segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A superioridade da promessa (resumo do estudo nº 06)




Porque, se a herança provém da lei, já não provém da promessa; mas Deus, pela promessa, a deu gratuitamente a Abraão. Gálatas 3:18

Conhecer: A relação entre a promessa da salvação e a lei.
Sentir: O contraste entre nosso relacionamento com Deus por meio da Sua promessa de graça e por intermédio da lei.
Fazer: Aceitar a promessa da graça mediante a fé, e ao mesmo tempo se beneficiar da lei.

Esboço

I. Promessa da aliança
A. Como a consideração de Deus para com a lei se reflete em Seu plano para a justificação pela fé?
B. Qual é o propósito da lei em um sistema fundamentado na promessa da graça de Deus?

II. Encontros íntimos (reveladores, assombrosos)
A. Como o poder e drama do encontro com Deus no Monte Sinai ensinou Israel sobre a natureza de Deus?
B. Como esse encontro com Deus se compara e contrasta com o relacionamento íntimo que Deus teve com Abraão e Suas promessas para ele?

III. Caminho para a promessa
A. Como podemos decidir ser beneficiados do relacionamento com a lei, no qual ela funciona como espelho, professor e guia que nos leva a Cristo?
B. Como podemos usar essa relação com a lei para nos ajudar a desenvolver um relacionamento mais íntimo com o Doador da promessa?
C. Como a lei pode aumentar nossa fé?

Resumo: 
Nossa salvação é fundamentada em nossa aceitação, pela fé, da justiça e redenção de Cristo. A lei serve para ilustrar o caráter de Deus e refletir nossas próprias deficiências, nos levando à única fonte de justiça.

Motivação
A lição desta semana procura nos ajudar a entender o papel da lei, a “lei do amor”. Nossa capacidade de praticar essa lei em nossa caminhada de fé é a manifestação da graça divina.

Um bom exercício de reflexão e discussão para realizar com a classe é considerar por que Paulo gastou tanto tempo fazendo a distinção entre o papel da fé na salvação e o papel da lei. Concentre-se no contexto cultural da época para ajudar a elucidar por que os gálatas necessitavam de instrução com relação ao papel da fé e da lei na salvação. Que lição Paulo estava tentando transmitir?

Comente: 
Lendo a Bíblia e acompanhando a história do povo judeu, sabemos que a lei, tanto a moral quanto a cerimonial, era central para sua cultura e ligada intrinsecamente à sua fé na vinda do Messias. Em Êxodo, lemos acerca de Deus pronunciando a lei e também as instruções sobre quais tribos e pessoas deveriam ser encarregadas da liderança, para assegurar a execução e permanência dessa lei. No entanto, não é interessante saber que Jesus teve bem pouco que ver com os líderes “religiosos” estabelecidos no seu tempo – rabinos, escribas, saduceus, fariseus, e assim por diante – quando esses eram os próprios líderes que estavam concentrados na preservação da lei?

Pense nisto: 
Pela falta de envolvimento de Jesus com esses líderes, podemos perceber que a lei em que eles se concentravam não era a lei pela qual Jesus se interessava. Os fariseus e saduceus queriam o “cumprimento” das normas e quando as pessoas desobedeciam eles estavam ali para julgar e punir os transgressores (Jo 8:1-11). Entre as coisas defendidas pela igreja estabelecida na época, poucas eram do interesse de Jesus e da lei com a qual Ele estava preocupado. Por que isso aconteceu?

1  Porém Jesus foi para o monte das Oliveiras.
2  E, pela manhã cedo, voltou para o templo, e todo o povo vinha ter com ele, e, assentando-se, os ensinava.
3  E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério.
4  E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando,
5  e, na lei, nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?
6  Isso diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra.
7  E, como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se e disse-lhes: Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela.
8  E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra.
9  Quando ouviram isso, saíram um a um, a começar pelos mais velhos até aos últimos; ficaram só Jesus e a mulher, que estava no meio.
10  E, endireitando-se Jesus e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?
11  E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te e não peques mais. João 8:1-11

Compreensão
Uma cultura de legalismo ocorre em comunidades de fé, quando a compreensão e a prática da “lei” se afastam da divina “lei do amor” para se conformar ao modelo das leis e sistemas legais feitos pelo homem. Lendo a Bíblia, sabemos que a cultura religiosa na qual Jesus nasceu se havia tornado legalista, embora, em princípio, a religião judaica sempre foi orientada para a graça. Vemos evidências de que essa cultura legalista continuou durante toda a Sua vida e após Sua morte, sendo necessário que Paulo escrevesse a carta aos gálatas, que procurou desesperadamente redefinir a ênfase no evangelho, ou seja, que somos salvos pela graça através da fé e que a lei de Deus é uma lei “de amor e graça”. Talvez a medida da nossa luta com os conceitos apresentados em Gálatas, especificamente o papel da fé e da lei na vida dos cristãos, reflete o fato de que, muitas vezes, também precisamos reorientar nosso pensamento, como ocorreu com as pessoas nos dias de Jesus.


Comentário Bíblico


A fim de apreciar plenamente a mensagem que Paulo buscou transmitir na carta aos gálatas sobre o papel e a relação entre fé e fidelidade à lei, é ainda mais importante definir a lei que está em questão. Olhando o contexto cultural em que Paulo escreveu pode ajudar a identificar a lei à qual ele estava se referindo, e a lei que ele não estava mencionando.

Numa época em que parecia que o mundo inteiro estava adotando a cultura grega, surgiram alguns grupos judaicos preocupados com a preservação de suas tradições culturais e religiosas. Os saduceus acreditavam que apenas os cinco livros de Moisés (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio) tinham autoridade, e esses homens estavam interessados em preservar a lealdade às leis estabelecidas naqueles livros. Os fariseus estavam interessados em preservar as formas judaicas, especialmente a lei de Moisés, para a qual desenvolveram aplicações da lei para a vida cotidiana. É interessante notar então, que o fariseu mais famoso em toda a Bíblia, tenha sido o apóstolo Paulo embora poucas pessoas percebam que anteriormente ele tinha sido exatamente isso.

