quando ele estiver pisando o trigo.” E dizem ainda: “O trabalhador merece o seu salário. 1Tm 5:17, 18

Mas quando se tratava de seu próprio ministério, Paulo preferia não pedir dinheiro para que ninguém pudesse acusá-lo de simplesmente procurar ganhos financeiros.

Como, então, Paulo se sustentou em Tessalônica? Sendo fabricante de tendas por profissão (At 18:3; 20:34), Paulo teria ganho seu sustento passando o dia cortando, trabalhando com ferramentas e costurando couro em sua própria oficina ou na de um colega artesão. Embora o trabalho com peles não fosse fácil, a ocupação diária de Paulo era uma oportunidade de conhecer e conversar com as pessoas que precisavam de seus serviços. Sua trajetória como honesto homem de negócios certamente aumentava sua credibilidade na comunidade. Finalmente, depois de um longo dia de trabalho físico, e durante as horas do sábado, Paulo voltava sua atenção seu outro trabalho, do qual ele mais gostava: o privilégio de pregar e ensinar o evangelho àqueles que estavam interessados.

Por que Paulo fazia tudo isso? Ele "fez isso porque desejava que os novos cristãos soubessem que ele estava ali como um pai para seus filhos. Os pais não cobram dos filhos por criá-los, por educá-los para ser as pessoas que devem ser.

"Esse era o significado do trabalho de Paulo" (Tom Wright, Paul for Everyone: Galatians and Thessalonians [Paulo para Todos: Gálatas e Tessalonicenses]; Louisville, Kentucky: Westminster John Knox Press, 2004, p. 98).

Pense nisto: 
Muitas vezes os céticos dizem que as igrejas só estão interessadas em dinheiro. O que podemos aprender com o método de Paulo para sustentar seu próprio ministério, ao contrário do conceito do ceticismo?

Perguntas para reflexão
1. Em contraste com a acusação de ser um charlatão religioso, que duas metáforas Paulo usa para descrever a si mesmo em 1Tessalonicenses 2:7, 11? O que essas imagens revelam sobre seu ministério e motivos?
2. As histórias do profeta Balaão no Antigo Testamento (Nm 22) e Simão, o mágico, no Novo Testamento (At 8) falam de dois homens que perderam de vista a verdadeira motivação para o ministério. Como esses homens perderam a direção? Que lições podemos aprender com eles?

Perguntas de aplicação
1. As histórias de José no Egito e Daniel em Babilônia contam a experiência de dois homens que eram fiéis a Deus quando muitos outros não eram. O que podemos aprender com esses homens que nos ajudarão em nossa luta contra as tentações do sexo, poder e dinheiro?
2. Ninguém acorda e repentinamente decide arruinar a própria vida por um capricho. Cada escândalo público na igreja começou com alguém dando pequenos passos em direção às concessões e ao pecado. O que podemos fazer para não seguir por esse mesmo caminho?
3. Embora a Bíblia registre as histórias de pessoas cuja integridade parecia nunca vacilar, ela também fala de homens e mulheres que cometeram erros graves, mas se arrependeram. Que história de arrependimento lhe oferece mais esperança para sua própria experiência? Por quê?

Atividade: 
Termine o estudo da lição lembrando os alunos de que ninguém é invencível. Todos temos nossas próprias provações e tentações. Mesmo os homens e mulheres mais piedosos que conhecemos lutam contra o pecado. Isso é o que a Bíblia ensina. Todos precisamos de encorajamento e oração.

Se possível, divida a classe em pequenos grupos de duas ou três pessoas para orar. Encoraje as pessoas a mencionar um pedido de oração. Além disso, peça a cada grupo para orar pelos líderes espirituais da igreja, pedindo que Deus os guarde de perder de vista o elevado propósito de seu chamado e que Ele os ajude a ter integridade inabalável.




