(Cidade de Tessalônica)
SEGUNDA VIAGEM MISSIONÁRIA DE PAULO
Inicialmente, vamos relembrar, de forma rápida, o itinerário de Paulo em sua
segunda viagem missionária e a entrada do evangelho na Europa. Observe que os
labores do apóstolo na Ásia Menor são reduzidos, porque o Espírito Santo o
impulsionou para a Europa, cenário das maiores realizações evangélicas de sua
segunda viagem (anos 49 a
52).
1. Partida - Atos 15:36-41
No mesmo ano do Concílio de Jerusalém (49
d.C.), Paulo e Barnabé, decidiram visitar as igrejas que haviam constituído
cerca de quatro anos antes, em Chipre, Panfília, Pisídia e região da Galácia.
Paulo não aceitou a proposta de Barnabé para levar com eles o jovem João
Marcos. A discussão foi acalorada a ponto de se separarem. Barnabé viajou para
Chipre com seu sobrinho e Paulo, acompanhado por Silas, atravessou a Síria e
Cilícia. Este distanciamento dos dois grandes evangelistas foi transitório.
Posteriormente, Paulo mudou seu conceito acerca de João Marcos (veja Cl 4:10;
2Tm 4:11).
2. Itinerário até Trôade - Atos 16:1-10
O trajeto para Derbe foi bastante difícil.
Deveriam iniciar a travessia dos montes Tauros pelas “portas da Cilícia”.
Transpostos esses montes, seguiram pela vasta planície da Licaonia,
provavelmente inundada nessa época do ano (aceita-se que tenha sido na
primavera de 49), e transformada em um grande pântano. Não menos de 10 dias
eles devem ter gasto na viagem entre Tarso e Derbe.
Em Listra, Paulo voltou a se encontrar com Timóteo, que decidiu dedicar-se ao
ministério.
3. Outras localidades visitadas:
a. Frígia – uma região não bem definida na Ásia
Menor Ocidental, de limites mais raciais que políticos. As cidades de Colossos
e Laodiceia, sobre o rio Lico, formavam parte da Frígia.
b. Galácia – originalmente uma região pequena
ocupada por gauleses vindos da Europa no século III a.C. Mais tarde, teve seus
limites ampliados ao unir-se a Roma, e se tornar, finalmente, uma província
romana (25 a.C.).
É provável que, nessa visita, Paulo tenha padecido da enfermidade mencionada em
Gálatas 4:13-15 (talvez uma infecção ocular).
c. Ásia – era uma província romana, com
capital em Éfeso. O Espírito Santo não permitiu que pregassem ali. Tampouco em
Mísia (região no extremo noroeste da Ásia Menor nas margens do estreito de
Dardanelos). A intenção dos pregadores era visitar a Bitínia (província situada
no litoral sul do Mar Negro, incluía cidades como Niceia e Nicomédia), no que
também foram impedidos pelo “Espírito de Jesus”.
d. Assim, chegaram ao porto de Trôade (v.
8), colônia romana, cidade livre e porto da Mísia, no mar Egeu, frente à
Europa. Ali Paulo teve a visão do jovem macedônio, que o chamava
imperativamente à Macedônia.
A partir de Atos 16:10, Lucas se une ao
grupo, como indica o uso da primeira pessoa do plural empregada até a chegada a
Filipos.
É claro que, naquela época, não havia uma linha separando a Ásia da Europa. Os
missionários que navegavam pelo norte do mar Egeu só tinham consciência de
estar viajando de uma província para outra, e não de um continente para outro,
já que ambos os lados do mar Egeu pertenciam ao Império Romano. Campbell Morgan
afirma: “A invasão da Europa certamente não estava na mente de Paulo, mas,
evidentemente, estava na mente do Espírito.” A evangelização da Europa começou
quando Paulo pisou na terra que hoje é a faixa longa e estreita do nordeste da
Grécia.
OS PREGADORES PAGAM UM PREÇO
1.
A obra em Filipos – Atos 16:12-40
Durante a navegação de Trôade a Neápolis
não houve inconvenientes. Os 230 quilômetros que separam ambas as povoações
foram percorridos em dois dias, passando pela ilha de Samotrácia, no Egeu (mar
que separa a Grécia da Ásia Menor) mais ou menos na metade do caminho.
Neápolis, localizada na Trácia, era porto de Filipos, devido a sua proximidade
(15 km).
