domingo, 15 de julho de 2012

Tessalônica nos dias de Paulo (estudo nº 03)






Embora seja livre de todos, fiz-me escravo de todos, para ganhar o maior número possível de pessoas (1Co 9:19, NVI).

Leituras da semana: Jo 11:48-50; 1Jo 2:15-17; 1Co 9:19-27; Jo 3:3-8; 1Co 16:19

Pensamento-chave: Um breve estudo do contexto da antiga Tessalônica demonstra que a abordagem de Paulo aos cidadãos locais foi elaborada de modo cuidadoso e único.

O foco principal desta lição será um resumo do que a história, literatura e arqueologia nos falam acerca de Tessalônica.

Esse material é importante por duas razões. Em primeiro lugar, nos ajuda a perceber como os ouvintes e leitores originais de Paulo poderiam entendê-lo. Ao fazer isso, esclarece o significado do que ele escreveu e o impacto de seus escritos sobre a igreja e a sociedade daquela época.

Em segundo lugar, quanto mais sabemos sobre as ideias e crenças dos tessalonicenses, mais podemos compreender aquilo que Paulo estava combatendo. A fim de promover o evangelho, Paulo também teria que corrigir ideias erradas. Assim, embora não esteja diretamente focalizada na Bíblia, esta lição prepara o terreno para nossa leitura das duas cartas aos Tessalonicenses, durante o restante das lições deste trimestre.

Domingo                              Os romanos chegam a Tessalônica


1. Como as decisões políticas e religiosas acerca do ministério de Jesus foram influenciadas pela chegada dos romanos à Palestina e a Jerusalém no primeiro século? A terrível lógica de Caifás fazia sentido?

48  Se deixarmos que ele continue fazendo essas coisas, todos vão crer nele. Aí as autoridades romanas agirão contra nós e destruirão o Templo e o nosso país.
49  Então Caifás, que naquele ano era o Grande Sacerdote, disse: —Vocês não sabem nada!
50  Será que não entendem que para vocês é melhor que morra apenas um homem pelo povo do que deixar que o país todo seja destruído? Jo 11:48-50

No contexto de uma guerra civil entre as cidades-estados gregas, por volta de 168 a.C., os tessalonicenses convidaram os romanos para tomar posse da sua cidade e protegê-la dos inimigos locais. Os romanos recompensaram Tessalônica por estar do “lado certo” da guerra civil, permitindo que a cidade, em grande medida, governasse a si mesma. Ela se tornou uma cidade livre dentro do império, o que significava que poderia controlar, amplamente, seus problemas internos e seu destino. Como resultado, as classes mais ricas e mais poderosas da cidade foram autorizadas a continuar a viver, em muitos aspectos, como tinham vivido antes. Eram, portanto, a favor de Roma e do imperador nos dias de Paulo. Mas a vida não era tão agradável para as pessoas comuns, especialmente das classes trabalhadoras.

Havia três grandes aspectos negativos do governo romano de Tessalônica. Em primeiro lugar, a chegada dos romanos promoveu mudanças econômicas. O comércio era interrompido pela guerra e pelas mudanças de governo, tanto local quanto regional. Essas interrupções afetavam de modo mais severo os mais pobres do que os mais ricos. Com o tempo, esse aspecto negativo se tornou menos significativo.

Em segundo lugar, embora Tessalônica, em grande medida, governasse a si mesma, ainda havia uma sensação de impotência política. Alguns líderes locais foram substituídos por estrangeiros, leais a uma cidade distante (Roma), e não a Tessalônica. Não importam as vantagens da ocupação estrangeira, ela não é popular por muito tempo.

Em terceiro lugar, havia a inevitável exploração colonial que acompanhava a ocupação. Os romanos exigiam certa quantidade de exportação de impostos. Porcentagens de produtos agrícolas, minerais e outros produtos locais eram desviadas e enviadas a Roma para apoiar as necessidades mais amplas do império.

Assim, embora Tessalônica estivesse em uma situação bem melhor do que a de Jerusalém, por exemplo, o governo e a ocupação de Roma inevitavelmente criavam tensões significativas nas comunidades locais. Em Tessalônica, essas tensões eram especialmente difíceis para os pobres e as classes trabalhadoras. À medida que as décadas passavam, os tessalonicences se tornavam cada vez mais frustrados e ansiavam por uma mudança na situação.

