domingo, 9 de outubro de 2011

Unidade do evangelho (resumo do estudo nº 03)




completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento Filipenses 2:2

Conhecer: A verdadeira base da unidade entre os cristãos que são tão diferentes entre si como os judeus eram dos gentios.
Sentir: Avaliar o nível de tensão e preocupação envolvendo o assunto da circuncisão à luz do evangelho da graça.
Fazer: Tomar a decisão de se firmar nas doutrinas fundamentais da fé e graça.

Esboço

I. Uma face nova para uma antiga tradição
A. Como os mandamentos de Deus acerca da circuncisão se haviam tornado uma tradição legalista, cegando muitos para o verdadeiro meio de salvação?
B. Por que o evangelho da graça é a melhor forma de unificar os membros da igreja, com sua grande diversidade?

II. Problema na igreja
A. Apesar da necessidade de unidade na igreja, por que Paulo sentiu que era necessário enfrentar publicamente Pedro, que tentava assumir uma posição menos conflitante com relação aos costumes judaicos?
B. Que perigos ameaçavam os que não queriam enfrentar a questão a respeito da circuncisão?

III. Unidade na diversidade
A. Que desafios a diversidade traz para a igreja?
B. O que precisamos fazer para identificar e edificar sobre a verdadeira base da unidade, sem comprometer o evangelho?

Resumo: 
Em função das tradições judaicas que cegavam a igreja primitiva para a questão fundamental da fé na obra de Cristo, a igreja estava em perigo de perder sua compreensão do evangelho.

A unidade é uma característica chave da verdadeira igreja cristã, mas ela nãosignifica apenas evitar conflitos ou ocultar legítimas diferenças. Ela deve ser fundamentada no evangelho.

Enfatize que, embora a tolerância e o respeito mútuo sejam normalmente requeridos na vida da igreja, às vezes, a unidade cristã é melhor servida confrontando o erro de uma forma que aparentemente leva à divisão.

Você é um aglutinador ou separador? Na maioria das disciplinas (biologia, por exemplo), torna-se necessário classificar exemplos individuais dentro de uma estrutura maior. Digamos que você tenha uma criatura verde, escamosa. É um réptil ou um anfíbio? Se é um anfíbio, é uma rã? Um sapo? Poderia ser uma salamandra? É algo totalmente novo e desconhecido? Se você é biólogo, sua resposta dependerá de sua posição: você é aglutinador ou separador. O aglutinador procura a categoria com a qual o novo espécime mais tem em comum e tende a considerar as diferenças como menos importantes. O separador focaliza as diferenças e tende a multiplicar categorias e subcategorias, a fim de definir estritamente a identidade do espécime. Um observador objetivo geralmente deve admitir que ambas as posições têm um raciocínio.

Essas duas atitudes existem na igreja também, e a maioria de nós prefere uma das duas formas. Aglutinadores tendem a procurar a unidade. Na pior das hipóteses, essa tendência se torna a busca da paz a qualquer preço em que imoralidade ou completa heresia é ignorada ou encoberta para evitar conflitos.

Separadores tendem a dividir a igreja a respeito de assuntos obscuros de doutrina ou prática que têm pouca importância em questões centrais à fé cristã. Temos ouvido falar de igrejas e denominações que se multiplicam em inúmeras facções rivais. Se examinássemos cuidadosamente, provavelmente encontraríamos um predomínio de separadores em tais grupos.

Paulo procurava a unidade e, nesse sentido, ele era um aglutinador. Mas ele não aceitaria a unidade a menos que fosse fundamentada no único evangelho. Ele não estava disposto a acolher os que pregavam outro evangelho que não fosse o seu evangelho e, nesse sentido, ele era um separador. Como cristãos, devemos saber quando ser aglutinadores e quando ser separadores, e somente Deus pode nos dar a sabedoria e o discernimento necessários para isso.

Pense nisto: 
O que é a verdadeira unidade no sentido do Novo Testamento, e por que as pessoas naturalmente predispostas a ser aglutinadores ou separadores não conseguem compreender o significado disso?

Compreensão
Enfatize a importância da unidade na igreja como uma forma de revelar a unidade e a harmonia personificadas na Divindade e a graça e paz que Deus nos dá individualmente.