Filipos não era a capital da Macedônia, porém, uma povoação de importância.
Antigamente, chamava-se Krenides (lugar de pequenos mananciais), porém tomou
seu nome depois da reconstrução realizada por Filipe II, no século IV a.C. Mais
tarde, foi transformada em colônia romana e teve seus direitos ampliados,
transformando-se em verdadeira extensão da cultura imperial romana.
Em Filipos, iniciaram-se os labores evangelísticos do apóstolo Paulo na Europa.
2. Incidentes que mais se destacam do
trabalho em Filipos:
a. A conversão de Lídia, mulher de
Tiatira, que se dedicava ao comércio de púrpura, provavelmente viúva. Ela
aceitou o evangelho, e com ela, sua família. Sua casa se abriu para receber os
mensageiros do Senhor, embora pareça não ter sido fácil convencê-los, a julgar
pela expressão de Atos 16:15: “...
nos constrangeu a isso”.
b. Uma escrava possessa. Literalmente, ela
possuía “um espírito de píton”.
Uma referência à serpente da mitologia que vigiava o templo de Apolo e o
oráculo de Delfos. Por meio da adivinhação, essa pitonisa propiciava lucro e
alimentava a ganância de seus senhores. Foi utilizada por Satanás para estorvar
o trabalho da equipe evangelística. Por vários dias, ela os acompanhou
gritando: “Estes homens são servos do Deus Altíssimo” (At
16:17). Talvez o
motivo final fosse lançar descrédito sobre o evangelho, associando-o ao
ocultismo na mente das pessoas.
Finalmente, Paulo, perturbado por essa
cotidiana interferência, ordenou ao espírito que a abandonasse.
c. Encarceramento dos discípulos. F. F.
Bruce comenta: “Quando Paulo exorcizou o espírito que a possuía, exorcizou
também a fonte de renda deles.” Os exploradores da jovem adivinha promoveram
habilmente um tumulto de grandes proporções. Levaram Paulo e Silas ao fórum e,
diante de uma multidão agitada e de juízes desorientados, foram acusados. Os
juízes decidiram atuar com presteza deixando de lado as instâncias
correspondentes a um processo judicial. Rasgaram as roupas dos pregadores, que
foram açoitados barbaramente e lançados numa cela interior, presos ao cepo, com
recomendações de total vigilância por parte do carcereiro.
“Os
pregadores pagam um preço.”
d. A libertação. A partir de então, os
acontecimentos se sucederam rapidamente. Os juízes que haviam retornado a suas
casas, felicitando-se pela grande capacidade de dissolver os distúrbios, logo
se viram confrontados com evidências tais, que compreenderam a injustiça que
haviam cometido.
A atitude de Paulo e Silas em sua dolorosa
situação impressionou completamente o carcereiro e os demais presos. Ellen G.
White afirma: “Todo o Céu
estava interessado nos homens que estavam sofrendo por amor a Cristo, e anjos
foram enviados a visitar o cárcere. A seus passos a Terra tremeu. As pesadas
portas do cárcere se abriram de par em par; as cadeias e grilhões caíram das
mãos e pés dos presos, e uma brilhante luz inundou a prisão” (Atos dos Apóstolos, 215).
e. Fatos posteriores. O carcereiro,
recuperado das fortes emoções que o haviam transtornado e quase o levaram ao
suicídio, “com profunda
humildade pediu que lhe mostrassem o caminho da vida [...]. Uma influência
santificadora se difundiu entre os presos e todos estavam dispostos a escutar
as verdades expostas pelos apóstolos” (Atos dos Apóstolos, 217).
Os líderes da cidade receberam as
informações já bem cedo, naquela manhã, e decidiram libertar de imediato os
presos. Porém, “Paulo e Silas haviam
sido encarcerados publicamente e se negaram a ser postos em liberdade
secretamente, sem a devida explicação por parte dos magistrados”. Estes, profundamente alarmados,
sobretudo ao serem informados de que os presos eram cidadãos romanos,
dirigiram-se pessoalmente ao cárcere, apresentaram suas desculpas e rogaram que
Paulo e Silas saíssem da cidade. Feitos os arranjos necessários, os apóstolos
concordaram. Despedindo-se dos irmãos, partiram.
