domingo, 25 de setembro de 2011

Conflitos dentro da igreja

Quinta                               




Com certeza, tudo que é humano é imperfeito, e não demorou muito para que começassem os problemas dentro da primitiva comunidade de fé. Para começar, nem todos ficaram satisfeitos com a entrada dos gentios cristãos na igreja primitiva. A divergência não foi sobre o conceito de uma missão entre os gentios, mas sobre a base na qual os gentios deveriam ser autorizados a se unir à igreja. Alguns achavam que a fé em Jesus, apenas, não era suficiente como sinal característico do cristão; a fé, eles argumentavam, devia ser complementada com a circuncisão e obediência à lei de Moisés. Para ser um verdadeiro cristão, eles afirmavam, os gentios deviam ser circuncidados (em Atos 10:1–11:18, podemos ver a extensão da divisão entre judeus e gentios, na experiência de Pedro com Cornélio e na reação que se seguiu).

As visitas oficiais de Jerusalém, que observaram o trabalho de Filipe entre os samaritanos (At 8:14 -
Ouvindo os apóstolos, que estavam em Jerusalém, que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram-lhe Pedro e João) e o trabalho com os gentios em Antioquia (At 11:22 - A notícia a respeito deles chegou aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e enviaram Barnabé até Antioquia), podem sugerir alguma preocupação acerca da inclusão dos não judeus na comunidade cristã. No entanto, a reação que ocorreu quando Pedro batizou Cornélio, um soldado romano incircunciso, foi um claro exemplo da discordância que existia entre os primeiros cristãos sobre a questão dos gentios. A inclusão de um gentio ocasional, como Cornélio, pode ter feito com que alguns se sentissem desconfortáveis, mas os esforços intencionais de Paulo para abrir totalmente as portas da igreja para os gentios na base da fé em Jesus somente resultou em tentativas deliberadas, por parte de alguns, para prejudicar o ministério de Paulo.

6. Como alguns fiéis da Judeia tentaram dificultar o trabalho de Paulo com os cristãos gentios em Antioquia? 

1  Alguns indivíduos que desceram da Judéia ensinavam aos irmãos: Se não vos circuncidardes segundo o costume de Moisés, não podeis ser salvos.
2  Tendo havido, da parte de Paulo e Barnabé, contenda e não pequena discussão com eles, resolveram que esses dois e alguns outros dentre eles subissem a Jerusalém, aos apóstolos e presbíteros, com respeito a esta questão.
3  Enviados, pois, e até certo ponto acompanhados pela igreja, atravessaram as províncias da Fenícia e Samaria e, narrando a conversão dos gentios, causaram grande alegria a todos os irmãos.
4  Tendo eles chegado a Jerusalém, foram bem recebidos pela igreja, pelos apóstolos e pelos presbíteros e relataram tudo o que Deus fizera com eles.
5  Insurgiram-se, entretanto, alguns da seita dos fariseus que haviam crido, dizendo: É necessário circuncidá-los e determinar-lhes que observem a lei de Moisés. At 15:1-5

Embora o concílio de Jerusalém, em Atos 15, finalmente tivesse se unido a Paulo na questão da circuncisão, a oposição ao ministério de Paulo continuou. Cerca de sete anos mais tarde, durante a última visita de Paulo a Jerusalém, muitos ainda desconfiavam do evangelho que ele pregava. De fato, quando Paulo visitou o templo, quase perdeu a vida, quando os judeus da Ásia clamaram: “
Israelitas, socorro! Este é o homem que por toda parte ensina todos a serem contra o povo, contra a lei e contra este lugar” (At 21:28); 

20  Ouvindo-o, deram eles glória a Deus e lhe disseram: Bem vês, irmão, quantas dezenas de milhares há entre os judeus que creram, e todos são zelosos da lei;
21  e foram informados a teu respeito que ensinas todos os judeus entre os gentios a apostatarem de Moisés, dizendo-lhes que não devem circuncidar os filhos, nem andar segundo os costumes da lei. At 21:20, 21).

Ponha-se na posição desses fiéis judeus que estavam preocupados acerca do ensino de Paulo. Por que sua preocupação e oposição fazia algum sentido? Como nossas ideias preconcebidas, bem como as noções culturais (e até mesmo as religiosas), podem nos desviar do caminho correto? Como podemos evitar o mesmo tipo de erros, não importando o quanto sejamos bem-intencionados?


Sexta                                          Estudo adicional


Sobre a relação entre conversão pessoal e a Igreja, leia de Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 3, p. 430-434: “Independência individual”; para uma proveitosa descrição do início da vida de Paulo e um comentário sobre sua conversão, leia The SDA Bible Commentary, v. 6, p. 226-234.

Paulo fora anteriormente reconhecido como zeloso defensor da religião judaica e implacável perseguidor dos seguidores de Jesus. Corajoso, independente, perseverante, seus talentos e preparo o teriam capacitado a servir quase em qualquer atividade. Era capaz de arrazoar com clareza extraordinária e, por seu fulminante sarcasmo, podia colocar o adversário em posição nada invejável. E agora os judeus viam esse jovem extraordinariamente promissor unido com aqueles a quem antes perseguira, pregando destemidamente no nome de Jesus.

Um general que tomba em combate está perdido para seu exército, mas sua morte não acrescenta força ao inimigo. Mas quando um homem preeminente se une às forças opositoras, não apenas se perdem seus serviços como ganham decidida vantagem aqueles com quem ele se uniu. Saulo de Tarso, em caminho para Damasco, podia facilmente ter sido fulminado pelo Senhor, e muita força se teria retirado do poder perseguidor. Porém, Deus, em Sua providência, não apenas poupou a vida de Saulo, mas converteu-o, transferindo assim um campeão do campo do inimigo para o lado de Cristo. Orador eloquente e crítico severo, Paulo, com seu decidido propósito e inquebrantável coragem, tinha as próprias qualificações necessárias à igreja primitiva” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 124).

Perguntas para reflexão
1. Que lição podemos aprender do fato de que alguns dos mais duros opositores de Paulo eram judeus que acreditavam em Jesus?
2. Como você pode defender questões de princípios religiosos e, ao mesmo tempo, ter certeza de que não está lutando contra Deus?

Resumo: 
O encontro de Saulo com Jesus ressuscitado, na estrada de Damasco, foi o momento decisivo em sua vida e na história da igreja primitiva. Deus mudou o antigo perseguidor da igreja e fez dele Seu apóstolo escolhido para levar o evangelho ao mundo gentílico. Entretanto, a iniciativa de Paulo, ao incluir os gentios na igreja somente pela fé, provou-se um conceito difícil para alguns aceitarem – um poderoso exemplo de como preconceito e discriminação podem dificultar a missão.




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