A Igreja Adventista também foi profundamente influenciada por Gálatas. Por meio do estudo dessa carta, A. T. Jones e E. J. Waggoner ajudaram os adventistas na década de 1880 e
No último texto desta série, em vez de analisar diretamente o texto bíblico estudado durante esta semana (Gl 6:11-18), veremos como as verdades apresentadas em Gálatas são relevantes para o cumprimento de nossa missão como adventistas. Esta reflexão tem por base principalmente o último capítulo do livro A Mensagem de 1888, de George R. Knight.1
Acreditamos que a missão adventista foi profetizada na mensagem dos três anjos (Ap 14:6-12). O povo de Deus no tempo do fim é descrito nestas palavras: “Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus” (Ap 14:12, ARA). Enquanto muitos cristãos acreditam que a lei é oposta ao evangelho, a profecia afirma que o povo de Deus aceitaria ambos.
Desde o início da história de nossa igreja, temos compreendido que é necessário guardar todos os mandamentos de Deus (inclusive o sábado), enquanto esperamos pacientemente a vinda do Senhor. Os primeiros adventistas compreendiam essa parte da mensagem de Apocalipse 14.
O que não foi tão bem compreendido inicialmente foi a “fé em Jesus” (ou “de Jesus”). Essa parte do texto se tornou o ponto focal da assembleia da Associação Geral de 1888. Nesse importante evento, Ellen G. White, A. T. Jones e E. J. Waggoner enfatizaram que o centro de nossa mensagem é a fé no grande sacrifício de Jesus no Calvário, como o Salvador que perdoa pecados. Conforme Ellen G. White e Waggoner declararam repetidas vezes, essa compreensão não era nenhuma verdade nova sobre a salvação pela fé, mas a mesma salvação pregada por Jesus, Paulo e os grandes reformadores.
A grande contribuição da mensagem proclamada em 1888 foi relacionar corretamente a lei com o evangelho e colocá-los no contexto de Apocalipse 14. Ou, como disse Ellen G. White, Jones e Waggoner redescobriram a antiga verdade do evangelho e a colocaram no lugar devido, na estrutura da mensagem do terceiro anjo.
A função do adventismo não se modificou desde 1888. Os adventistas continuam a ser um povo chamado para pregar a mensagem do terceiro anjo, que enaltece a lei e o evangelho na sua devida relação.Assim sendo, uma implicação da mensagem de 1888 é um chamado para o adventismo permanecer fiel a seus objetivos originais, enquanto prega a mensagem dos mandamentos de Deus e da fé de Jesus até os confins da Terra.
Temos a missão de apresentar corretamente o relacionamento entre a lei e o evangelho. Ellen G. White afirmou: “A lei e o evangelho, revelados na Palavra, devem ser pregados ao povo; pois a lei e o evangelho combinados convencerão do pecado. A lei de Deus, embora condene o pecado, aponta o evangelho, revelando Jesus Cristo, em quem ‘habita corporalmente toda a plenitude da divindade’ (Cl 2:9).”2
Enquanto muitos cristãos acreditam que a obra de salvação se limita à cruz, nós temos uma compreensão mais ampla sobre Cristo para ser compartilhada. Ele é um Salvador vivo e atual, e Sua obra inclui o que Ele fez (na cruz), está fazendo (no santuário celestial) e fará (na segunda vinda). A mensagem adventista é, por definição, totalmente cristocêntrica.
Por essa razão, Ellen G. White escreveu: “De todos os professos cristãos, os adventistas do sétimo dia devem ser os primeiros a exaltar Cristo perante o mundo. A proclamação da terceira mensagem angélica pede a apresentação da verdade do sábado. Essa verdade, juntamente com outras incluídas na mensagem, tem de ser proclamada; mas o grande centro de atração, Cristo Jesus, não deve ser deixado à parte.”3
Cristo e Sua obra redentora são o centro da doutrina bíblica e da mensagem adventista. No artigo “Compreendendo Ellen White”,4 o teólogo Alberto R. Timm explica: “Falando a respeito da posição de Cristo dentro do amplo espectro da mensagem adventista, a Sra. White afirmou que ‘a verdade para este tempo é ampla em seus contornos, de vasto alcance, abrangendo muitas doutrinas; estas, porém, não são unidades destacadas, de pouca significação; são unidas por áureos fios, formando um todo completo, tendo Cristo como o centro vivo’.”5
O autor continua: “A respeito da obra expiatória de Cristo, a mesma autora assevera que ‘Jesus Cristo, e Este crucificado’ é o ‘grande interesse central’.6 A cruz do Calvário é considerada ‘o grande centro’7 e a expiação, ‘a grande essência, a verdade central’.8 Ela explica que ‘a cruz deve ocupar o lugar central por ser o meio da expiação da humanidade e pela influência que ela exerce em todas as partes do governo divino’.9”
O cerne da mensagem de 1888, conforme Ellen G. White a compreendia, foi a exaltação de Jesus e da plena salvação nEle. Ellen G. White compreendeu a importância da justificação pela fé na mensagem de Apocalipse 14. Essa mensagem é formada pelo “evangelho eterno” (Ap 14:6), bem como pelos “mandamentos de Deus” e a “fé em Jesus” (v. 12). Portanto, nossa mensagem para os últimos dias não é oposta ao evangelho, nem é um substituto para ele.
