segunda-feira, 23 de julho de 2012

Alegria e gratidão (1Ts 1:1-10) (comentário ao estudo nº 04)




1
Eu, Paulo, e Silas, e Timóteo escrevemos esta carta aos irmãos da igreja da cidade de Tessalônica, a vocês que estão unidos com Deus, o Pai, e com o Senhor Jesus Cristo. Que a graça e a paz estejam com vocês!
2 Nas nossas orações sempre damos graças a Deus por todos vocês e nunca deixamos de pedir em favor de vocês.
3  Pois lembramos, na presença do nosso Deus e Pai, como vocês puseram em prática a sua fé, como o amor de vocês os fez trabalhar tanto e como é firme a esperança que vocês têm no nosso Senhor Jesus Cristo.
4 Irmãos, sabemos que Deus os ama e os escolheu para serem dele.
Pois temos anunciado o evangelho a vocês não somente com palavras, mas também com
5 poder, com o Espírito Santo e com a certeza de que esta mensagem é a verdade. Vocês sabem de que maneira nos comportamos no meio de vocês, para o próprio bem de vocês.
6 E vocês seguiram o nosso exemplo e o exemplo do Senhor Jesus. Embora tenham sofrido muito, vocês receberam a mensagem com aquela alegria que vem do Espírito Santo.
7 Desse modo vocês se tornaram um exemplo para todos os cristãos das províncias da Macedônia e da Acaia. 
8 Pois a mensagem a respeito do Senhor partiu de vocês e se espalhou pela Macedônia e pela Acaia, e as notícias sobre a fé que vocês têm em Deus chegaram a todos os lugares. Portanto, sobre isso não é preciso falarmos mais nada.
9 Todas as pessoas desses lugares falam da nossa visita a vocês e contam como vocês nos receberam bem e como vocês deixaram os ídolos para seguir e servir ao Deus vivo e verdadeiro.
10 Elas contam também como vocês estão esperando que Jesus, o Filho de Deus, a quem Deus ressuscitou, volte do céu, esse Jesus que nos salva do castigo divino que está para vir.
1Tessalonicenses 1:1-10.

Na lição desta semana, entramos diretamente no estudo do texto paulino da primeira carta aos tessalonicenses.

Atualmente, ao escrever uma carta ou correspondência eletrônica, seguimos um padrão mais ou menos fixo: dirigimo-nos à pessoa para quem ela será enviada, primeiramente dando o nome do destinatário. Depois ele é cumprimentado. Na conclusão, colocamos uma saudação e escrevemos nosso nome.

Nos tempos de Paulo, também havia uma forma padrão de abertura, com a diferença de que uma carta começava com o nome do remetente. A seguir vinha a menção da pessoa (ou pessoas) a quem se escrevia, e ao nome se juntava a saudação costumeira. “
Numa carta como a primeira aos tessalonicenses, a saudação está cheia de significado e viva, com sentimento de simpatia” (Marshall, p. 69).

Uma oração de gratidão (1:1-3)

Paulo mencionou a si mesmo, Silvano e Timóteo como sendo os escritores da carta. Citou os dois colaboradores por uma questão de cortesia, uma vez que era ele mesmo o principal responsável pela epístola. Os destinatários eram os membros da igreja dos tessalonicenses. Igreja significa aqui um grupo local de adoradores, uma congregação de crentes.

Na abertura da carta aparece a expressão “
em Deus o Pai, e no Senhor Jesus Cristo”.

A combinação dos dois termos em seguida a uma só preposição – “em” – estaria indicando que os dois são completamente coordenados, isto é, há referência tanto à primeira quanto à segunda pessoa da Trindade Santa... Isso mostra que, no pensamento do apóstolo, Jesus é tão plenamente divino quando Deus Pai: a mesmíssima essência é possuída pelo Pai e pelo Filho – também pelo Espírito, conforme 2Coríntios 13:14” (Hendriksen, 52, 53).