5  circuncidado ao oitavo dia, da raça de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus. Quanto à Lei, fui fariseu;
6  quanto ao zelo, persegui a igreja, tendo-me tornado irrepreensível quanto à justiça que há na Lei.Fp 3:5-6

Quem poderia ser melhor, então, para escrever as cartas da Bíblia, como Gálatas, que procuravam mudar o pensamento perpetuado pelos ensinamentos dos fariseus e grupos similares, fixados na aplicação rigorosa da lei a todas as facetas da vida em sociedade?
O desafio dos fariseus e saduceus, e como sua história é instrutiva para esta lição, é que a lei na qual se originou seu interesse incluía a mesma lei em que estamos interessados e valorizamos: Os Dez Mandamentos, mas não se limitava a eles. De suprema importância, então, é aprender com os erros que eles cometeram em subverter a própria lei de Deus, que eles exteriormente alegavam defender. Quando Jesus esteve na Terra, reservou Suas palavras mais duras para eles.

É importante lembrar que a lei de Deus deriva da natureza do código moral e caráter perfeitos de Deus. A lei de Deus é universal, transcendente e inspirada para nos exortar a viver total e completamente na sombra de Sua graça. A lei de Deus existe para nos instruir e orientar na maneira de nos aproximarmos do Divino e de obter uma compreensão mais rica e profunda de Seu amor. Como Paulo afirma em Gálatas 5:14, a lei se resume em uma só diretriz: “
Ame o seu próximo como a si mesmo” (NVI). Ter a lei de Deus no coração significa ter amor no coração (agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro do meu coração, está a tua lei. Sl 40:8). Uma comunidade de fé que tem a lei do amor no coração nunca poderá ser legalista, no sentido humano. Além disso, crença em Deus e foco em Seu dom de vida para nós, não podem fazer nada, a não ser inspirar em nós amor pelos outros, naturalmente, mostrando como a fé leva à lei do amor em nosso coração.

Pense nisto: 
Considerando a mensagem de Paulo em Gálatas 3, no contexto cultural e religioso da época, como é esclarecida a relação entre a fé e a observância da lei? Como a lei funciona em nosso crescimento na graça de Deus, cujos resultados são o fruto do Espírito, mencionado em Gálatas 5:22, o primeiro aspecto do qual é o amor, seguido pela alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio?

Mas o fruto do Espírito é: caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Gálatas 5:22

Aplicação
O estudo da lição utilizou a metáfora da lei funcionando como um microscópio, para que possamos ver melhor nossos pecados. Incentive a classe a comentar as diferentes formas pelas quais a lei pode ser usada, por exemplo, maneiras que nos ajudam a focalizar o belo caráter de Deus e as formas pelas quais a lei pode nos ajudar a manifestar os princípios divinos em nossa vida. Encoraje os alunos a ajustar novas formas de pensamento sobre a lei, pois o que enfatizamos e focalizamos se traduz em nosso modo de agir e viver, de maneiras das quais nem sequer estamos cientes. Como Hebreus 12:2 declara: “
Olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus”, enfatizar o belo caráter de Deus nos ajuda a demonstrar os mesmos princípios que Ele estabeleceu, ao viver a lei.

Perguntas para reflexão
1. Como a compreensão do contexto da cultura religiosa no Novo Testamento ajuda a esclarecer o que Paulo disse em Gálatas 3?
2. Por que Gálatas 3 permanece tão relevante hoje, especialmente à luz do fato de que a questão da fé versus obras é um contínuo ponto de diálogo e discussão nas comunidades de fé?

Criatividade
Dê aos alunos um momento para pensar nas seguintes questões:
1. Como era minha compreensão da questão lei e fé quando ingressei na igreja?
2. Como essa compreensão afetava meu relacionamento com as pessoas?
3. Como isso afetava meu envolvimento com as atividades da igreja?
4. O que melhorou com minha compreensão atual? Em que preciso melhorar?
Dê oportunidade para que a classe compartilhe suas respostas. Ore com os alunos a respeito dos desafios para o futuro.

Na intimidade do coração, muitas pessoas se sentem julgadas, seja por outros ou pelas próprias normas internas, no que diz respeito às formas pelas quais falham em cumprir a lei de Deus. Como a lição que Paulo partilha em Gálatas nos ajuda a reorientar nosso coração e mente? Focalizar nossa fé em Deus e Sua graça, através do perfeito dom e belo caráter de Jesus, pode inspirar em nós compaixão para com nossos próprios defeitos e os dos outros? Absorvendo esse espírito de perdão e graça, como podemos reorientar nossa vida para realmente viver nossa maior vocação de ser filhos e filhas de Cristo unicamente pela graça mediante a fé, vivendo de acordo com a lei de Deus e produzindo totalmente o fruto do Espírito?

1. O que você pode fazer, primeiramente em sua vida e, em seguida, em sua família, em seu círculo de amigos e, finalmente, na sua comunidade de fé, para reorientar a ênfase das conversas e atividades para uma experiência com Deus fundamentada na fé (e não com base nas obras)?
2. Se nosso entendimento da lei de Deus atualmente está mais alinhado com as aplicações legais humanas, como podemos reorientar nossa compreensão da lei de Deus como a lei do amor? Como isso pode se manifestar nas igrejas, escolas e outras comunidades, para que possamos elevar os outros, aproveitando as oportunidades para a felicidade e paz (para nós mesmos e os outros) através da lei do amor?




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