Apesar de maltratados e ultrajados em Filipos, Paulo e Silas receberam a força
do Senhor para pregar o evangelho em Tessalônica. Calvino
se referiu à “invencível
coragem mental e perseverança infatigável da cruz.”
A ESTRATÉGIA DE PREGAÇÃO DE PAULO
Paulo, o missionário, tinha como
estratégia proclamar a mensagem nos grandes centros, fazer uso das sinagogas,
usar as profecias do Antigo Testamento como base de sua abordagem, tentando
mostrar aos ouvintes uma nova imagem do Messias. O emprego dessa estratégia
fica tão evidente em Tessalônica como em qualquer outra parte.
“Por três sábados
consecutivos, Paulo pregou aos tessalonicenses, arrazoando com eles sobre as
Escrituras, a vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Mostrou-lhes que a
expectativa dos judeus relacionada com o Messias não estava de acordo com a profecia,
pois essa anunciava um Salvador vindo em humildade e pobreza, e que seria
rejeitado, desprezado e assassinado” (Ellen G. White, Redemption:
or the Teachings of Paul and His Mission to the Gentiles [Redenção: ou os Ensinos de
Paulo e Sua Missão aos Gentios], p. 44).
DUAS VISÕES DO MESSIAS
Escreve o Dr. Raoul Dederen: “Duas linhas
de predições dizem como seria a vinda do FiIho: Ele devia vir como Salvador do
pecado, conforme prefigurado nos sacrifícios do AT (Gn 4:3, 4; Lv 1:3-9),
anunciado pelos profetas (Is 52:13, 14; 53:3-6; Dn 9:26), e como Rei de Seu
reino (Sl 2; Jr 23:5, 6). A ideia de servo desempenha papel importante na
compreensão do NT sobre a obra e a missão de Jesus. Essa ideia vem diretamente
de quatro canções de Isaías conhecidas como “canções do servo” (Is 42:1-4;
49:1-6; 50:4-9; 52:13–53:12). Jesus fez uma citação direta de Isaías 53:12,
atestando Sua consciência de que a figura veterotestamentária do servo estava
se cumprindo nEle (Lc 22:37)” (Tratado Teológico Adventista, p. 191).
Outro profeta, Jeremias fala de um “Renovo Justo”. Mesmo que a “árvore” da
família de Davi tivesse sido cortada, um “renovo” cresceria e se tornaria o Rei
da nação. Esse rei seria reto e governaria com justiça. O nome dele é “Jeová
Tsidkenu” – “Senhor, Justiça
nossa”. Esse nome exaltado aplica-se somente a Jesus Cristo (2Co 5:21).
Quando depositamos nossa fé em Cristo, a justiça dEle nos é imputada (contrário
de amputada), e somos declarados justos diante de Deus. É nisso que consiste
ser “justificado pela fé” (Rm 3:21–5:11; Wiersbe, v. 4, 141).
SOFRIMENTO ANTES DA GLÓRIA
Em determinado momento de Seu ministério,
Jesus começou a combinar dois conceitos bíblicos, aparentemente incompatíveis:
o Filho do Homem exaltado e majestoso de Daniel 7:13 e o Servo sofredor de
Isaías 53. Quando Cristo afirmou que “não
veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida em resgate...” (Mc 10:45), os judeus que esperavam um Messias
político se decepcionaram. Não entenderam corretamente o alcance dessas
profecias. Insistiram em permanecer com a expectativa e o foco na chegada de um
Messias guerreiro, libertador. Esse líder político-militar deveria libertá-los
do jugo romano. Várias vezes quiseram alçar Jesus ao poder, como líder
guerreiro, contra Roma. Tudo porque desprezaram o aspecto sofredor do Servo de
Deus, como anunciado nas profecias do AT.
Por outro lado, para Cristo o verdadeiro significado de “servir”, era “dar a
Sua vida em resgate”. Toda a missão do Salvador está contida nessas palavras.
Em realidade, Jesus estava dizendo que o Filho do Homem, antes devia vir como
Servo. Ele uniu em Sua
Pessoa os dois grupos de profecias messiânicas. O “Filho do
Homem” nesse momento era o Servo. Nenhum Rabi jamais fez isso. Aqui está o
gênio de Jesus Cristo. Ele compreendeu muito bem toda a Sua missão presente de
sofredor, sem negar Sua missão futura de Juiz, exaltado e glorioso.
