quarta-feira, 28 de março de 2012

A promessa da vinda de Cristo (comentário ao estudo nº 13)




Introdução
A ideia de “promessa e cumprimento” está presente em toda a Bíblia e é ligada à imagem do concerto, aliança, pacto, como uma bênção ao beneficiário. Na sua natureza, as promessas bíblicas estão relacionadas ao ofício profético ou a uma declaração cuja fonte é o próprio Deus. A Bíblia contém tantas promessas que alguns chegam a afirmar que existem mais de 2.500 delas.

É evidente que a Bíblia contém promessas feitas pelo próprio ser humano e, assim, estão sujeitas às falhas e circunstâncias naturais humanas. A promessa feita por Balaque a Balaão tornou-se fútil (Nm 22:17). Hamã fez a promessa de matar todos os judeus, mas acabou enforcado por sua própria ferramenta de vingança (Et 7:9, 10). Judas, por sua vez, traiu Jesus quando os líderes judeus lhe prometeram dinheiro (Mc 14:11). Em contrapartida, Jacó pediu a José que não deixasse seu corpo ser sepultado no Egito e, como na promessa feita, o corpo de Jacó foi colocado junto de seus ancestrais (Gn 47:29ss; 50:7-13).

A maior parte das promessas bíblicas foi proferida por Deus. As promessas divinas, ao contrário das humanas, são consideradas sagradas e puras (2Sm 22:31; Sl 12:6). Deus sempre cumpre o que promete a ponto de as promessas poderem ser objeto de meditação (Sl 119:50, 148). Do lado humano, a fé é apresentada como o meio indispensável para que a promessa tenha realidade (Rm 1:16-17; Ef 2:8). Fé não tem apenas uma dimensão futura no que respeita à confiança de que Deus irá cumprir o que prometeu (Hb 11:1), mas possui uma dimensão constante, diária, na caminhada daquele que vive a realidade do concerto (Hb 10:35-38). Assim, ter fé é exatamente o mesmo que viver sob a perspectiva do cumprimento do concerto, isto é, fé e fidelidade são a mesma coisa. Esse aspecto é confirmado pelo uso intercambiável da expressão grega pistís, que tanto pode ser traduzida como “fé” ou como “fidelidade” (compromisso ao concerto). É nesse ponto que Deus é fiel! Ele cumpre o que promete e o ser humano, como resposta, deve viver sob o compromisso desse concerto. A dimensão escatológica dessa realidade é apresentada em Apocalipse 2:10: “Sê fiel [pistís, ‘tenha fidelidade’] até a morte e dar-te-ei a coroa da vida”.

Deus fez promessas que podem tanto ser de ordem temporal como de caráter espiritual. As promessas temporais usualmente estão relacionadas à preservação, proteção, possessões, prosperidade, descendência, restauração e libertação física. Vejamos alguns exemplos:
Por meio de Noé, Deus fez uma promessa a toda a humanidade de que a Terra jamais seria destruída por águas como no dilúvio (Gn 8:21-9:17).

Como Noé, Abraão também foi o mediador de promessas extraordinárias à humanidade. Abraão seria pai de uma grande nação (Gn 12:2; 17:4) e tais promessas se estenderiam além dos limites de sua descendência física e atingiria aqueles que exerceriam fé até o fim. A ele também foi prometida uma terra e uma herança (Gn 17:8).

O Êxodo e o Sinai foram cumprimentos de promessas de libertação de Seu povo feitas desde os dias de Abraão e a Moisés por Deus. O retorno de Judá do cativeiro babilônico e a restauração de Israel são promessas bem compreendidas por Daniel, Jeremias, Ezequiel e até por Esdras e Neemias.

É curioso que existe um entre os dez mandamentos que apresenta uma promessa: o 5º mandamento estabelece a promessa de longevidade aos filhos que honram seus pais (Êx 20:12; Ef 6:2).

Dentre as muitas promessas de cunho espiritual feitas na Bíblia (herança espiritual, adoção à filiação divina, libertação escatológica) destacam-se duas: as promessas messiânicas (desde Gn 3:15) e as promessas da vinda do Espírito Santo (Jl 2:23, 28-32; Is 44:3).