Como a situação política atual em sua comunidade influencia o trabalho da igreja? Que tipo de coisas a igreja pode ou deve fazer para melhorar seu desempenho e sua posição na comunidade?



Segunda                                        Uma resposta pagã a Roma


A resposta pagã à incapacidade sentida por muitas pessoas de Tessalônica foi um movimento espiritual que os estudiosos chamam de culto de Cabirus, fundamentado em um homem chamado Cabirus, que falou em favor dos marginalizados e foi assassinado por seus dois irmãos. Ele foi enterrado com os símbolos da realeza, e o movimento passou a tratá-lo como herói martirizado.

As classes operárias acreditavam que Cabirus havia manifestado poderes miraculosos enquanto vivia. Eles também acreditavam que, de tempos em tempos, Cabirus, silenciosamente, voltava à vida a fim de ajudar as pessoas; pensavam que ele voltaria para trazer justiça às classes trabalhadoras e devolver à cidade a independência e grandeza do passado. O culto de Cabirus oferecia esperança aos oprimidos, em termos que lembram a esperança bíblica.

As coisas ficam ainda mais interessantes quando descobrimos que a adoração de Cabirus incluía sacrifícios de sangue para celebrar seu martírio. De um modo que lembra Paulo, os tessalonicenses falavam da “participação em seu sangue”. Dessa forma, obtinham alívio da culpa. Distinções de classes também eram abolidas. No culto de Cabirus todas as classes da sociedade eram tratadas de forma igual.

Porém houve mais uma dinâmica. Quando o culto ao imperador surgiu, na época de Augusto, os romanos proclamaram que Cabirus já tinha vindo na pessoa de César. Em outras palavras, o poder de ocupação se apropriou da esperança dos oprimidos. Como resultado, a vida espiritual de Tessalônica não mais proporcionava alívio para as classes trabalhadoras. As pessoas comuns ficaram sem uma religião significativa. A existência do culto ao imperador também significava que, se alguém parecido com o verdadeiro Cabirus chegasse à cidade, seria uma ameaça imediata ao sistema estabelecido.

A resposta romana ao culto de Cabirus deixou um vazio espiritual no coração do povo, um vácuo que somente o evangelho podia preencher. Cristo era a verdadeira realização da esperança e dos sonhos que o povo de Tessalônica havia depositado em Cabirus. O evangelho oferecia paz interior para o momento e, na segunda vinda de Cristo, a transformação definitiva das realidades econômicas e políticas contemporâneas.

2. Que verdades essenciais são expressas nos seguintes textos? Você experimentou a realidade dessas palavras, em relação ao fato de que as coisas do mundo são transitórias e não trazem satisfação?

15  Não amem o mundo, nem as coisas que há nele. Se vocês amam o mundo, não amam a Deus, o Pai.
16  Nada que é deste mundo vem do Pai. Os maus desejos da natureza humana, a vontade de ter o que agrada aos olhos e o orgulho pelas coisas da vida, tudo isso não vem do Pai, mas do mundo.
17  E o mundo passa, com tudo aquilo que as pessoas cobiçam; porém aquele que faz a vontade de Deus vive para sempre. 1Jo 2:15-17

1 Então resolvi me divertir e gozar os prazeres da vida. Mas descobri que isso também é ilusão.
2  Cheguei à conclusão de que o riso é tolice e de que o prazer não serve para nada.
3  Procurei ainda descobrir qual a melhor maneira de viver e então resolvi me alegrar com vinho e me divertir. Pensei que talvez fosse essa a melhor coisa que uma pessoa pode fazer durante a sua curta vida aqui na terra.
4  Realizei grandes coisas. Construí casas para mim e fiz plantações de uvas.
5  Plantei jardins e pomares, com todos os tipos de árvores frutíferas.
6  Também construí açudes para regar as plantações.
7  Comprei muitos escravos e além desses tive outros, nascidos na minha casa. Tive mais gado e mais ovelhas do que todas as pessoas que moraram em Jerusalém antes de mim.
8  Também ajuntei para mim prata e ouro dos tesouros dos reis e das terras que governei. Homens e mulheres cantaram para me divertir, e tive todas as mulheres que um homem pode desejar.
9  Sim! Fui grande. Fui mais rico do que todos os que viveram em Jerusalém antes de mim, e nunca me faltou sabedoria.
10  Consegui tudo o que desejei. Não neguei a mim mesmo nenhum tipo de prazer. Eu me sentia feliz com o meu trabalho, e essa era a minha recompensa.
11  Mas, quando pensei em todas as coisas que havia feito e no trabalho que tinha tido para conseguir fazê-las, compreendi que tudo aquilo era ilusão, não tinha nenhum proveito. Era como se eu estivesse correndo atrás do vento. Ec 2:1-11



