sexta-feira, 22 de abril de 2011

As vestes sacerdotais da graça (comentário ao estudo nº 05)





Introdução
As lições deste trimestre têm como objetivo abordar, através de diversos episódios bíblicos, o simbolismo das “vestes” ou “vestuário” de seus protagonistas.

Tempos atrás, livros como “Dress for Success” (Vista-se para o Sucesso) ou “How to Dress for Success” (Como se Vestir para o Sucesso) tiveram incrível aceitação mundial. Os autores apresentavam conceitos, dicas e orientações para alcançar sucesso na vida profissional. Hoje, esse “modismo” domina vários sites e até mesmo empresas de assessoria para as várias áreas da vida: profissional, relacional, sentimental, religiosa, etc.

A Bíblia é um livro composto de literalidades e símbolos. O perigo está em literalizar os símbolos ou simbologizar as literalidades. No decorrer destes meses, estamos nos atendo à questão do simbolismo bíblico das vestes e seus significados.

Assim, ao estudarmos estas lições não nos esqueçamos de que Deus Se valeu de várias formas, símbolos e linguagens para, no fim, revelar ao ser humano pecador o magnífico plano da salvação.

A lição desta semana apresenta um interessante estudo das vestes sacerdotais, focalizando principalmente o chamado de Aarão, seus filhos e dos levitas para o ofício tão sagrado. Faz também um paralelo, por extensão, classificando todos os crentes como sacerdotes e representantes do grande Sumo sacerdote Jesus, 
a fim de proclamar as virtudes daquele que nos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz (1Pe 2:9).

A lição tem como palavras-chave: privilégios e responsabilidades, e pode ser apresentada através de três partes inter-relacionadas:         

I. O sacerdócio araônico

Deus havia dado Sua Lei ao povo de Israel. No monte Sinai, deu também instruções específicas a Moisés sobre a edificação do santuário (tabernáculo ou tenda da congregação).

Um espaço de tempo, de aproximadamente meio ano, foi ocupado na construção do tabernáculo” (EGW, Patriarcas e Profetas, p. 349).

Terminado o local da adoração, foi necessário escolher seus dirigentes. Por ordem divina, foi escolhida a tribo de Levi para os serviços do santuário. Anteriormente, os patriarcas (pais das famílias) e, por direito de primogenitura, o filho mais velho, é que exerciam o sacerdócio nos lares.

À tribo de Levi Deus outorgou distinção especial, separando-a para os serviços sagrados. Aceitou-a em lugar dos primogênitos de todo o Israel.

Mas o sacerdócio propriamente dito, ficou restrito à família de Aarão somente. Os sacerdotes eram todos levitas, mas nem todos os levitas eram sacerdotes. Somente Aarão, seus filhos e os futuros descendentes de seus filhos poderiam ministrar diante do Senhor.

Aos sacerdotes estavam designadas as responsabilidades de: “
acender as lâmpadas; queimar incenso; oferecer os sacrifícios; espargir o sangue; preparar, acondicionar o pão da proposição e dele comer; preservar as instruções divinas e ensinar a Lei” (O Ritual do Santuário, p. 38). Os demais levitas ficavam responsáveis pelos trabalhos gerais e periféricos do santuário, tais como: limpeza, vigilância, manutenção, trazer lenha, etc.

O chamado de Aarão e seus quatro filhos (Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar) instituiu oficialmente o serviço sacerdotal eclesiástico. Aarão foi o primeiro sumo sacerdote (Êx 28 e Nm 3). E por que Deus o escolheu, sendo que ele consentiu com o tão aberrante ato de idolatria (bezerro de ouro) e liderou até mesmo o episódio? Em primeiro lugar, porque Moisés intercedeu por seu irmão; caso contrário, Aarão teria sido fulminado (Dt 9:20) por Deus. Segundo, está o fato de que Aarão era bisneto de Levi – Anrão seu pai era filho de Coate, o qual era filho de Levi. Assim, Aarão era um legítimo levita (Êx 6:16-20). Por último, sendo ele levita e o braço direito de seu irmão Moisés, o grande líder foi beneficiado pela imunidade espiritual da tribo de Levi, a qual não se prostrou para adorar o bezerro de ouro (Êx 32).