As promessas do Antigo Testamento são tão marcantes que os escritores do Novo Testamento constantemente se referem a elas como o cumprimento das promessas. Em outras palavras, o NT se identifica como o cumprimento do AT. É comum percebermos em Mateus, por exemplo, a expressão “para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta” (1:23; 2:15, 17; 21:4). Jesus Cristo é o cumprimento, o tema central, das promessas feitas no AT (Rm 1:1-6; 2Co 1:20). O livro de Apocalipse é como que uma coleção de citações de promessas do AT (LXX), tamanha a quantidade de material profético que encontra ali o cumprimento.

O contexto de Hebreus 11, com sua galeria dos heróis do AT, estabelece que o viver pela fé nas promessas de Deus deve ser o estilo de vida também dos cristãos. Assim, Paulo exortou aos cristãos que vivam sob a perspectiva das promessas de Deus com paciência e consagração, “pois quem fez a promessa é fiel” (Hb 10:23).

Promessas ou Profecias Messiânicas do AT

A promessa de Gênesis 3:15 é conhecida como a primeira das promessas bíblicas, o protoevangelho, dividida em duas vertentes, uma antropológica/soterológica e outra messiânica. Na primeira, de forma sobrenatural, haveria a restauração da relação entre Deus e o ser humano por meio de uma “inimizade” contra Satanás. Pelo pecado, a humanidade se tornou “amiga” natural do inimigo, mas, pela graça, haveria uma forma para que essa fatalidade fosse interrompida. A segunda parte da promessa é de caráter messiânico, pois há a indicação da vinda de um Ser que, finalmente, venceria o conflito, esmagando a cabeça da serpente. Lutero considerava esse verso como o primeiro conforto, a fonte de toda graça e o fundamento de toda promessa. Por meio de uma observação cuidadosa do texto hebraico de Gênesis 4:1, percebe-se que o primeiro casal havia compreendido claramente o significado messiânico de Gênesis 3:15. Em hebraico, literalmente Eva declarou: “Adquiri um varão, o Senhor”, imaginando que Caim (que quer dizer “adquirido” – Qayin) seria o Libertador prometido.

Existem dezenas de profecias messiânicas que revelam detalhes significativos de Cristo. Como exemplo, vou aludir a algumas, com a intenção de não ser exaustivo: Gênesis 49:10; Deuteronômio 18:18ss; Salmos 2:1ss; 110:1ss; 118:22ss; Isaías 4:2; 7:14; 9:1-6; 11:4; 25:8; 32:1-8; 42:1-4; 49:1-6; 50:4-9; 52:13-53:12; 55:3-4; Jeremias 23:5-6; 31:31ss; Ezequiel 34:23-24; 37:22; Ozeias 3:4-5; Amós 9:11; Miqueias 5:1-4; Zacarias 9:9-10. Os Salmos 8; 22; 34:21; 41:10; 45; 69 e 72 são citados no NT em conexão com a vida do Messias. Essas promessas podem ser divididas em dois grandes blocos: a visão messiânica escatológica e a visão messiânica histórica.

Na visão messiânica escatológica, as promessas estão centradas no restabelecimento do poder real do Messias como o grande restaurador do Império davídico. A linguagem de muitos Salmos (especialmente o Sl 2) e várias referências apresentadas nos livros proféticos (como exemplo, Is 55:3ss), descrevem o poder do “filho de Deus” ao recuperar permanentemente o reinado de Davi. Desse ponto de vista, a promessa messiânica do Cristo seria o Rei Escatológico que reinaria para sempre. Muitas referências do NT ao reino futuro de Cristo, que será instaurado na Sua segunda vinda, fazem alusão a esse grupo de promessas, como por exemplo, 1 Coríntios 15:20-28.

Essa dimensão escatológica está associada ao tema da vinda do “dia do Senhor” e o juízo. Os profetas falam da vinda do fim como “naquele(s) dia(s)” (Zc 14:9; Jl 2:29). O “dia do Senhor” refere-se a um culminante evento histórico, a partir do qual haverá o estabelecimento de uma nova ordem, uma nova criação. Para os infiéis, que não esperam a promessa da vinda de Jesus, será um dia de trevas, angústia, juízo e castigo (Sf 1:15; Is 34:8, Os 9:7).

A nova ordem futura instaurada pelo Messias está em paralelo à existência de um remanescente que permanece fiel, enquanto que a “maioria” rejeita o concerto, a promessa.