O exemplo apostólico (1Ts 2:1-12) (comentário ao estudo nº 05)





1
Vocês sabem muito bem, irmãos, que a nossa visita não ficou sem proveito.
2 Sabem também como fomos maltratados e insultados na cidade de Filipos, antes de chegarmos aí em Tessalônica. Fomos muito combatidos, mas o nosso Deus nos deu coragem para anunciar a vocês a boa notícia que vem dele.
3 Auilo que anunciamos a vocês não se baseia em erros ou em má intenção; e também não tentamos enganar ninguém.
4 Pelo contrário, sempre falamos como Deus quer que falemos, porque ele nos aprovou e nos deu a tarefa de anunciar o evangelho. Não queremos agradar as pessoas, mas a Deus, que põe à prova as nossas intenções.
5 Pois vocês sabem muito bem que não usamos palavras bonitas para enganar vocês, nem procuramos tapear vocês para conseguir dinheiro. Deus é testemunha disso.
6 Nunca procuramos elogios de ninguém, nem de vocês nem de outros.
7 No entanto, tínhamos o direito de exigir de vocês alguma coisa, por sermos apóstolos de Cristo. Mas, quando estivemos com vocês, nós fomos como crianças, fomos como uma mãe ao cuidar dos seus filhos.
8 Nós os amávamos tanto, que gostaríamos de ter dado a vocês não somente a boa notícia que vem de Deus, mas até mesmo a nossa própria vida. Como nós os amávamos!
9 Irmãos, vocês com certeza lembram de como trabalhamos e lutamos para ganhar o nosso sustento. Trabalhávamos de dia e de noite a fim de não sermos uma carga para vocês, enquanto anunciávamos a vocês a boa notícia que vem de Deus.
10 Vocês são nossas testemunhas e Deus também de que o nosso comportamento entre vocês que creram foi limpo, correto e sem nenhuma falha.
11 Vocês sabem que tratamos cada um como um pai trata os seus filhos.
12 Nós os animamos e aconselhamos para que vocês vivessem de uma maneira que agrade a Deus, que os chama para terem parte no seu Reino e na sua glória. 1Tess 2:1-12

O tema básico do primeiro capítulo foi a resposta sincera ao evangelho por parte dos conversos de Tessalônica, fato que indicava sua eleição como povo de Deus. Agora, a ênfase muda para a conduta dos apóstolos durante sua estada na cidade.

Todo osegundo capítulo tem um tom apologético.  É uma defesa de Paulo diante dosvários ataques sofridos, direcionadosà sua pessoa, sua mensagem, seus propósitos e métodos. Seus acusadores eram judeus “fora da igreja”. Numa tentativa de desfazer a obra, caluniavam os obreiros. “Paulo se defendeu porque sabia que, se os inimigos fossem bem-sucedidos em suscitar desconfiança em relação à integridade do mensageiro, a mensagem teria sofrido morte natural” (Hendriksen).

Cada líder da igreja (especialmente os ministros do evangelho) deve comportar-se de tal maneira que possa fundamentar-se no testemunho dos membros de sua congregação, caso seja atacado caluniosamente.

Ousadia no sofrimento (2:1-2)
Quando uma frase começa com “porque” (a primeira palavra do verso 1), esperamos que se dê uma razão ou explicação de alguma coisa que a antecedeu. Talvez a conexão esteja em 1:9, onde Paulo menciona de forma breve o tipo de visita que teve em Tessalônica. “Porque vós, irmãos, pessoalmente sabeis que nossa estada entre vós não foi em vão”; assim, 2:1 dá uma explicação do caráter da visita que Paulo realizou em Tessalônica – levou a eles o evangelho.

Provavelmente, apenas poucos dias depois de terem sido severamente castigados, humilhados e presos em Filipos (v.2), Paulo e Silas tivessem começado sua obra em Tessalônica. Depois de castigos tão cruéis, impostores não teriam disposição nem coragem para continuar imediatamente sua obra numa cidade próxima. Talvez seja este o mais forte argumento em favor da legitimidade do ministério de Paulo na Macedônia.