A lição faz referência às vestes sacerdotais. Abaixo, temos a descrição e significado das peças, conforme Êxodo 28:

Vestes do sumo sacerdote (materiais nobres e estilo peculiar)
Túnica = vestido longo de linho
Manto = capa ou ‘jaleco’ de linho azul sobre a túnica; ao redor, nas bordas, havia romãs decorativas e sinetes de ouro, entre elas:
Éfode = colete em duas partes - todo trabalhado e bordado de vermelho escuro-bordô, com traços em azul, vermelho e ouro – unido pelas laterais e ombros, tendo dua pedras preciosas (sardônicas/ônix) uma em cada ombro
Peitoral = também chamado ‘peitoral do juízo’, tipo de brasão sobre o peito; era do mesmo material do éfode, forma quadrada, media um palmo (Êx 28:16), tinha doze pedras preciosas engastadas com os nomes das doze tribos e estava suspenso dos ombros por cadeiazinhas (correntes), por meio de argolas de ouro. “À direita e à esquerda do peitoral havia duas grandes pedras preciosas: Urim e Tumim” (Patriarcas e Profetas, p. 351) *Embora a lição tenha mencionado que ficavam dentro da “bolsa do peitoral”
 Cinto = do mesmo material e cores do éfode e belamente trabalhado. Colocado sobre o éfode (colete) pouco acima da cintura para prender a roupa e o peitoral
Mitra/Turbante = de linho branco, um cordão azul que amarrava a lâmina de ouro (ou, arco) ao redor do turbante, na qual estava escrito: ‘Santidade ao Senhor’
      
Vestes dos Sacerdotes
Túnica = vestido longo de linho
Cinto = de linho, bordado em azul, bordô e vermelho
Turbante = de linho branco

Obs. Devido à santidade do ofício, Deus ordenou a Moisés que fossem também confeccionadas “roupas íntimas” (Êx 28:42), espécie de ‘ceroulas’ ou ‘macacões’ dos ombros até as coxas, para se usar debaixo das vestes.

As vestes dos sacerdotes com suas cores e adereços tinham significado simbólico; representavam pureza e santidade, como, aliás, tinha a maioria das coisas pertencentes ao santuário. Elas não foram escolhidas por Aarão e seus filhos, mas foram designadas por Deus. Eram “santas”.

Até mesmo na cerimônia de consagração, e após, foi prescrito pelo Senhor qual deveria ser a ordem na colocação dessas vestes: “
Então farás chegar Aarão e seus filhos à porta da tenda da congregação, e os lavarás com água; depois tomarás os vestidos, e vestirás a Aarão da túnica e do manto do éfode, e do éfode mesmo, e do peitoral: e o cingirás com o cinto de obra de artífice do éfode.E a mitra porás sobre a sua cabeça: a coroa da santidade porás sobre a mitra;E tomarás o azeite da unção; e o derramarás sobre a sua cabeça: assim o ungirás” (Êx 29:4-7 ARC). Aarão não vestiu a si mesmo destas vestes. Foram-lhe vestidas. Eram vestes simbólicas da justiça de Cristo e ele não podia vestir a si mesmo. Assim, o pecador não pode se tornar justo por si mesmo, mas necessita da justiça de Cristo.

Grandes eram os privilégios do sacerdócio. Todavia, suas responsabilidades eram ainda maiores. O sumo sacerdote não era simplesmente um homem. Era uma instituição: Israel. Era uma figura de Cristo. Devia agir pelos homens, ministrando pelo culpado. No serviço do sacerdócio, três coisas se destacavam: mediação, reconciliação e santificação. Isto resume o que Cristo fez por nós e faz em nós.

Lamentavelmente, o serviço sacerdotal no Antigo Testamento se corrompeu. Um comentário interessante que nos mostra a que ponto isso chegou é descrito em 1 Samuel 2. Assim, era necessário que um Sumo sacerdote ‘superior’, sem mácula e defeito, mediasse por nós no verdadeiro santuário – no Céu.

II. O sacerdócio de Cristo

Cristo foi ao mesmo tempo sacerdote e vítima, a oferta e o perdão, o sacrifício e a expiação. Ele era o santuário em pessoa, mas, também, seu Sumo sacerdote.

