“Se Tu, soberano Senhor, registrasses os pecados, quem escaparia? Mas contigo está o perdão para que sejas temido” (Salmo 130:3, 4, NVI).
O senso de culpa é uma das experiências emocionais mais dolorosas e incapacitadoras. Pode provocar vergonha, medo, tristeza, raiva, angústia e até enfermidade física. Embora frequentemente sejam desagradáveis, esses sentimentos podem ser usados por Deus para levar os pecadores ao arrependimento e ao pé da cruz, onde podem achar o perdão tão desejado. Às vezes, porém, o mecanismo da culpa faz com que as pessoas assumam a culpa por algo pelo que não são responsáveis, como no caso de alguns sobreviventes de acidentes ou filhos de pais divorciados.
Mas quando o senso de culpa é justificado, serve como boa consciência. A culpa produz desconforto suficiente para levar a pessoa a fazer algo sobre ela. Dependendo das escolhas pessoais, a culpa pode ser altamente destrutiva, como no caso de Judas, ou altamente positiva, como no caso de Pedro.
Nesta semana, vamos estudar quatro relatos bíblicos de culpa a fim de entender melhor esse processo e ver o que podemos aprender sobre ela, se for corretamente canalizada. Podemos ver como a culpa pode ser usada pelo Senhor para nosso proveito. Tudo depende, realmente, de nossa atitude em relação à culpa que sentimos e o que fazemos com ela.
Domingo Vergonha
1. Como Adão e Eva manifestaram a culpa que sentiram? Qual foi o problema com a reação de Adão?
8 Quando ouviram a voz do SENHOR Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do SENHOR Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim.
9 E chamou o SENHOR Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás?
10 Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi.
11 Perguntou-lhe Deus: Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses?
12 Então, disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi.
13 Disse o SENHOR Deus à mulher: Que é isso que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente me enganou, e eu comi.
14 Então, o SENHOR Deus disse à serpente: Visto que isso fizeste, maldita és entre todos os animais domésticos e o és entre todos os animais selváticos; rastejarás sobre o teu ventre e comerás pó todos os dias da tua vida.
15 Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. Gn 3:8-15
A culpa foi a primeira emoção adversa sentida pelos seres humanos. Logo depois que Adão e Eva pecaram, seu comportamento mudou. Eles “esconderam-se da presença do Senhor Deus entre as árvores do jardim” (v. 8. NVI). Essa reação sem precedentes indicou medo de seu Pai e Amigo e, ao mesmo tempo, vergonha de enfrentá-Lo. Até a queda, eles achavam alegria na presença de Deus, mas agora, escondiam-se ante Sua aproximação. Um bonito elo estava quebrado. Além de medo e vergonha, eles sentiam tristeza, especialmente ao serem informados das terríveis consequências de terem desobedecido a Deus.
Note as palavras de Adão e Eva: “Foi a mulher que me deste por companheira” e “A serpente me enganou...” (NVI). A culpa provoca uma reação aparentemente automática de colocá-la em outra pessoa ou justificar o próprio comportamento com argumentação. Sigmund Freud, fundador da psicanálise, chamava essa reação de “projeção” e afirmava que as pessoas projetam sua culpa sobre os outros ou sobre as circunstâncias a fim de aliviar o fardo da culpa. Essa “projeção” é considerada um mecanismo de defesa. Mas o ato de lançar a culpa sobre os outros não contribui para as relações interpessoais e constitui uma barreira para o perdão de Deus. A verdadeira solução consiste em aceitar a plena responsabilidade pelas próprias ações e buscar o único Ser que pode fornecer libertação da culpa: “Portanto, agora já não há condenação para os que estão
Às vezes, as pessoas sofrem de culpa pelas razões erradas. Parentes próximos daqueles que cometem suicídio, sobreviventes de um grande acidente ou calamidade e filhos de um casal recém-divorciado, na maioria dos casos, são exemplos típicos de culpa infundada. As pessoas que estão nessas situações precisam ter a certeza de que não podem ser consideradas responsáveis pelo comportamento de outros ou por eventos imprevisíveis. E se, em certos casos, eles tiverem alguma culpa, devem assumir a responsabilidade por suas ações, buscar perdão daqueles a quem ofenderam e, então, apegar-se a promessas bíblicas como: “Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões” (Sl 103:12).
Como você reage à culpa? Você é rápido, como foi Adão, em culpar os outros por suas ações erradas? Como você pode aprender a fazer face às coisas que fez erradas e então, pela graça de Deus, avançar?

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