Para apreciar a importância da cidade de Tessalônica no mundo romano do primeiro século e compreender as vantagens estratégicas obtidas pelo avanço do evangelho nela e a partir dela é necessário considerar sua localização geográfica. Já se disse que “a história de um povo é inseparável da região em que habita”.
O grande progresso da cidade aconteceu, em grande parte, devido à união entre a terra e o mar, o porto e a estrada, que facilitou o crescimento do comércio entre a Macedônia e todo o império romano. Nenhum outro local em toda a região oferecia tantas vantagens como as de Tessalônica.
Seguindo pela Via Egnátia os apóstolos percorreram os
OS ROMANOS CHEGAM A TESSALÔNICA
Em realidade, o caminho era uma extensão da Via Ápia que saía de Roma e passava pelo sudoeste da Itália até chegar à cidade portuária de Brindisi. Portanto, servia como elo entre Roma e o leste. Constituía um instrumento vital no programa de expansão do império romano. Era também fator decisivo no desenvolvimento da vida religiosa porque representantes dos diversos cultos passavam pela cidade ou se estabeleciam nela.
A grande estrada romana, a Via Egnátia, começava em Neápolis e passava por Filipos, Anfípolis (At 16:12), Apolônia e Tessalônica, depois dirigia-se a oeste, atravessando a Macedônia até a praia do mar Adriático em Dirráquio (na atual Albânia, frente a Brindisi), de onde os viajantes podiam atravessar para a Itália e, pela via Ápia, chegar a Roma. As campanhas missionárias de Paulo foram muito facilitadas onde havia boas estradas, as “rodovias expressas” do mundo antigo (Atos: Introdução e Comentário).
De todas as cidades e aldeias ao longo dessa estrada, Tessalônica era a maior e mais influente. Localizada no atual Golfo de Salônica, era um importante centro comercial, fundada em
Quando os romanos conquistaram a Macedônia, dividiram-na em quatro partes. Tessalônica foi a capital de uma delas. Mais tarde (
UMA RESPOSTA PAGÃ A ROMA
Na região, Atenas não era a única cidade “cheia de ídolos”, cujos habitantes eram “sumamente religiosos em tudo que faziam (At 17:16, 22). Tessalônica também era o lar de um grande número de deidades, às quais as pessoas dedicavam devoção religiosa genuína.
Em Tessalônica, a religião cumpria funções sociais e políticas. Seria um erro separá-la dos demais aspectos da vida cotidiana da cidade. A união entre a religião e a política chega a seu clímax no culto ao imperador. A adoração do rei como deus tinha uma tradição longa no leste, especialmente na Macedônia. A cidade de Tessalônica desfrutou de grandes benefícios por causa de sua relação privilegiada com Roma.”
Várias deidades se associaram especialmente com a cidade de Tessalônica, como o culto a Cabirus. Os Cabirus eram deuses cujo culto se centrava na ilha de Samotrácia (At 16:11), e essa religião possivelmente tivesse chegado a Tessalônica diretamente dali. Em Samotrácia eram adorados dois Cabiri, pai e filho, mas o culto em Tessalônica se transformou e se dirigiu somente a um deles, o Cabirus.
Estrabão descreve o culto a Cabirus por sua atividade enlouquecida, inspirada pelo som de gritos, flauta, címbalo e tambor, acompanhada de danças frenéticas. É provável que muitos dos cristãos convertidos do paganismo, em Tessalônica, tivessem participado dos ritos de Cabirus, que eram impregnados de excessos sexuais (1Ts 1:9). Daí a importância dos conselhos de Paulo relativos à pureza sexual dos novos crentes (Eugenio Green, 1 y 2 Tesalonicenses).
O EVANGELHO COMO PONTO DE CONTATO
PAULO, O PREGADOR DE RUA
Enquanto a filosofia afirmava que a maneira de obter o conhecimento de Deus e do mundo era raciocinar a partir de certos princípios, para Paulo esse conhecimento só poderia ser recebido como revelação de Deus, intermediada pelo Espírito.
Paulo considerava-se ministro do evangelho. Isso acarretava um trabalho árduo, e ele enfrentou forte oposição, sofrimento e prisão. Contudo, estava ansioso para anunciar o Evangelho, principalmente nos lugares em que ainda não o tinham ouvido. Era tarefa específica de Paulo pregar o evangelho aos gentios. E ele o fez em todas as circunstâncias possíveis.
O termo é usado para reunião em uma casa particular, isto é, uma “igreja doméstica”. Às vezes, a congregação inteira de uma cidade era pequena o bastante para se reunir na casa de um de seus membros. É preciso lembrar que só em meados do terceiro século o cristianismo passou a ter propriedades com o propósito de culto.
Há exemplos de igrejas nos lares de Ninfa, em Laodiceia (Cl 4:15); de Filemon, em Colossos (Fm 1, 2); e de Lídia, em Filipos (At 16:15, 40). Em Corinto, Gaio é descrito como anfitrião de “toda a igreja” (Rm 16:23).
Nos primeiros séculos do cristianismo, o uso das casas dos membros da igreja para reuniões de adoração e propósitos evangelísticos serve de modelo e inspiração para nossos modernos “pequenos grupos nos lares”.
O estudo das ações e estratégias missionárias de Paulo nos ensina a melhor forma de aplicar os princípios e as lições que Deus colocou nas Escrituras.
1. Seus contínuos arrazoados
Paulo tinha um estilo de arrazoado condensado e convincente. Era hábil no uso de paradoxos e contrastes. Com um golpe destruidor, detonava um sofisma ou uma ideia distorcida. Com poucas palavras, colocava a verdade sob luz meridiana.
3. Suas abundantes citações do Antigo Testamento
No tocante à estrutura de certas frases, às vezes há pensamentos que parecem não haver sido de todo completados. O autor deixa uma palavra sem a devida concordância com o resto do pensamento expresso na frase (isso se chama anacoluto). Há cláusulas que permanecem aparentemente truncadas.
Isso, em parte, deve-se ao fato de que Paulo ditava suas cartas. Possivelmente, ele não tivesse tempo para reler seu conteúdo. Não se pode estranhar que usasse uma linguagem elíptica para acelerar suas frases, movido que era pelo profundo sentimento que impulsionava sua vida. Para ele, o que importava fundamentalmente era o pensamento e a doutrina a serem expressos. O estilo permanecia completamente subordinado ao que ele queria ensinar. Daí o fluir das ideias que não se detêm diante de considerações de ordem rigorosamente metódica para expor os pensamentos. Por isso, às vezes, falta uma ordem aparente, que de maneira nenhuma deprecia sua mensagem.
Talvez por isso, em nossas versões disponíveis frequentemente aparecem palavras gregas traduzidas como nexos explicativos, como:“pois”, “pelo qual”, “porém”, “porque”, “mas”, “portanto”, “todavia”, etc. Desta maneira, a argumentação continua versículo a versículo, capítulo após capítulo. Nem sempre há o que hoje chamamos de “ponto final”. Isso pode tornar complexa a apresentação da verdade desenvolvida. Onde João usaria simples e unicamente a palavra “kai” (e), o apóstolo dos gentios emprega todas essas outras palavras que vão entrelaçando seus períodos e cláusulas, nos quais se relaciona um pensamento após outro, sempre ligados com nexos explicativos.
Por todas estas coisas, “nosso amado irmão Paulo, vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe tem sido dada, ao falar acerca destes assuntos, como, de fato costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes deturpam” (2Pe 3:15, 16).
Pr. JSilvio Ministerial – Paulistana
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