Comentário Bíblico


I. O fundamento da unidade cristã

a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. Jo 17:21; 

10  Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis todos a mesma coisa e que não haja entre vós divisões; antes, sejais inteiramente unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer.
11  Pois a vosso respeito, meus irmãos, fui informado, pelos da casa de Cloe, de que há contendas entre vós.
12  Refiro-me ao fato de cada um de vós dizer: Eu sou de Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo.
13  Acaso, Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado em favor de vós ou fostes, porventura, batizados em nome de Paulo?  1Co 1:10-13

A unidade na igreja cristã era e é não apenas um imperativo organizacional, mas um imperativo teológico. Quando Jesus Cristo previu o futuro de Sua igreja, uma das primeiras coisas que Ele desejou para ela foi “
que todos [fossem] um” (Jo 17:21). Havia muitas razões para esse objetivo. Obviamente, a igreja funcionaria com mais eficiência se seus membros fossem unidos na fé, prática e objetivos. É por isso que até mesmo organizações seculares e empresas com fins lucrativos muitas vezes exigem que os empregados se comprometam com uma declaração de missão.

E para um corpo de pessoas que afirmam servir a Deus ou a um objetivo mais elevado, a desunião é ruim. Se a igreja deve fechar o abismo entre Deus e a humanidade, as pessoas (como os Beatles disseram) “adorariam ver o plano”. Elas podem ver o plano na forma pela qual a igreja funciona diante de seus olhos. Quando veem uma igreja em desordem, de certa forma eles são justificados ao perguntar se ainda existe algum propósito nela. Assim, a unidade nos ajuda a representar melhor a Deus para as pessoas que não O conhecem ainda, mas poderiam estar abertos à oportunidade de conhecê-Lo.

E isso nos leva à questão teológica. A igreja representa Deus na medida em que é Seu corpo na Terra

assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros, Rm 12:5 

12  Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, constituem um só corpo, assim também com respeito a Cristo.
13  Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito.
14  Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos.
15  Se disser o pé: Porque não sou mão, não sou do corpo; nem por isso deixa de ser do corpo.
16  Se o ouvido disser: Porque não sou olho, não sou do corpo; nem por isso deixa de o ser.
17  Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde, o olfato?
18  Mas Deus dispôs os membros, colocando cada um deles no corpo, como lhe aprouve.
19  Se todos, porém, fossem um só membro, onde estaria o corpo?
20  O certo é que há muitos membros, mas um só corpo.
21  Não podem os olhos dizer à mão: Não precisamos de ti; nem ainda a cabeça, aos pés: Não preciso de vós.
22  Pelo contrário, os membros do corpo que parecem ser mais fracos são necessários;
23  e os que nos parecem menos dignos no corpo, a estes damos muito maior honra; também os que em nós não são decorosos revestimos de especial honra.
24  Mas os nossos membros nobres não têm necessidade disso. Contudo, Deus coordenou o corpo, concedendo muito mais honra àquilo que menos tinha,
25  para que não haja divisão no corpo; pelo contrário, cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros.
26  De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam.
27  Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse corpo. 1Co 12:12-27; 

a saber, que os gentios são co-herdeiros, membros do mesmo corpo e co-participantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho; Ef 3:6;
 
porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo. Ef 5:23).

Deixando de lado o fato de que um corpo é uma unidade funcional de muitas partes (não que essa distinção da diversidade não seja igualmente importante), em certo sentido, a igreja é Cristo. Jesus é Deus, e Deus é uma unidade harmoniosa de três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. Se a igreja deve refletir Deus, precisa ser uma unidade harmoniosa de diferentes personalidades nela incluídas. Se isso não é verdade na maior parte do tempo, se a igreja não está trabalhando constantemente em direção a esse ideal, torna-se apenas mais uma organização dedicada a se perpetuar e atender a programas egoístas. Realmente é simples assim.

Ao mesmo tempo, a unidade cristã não é apenas uniformidade ou relacionamento harmonioso entre os membros. A unidade cristã é unidade em Cristo. Na igreja primitiva, grande parte da desunião que se manifestava era o resultado de confiança equivocada nos líderes humanos, como Paulo menciona em 

10  Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis todos a mesma coisa e que não haja entre vós divisões; antes, sejais inteiramente unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer.
11  Pois a vosso respeito, meus irmãos, fui informado, pelos da casa de Cloe, de que há contendas entre vós.
12  Refiro-me ao fato de cada um de vós dizer: Eu sou de Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo.
13  Acaso, Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado em favor de vós ou fostes, porventura, batizados em nome de Paulo? 1Coríntios 1:10-13.

E, em certa medida, essa confiança equivocada também tinha muito que ver com o dilema da Galácia. Os oponentes de Paulo sabiam que podiam lançar dúvidas e suspeitas sobre Paulo como pessoa e, talvez, inspirar confiança em si mesmos por causa de seu carisma, qualidades pessoais, ou completa e ousada autoconfiança. Ao contrário, Paulo focalizava o único evangelho genuíno, que deveria ser a verdadeira força unificadora entre os cristãos.

Pense nisto: Quais são algumas das armadilhas mais óbvias de confiar em líderes humanos, e não no próprio Cristo?