O tema do “dia do Senhor” (ou do “Dia do Senhor Jesus Cristo”) e do remanescente encontram sua perspectiva de cumprimento no NT (Mt 7:22; 10:15; 1Co 1:8). Esse dia escatológico aparece normalmente associado à parousia, a manifestação gloriosa da vinda de Cristo (1Ts 4:15; 5:2).

Por outro lado, contudo, há promessas messiânicas do AT com a intensa percepção de um Cristo com os predicados de servo sofredor (especialmente Is 53). Seria Alguém que viria para servir e dar Sua vida antes de assumir o controle do Reino.

Jesus colocou essas duas dimensões de forma precisa quando Se autorreferiu Àquele “Filho do Pai” que “tinha vindo” de acordo com a promessa (Mt 11:19; 10:34; Mc 10:45; Lc 12:49) e Àquele “Filho do homem” que “viria” no futuro, em uma “segunda vinda” ou parousia (Mt 16:28; 25:31; 26:64; Mc 8:38). Assim, Jesus expressou Sua plena consciência de ser o “prometido” do AT e de ser o que “prometeu” no NT. A certeza do cumprimento de Suas promessas futuras no estabelecimento do reino é atestada e ratificada pelo cumprimento das profecias do AT sobre Sua messianidade.

Dessa dupla perspectiva das promessas messiânicas do AT podemos concluir que:

Os dois testamentos são interdependentes e que um não pode ser entendido sem o outro. A relação óbvia está entre expectação e cumprimento.

A trajetória de Jesus, Sua vida, ministério, morte e ressurreição não se enquadram à reflexão tradicional do judaísmo nos Seus dias. O Cristo como servo sofredor não fazia parte da expectação messiânica preconcebida pela liderança, mas oferece a dimensão correta de Jesus não apenas como o Messias de Israel, mas o Salvador do mundo (Jo 4:42; 1Jo 4:14). Da magnitude local para o cumprimento global e cósmico. Ele não era somente o “filho de Davi”, mas o “Filho de Deus” (Mc 12:35-37).

Os discípulos de Jesus testemunharam os eventos que os fiéis do AT almejavam ter visto (Lc 10:35ss). Em resposta à perplexidade de João Batista, Jesus assegurou que a promessa de Isaías 35:5ss estava se cumprindo.

Assim, o cumprimento das promessas no NT transcende o AT. Jesus é maior que Jonas (Mt 12:41), maior que Salomão (Lc 11:31), maior que Davi (Mc 2:25-28), maior que o templo (Mt 12:6). DEle foi o melhor ministério (Hb 8:6), o melhor sacrifício (9:26), com melhores promessas (8:6). O trono terreno de Davi é transferido para o trono de Cristo no Céu (At 2:34-35; Ap 3:21). Um sumário desse argumento é apresentado por Paulo em Atos 13:32-34. Em Cristo, todas as promessas feitas a Abraão são cumpridas plenamente! NEle, todas as nações da Terra são abençoadas.

A profecia messiânica de tempo apresentada por Daniel 8-9 é extremamente significativa, não apenas por balizar os 2.300 anos, mas por definir a data em que ocorreria o ministério do Messias e a Sua morte “no meio da semana”. Veio na plenitude dos tempos! (Gl 4:4).

Que os líderes judeus tinham compreensão das promessas messiânicas é evidente na conversa que tiveram com Herodes (Mt 2:4-6) e no contexto da vinda do segundo Elias (Mt 17:9-13).

Promessas da segunda vinda

Embora a expressão “segunda vinda de Cristo” não ocorra na Bíblia, a evidência escriturística é tão marcante que há uma convergência teológica da maioria das tradições cristãs concordando com a vinda de Jesus. Praticamente todos os credos do cristianismo, desde o Credo Apostólico (2º séc.), atestam a crença na segunda vinda de Jesus.

O testemunho de Jesus de que Ele iria voltar é decisivo, principalmente Seu discurso escatológico registrado em Mateus 24-25, onde não há apenas uma descrição cronológica dos fatos, tanto antecedentes quanto ocorrentes, mas a forma (visível, física, pessoal), a natureza (inesperada, triunfante e gloriosa) e a necessidade de preparo para o evento. O ponto central dessa sequência escatológica é a prontidão (vigilância) que os cristãos devem ter constantemente: “Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor” (24:42). De acordo com Cristo, a essência da vigilância, se evidencia na nossa maneira de nos relacionarmos com o próximo. Aliás, o propósito básico das profecias não é apenas informar quanto ao futuro (satisfazer curiosidades), mas mostrar como devemos viver enquanto esperamos o fim. Esse aspecto é desenvolvido nas 4 parábolas seguintes:

Mateus 24:45-51 – A parábola do bom e do mau servo: A demora do Senhor afeta nossa maneira de nos relacionarmos com outros e nossa maneira de tratá-los.