“Em Sua grande misericórdia, o Senhor enviou preciosa mensagem a Seu povo por intermédio dos pastores Waggoner e Jones. [...] Essa é a mensagem que Deus manda proclamar ao mundo. É a terceira mensagem angélica que deve ser proclamada com alto clamor e regada com o derramamento de Seu Espírito Santo em grande medida.” 10
“Vários me escreveram, indagando se a mensagem da justificação pela fé é a mensagem do terceiro anjo, e tenho respondido: ‘É verdadeiramente a mensagem do terceiro anjo.’”11 “A mensagem da justiça de Cristo soará de uma à outra extremidade da Terra, a fim de preparar o caminho ao Senhor. Essa é a glória de Deus com que será encerrada a mensagem do terceiro anjo.”12
“Cristianismo” que é apenas conhecimento intelectual não é cristianismo verdadeiro. Colocar Cristo no centro de nosso sistema de crenças é apenas o primeiro passo na direção correta. Uma coisa é pôr Cristo no centro de nosso sistema de crenças e aceitar teoricamente a justificação pela fé e o conceito transformador e santificador do Espírito Santo. Outra coisa bastante diferente é realmente viver a vida cristã.
Em O Desejado de Todas as Nações, lemos que “o maior dos enganos do espírito humano, nos dias de Cristo, era que um mero assentimento à verdade constituísse justiça. Em toda experiência humana, o conhecimento teórico da verdade se tem demonstrado insuficiente para a salvação. Não produz os frutos de justiça. [...] Os fariseus pretendiam ser filhos de Abraão, e vangloriavam-se de possuir os oráculos de Deus; todavia, essas vantagens não os preservavam do egoísmo, da malignidade, da ganância e da mais baixa hipocrisia. Julgavam-se os maiores religiosos do mundo, mas sua chamada ortodoxia os levou a crucificar o Senhor da glória.”
“O mesmo perigo existe ainda. Muitos se consideram cristãos, simplesmente porque concordam com certos dogmas teológicos. Não introduziram, porém, a verdade na vida prática. Não creram nela nem a amaram; não receberam, portanto, o poder e a graça que advêm mediante a santificação da verdade. As pessoas podem professar fé na verdade; mas, se ela não os torna sinceros, bondosos, pacientes, dominados, tomando prazer nas coisas de cima, é uma maldição a seu possuidor e, por meio de sua influência, uma maldição ao mundo.”13
Jesus é a grande necessidade da igreja hoje, exatamente como era em 1888. Conforme Ellen G. White o expressou tão bem: “Falemos, oremos e cantemos a esse respeito, e isso quebrantará e conquistará os corações. Frases prontas, formais, a apresentação de assuntos meramente argumentativos, não trazem benefício. O amor enternecedor de Deus no coração dos obreiros será reconhecido por aqueles em cujo benefício eles trabalham. As pessoas estão sedentas da água da vida. Não sejam cisternas vazias. Se lhes revelarem o amor de Cristo, vocês poderão levar os sedentos e famintos a Jesus, e Ele lhes dará o pão da vida e as águas da salvação.”14
Aceitar e viver o verdadeiro evangelho é a única maneira de concluirmos a missão que o Senhor nos confiou. Esse é o “poder de Deus” (Rm 1:16). Em 1887, Ellen G. White escreveu: “Um reavivamento da verdadeira piedade entre nós, eis a maior e a mais urgente de todas as nossas necessidades. Buscá-lo, deve ser nossa primeira ocupação.”6 Essa continua sendo nossa maior necessidade.
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