Considerando que, às vezes surgem aqui e ali, dentro das fronteiras adventistas, defensores de uma “natureza inferior” para a Pessoa de Jesus Cristo, essa indicação da intimidade ímpar entre o Pai e o Filho no primeiro versículo da epístola é de grande importância, pois é dito que a igreja está “em” ambos.

Concordo com a afirmação de Wiersbe: “
A fé, a esperança e o amor são as três virtudes cardeais da vida cristã e as três maiores evidências da salvação. Se os tessalonicenses tivessem continuado a adorar ídolos mortos e, ao mesmo tempo, professassem sua fé no Deus vivo, teriam demonstrado que não faziam parte dos eleitos de Deus” (Wiersbe, v. 6, p. 208).

Deus escolheu você – (1:4)

A vossa eleição é de Deus” – essa declaração é o mesmo que dizer em outras palavras: “a escolha que Deus fez de vós”, ou seja: vocês são o povo escolhido de Deus, literalmente.

Essa escolha depende do amor de Deus e não do valor das pessoas que O receberam. Os eleitos de Deus são aqueles que demonstram as características de pertencer a Ele, tais como as evidências da fé, do amor e da esperança já mencionados. O fato de Paulo ter empregado a linguagem da eleição não subentende que Deus retirou de outras pessoas a possibilidade da salvação, nem que alguém possa dizer que não foi salvo porque Deus não o chamou” (Marshall, p. 74).

O Comentário Bíblico Adventista tem afirmações categóricas sobre o conceito da eleição bíblica. Por exemplo:

Nas Escrituras, não há nenhuma declaração que apoie o ensino de que Deus tenha predestinado algumas pessoas para a vida eterna, do qual se deduziria facilmente que Deus tem predestinado o restante da humanidade à fatídica destruição eterna. A doutrina bíblica da eleição implica a vontade de Deus e a do homem em ação conjunta” (v. 7, p. 236).

A eleição divina é um tema comum às duas cartas aos tessalonicenses. Paulo não teve receio de afirmar a essa congregação jovem e de predominância gentílica que esses cristãos eram eleitos de Deus. O apóstolo via neles o fruto da graça eletiva de Deus, manifestada na resposta deles à pregação do evangelho e em seu progresso inicial na santificação.

Segurança em Cristo – (1:5)

No verso 5, Paulo explica por que estava convicto de que os tessalonicenses eram eleitos de Deus: “Porque o nosso evangelho não chegou a vocês somente em palavras, mas também em poder e no Espírito Santo e em plena convicção...

O termo usado para “poder”, dynamis, é usado geralmente para descrever a energia divina. Pregar em poder, portanto, significa pregar na força e energia do próprio Deus. Palavras humanas seriam inúteis se a mensagem não fosse dada “em poder”. A mensagem deve ser vista como a palavra poderosa de Deus. O poder está estritamente vinculado ao Espírito Santo como sua fonte (Hernandes, p. 36).

Os versos 5 a 9 indicam que havia alguns que afirmavam que Paulo estava envolvido no “negócio da pregação” a fim de obter vantagens. Ele se defendeu apelando para as evidências de orações atendidas e vidas transformadas. A realidade da fé se manifesta em bons frutos.

No verso 5, há ainda uma expressão sugestiva: Paulo não disse “eu cheguei a vós”, mas “o nosso evangelho chegou até vós.”  O homem se perdia na mensagem (Barclay).

Fazer o que Paulo faria – (1:6, 7)

Os tessalonicenses se tornaram “imitadores” dos missionários e do Senhor quando receberam a mensagem “em muita tribulação”. Imitar é seguir um exemplo, usualmente num sentido ativo. A igreja imitou o modelo correto.

A palavra “imitadores”, do grego “mimetai” (de onde vêm as palavras mímica, mimetismo), descreve alguém que imita outra pessoa, particularmente para seguir seu exemplo ou ensino (Chave Linguística do NT, 435).