O verso 2 termina com a frase 
“...para vos anunciar o evangelho de Deus, em meio a muita luta”.“Muita luta”, no grego é “agon”, que indica qualquer forma de conflito ou luta. Dessa palavra é que se deriva nosso termo “agonia”. Nessa luta ou agonia, Paulo foi sempre resistindo, em meio às pressões, anunciando o evangelho sem jamais desistir. Era derrubado, mas não vencido, pois tornava a se levantar para continuar a luta. Tudo isso servia para demonstrar o poder do Espírito Santo, que nele atuava (Champlin, o NT Interpretado).

Os críticos de Paulo se esforçavam para desacreditar sua pessoa, lançando contra ele pesadas e levianas acusações. Havia quem dizia em Tessalônica que Paulo estava “fichado na polícia” e que não era mais que um delinquente que estava fugindo da “justiça”, e que não se podia, de maneira alguma, dar ouvidos a um homem dessa índole (Barclay).

Porém, assim como as trevas não podem prevalecer contra a luz, e a mentira não pode triunfar sobre a verdade, as acusações mentirosas dos inimigos não puderam destruir a reputação do apóstolo. Os conversos de Tessalônica conheciam melhor do que ninguém o que significou “a visita missionária” de Paulo à sua cidade e seus efeitos positivos na vida deles.

Paulo reconhecia que sua “ousadia” não era resultado de algum valor natural, mas provinha de Deus. Os apóstolos estavam pregando “o evangelho de Deus”, e o Senhor mesmo lhes havia proporcionado a confiança e energia necessárias para sua intrépida proclamação (Seventh Day Adventist Bible Commentary, v. 7, p. 240).

O caráter dos apóstolos (2:3)

“Nossa exortação não procede de engano, nem de impureza, nem se baseia em dolo”.

A palavra “exortação” usada por Paulo (paraklasis, em grego), indica um apelo, tendo em vista o benefício dos ouvintes. O termo era utilizado para encorajar soldados antes da batalha, e se dizia que o encorajamento era necessário para soldados pagos (mercenários), mas desnecessário para os que lutavam por sua vida e seu país (Chave Linguística do NT Grego).

Conforme argumenta Howard Marshall, três substantivos são usados para expressar as características que Paulo repudia como sendo incompatíveis com a pregação cristã e com o estilo de vida dos pregadores.

Em primeiro lugar o “engano”. O termo não significa intenção de fraudar, mas ignorância ou erro a respeito da verdade acerca de Deus.

Em segundo lugar, o motivo de Paulo não era “impureza”. A palavra se refere à impureza moral, e Paulo a contrasta com a santidade (veja 4:7). Algumas seitas religiosas gregas se associavam com a prostituição ritual.

“Na mente popular não havia nenhuma conexão necessária entre a religião e os princípios morais. As iniciações, em meio a êxtases, que havia em algumas religiões populares eram grosseiramente sensuais” (Robertson). A acusação seria, então, que Paulo procurava convertidos para se entregar a excessos sexuais com eles.

A terceira característica que Paulo negou taxativamente é a de que agia em “dolo”. O termo grego tem o sentido de “colocar a isca no anzol”. Em outras palavras, Paulo não tentava pegar as pessoas em armadilhas prometendo a salvação, como faz um vendedor astuto para vender um produto desnecessário.

Conhecendo um pouco melhor o contexto e quanto eram graves essas acusações contra Paulo, podemos entender a necessidade e a seriedade de sua defesa. Paulo não empregava métodos desonestos para lograr as pessoas a fim de que acreditassem na sua mensagem, em contraste com alguns pregadores helenistas itinerantes, que não tinham escrúpulos quanto a métodos de ganhar seguidores. O homem que rejeitava até mesmo a eloquência (1Co 2:4) não tinha probabilidade nenhuma de apelar à astucia e ao logro para abordar seus ouvintes.