Mateus 25:1-13 – A parábola das dez virgens: Vigilância significa desenvolver um tipo de relacionamento com Jesus mantido mesmo que Sua vinda não seja tão breve quanto o esperado.

Mateus 25:14-30 – A parábola dos talentos: Vigilância tem que ver com o uso e desenvolvimento de todas as habilidades dadas por Deus enquanto se espera o fim.

Mateus 25:31-46 – A parábola do grande julgamento: Vigilância significa tratar todos como se fossem o próprio Cristo.

Outro texto de destaque foi o proferido por Jesus no cenáculo e registrado por João 14:1-3.

Jesus anunciou não somente Sua vinda, mas também o estabelecimento do Reino de Deus. Esse Reino não seria produzido pela história como um poder terreno. Seria o resultado de uma gloriosa teofania, de manifestação sobrenatural. Não seria apenas uma reforma político-social, mas a instauração radical do “novo”, de ordem celestial (novo céu, nova Terra, nova Jerusalém, etc.).

Os ensinos de Jesus trazem uma dimensão presente como condição para o reino futuro. O reino já está em nosso meio! Os que aguardam o fim escatológico se preparam hoje, confrontando as forças do pecado e evidenciando fé em Cristo ao fazer a vontade de Deus. Assim, a vinda de Jesus evoca a salvação e a redenção contidas no evangelho e que deve ser vivida no dia a dia. Nesse sentido, o reino de Deus já está presente como um autenticador do reino futuro. Os teólogos gostam de usar a expressão “já, mas não ainda” para descrever esse aspecto que, embora dialético, faz parte do coração da mensagem de Jesus. O cumprimento das promessas do AT se dá “agora” (Lc 4:18-22, Mc 1:14ss), mas a consumação ocorrerá no futuro escatológico (Mt 19:28). Em outras palavras, Jesus pregou a salvação presente (por exemplo, as parábolas da moeda, da ovelha e do filho perdidos), e deixou certa a salvação futura. Os milagres feitos por Jesus mostravam que a salvação/cura eram amostras do reino a ser instaurado “no fim”. Contudo, a cruz, a ressurreição e o ministério sacerdotal de Jesus são as maiores evidências do cumprimento futuro do reino.

No presente, o reino cria uma comunhão mista de pessoas boas e más, mas quando ele for consumado, haverá separação entre aqueles que são do reino e os impostores (o trigo e o joio; a rede que traz todo tipo de peixe). A perspectiva escatológica do reino define a ideia do juízo. Enquanto a vinda do reino será positiva para os salvos (Mc 13:27), será negativa para Satanás e seus seguidores (Mt 25:41).

Jesus usou linguagem metafórica para descrever o caráter do Seu reino. O Pastor reunirá Suas ovelhas (Mt 25:32); os puros de coração verão a Deus (5:8); a herança será recebida (19:29); o tesouro está sendo acumulado (6:20); tronos e posições de autoridade serão dados aos fiéis (19:28); a colheita está sendo reunida nos celeiros (13:30); os gentios se ajuntarão numa grande festa celestial com os patriarcas (8:11); os salvos vão estar à mesa com Ele (Lc 22:29ss) e beberão o vinho de uma nova era (Mc 14:25). Haverá uma grande festa de núpcias (Mt 22:3; 25:10). Todas essas ilustrações descrevem a restauração da perfeita comunhão entre Deus e os seres humanos perdida em virtude do pecado.

O livro de Atos descreve a Páscoa e o Pentecostes como advento e cumprimento da era porvir. Isso é evidente no sermão de Pedro no capítulo 2, onde é revelado que teve início o tempo do fim, “os últimos dias” (v. 17). O Espírito Santo e a Igreja são marcas do início de uma nova era. A entronização de Cristo revela que Ele não mais é o servo sofredor, mas o Rei assentado à direita do Pai (7:55-56).

