domingo, 19 de dezembro de 2010

Rispa: A influência da fidelidade (estudo nº 09)





Ele o cobrirá com as Suas penas, e sob as Suas asas você encontrará refúgio; a fidelidade dEle será o seu escudo protetor (Salmo 91:4, NVI).

Leituras da semana: Dt 30:19; 2Sm 3:6-11; 21:1-9; Mc 13:13

A história de Rispa mostra uma mulher estranha desempenhando o papel de uma pessoa mais íntima. Só duas passagens bíblicas a mencionam explicitamente, e as duas estão relacionadas com o início do reinado de Davi, provavelmente antes de seu caso com Bate-Seba (2Sm 11). A maioria dos comentaristas da Bíblia concordam que 2 Samuel 21–24 não é uma sequência cronológica de 2 Samuel 20, mas traz informações adicionais que não se ajustam à linha histórica geral da vida de Davi.

Rispa existiu à margem da história do rei Davi. Sendo mulher e, ainda mais, sendo concubina de um rei anterior, poucas opções lhe restavam. De fato, suas perspectivas pareciam desoladoras e tristes. Seu dois filhos estavam mortos, a família estendida de seu falecido “marido” estava à beira da extinção. Apesar disso, em vez de ficar em um canto, lamentando sua má sorte, ela agiu com nobreza. Sua presença em dois momentos cruciais da história de Davi a tornaram alguém que fez um rei e edificou sua nação. Com Rispa, todos podemos aprender algo incrivelmente importante: a fidelidade não é condicionada por circunstâncias nem por boa (ou má) sorte. A fidelidade é o compromisso incondicional de fazer o que é certo, não importando o custo. 

                                         A concubina do rei

1.. No Antigo Testamento, existem muitas referências a concubinas. Que podemos aprender sobre elas?

Abraão deu tudo o que possuía a Isaque. Porém, aos filhos das concubinas que tinha, deu ele presentes e, ainda em vida, os separou de seu filho Isaque, enviando-os para a terra oriental.  (Gn 25:5, 6)

Teve Gideão setenta filhos, todos provindos dele, porque tinha muitas mulheres. A sua concubina, que estava em Siquém, lhe deu também à luz um filho; e ele lhe pôs por nome Abimeleque. (Jz 8:30, 31)

Tomou Davi mais concubinas e mulheres de Jerusalém, depois que viera de Hebrom, e nasceram-lhe mais filhos e filhas. São estes os nomes dos que lhe nasceram em Jerusalém: Samua, Sobabe, Natã, Salomão, Ibar, Elisua, Nefegue, Jafia, Elisama, Eliada e Elifelete. (2Sm 5:13-16)

mulheres das nações de que havia o SENHOR dito aos filhos de Israel: Não caseis com elas, nem casem elas convosco, pois vos perverteriam o coração, para seguirdes os seus deuses. A estas se apegou Salomão pelo amor. Tinha setecentas mulheres, princesas e trezentas concubinas; e suas mulheres lhe perverteram o coração. (1Rs 11:2-3) 

Frequentemente, as concubinas eram tiradas de entre as servas ou empregadas de uma família. Seu propósito expresso era produzir herdeiros, e, se produziam descendentes masculinos, seu status e posição social eram semelhantes às das esposas legítimas.
Os homens eram considerados maridos de suas concubinas
Então, respondeu o homem levita, marido da mulher que fora morta, e disse: Cheguei com a minha concubina a Gibeá, cidade de Benjamim, para passar a noite; (Jz 20:4)
e seus filhos apareciam nas genealogias
Betuel gerou a Rebeca; estes oito deu à luz Milca a Naor, irmão de Abraão. Sua concubina, cujo nome era Reumá, lhe deu também à luz filhos: Teba, Gaã, Taás e Maaca.   (Gn 22:23-24)