Paulo entendeu de maneira clara essa verdade bíblica e a expôs poderosamente em
sua abordagem aos tessalonicenses. A matéria apresentada nas lições de terça e
quarta é bastante esclarecedora. Trata do fato de que o Messias deveria vir
como “Servo
sofredor, Homem de dores”
(Is 53) antes de Se manifestar em glória. Isaías 53 foi a chave para o papel do
Messias. Paulo se empenhava em anunciar Jesus. Ele identificou o Jesus da
história com o Cristo das Escrituras.
A interpretação messiânica de Isaías 53 teve o apoio dos rabinos até o século
XII. Depois disso, estudiosos judeus começaram a interpretar a passagem como
uma descrição dos sofrimentos de Israel como nação. Porém, como Israel poderia
ter morrido por seus próprios pecados (v. 8)? Israel nunca foi inocente de
pecado, e dessa forma, jamais poderia ser condenado injustamente (v. 9). O
profeta escreveu sobre um indivíduo inocente, não sobre uma nação culpada.
Deixou bem claro que esse inocente morreu pelo pecado para que os culpados
pudessem ser libertos.
O Servo que Isaías descreve é o Messias. O Novo Testamento, que apresenta mais
citações ou alusões a Isaías 53 do que a qualquer outro capítulo do Antigo
Testamento, afirma que esse Messias-Servo é Jesus de Nazaré, o Filho de Deus
(Wiersbe).
Este magnífico cântico de quinze versículos, divididos em cinco estrofes de
três versos, é a “Canção do Servo”. Cada uma dessas estrofes revela uma
importante verdade sobre o Servo e sobre o que Ele fez por nós. Escreveu o
estudioso do Antigo Testamento, Dr. Kyle Yates: “Essas cinco estrofes
incomparáveis são o Monte Everest da profecia messiânica”. Assim como essa
montanha, Isaías 53 se destaca pela beleza e grandiosidade de suas palavras, e
tudo porque revela Jesus Cristo e nos leva ao Calvário, o Everest de nossa
salvação.
Nasce uma Igreja
Os que têm hoje a desafiadora missão de plantar igrejas devem aprender com o
apóstolo dos gentios estratégias para isso. A maioria dos convertidos em
Tessalônica deve ter sido de gentios, até mesmo idólatras pagãos. Mesmo assim,
Lucas se concentra em sua missão aos judeus, que durou apenas três semanas.
Alguns deles, talvez, tivessem deixado suas sinagogas para se juntarem a uma
igreja cristã. Lucas descreve as diversas respostas ao ministério de Paulo.
Muitos creram, pois seu evangelho “chegou em poder”. Os convertidos afluíam de quatro seções
da comunidade: judeus, gregos, tementes a Deus e mulheres distintas. Entre eles
estavam Aristarco e Secundo, que mais tarde se tornaram companheiros de viagem
de Paulo, e até, no caso de Aristarco, seu companheiro na prisão (At 20:4;
27:2).
Paulo era mais que apenas um pastor. Era pioneiro, sempre com os olhos em novos
campos a conquistar. Como plantador de igrejas, Paulo estava disposto a deixar
para outros a tarefa de regá-las (1Co 3:6). Estava muito mais interessado em
desbravar novos territórios (Rm 15:20).
Foi através desses homens singularmente qualificados, que Jesus continuou a realizar
Sua obra e ensinar, para estabelecimento da igreja cristã no primeiro século.
Hoje, igualmente, Ele necessita de homens e mulheres semelhantes para o término
da evangelização do mundo no século 21.
Autor deste comentário: Pr. JSilvio Ministerial –
Associação Adventista Paulistana
(Este mapa desdobra a tradicional segunda viagem missionária do apóstolo Paulo em 10 itinerários, dando a seguinte configuração:
De (1) Antioquia da Síria a Listra, (2) de Listra a Trôade, (3) de Trôade a Filipos, (4) de Filipos a Tessalônica, (5) de Tessalônica a Bereia, (6) de Bereia a Atenas, (7) de Atenas a Corinto, (8) de Corinto a Éfeso, (9) de Éfeso a Jerusalém e (10) de Jerusalém a Antioquia da Síria.)
CARACTERÍSTICAS
DISTINTIVAS DAS EPÍSTOLAS
1.
Existe uma harmonia essencial entre as epístolas e os livros históricos do Novo
Testamento.