Cada peça da veste sacerdotal, suas cores e adereços, eram representações figuradas do Autor da graça. O branco, a justiça de Cristo; o vermelho, Seu sangue; o azul, Sua lealdade; o ouro, Seu amor; o púrpura (bordô), Sua realeza.

Aarão carregava junto ao peito o ‘peitoral do juízo’, significando que levava bem no coração os filhos de Israel. Da mesma forma, Jesus, hoje, no santuário celestial tem cada um de nós bem junto ao Seu coração! Ele conhece nossas lutas, pecados, temores, anseios e desejos. Ele é um Sumo sacerdote que pode interceder verdadeiramente por nós, pois “
não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi Ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado.  Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hb 4:15, 16). Aqui, podemos dizer, está o “Evangelho em Miniatura”.

Cristo é nosso infalível advogado nas cortes celestiais. Quando Aarão fez o bezerro de ouro e condescendeu com o povo naquela idolatria geral da nação, Deus iria tirar-lhe a vida. Entretanto, Moisés intercedeu por seu irmão, e a vida de Aarão foi poupada e seu pecado, perdoado. Da mesma forma, Cristo hoje apresenta ao Pai Seu sacrifício por nós.
     
III. O sacerdócio dos cristãos

Quando Israel falhou em ser o “porta-voz” de Deus ao mundo e o serviço sacerdotal estava na mais completa corrupção, Jesus veio à Terra.

Por Sua morte, Ele estendeu a cada um a oportunidade de O aceitar e se tornar filho de Deus, através da adoção na videira abraâmica. Sendo Ele descendente de Abraão, raiz de Judá, todos os que aceitassem Seus méritos na cruz se tornariam “filhos de Abraão e herdeiros da promessa”.

Jesus nos fez reis e sacerdotes para Deus. O apóstolo Pedro referindo-se a isso, diz: “
Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus” (1Pe 2:9). Pedro empresta de Êxodo 19:5 e 6 essas palavras. Elas foram proferidas por Deus ao povo de Israel após a libertação do Egito, assegurando-lhes a promessa de ser uma grande nação. Deviam levar a salvação àqueles que estavam nas trevas.

Somos hoje o “Israel espiritual de Deus”, por isso, a Bíblia enfatiza o sacerdócio e ministério de “todos” os crentes. Como cristãos, temos o dever de interceder diante de Deus pelas pessoas que ainda não O conhecem. Essa posição tem uma função sacerdotal.

Essa função nos confere privilégios; todavia, por outro lado, cobra responsabilidades. O sacerdote no AT tinha o sagrado dever de ser puro e santo, ou seja, separado, diferente, do restante do povo. Não só era reconhecido pelas vestes, mas, acima de tudo, pelo comportamento. Não ser um entre muitos, mas entre muitos ser alguém! Pensar para agir, e agir para acertar.

Ao considerar todas essas questões, como você sente seu sacerdócio hoje? Coisa terrível é ser sepulcro caiado. Bonito por fora, porém, podre por dentro. Ter as vestes da justiça, mas não viver de forma justa.

O arminho é um animal próprio das regiões geladas do hemisfério norte. Ele tem uma pele bonita e preciosa. Ela é acinzentada no verão. Porém, quando chega o inverno torna-se branca como a neve. Conta-se que, certa vez, um grupo de caçadores encurralou um arminho. O pobre animalzinho se viu entre a lança mortal e o poço de lama. Encolhendo-se, esperou a morte chegar. Ele preferiu morrer a sujar-se na lama!

Conclusão
A Igreja de Deus precisa hoje de sacerdotes consagrados, leais e dedicados ao Mestre. É preciso determinação para servir nesta causa. Todos podem ser úteis se guiados pelo Espírito Santo.

A diversidade das cores nas vestes sacerdotais representam também os diversos dons dispensados a cada um de nós.

Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo” (1Co 12:4).

Ministremos à humanidade perdida as boas-novas da salvação! 

Pr. Márcio Nastrini -  Editor da Adventist World (português);  Editor-associado da revista Ministério na Casa Publicadora Brasileira 







Nenhum comentário:

Postar um comentário