Portanto, no verso 3, Paulo nega as três acusações. Em seguida, ele põe a verdade em contraste com a mentira (v.4). É próprio do estilo paulino o emprego deste método de argumentar: refutação direta da acusação, seguida de uma declaração positiva (veja 1:5; 2:3,4; 2:5ss).

Agradar a Deus (2:4-6)
A vida de Paulo foi uma exemplificação das verdades que ele ensinava. Nisso repousava seu poder. Seu coração estava cheio de um profundo e permanente senso de sua responsabilidade, e ele trabalhava em íntima comunhão com Aquele que é a fonte de justiça, misericórdia e verdade. Apegava-se à cruz de Cristo como sua garantia única de sucesso. O amor do Salvador era o permanente motivo que lhe dava a vitória nos seus conflitos contra o egoísmo e em suas lutas contra o mal, ao avançar, no serviço de Cristo, contra o desamor do mundo e a oposição de seus inimigos” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 507).

Aprecio bastante as declarações de Hernandes em seu comentário das epístolas aos tessalonicenses.Escreveuele:

Paulo foi líder por excelência. Seu legado serve de exemplo para líderes ainda hoje. Há pelo menos, três atributos desse líder servo que devem se repetir em nossa vida:

1. O verdadeiro ministro do evangelho não procura conveniências, mas conversões. Em vez de ganhar a vida pelo evangelho, ele está pronto a dar a vida pelo evangelho.
2. O líder espiritual genuíno não busca lucro, mas trabalho. Paulo não foi a Tessalônica para tirar proveito de seus habitantes, mas para legar algo a eles; não para tirar vantagens, mas para doar. Não foi para ganhar dinheiro, mas para ganhar pessoas. Sua motivação não era o lucro, mas a salvação de outros. Paulo terminou sua vida pobre, sozinho e condenado à morte. Porém, nenhum rei, aristocrata, pensador ou filósofo é mais conhecido e estudado na História do que esse extraordinário apóstolo.
3. O líder espiritual não busca aplauso dos homens, mas a aprovação de Deus. Paulo foi um pastor, não um bajulador. Não pregava para agradar a homens, mas para ser aprovado por Deus. Não buscava reconhecimento humano, mas lutava para ser irrepreensível diante de Deus. Um bajulador se empenha em tornar a mensagem atraente para agradar as pessoas. Busca sua glória pessoal, não a de Deus. Está mais interessado em ser amado na Terra do que ser conhecido no Céu, o que não tem nada ver com o estilo de vida do apóstolo.

Afeição profunda (2:7-8)
“O primeiro capítulo de 1Tessalonicenses mostra Paulo, o evangelista. O segundo mostra Paulo, o pastor, pois explica de que maneira o grande apóstolo cuidava dos recém-convertidos nas igrejas que havia fundado. Paulo considerava “a preocupação com todas as igrejas” uma responsabilidade maior do que todos os sofrimentos e dificuldades que enfrentava em seu ministério” (Wiersbe, v. 6, p. 212).

O verso 7 contém uma expressão, a meu ver, desafiadora especialmente para os líderes da igreja na atualidade: 
“...todavia nos tornamos carinhosos entre vós, qual ama que acaricia os próprios filhos”.

Lutero traduz: 
temos sido maternais”, o que está em harmonia com essa formosa e comovedora figura.

Imagine um fariseu falando assim para gentios, que eram considerados pelos judeus como cães odiosos, desprezados e alienados! A graça divina transformou Paulo, fazendo-o participar da gentil humanidade de Cristo, bem como das virtudes morais do Espírito de Deus. Você clama a Deus, cada dia, para queEle o transforme dessa maneira?

Cuidar de crianças exige tempo, energia e dedicação. Paulo não entregava seus bebês espirituais às babás, antes, fazia sacrifícios e cuidava deles pessoalmente. Mostrava-se paciente com os novos cristãos. Filhos não crescem instantaneamente. Todos passam pelas dores do crescimento e enfrentam problemas ao longo do processo de amadurecimento. O amor do pastor e dos anciãos pelos “filhos” espirituais deve ser paciente, constante e benigno, como foi o de Paulo.