e recebiam parte da herança
Abraão deu tudo o que possuía a Isaque. Porém, aos filhos das concubinas que tinha, deu ele presentes e, ainda em vida, os separou de seu filho Isaque, enviando-os para a terra oriental. (Gn 25:5, 6).
É interessante notar que as concubinas apareciam principalmente no período patriarcal. Durante a primeira monarquia, as concubinas estavam relacionadas com as casas reais.
2. Que podemos aprender sobre Rispa e sobre suas circunstâncias naquele tempo específico? 
6  Havendo guerra entre a casa de Saul e a casa de Davi, Abner se fez poderoso na casa de Saul.
7 Teve Saul uma concubina, cujo nome era Rispa, filha de Aiá. Perguntou Isbosete a Abner: Por que coabitaste com a concubina de meu pai?
8  Então, se irou muito Abner por causa das palavras de Isbosete e disse: Sou eu cabeça de cão para Judá? Ainda hoje faço beneficência à casa de Saul, teu pai, a seus irmãos e a seus amigos e te não entreguei nas mãos de Davi? Contudo, me queres, hoje, culpar por causa desta mulher.
9  Assim faça Deus segundo lhe parecer a Abner, se, como jurou o SENHOR a Davi, não fizer eu,
10  transferindo o reino da casa de Saul e estabelecendo o trono de Davi sobre Israel e sobre Judá, desde Dã até Berseba.
11  E nenhuma palavra pôde Isbosete responder a Abner, porque o temia.
12  Então, de sua parte ordenou Abner mensageiros a Davi, dizendo: De quem é a terra? Faze comigo aliança, e eu te ajudarei em fazer passar-te a ti todo o Israel. (2Sm 3:6-12)

Rispa, cujo nome significa “brasa viva” (veja Is 6:6 - Então, um dos serafins voou para mim, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz), fazia parte da casa real de Isbosete (“homem de vergonha”), o único filho restante de Saul, que, com a ajuda de Abner, tinha sido feito rei sobre Israel e se mudara para o outro lado do Jordão, em Maanaim

8 Abner, filho de Ner, capitão do exército de Saul, tomou a Isbosete, filho de Saul, e o fez passar a Maanaim,
9  e o constituiu rei sobre Gileade, sobre os assuritas, sobre Jezreel, Efraim, Benjamim e sobre todo o Israel.
10  Da idade de quarenta anos era Isbosete, filho de Saul, quando começou a reinar sobre Israel, e reinou dois anos; somente a casa de Judá seguia a Davi.  (2Sm 2:8-10).

O simples fato de que o autor bíblico incluiu informações sobre o pai de Rispa (“filha de Aiá”) sugere que a família dela deve ter sido importante e que ela não era uma simples escrava. Ironicamente, o nome do filho de Saul aparece com outra forma na genealogia de Saul, como Esbaal, “homem de Baal (1Cr 8:33  Ner gerou a Quis; e Quis gerou a Saul; Saul gerou a Jônatas, a Malquisua, a Abinadabe e a Esbaal).

A forma usada em 2Sm 2:8-10 parece ser um sutil insulto do autor bíblico: o homem de Baal era um embaraço para a casa de Saul e, assim, um “homem de vergonha”.

As circunstâncias pessoais de Rispa estavam longe do ideal. Ela pertencia à casa de Saul e, embora o hábil general Abner estivesse sustentando Isbosete – o fraco descendente de Saul – sendo concubina de Saul, Rispa não tinha segurança. Seu destino parecia totalmente fora de suas mãos, determinado por forças e circunstâncias além de sua autoridade ou controle.

Jesus nos disse que, se um homem cobiçar uma mulher, em seu coração, já terá cometido adultério com ela (Mt 5:28 Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela). Porém, no Antigo Testamento, muitos homens de Deus tiveram concubinas. Como reconciliar esse fato com o que Jesus disse?

(Enquanto pensa em uma resposta, lembre-se de que só porque a Bíblia menciona que algo era praticado não significa que Deus aprovava nem que era o melhor caminho para se viver.)  





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