Os ensinos de Jesus, registrados nos evangelhos, e as pregações
apostólicas, conservadas em Atos dos Apóstolos, constituem as sementes
doutrinárias, que se enraízam, crescem e frutificam nas epístolas. Uma única
Mente, divina e infinita, moveu os autores do Novo Testamento. As epístolas não
apenas apresentam uma complementação maravilhosa, mas a ausência de
contradições. Elas falam de uma mesma fonte de Inspiração: “homens santos falaram da parte de Deus, movidos
pelo Espírito Santo” (2Pe 1:21).
2. Sua forma de redação é epistolar
Enquanto os profetas do Antigo Testamento entregavam suas
mensagens em forma de oráculos, cheios de advertências acerca dos juízos de
Deus, os apóstolos recorreram ao gênero epistolar, ou seja, cartas compostas
conforme o estilo da época. Talvez fosse esse o estilo que melhor se prestava
para ensinar, corrigir problemas concretos, expressar sentimentos e elaborar
planos de ação. Seus autores estavam conscientes da forma com que escreviam.
Os discursos registrados em Atos dos Apóstolos, com poucas
exceções, foram dirigidos a pessoas não cristãs. Por outro lado, as epístolas
são enviadas a cristãos, seja a igrejas organizadas ou mensageiros da Palavra.
Ao escrever as cartas, os apóstolos expressavam a plenitude de
suas explicações e podiam extravasar-se em sentimentos próprios do gênero
epistolar.
Os tratados sistemáticos, como os que escreveram os retóricos e
filósofos dessa época, não teriam conseguido fazer a obra que realizaram as
cartas familiares e flexíveis. Nelas os apóstolos não trataram de itens
imaginários, mas casos reais, erros ou tendências como os que surgiram nas
igrejas.
Os apóstolos escreveram acerca de incompreensões e perversões da
verdade, dificuldades que surgiram no trato com os pagãos, abusos que se
efetuavam no culto e nas práticas da vida, questões e tendências da mente
humana que haviam de se apresentar na igreja de Deus, e muito mais.
3. Estão intimamente relacionadas com o Antigo Testamento
São abundantes no conteúdo das epístolas, citações e expressões
dos profetas do AT. Pelo menos duzentas e cinquenta referências textuais e
outras tantas alusões entrelaçam harmonicamente as duas porções das Sagradas
Escrituras. Isaías, Oseias, Salmos, Habacuque, Levítico, etc., aparecem
frequentemente nos escritos de Paulo. Não é exagero afirmar que as epístolas estão
saturadas do espírito e pensamento e às vezes das palavras do AT. Os
Testamentos não foram revelações independentes e não se pode descartar um sem
debilitar o outro.
4. Apresentam unidade doutrinária em seus conteúdos
Em todos os autores das epístolas encontramos um mesmo tema
recorrente: Cristo como Salvador do homem, ou, em outras palavras, a salvação
mediante Jesus Cristo. Revelam o bendito efeito da morte expiatória de Cristo e
Sua ressurreição triunfante.
Descrevem também a origem da igreja, sua unidade, suas relações,
sua condição, deveres e destino. Desvendam o fato assombroso de que os cristãos
são chamados à imortalidade no glorioso destino que lhes espera quando terminar
a história de pecado neste mundo.
Acima de tudo, não são revelações independentes. Estão na mais
estreita relação com as revelações inspiradas anteriores.
5. São Didáticas
Destinadas a “ensinar... redarguir... corrigir... instruir em justiça, para que o
homem de Deus seja perfeito, perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2Tm 3:16, 17, RC).
Os estilos, vocabulários e construções gramaticais diferem entre
si, denotando as modalidades individuais, porém a doutrina se mantém
invariável. Unidade na variedade tem sido sempre o método do trabalho divino e
há de ser visto também em Seus mensageiros.
6. São similares em sua apresentação
Têm início com uma introdução ou preâmbulo, em que aparece o nome
do autor, seus companheiros (embora nem sempre), e os daqueles a quem se
dirigem geralmente em forma global.
Segue-se o corpo doutrinal, onde a verdade que se quer ensinar é
apresentada e ilustrada.
Terminam com uma conclusão característica. Algumas vezes com
notícias pessoais, outras com recomendações em favor do portador, saudações e
uma bênção final.
Autor desta introdução: Pr. JSilvio Ministerial – Associação Adventista Paulistana
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