Terça                             O evangelho como ponto de contato


Diante do que aprendemos ontem, não é difícil ver por que, quando o evangelho chegou a Tessalônica, muitos não judeus da cidade responderam positivamente. Não importando que Paulo conhecesse ou não o culto de Cabirus antes de chegar à cidade, sua abordagem messiânica na sinagoga ecoava os anseios espirituais específicos dos pagãos locais.

Quando o evangelho chegou a Tessalônica, as classes trabalhadoras da cidade estavam prontas para recebê-lo, e responderam em grande número. Eles estavam também prontos para interpretações extremas do evangelho. O culto de Cabirus tinha introduzido nas pessoas um espírito de rebelião contra as autoridades, o que pode ter sido a causa da conduta desordeira abordada por Paulo em suas duas cartas

11  procurem viver em paz, tratem dos seus próprios assuntos e vivam do seu próprio trabalho, como já dissemos antes.
12  Assim, aqueles que não são cristãos os respeitarão, e vocês não precisarão viver às custas de ninguém. 1Ts 4:11, 12

Rogamo-vos também, irmãos, que admoesteis os desordeiros, consoleis os de pouco ânimo, sustenteis os fracos e sejais pacientes para com todos. 1Ts 5:14

6 Nós vos ordenamos, irmãos, em nome do Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo irmão que ande desordenadamente e não segundo a tradição que de nós recebestes;
7  pois vós mesmos estais cientes do modo por que vos convém imitar-nos, visto que nunca nos portamos desordenadamente entre vós, 
11 Pois, de fato, estamos informados de que, entre vós, há pessoas que andam desordenadamente, não trabalhando; antes, se intrometem na vida alheia. 2Ts 3:6, 7, 11

3. Qual foi a estratégia missionária fundamental apresentada por Paulo? Que perigo potencial se esconde nesse método? Como os dois princípios contidos nessa estratégia podem ser mantidos em equilíbrio?

19 Sou um homem livre; não sou escravo de ninguém. Mas eu me fiz escravo de todos a fim de ganhar para Cristo o maior número possível de pessoas.
20  Quando trabalho entre os judeus, vivo como judeu a fim de ganhá-los para Cristo. Não estou debaixo da Lei de Moisés; mas, quando trabalho entre os judeus, vivo como se estivesse debaixo dessa Lei para ganhar os judeus para Cristo.
21  Assim também, quando estou entre os não-judeus, vivo fora da Lei de Moisés a fim de ganhar os não-judeus para Cristo. Isso não quer dizer que eu não obedeço à lei de Deus, pois estou, de fato, debaixo da lei de Cristo.
22  Quando estou entre os fracos na fé, eu me torno fraco também a fim de ganhá-los para Cristo. Assim eu me torno tudo para todos a fim de poder, de qualquer maneira possível, salvar alguns.
23  Faço tudo isso por causa do evangelho a fim de tomar parte nas suas bênçãos.
24 Vocês sabem que numa corrida, embora todos os corredores tomem parte, somente um ganha o prêmio. Portanto, corram de tal maneira que ganhem o prêmio.
25 Todo atleta que está treinando agüenta exercícios duros porque quer receber uma coroa de folhas de louro, uma coroa que, aliás, não dura muito. Mas nós queremos receber uma coroa que dura para sempre.
26 Por isso corro direto para a linha final. Também sou como um lutador de boxe que não perde nenhum golpe.
27 Eu trato o meu corpo duramente e o obrigo a ser completamente controlado para que, depois de ter chamado outros para entrarem na luta, eu mesmo não venha a ser eliminado dela. 1Co 9:19-27