II. Vamos falar sobre circuncisão

2  Eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará.
3  De novo, testifico a todo homem que se deixa circuncidar que está obrigado a guardar toda a lei.
4  De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes.
5  Porque nós, pelo Espírito, aguardamos a esperança da justiça que provém da fé.
6  Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor. Gl 5:2-6

Costuma-se dizer que os adversários de Paulo, conhecidos como judaizantes, queriam que os conversos ao cristianismo se tornassem judeus, e isso é verdade. Alguns usam essa declaração para indicar que os judaizantes queriam exigir que os cristãos gentios fossem circuncidados e observassem outros costumes judaicos menos conhecidos. A maioria dos estudiosos concorda, porém, que isso não era verdade em relação a todos os judaizantes. Além disso, havia lugar para os gentios justos tanto no judaísmo normativo da época quanto no regime de alguns cristãos judaizantes. Havia uma classe de pessoas conhecidas como tementes a Deus, gentios que haviam adotado algumas crenças, costumes e práticas judaicas. Eles participavam da vida na sinagoga, em certa medida, e haviam sido aceitos até certo ponto. Mas não eram totalmente convertidos, principalmente porque não tinham sido circuncidados. Assim, o status que ocupavam era evidentemente de segunda classe.

Na época, a igreja cristã ainda não tinha chegado a um consenso sobre o que fazer com os gentios convertidos, mas eles eram parte dela e desempenhavam um papel importante nas igrejas cristãs primitivas. A partir das evidências bíblicas disponíveis, parece que os líderes da igreja em Jerusalém, embora judeus e muito obedientes às leis e costumes judaicos, não participavam ativamente na controvérsia, enquanto ela estava se formando. Outros, sobretudo os judaizantes que Paulo enfrentava na Galácia, se encarregavam ativamente de “melhorar” os gentios convertidos, mantendo a perspectiva de um maior nível de integração ou de realização espiritual para os gentios que resolvessem se converter totalmente ao judaísmo; um grupo de elite de superconversos, se você preferir.

Paulo viu corretamente que esse plano podia minar a unidade e a igualdade diante de Deus que devia existir na igreja. Os judaizantes distorciam o evangelho sugerindo que ele poderia ser melhorado ou fortalecido por outra coisa e que as pessoas que adicionassem (ou subtraíssem) essas pequenas coisas, de alguma forma ocupavam um lugar mais alto. Por isso, Paulo disse em Gálatas 5:2 que qualquer pessoa que fosse circuncidada com base em tal pressuposto não traria nenhum proveito a si mesma e, possivelmente, haveria prejuízo espiritual para ela mesma.

Pense nisto: Todos temos nossas ideias de como um bom cristão deve parecer ou agir. Algumas delas estão profundamente enraizadas na educação ou doutrinação em determinada tradição. Algumas de nossas ideias podem até ter algum fundamento bíblico. Como podemos evitar poluir o evangelho pela tentativa de controlar as pessoas com nossos próprios conceitos de como elas devem parecer ou agir?

Aplicação
Use as seguintes perguntas para ajudar seus alunos a ser capazes de compreender a importância da verdadeira unidade cristã.

Perguntas para reflexão
1. De que maneira Paulo se esforçava para promover a unidade na igreja, mesmo enquanto enfrentava erro e difamação?
2. Os argumentos dos judaizantes poderiam fazer sentido para pessoas que compreendiam o evangelho apenas parcialmente? (Afinal, a circuncisão é bíblica.)

Perguntas de aplicação
1. Como podemos identificar quando determinada política ou prática, seja errando na direção da rigidez ou da frouxidão, é destrutiva para a unidade no evangelho?
2. As ações de Pedro ao fingir que seguia costumes que ele não mais considerava relevantes (Gl 2:11-13; At 10:28) poderiam, em alguns contextos, ser vistas como preocupação com a unidade. Quando o desejo de proteger a sensibilidade dos outros se torna covardia e hipocrisia, como nesse caso?

Criatividade
Em Gálatas, vemos Paulo enfrentando pessoas que poderiam ser chamadas de apóstolos da desunião. Embora os adversários de Paulo representem um exemplo extremo do espírito de desunião, muitas vezes com base em questões completamente arbitrárias, essa tendência existe em todos nós. Podemos colocar (ou mal colocar) extremo valor e importância nas coisas que, à luz do evangelho e sua mensagem de graça para todos, se desvanecem na irrelevância e insignificância. A atividade seguinte nos ajudará a reconhecer e mudar essa tendência em nós mesmos.

Atividade: 
“O que você considera manifestações exteriores do cristianismo interior? Por que você considera isso importante?” Tenha cuidado para não julgar o que as pessoas dizem. Visto que você está familiarizado com as personalidades e inclinações de sua classe, seja cuidadoso com tudo que possa ter uma tendência de se tornar polêmico ou pessoal.





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