A teologia paulina expressa nas epístolas entende a ressurreição de Cristo como o grande evento que determina a breve vinda de Jesus. A morte já foi vencida! (2Tm 1:10; 2Co 4:6; 1Co 15). Se o Espírito Santo habita no coração do ser humano, esse se torna um ente espiritual, experimentando uma “novidade de vida” (2Co 2:16; 5:4; Cl 1:3; Ef 2:5; Rm 6:4). Embora o mistério da iniquidade ainda exerça sua influência, esse poder já está derrotado (1Ts 4:13-18; 2Ts 2:1ss). Nos escritos de Paulo, o dia glorioso da vinda de Jesus aparece em diferentes formas: Dia do Senhor (1Ts 5:2); Dia do Senhor Jesus (1Co 5:5); Dia do Senhor Jesus Cristo (1Co 1:8); Dia de Jesus Cristo (Fp 1:6); Dia de Cristo (Fp 1:10) e aquele Dia (2Tm 1:18). Embora esteja presente em todo o NT, outro tema preponderante em Paulo é o da “esperança” (c. de 50 vezes). Paulo usou três palavras gregas para descrever a vinda de Jesus:

Parousia, que significa “presença” (Fp 2:12) e “chegada” (1Co 16:17). É uma expressão que se tornou técnica para descrever a vinda de Cristo como Rei.

A vinda de Cristo também será um apocalipsis, uma “revelação” da glória e do poder de Cristo (Ef 1:20-23; 2Ts 1:7).

O terceiro termo é epiphaneia, que quer dizer “aparecimento” indicando a visibilidade da vinda de Jesus (2Ts 2:8, onde também aparece a expressão parousia). Destaca-se também Tito 2:13, onde o aparecimento de Jesus é a realização da “bendita esperança”.

Dentre as epístolas gerais, a que mais trata do tema da vinda de Jesus é 2 Pedro e, em especial, o capítulo 3. Aqui os temas complexos da iminência e da demora na vinda de Jesus são discutidos pela primeira vez. A demora estaria diretamente relacionada com a longanimidade de Deus que não deseja que ninguém se perca (v. 9). Outras razões são apresentadas na literatura cristã:

Clemente de Roma, um dos primeiros pais da igreja, achava que os pecados dos cristãos seriam a causa da demora, como expresso em 2 Clemente de Roma aos Coríntios.

O fim só virá quando o evangelho tiver sido pregado em todo o mundo. Orígenes e Clemente de Alexandria diziam que Deus havia posposto Sua vinda para que as reais consequências do mal fossem manifestas e para que o poder de Deus fosse completamente vindicado.

Clemente de Roma e Justino, o Mártir, acreditavam que Cristo só viria quando o número dos eleitos (igual ao dos anjos caídos) fosse completado.  Como alguns eleitos não haviam nascido ainda, Deus teria que esperar.

A cronologia profética ainda não havia atingido o tempo correto (como exemplo, os 2.300 anos).

O livro de Apocalipse é essencialmente a “revelação” de como o reino espiritual de Cristo seria construído na história do grande conflito.
Para os adventistas do sétimo dia é de especial significância o conteúdo da pregação das mensagens angélicas (14:6-12), isso sem falar nos textos que indicam as características da igreja verdadeira no fim dos tempos.

A vitória de Cristo, a destruição de Satanás e seus representantes e o estabelecimento do novo céu e da nova Terra mostram o desfecho do grande conflito.

“Ora vem, Senhor Jesus!”

Crença fundamental nº 25
A segunda vinda de Cristo é a bendita esperança da igreja, o ponto culminante do evangelho. A vinda do Salvador será literal, pessoal, visível e universal. Quando Ele voltar, os justos falecidos serão ressuscitados e, juntamente com os justos que estiverem vivos, serão glorificados e levados para o Céu, mas os ímpios irão morrer. O cumprimento quase completo da maioria dos aspectos da profecia e a condição atual do mundo indicam que a vinda de Cristo é iminente. O tempo exato desse acontecimento não foi revelado, e somos, portanto, exortados a estar preparados em todo o tempo.”

 Sobre o autor deste comentário: Edilson Valiante nasceu em São Paulo. Formou-se em Teologia em 1979. Por mais de 20 anos serviu como professor da Faculdade Adventista de Teologia. Foi distrital, departamental de Educação e JA. Atualmente é o Secretário Ministerial da União Central Brasileira. O pastor Edilson é casado com a professora Nely Doll Valiante e pai de dois  filhos, Luciene e Eduardo.




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