O evangelho tem maior impacto quando influencia as necessidades, esperanças e sonhos das pessoas. Embora o Espírito Santo ofereça pontes para o evangelho, isso normalmente acontece como resultado de ouvi-lo intensamente e experimentá-lo com atitude de oração. A experiência também nos ensinou que as pessoas estão mais abertas à mensagem adventista em tempos de mudança. Entre as mudanças que tornam as pessoas abertas a novas ideias estão: turbulência econômica, conflitos políticos, guerras, casamentos, divórcios, mudança no lugar de residência, problemas de saúde e morte. Os tessalonicenses haviam experimentado sua parcela de mudanças e deslocamento, e isso ajudou o evangelho a criar raízes.

Mas as pessoas batizadas em tempos de deslocamento também tendem a ser instáveis, pelo menos no início. A maior parte das apostasias ocorre nos primeiros meses após a conversão. As cartas a Tessalônica testificam da considerável instabilidade na igreja nos meses seguintes à visita de Paulo.

O que podemos fazer para ajudar os membros que ainda estão se ajustando à nova vida em Cristo? O que você pode fazer para ajudar a manter essas pessoas firmes no Senhor? Você ficará surpreso ao descobrir também quanto esse tipo de ministério fortalecerá sua própria fé.



Quarta                                  Paulo, o “pregador de rua”


No contexto greco-romano do primeiro século ocorreu uma proliferação de filósofos populares que, nas praças públicas, procuravam influenciar indivíduos e grupos, de modo semelhante ao que os pregadores de rua fazem hoje.

Esses filósofos acreditavam que as pessoas tinham uma capacidade interior de mudar sua vida (uma forma de conversão). Eles esperavam que seus discursos públicos e suas conversas particulares produzissem mudanças em seus alunos. Procuravam criar em seus ouvintes dúvidas sobre suas ideias e práticas. Por esse meio, os ouvintes se tornariam abertos a novas ideias e mudanças. O objetivo final era produzir autoconfiança e crescimento moral.

Esperava-se que esses filósofos populares obtivessem o direito de falar conquistando primeiramente a liberdade moral na própria vida interior. “Médico, cura-te a ti mesmo” era um conceito bem conhecido no mundo antigo.

Esses filósofos também estavam cientes da necessidade de variar a mensagem a fim de atender às diferentes mentalidades, e da importância de manter a integridade tanto no caráter do professor quanto na mensagem que estava sendo ensinada.

4. Existem paralelos entre esses mestres populares e Paulo, que também viajava por toda parte e trabalhava em lugares públicos?

Ele ia para a sinagoga e ali falava com os judeus e com os não-judeus convertidos ao Judaísmo. E todos os dias, na praça pública, ele falava com as pessoas que se encontravam ali. At 17:17

9  Mas alguns eram teimosos, não acreditavam e, em frente de todos, ainda falavam mal do Caminho do Senhor. Então Paulo abandonou a sinagoga, levando os cristãos consigo, e começou a falar diariamente na escola de um homem chamado Tirano.
10  Ele fez isso durante dois anos, até que todos os moradores da província da Ásia, tanto os judeus como os não-judeus, ouviram a mensagem do Senhor.  At 19:9, 10

Existiam paralelos. No entanto, havia duas diferenças significativas entre a abordagem de Paulo e a dos filósofos populares. Em primeiro lugar, Paulo não apenas trabalhava nos lugares públicos, mas também buscava formar uma comunidade duradoura. Isso requeria certa separação do “mundo”, juntamente com a formação de laços emocionais e profundo compromisso com o grupo. Em segundo lugar, Paulo ensinava que a conversão não era uma decisão interna, produzida pelo discurso sábio. Ao contrário, era uma obra sobrenatural de Deus, de fora para dentro

Meus queridos filhos, eu estou sofrendo por vocês, como uma mulher que tem dores de parto. E continuarei sofrendo até que Cristo esteja vivendo em vocês. Gl 4:19