No amor de um homem corajoso e fiel, há sempre uma ponta de ternura maternal; ele reitera aqueles raios de proteção afetuosa que lhe foram dados, quando estavadeitado nos joelhos de sua mãe” (George Elliot).

Os tessalonicenses haviam descoberto que os missionários eram afáveis, agradáveis no falar. Eram meigos, afetuosos em seu modo de tratar os outros. O próprio comentário de Paulo sobre a palavra “amável” se encontra no verso 8 (“
estávamos prontos a oferecer-vos não somente o evangelho de Deus, mas, a própria vida”), no verso 9 (“...noite e dia labutando para não vivermos à custa de nenhum de vós”), 11 e 12 (“...como pai a seus filhos, a cada um de vós exortamos, consolamos e admoestamos”).

Temos que recordar sem cessar: todo aquele que quiser se colocar entre os verdadeiros pastores deve amar as pessoas como Paulo as amava, de modo que a salvação da igreja lhe seja mais preciosa que sua própria vida” (Calvino). Que desafio para nós, líderes da igreja no século 21!

Para não ser um fardo (2:9-12)
O carinhoso termo – irmãos (v.9) – se ajusta muito bem. Paulo, Silas e Timóteo se puseram no mesmo nível dos operários de Tessalônica. Todos eles trabalhavam pela sobrevivência material.

A expressão “
trabalho e fadiga” se refere ao fato de que os missionários trabalharamde noite e de dia (parte da noite e parte do dia). Além disso, ainda pregavam. Deve ter sido muito difícil encontrar tempo para tudo isso. Entretanto, em razão do evangelho de Deus e do amor pelas pessoas, na maioria simples trabalhadores, o peso era suportado com alegria. Fossem eles do tipo dos “filósofos” ambulantes, e os tessalonicenses não teriam sido tratados com tanta consideração.

No verso 11, o simbolismo muda da ternura maternal para a orientação paternal. Paulo, Silas e Timóteo, enquanto permaneceram em Tessalônica, amavam esses irmãos à semelhança de uma mãe que ama e cuida de seus próprios filhos (v.7), e os admoestavam como um pai. Eles tratavam “a cada um [deles]” (v. 11), realizando individualmente a obra pastoral, ensinando-os, explicando-lhes a Palavra de Deus e exortando-os a aceitarem-na pela fé, vivendo sua vida em sintonia com ela. Tinham levado em conta a imaturidade desses crentes, e assim os amaram com ternura. O propósito de toda essa exortação paternal era que os leitores pudessem “andar”(desenvolver sua vida) de maneira digna de seu relacionamento com Deus (W. Hendriksen).

Os servos de Deus devem ter o maior cuidado com respeito às doutrinas que ensinam, o exemplo que transmitem e a influência que exercem sobre aqueles com os quais se associam. O grande apóstolo apelou à igreja e a Deus para testemunhar a veracidade e sinceridade da profissão desses servos tanto vocês como Deus são testemunhas”, ele disse “de como nos portamos de maneira santa, justa e irrepreensível entre vocês” (Ellen G. White, Review and Herald, 11 de dezembro de 1900).



O autor dos comentário deste trimestre é o Pr. José Silvio Ferreira, casado com a psicóloga Ellen Ferreira. O casal tem três filhos: Maltom Guilherme, Marlom Henrique e Mardem Eduardo. Doutor em Teologia pelo Unasp, o Pr. José Silvio já trabalhou como distrital, líder de jovens e secretário ministerial, atendendo a igreja nos Estados de Goiás, Espírito Santo, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo, onde atua hoje como Ministerial da Associação Paulistana. É autor do livro Cristo, Nossa Salvação.

Pr. José Silvio Ferreira Secretário Ministerial Associação Paulistana