“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2 Timóteo 3:16, 17).
Muito embora a maioria das pessoas não abrigue um grande amor pelo estudo da História em si, a maioria das pessoas ama uma boa história. Toda civilização tem um repertório rico das histórias que explicam (ou afirmam explicar) origens, valores, relações e estruturas de sua cultura. Essas histórias, contadas geração após geração, frequentemente são ferramentas de ensino.
Na idade moderna, a arte de contar histórias perdeu a importância: as pessoas procuravam fatos e respostas científicas para explicar a vida. Porém, os fatos, por si sós, não podem responder às questões mais importantes da vida. Hoje, uma nova geração, frequentemente denominada de “pós-moderna”, redescobriu o poder das histórias.
Neste sentido, a Bíblia é contemporânea porque está cheia de histórias. Não lendas, não “fábulas engenhosamente inventadas” (2Pe 1:16), mas histórias verdadeiras e pessoais que revelam a verdade sobre Deus e Sua interação com a humanidade caída. Essas histórias descrevem pessoas reais, enfrentando problemas da vida real e interagindo com o Deus vivo, que oferece respostas para esses problemas.
Toda história precisa de um ambiente. Nesta semana, vamos explorar os diferentes ambientes e seus contextos históricos a fim de melhor entender os personagens que estudaremos ao longo do trimestre.
Pessoas e enredos
Um enredo é definido como sucessão de eventos que leva a uma conclusão. Todos nascem, vivem e, um dia, morrerão. Esses são os parâmetros mais amplos do enredo da vida. Nesse intervalo, a vida consiste em muitos pequenos enredos que mui frequentemente são motivados por tensão ou conflito. Procurar por um enredo significa tentar conectar todas as partes relevantes da história a fim de ver o grande quadro. No livro de Jó, por exemplo, o enredo traz dois planos.
1. Identifique os dois planos no enredo da história de Jó.
1 Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal.
2 Nasceram-lhe sete filhos e três filhas.
3 Possuía sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas; era também mui numeroso o pessoal ao seu serviço, de maneira que este homem era o maior de todos os do Oriente.
4 Seus filhos iam às casas uns dos outros e faziam banquetes, cada um por sua vez, e mandavam convidar as suas três irmãs a comerem e beberem com eles.
5 Decorrido o turno de dias de seus banquetes, chamava Jó a seus filhos e os santificava; levantava-se de madrugada e oferecia holocaustos segundo o número de todos eles, pois dizia: Talvez tenham pecado os meus filhos e blasfemado contra Deus em seu coração. Assim o fazia Jó continuamente.
6 Num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o SENHOR, veio também Satanás entre eles.
7 Então, perguntou o SENHOR a Satanás: Donde vens? Satanás respondeu ao SENHOR e disse: De rodear a terra e passear por ela.
8 Perguntou ainda o SENHOR a Satanás: Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal.
9 Então, respondeu Satanás ao SENHOR: Porventura, Jó debalde teme a Deus?
10 Acaso, não o cercaste com sebe, a ele, a sua casa e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste, e os seus bens se multiplicaram na terra.
11 Estende, porém, a mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face.
12 Disse o SENHOR a Satanás: Eis que tudo quanto ele tem está em teu poder; somente contra ele não estendas a mão. E Satanás saiu da presença do SENHOR. Jó 1:1-12
Se quisermos entender a história de Jó, precisamos entender seu enredo bidimensional. De fato, a Bíblia não tem nenhum enredo unidimensional, porque Deus está sempre ativo na história e na vida humana, embora trabalhe por trás das cenas. Nos dois primeiros capítulos de Jó, podemos imaginar que estamos mudando de canais, como em uma TV , enquanto saltamos entre os enredos terrestre e celestial.
Mas as histórias são mais que enredos. As pessoas fazem as histórias.
Então, o sacerdote Hilquias, Aicão, Acbor, Safã e Asaías foram ter com a profetisa Hulda, mulher de Salum, o guarda-roupa, filho de Ticva, filho de Harás, e lhe falaram. Ela habitava na cidade baixa de Jerusalém. 2Reis 22:14
Os personagens estão intimamente conectados com o enredo da história. Nossa compreensão deles depende em grande parte das informações dadas pelo narrador, que pode até ser um dos participantes. Vamos tomar Hulda como exemplo: Ela é um dos personagens principais da história? Não. Essa história realmente conta sobre a descoberta do livro da lei durante o reinado do rei Josias. Embora Hulda não tenha sido a protagonista, cada personagem é vital para o desenvolvimento da história. Hulda tinha filhos? Que idade tinha ela? Não conhecemos as respostas a essas perguntas. A narrativa bíblica tende a ser muito concisa e, frequentemente, é resumida. Isso significa que precisamos prestar muita atenção a cada pequena informação. Hulda era considerada uma profetisa confiável do Senhor. O autor bíblico nos dá informações sobre a família de seu marido, porque, nos tempos do Antigo Testamento, as mulheres eram identificadas com a família do marido. Seu endereço também é dado. Como nos tempos atuais, os documentos oficiais sempre exigem um nome e um endereço para provar que determinada pessoa é aquela que afirma ser.
Qual é seu enredo? Que tipo de personagem é você? Se sua história fosse escrita como narrativa da Bíblia, o que contaria, em contraste com o que deveria contar?

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