3  Jesus respondeu: —Eu afirmo ao senhor que isto é verdade: ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo.
4  Nicodemos perguntou: —Como é que um homem velho pode nascer de novo? Será que ele pode voltar para a barriga da sua mãe e nascer outra vez?
5  Jesus disse: —Eu afirmo ao senhor que isto é verdade: ninguém pode entrar no Reino de Deus se não nascer da água e do Espírito.
6  Quem nasce de pais humanos é um ser de natureza humana; quem nasce do Espírito é um ser de natureza espiritual.
7  Por isso não fique admirado porque eu disse que todos vocês precisam nascer de novo.
8  O vento sopra onde quer, e ouve-se o barulho que ele faz, mas não se sabe de onde ele vem, nem para onde vai. A mesma coisa acontece com todos os que nascem do Espírito Jo 3:3-8

Pois eu estou certo de que Deus, que começou esse bom trabalho na vida de vocês, vai continuá-lo até que ele esteja completo no Dia de Cristo Jesus. Fp 1:6).

O ensinamento de Paulo era mais do que apenas uma filosofia. Era a proclamação da verdade e a revelação da poderosa obra de Deus na salvação da humanidade.

O lado escuro dos filósofos populares é que eles descobriram um meio fácil de ganhar a vida. Muitos eram interesseiros, nada mais. Alguns exploravam sexualmente seus ouvintes. Embora houvesse professores honestos entre eles, havia, no mundo antigo, bastante ceticismo em relação aos pregadores itinerantes.

Paulo procurava evitar parte desse ceticismo recusando geralmente ajuda de seus ouvintes e, em lugar disso, fazendo árduo trabalho manual para se sustentar. Isso, além de seus sofrimentos, demonstrava que ele realmente acreditava no que pregava e que não estava fazendo isso para ganho pessoal. De muitas maneiras, a vida de Paulo era o sermão mais poderoso que ele podia pregar.



Quinta                                            Igrejas nos lares


5. Que exemplos temos de igrejas nos lares?

Saudações também à igreja que se reúne na casa deles. Saudações ao meu querido amigo Epêneto, que foi o primeiro a crer em Cristo na província da Ásia. Rm 16:5

As igrejas da província da Ásia mandam saudações. Áquila e a sua esposa Priscila e a igreja que se reúne na casa deles mandam saudações cristãs a vocês. 1Co 16:19

Mandamos saudações aos irmãos que moram em Laodicéia. Saudações também para Ninfa e para a igreja que se reúne na casa dela. Cl 4:15

1 Eu, Paulo, prisioneiro por causa de Cristo Jesus, junto com o irmão Timóteo, escrevo a você, Filemom, nosso amigo e companheiro de trabalho,
2  e à igreja que se reúne na sua casa. Esta carta vai também para a nossa irmã Áfia e para Arquipo, nosso companheiro de lutas. Fm 1, 2

No mundo romano, havia dois tipos principais de residências. Havia a domus, uma casa grande, para uma única família, construída em torno de um pátio, típica dos ricos. Essas casas podiam ter um local de reuniões para 30 a 100 pessoas. O outro tipo de residência era a insula, com lojas e locais de trabalho no piso térreo, diante da rua, e apartamentos (lares) nos andares de cima. Essa era a principal habitação urbana das classes trabalhadoras. Um desses apartamentos ou locais de trabalho normalmente podia acomodar igrejas menores.

A domus e muitas insulas podiam abrigar uma família maior, incluindo duas ou três gerações, empregados da empresa familiar, visitantes e até mesmo escravos. Se o chefe da família se convertesse, isso poderia ter grande impacto sobre todos os outros que viviam ali.

O local ideal para uma igreja no lar era perto do centro da cidade. As lojas e locais de trabalho relacionados com aquela casa promoviam o contato com artesãos, comerciantes, clientes e trabalhadores braçais à procura de emprego. Esse foi o cenário em que grande parte do trabalho missionário de Paulo pode ter sido feito.

Em algumas partes do mundo, as pessoas ainda adoram em igrejas nos lares, porque muitas vezes isso é tudo que elas têm. Ou, em alguns casos, não estão autorizadas a fazer qualquer outra coisa, e assim as igrejas nas casas são a única opção.

