domingo, 19 de dezembro de 2010

Olho por olho ou uma solução conveniente?




Houve uma terrível fome em Israel. O texto hebraico enfatiza o longo período sem nenhuma chuva (“por três anos consecutivos”). Isso não era normal. O povo considerava que Deus era diretamente responsável por dar chuva e reter chuva. Davi consultou ao Senhor. Não sabemos por que meios ele recebeu a resposta de Deus, mas seu conteúdo é muito claro: “Há culpa de sangue sobre Saul e sobre a sua casa” (2Sm 21:1).

1  Houve, em dias de Davi, uma fome de três anos consecutivos. Davi consultou ao SENHOR, e o SENHOR lhe disse: Há culpa de sangue sobre Saul e sobre a sua casa, porque ele matou os gibeonitas.
2  Então, chamou o rei os gibeonitas e lhes falou. Os gibeonitas não eram dos filhos de Israel, mas do resto dos amorreus; e os filhos de Israel lhes tinham jurado poupá-los, porém Saul procurou destruí-los no seu zelo pelos filhos de Israel e de Judá.
3  Perguntou Davi aos gibeonitas: Que quereis que eu vos faça? E que resgate vos darei, para que abençoeis a herança do SENHOR?
4  Então, os gibeonitas lhe disseram: Não é por prata nem ouro que temos questão com Saul e com sua casa; nem tampouco pretendemos matar pessoa alguma em Israel. Disse Davi: Que é, pois, que quereis que vos faça?
5  Responderam ao rei: Quanto ao homem que nos destruiu e procurou que fôssemos assolados, sem que pudéssemos subsistir em limite algum de Israel,
6  de seus filhos se nos dêem sete homens, para que os enforquemos ao SENHOR, em Gibeá de Saul, o eleito do SENHOR. Disse o rei: Eu os darei.  2Sam 21:1-6.

4. Por que os descendentes de Saul deveriam sofrer pela culpa de seu antepassado? Isso não contradiz

Os pais não serão mortos em lugar dos filhos, nem os filhos, em lugar dos pais; cada qual será morto pelo seu pecado. Deuteronômio 24:16, 
Naqueles dias, já não dirão: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram. Cada um, porém, será morto pela sua iniqüidade; de todo homem que comer uvas verdes os dentes se embotarão.  Jeremias 31:29, 30 
Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Que tendes vós, vós que, acerca da terra de Israel, proferis este provérbio, dizendo: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram? Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, jamais direis este provérbio em Israel. Eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai, também a alma do filho é minha; a alma que pecar, essa morrerá.  Ezequiel 18:1-4?

Esse é um assunto difícil e provoca debates entre os estudiosos. Onde está a justiça de Deus aqui? A justiça é algo coletivo ou individual? Alguns comentaristas sugerem que Davi usou a fome como desculpa conveniente para se livrar de possíveis rivais ao trono e que a resposta do Senhor em 2 Samuel 21:1 tenha sido uma espécie de manipulação inteligente das mensagens divinas para o interesse próprio de Davi; mas, no texto bíblico, não existe nenhuma indicação de que essa tenha sido sua motivação. O que o texto claramente afirma é que Saul procurou aniquilar os gibeonitas, que estavam ligados com os “amorreus”, os habitantes originais de Canaã antes de Israel tomar posse da Palestina.

O texto destaca um princípio muito importante das Escrituras: embora a salvação dependa de nossas decisões, nossas ações e escolhas afetam muitos ao nosso redor e nunca ocorrem em isolamento. Quando reis fiéis reinavam em Jerusalém, Judá seguia a lei de Deus e buscava viver de acordo com a vontade de Deus; por outro lado, reis infiéis derrubavam muitos em Israel.

Nos textos históricos do Antigo Testamento, não existe referência à tentativa de Saul de destruir os gibeonitas. Porém, o exemplo de vingança de Saul na cidade sacerdotal de Nobe (1Sm 21) sugere que Saul era capaz disso. Aparentemente, o zelo de Saul parece bom (afinal, os gibeonitas eram estrangeiros), mas a avaliação divina desse ato destaca a elevada consideração de Deus para a fidelidade e espera que honremos nossas promessas. Como veremos, Rispa nos dá (e ao rei Davi!) um exemplo de fidelidade.

15 Josué concedeu-lhes paz e fez com eles a aliança de lhes conservar a vida; e os príncipes da congregação lhes prestaram juramento.
16  Ao cabo de três dias, depois de terem feito a aliança com eles, ouviram que eram seus vizinhos e que moravam no meio deles.
17  Pois, partindo os filhos de Israel, chegaram às cidades deles ao terceiro dia; suas cidades eram Gibeão, Cefira, Beerote e Quiriate-Jearim.
18  Os filhos de Israel não os feriram, porquanto os príncipes da congregação lhes juraram pelo SENHOR, Deus de Israel; pelo que toda a congregação murmurou contra os príncipes.
19  Então, todos os príncipes disseram a toda a congregação: Nós lhes juramos pelo SENHOR, Deus de Israel; por isso, não podemos tocar-lhes.
20  Isto, porém, lhes faremos: Conservar-lhes-emos a vida, para que não haja grande ira sobre nós, por causa do juramento que já lhes fizemos.
21  Disseram-lhes, pois, os príncipes: Vivam. E se tornaram rachadores de lenha e tiradores de água para toda a congregação, como os príncipes lhes haviam dito. Js 9:15-21

Embora não entendamos completamente por que deveria haver fome por causa dos pecados de Saul, devemos nos lembrar de que nossas ações trazem consequências – sempre. Mas, como cristãos, devemos evitar cometer erros, não pelas potenciais consequências do ato, mas pela injustiça do ato em si. O que mantém você mais em linha: o medo das consequências de suas ações erradas ou o desejo de não agir de forma errada? 







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