Uma igreja de imitadores conscientes se tornou um modelo a ser imitado. Os imitadores se tornam exemplos, e quem não é imitador não pode se tornar exemplo (W. Hendriksen).

Além de seguir o exemplo de Cristo e de Paulo, os tessalonicenses se tornaram exemplo para os demais crentes. A palavra usada para “modelo”, “typos”, significa marca visível, cópia, imagem, padrão e exemplo. É usada em um sentido ético de padrão de conduta, um exemplo a ser seguido. Trata-se daquilo que deixa uma impressão desejável (Chave Linguística do NT).

A igreja de Tessalônica aprendeu e depois passou a ensinar; tornou-se fonte de inspiração para os crentes de sua província e além dela.

Mais evidências da fé – (1:8-10)

Paulo afirmou – 
por toda parte a vossa fé se espalhou.

Lembre-se de que Tessalônica era um importante e populoso centro comercial, localizado na via Inácia, e no centro do litoral do golfo de Salônica. Portanto, estava ligada a todos os portos do mundo de então. Qualquer notícia podia espalhar-se rapidamente para regiões próximas e distantes. Tudo que tinham a fazer era aproveitar as oportunidades dessa localização estratégica.

Aprecio muito o seguinte arrazoado de William Hendriksen:

Os tessalonicenses 
se converteram dos ídolos para servir ao Deus vivo e verdadeiro” (v, 9). Um verbo bastante significativo é empregado aqui para converter-se, e quer dizer:“voltar-se”. Os leitores haviam experimentado uma transformação verdadeira, que se manifestava externamente. A totalidade da sua vida ativa estava então se movendo na direção oposta, para longe dos ídolos, para perto de Deus.

Quando Deus converte alguém, Ele muda essa pessoa por inteiro, não apenas as emoções, mas também a mente e a vontade. A pessoa experimenta uma completa reforma, e tudo isso se torna visível em sua conduta externa.

Foi uma transformação extremamente significativa o deixar os ídolos. Não é fácil rejeitar e lançar fora os deuses que a pessoa cultuou desde criança, e que sempre foram considerados muito reais. Isso é uma revolução religiosa. O culto aos ídolos afetava a vida em todos os seus aspectos. Os tessalonicenses, em especial, tinham considerado esses deuses como verdadeiros e reais, pois o Monte Olimpo, cujo famoso pico era considerado a morada dos deuses, localizava-se a apenas uns 80 quilômetros a sudoeste da cidade. Conforme a mitologia, quando Zeus sacudia sua divina cabeleira cacheada, aquela montanha tremia.

Como resultado da operação da graça de Deus, os olhos dos tessalonicenses foram abertos, e eles viram que seus ídolos eram inúteis. Voltaram-se deles para um Deus vivo e real.

Lembre-se, caro leitor, de que no século em que vivemos ainda existem muitos ídolos. São sofisticados, pluralistas, pós-modernos e se insinuam a todo instante em nossa vida, procurando interferir na religiosidade de cada um de nós. Cuidado! É preciso constante vigilância!

Voltar-se para o Deus vivo e real implica voltar-se constantemente para Seu unigênito Filho e para a salvação por meio dEle. Isso só pode acontecer pela ação do Espírito Santo em nossa vida. Que essa seja a sua experiência. Felicidades.

Pr. JSilvio - Ministerial – Paulistana - O autor dos comentário deste trimestre é o Pr. José Silvio Ferreira, casado com a psicóloga Ellen Ferreira. O casal tem três filhos: Maltom Guilherme, Marlom Henrique e Mardem Eduardo. Doutor em Teologia pelo Unasp, o Pr. José Silvio já trabalhou como distrital, líder de jovens e secretário ministerial, atendendo a igreja nos Estados de Goiás, Espírito Santo, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo, onde atua hoje como Ministerial da Associação Paulistana. É autor do livro Cristo, Nossa Salvação.

Extraído de: http://www.cpb.com.br/htdocs/periodicos/licoes/adultos/2012/com432012.html




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