6. Como Paulo organizava sua vida profissional e o trabalho evangelístico?

1 Depois disso, Paulo saiu de Atenas e foi para a cidade de Corinto.
2  Encontrou ali um judeu chamado Áquila, que era da província do Ponto. Fazia pouco tempo que ele tinha chegado da Itália com Priscila, a sua esposa. Eles tinham saído de lá porque o imperador Cláudio havia mandado que todos os judeus fossem embora de Roma. Paulo foi visitá-los
3  e acabou ficando ali para trabalhar com eles, porque a profissão de Paulo e a deles era a mesma, isto é, fazer barracas.
4  E todos os sábados ele falava na sinagoga e procurava convencer os judeus e os não-judeus. At 18:1-4

Como cidadão romano e, em certo grau, como membro da elite judaica, Paulo deve ter sido da classe alta. Se foi assim, fazer trabalho manual deve ter sido um sacrifício para ele. No entanto, por meio desse trabalho, ele se identificava com as classes trabalhadoras e as alcançava

19 Sou um homem livre; não sou escravo de ninguém. Mas eu me fiz escravo de todos a fim de ganhar para Cristo o maior número possível de pessoas.
20  Quando trabalho entre os judeus, vivo como judeu a fim de ganhá-los para Cristo. Não estou debaixo da Lei de Moisés; mas, quando trabalho entre os judeus, vivo como se estivesse debaixo dessa Lei para ganhar os judeus para Cristo.
21 Assim também, quando estou entre os não-judeus, vivo fora da Lei de Moisés a fim de ganhar os não-judeus para Cristo. Isso não quer dizer que eu não obedeço à lei de Deus, pois estou, de fato, debaixo da lei de Cristo.
22 Quando estou entre os fracos na fé, eu me torno fraco também a fim de ganhá-los para Cristo. Assim eu me torno tudo para todos a fim de poder, de qualquer maneira possível, salvar alguns.
23 Faço tudo isso por causa do evangelho a fim de tomar parte nas suas bênçãos 1Co 9:19-23

Sua igreja interage com a comunidade? Os membros participam da comunidade ou têm a “mentalidade fechada”, isolando-se dos perigos do mundo, deixando assim de influenciar?

Sexta                                            Estudo adicional


A Providência havia dirigido os movimentos das nações, e a onda do impulso e influência humanos, até que o mundo se achasse maduro para a vinda do Libertador...

Por essa época, os sistemas pagãos iam perdendo o domínio sobre o povo. Os homens estavam cansados de aparências e fábulas. Ansiavam uma religião capaz de satisfazer o coração” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 32).

Fora da nação judaica havia homens que prediziam o aparecimento de um instrutor divino. Esses homens andavam em busca da verdade, e recebiam o Espírito de inspiração” (Idem, p. 33).

Quando Paulo visitou Corinto pela primeira vez, encontrou-se entre gente que suspeitava dos intuitos dos estrangeiros. Os gregos do litoral eram espertos negociantes. Por tanto tempo se haviam exercitado em sagazes práticas comerciais, que haviam chegado a considerar o ganho como piedade, e que fazer dinheiro, fosse por meios lícitos ou não, era coisa recomendável. Paulo se achava familiarizado com suas características, e não lhes queria dar ocasião de dizer que ele pregava o evangelho a fim de se enriquecer... Ele procurava afastar qualquer motivo para um mau juízo, a fim de não prejudicar a influência da mensagem” (Ellen G. White, Obreiros Evangélicos, p. 234, 235).

Perguntas para reflexão
1. O que Ellen White quis dizer quando escreveu que o “Espírito de inspiração” foi dado aos mestres gentios? Deus está atuando no mundo das ideias fora do contexto cristão? Uma pessoa pode ser salva se nunca ouviu o nome de Jesus?
2. Em que contextos uma casa ou apartamento poderia ser um local eficaz para uma igreja no mundo de hoje? Utilizar os prédios das igrejas é sempre a melhor maneira de realizar as atividades dela? Por quê?
3. Como sua igreja pode adaptar melhor o evangelismo à comunidade local?

Resumo: 
Os relatos bíblicos da atividade missionária de Paulo estão no contexto da Roma antiga. À medida que vemos Paulo lidando com questões cotidianas, podemos aprender a melhor forma de aplicar os princípios e as lições que Deus colocou nas Escrituras. Nas cartas aos Tessalonicenses, Paulo estava guiando os antigos cristãos urbanos por tempos desafiadores.




Nenhum comentário:

Postar um comentário