Objetivo – Mostrar como o grande conflito entre Cristo e Satanás foi revelado na história de Elias com a viúva de Sarepta.
Verdade– O grande conflito é visto em tudo que fazemos.
INTRODUÇÃO
Não sabemos nem o nome da pessoa cuja vida vamos estudar. Interessante, não? O certo é que Deus não teve a preocupação de registrar isso. Mas teve sim, a preocupação de nos deixar uma história tão bonita que é capaz de revelar o que está acontecendo no cenário do grande conflito entre Cristo e Satanás ao nosso redor e em nossa vida. Vamos considerar algumas informações que nos mostram como isso aconteceu nesse episódio vivido em Sarepta.
Essa cidade ficava na Fenícia a uns 13 Km ao sul de Sidon e a uns 22 ao norte de Tiro. Atualmente é uma cidade pequena no litoral do Mar Mediterrâneo conhecida como Sarafand. Para ali, Elias foi enviado por Deus e se encontrou com uma viúva que havia saído naquela manhã para apanhar alguns gravetos e assar o último pão que faria. Comeriam ela e o filho e, depois, aguardariam pacientemente a chegada da morte. Ao se encontrar com Elias, por providência divina, sua sorte foi mudada e ela e o filho viveram por muito tempo sendo alimentados com aquela farinha e aquele pouco de azeite que milagrosamente os sustentou. Na história dessa viúva, vemos a operação divina mostrando o amor do verdadeiro Deus e a luta desesperada de Satanás para manter suas vítimas no cativeiro e na ignorância que as conduzirão à morte.
Você acha que a pobreza, as dificuldades e as provas nos levam para longe de Deus, ou podem nos ajudar a vê-Lo melhor?
I. O início da história
As bases para a história da viúva de Sarepta são postas com os fatos que anteriormente envolveram a adoração a Deus ou a Baal. Acabe, o rei de Israel, se casou com uma mulher fenícia chamada Jezabel. Os habitantes da Fenícia e região adoravam o deus Baal. Ao se tornar princesa em Israel, Jezabel implantou oficialmente a adoração a Baal em todo território de Israel. Como os israelitas tinham sido desencaminhados pelo rei Jeroboão a praticar adoração nos altos e nos altares que ele fizera, a implantação da adoração a Baal foi apenas uma questão de tempo. Acrescente-se a isso o fato de que, embora Acabe fosse o rei, tinha “coluna vertebral de borracha” e quem governava de fato era Jezabel. O resultado foi que Jezabel mantinha centenas de profetas que alimentavam o povo com as superstições de Baal. Criam que Baal era capaz de dar a vida, e abandonaram quase completamente o Deus verdadeiro. Nessas circunstâncias, apareceu o profeta Elias diante de Acabe e profetizou a seca de três anos e meio. Veja os passos seguintes na vida de Elias:
– Elias se escondeu ao lado do ribeiro de Querite. Ali ele teve água e os corvos lhe trouxeram comida.
– Ellen White diz: “Durante algum tempo, Elias permaneceu oculto nas montanhas junto ao ribeiro de Querite. Ali, por muitos meses, ele foi miraculosamente provido com alimento. Mais tarde, quando, devido à estiagem o ribeiro secou, Deus mandou Seu servo procurar refúgio numa terra pagã. ‘Levanta-te’, Deus lhe ordenou, ‘e vai a Sarepta, que é de Sidom, e habita ali; eis que Eu ordenei a uma mulher viúva que te sustente’ (1Rs 17:8 e 9).
– Então, Elias partiu para o encontro da viúva. Ela já sabia que ele iria ao seu encontro. Deus já a havia preparado para esse momento.
Vejamos o desenrolar da história na sequência (1Rs 17:8 e 9):
– No fim do período de estiagem, algumas coisas aconteceram.
– Elias se apresentou novamente a Acabe. Note que Acabe o procurou por toda parte e não o encontrou. Ele jamais suspeitaria que Elias estivesse morando exatamente no centro da adoração de Baal – na região da Fenícia, terra de sua esposa.
– No fim da longa estiagem, o profeta convocou Acabe e todo povo ao Monte Carmelo e, ali, podemos ver com clareza a luta que estava sendo travada entre Cristo e Satanás.
Debater:
Esta história mostra que Deus trabalha com antecedência. Você é capaz de lembrar alguma história ou fato que aconteceu com você no qual Deus tomou providências ANTES mesmo que você soubesse do fato?
II. Quem era a viúva de Sarepta?
Como já dissemos acima, o nome da viúva não aparece, mas ela existiu. Naqueles idos, ser viúva era viver no abandono, no anonimato e no desprezo. Se tivesse filhos, poderia ter certa esperança de segurança. Mas se não os tivesse, uma vida de amargura era esperada. No caso estudado, a Bíblia menciona que a viúva tinha um filho. Pela descrição, tudo indica que fosse talvez um juvenil. A viúva estava com seus dias de vida contados. O relato diz que ela havia saído para apanhar uns gravetos a fim de cozinhar a última refeição quando se encontrou com Elias. O profeta lhe pediu água, e ela foi buscar. Isso era normal. Mas, numa época de seca, esse ato já indicava a generosidade da viúva. Então, Elias pediu que, ao preparar o alimento para ela e o filho, preparasse um bocado para ele PRIMEIRO. Note que o profeta não só queria tirar de uma pessoa que não tinha condições de dar, mas queria ser servido em primeiro lugar.
Em situação normal, ela teria dito que isso era impossível. Mas algo a fez saber que Elias era um adorador do Senhor (1Rs 17:12). Ela reconheceu que Elias era adorador de outro Deus. Como? Talvez:
– Pela vestimenta que ele usava;
– Pelo sotaque sulista dele;
– Pela aparência;
– Ou pelo comportamento de Elias.
Não importa qual tenha sido o meio. O importante é que ela reconheceu que Elias era um adorador de outro Deus que não Baal. E foi isso que fez a diferença. Ao pedir seu alimento, Elias assegura a ela a promessa divina de que seu alimento jamais acabaria. Você acreditaria numa conversa assim se não tivesse fé? Ela acreditou. A prova é que ela foi e fez como Elias havia pedido. E o Senhor cumpriu Sua promessa – O alimento não acabou enquanto a seca durou. Imagine que lindo quadro do amor de Deus! Em cada refeição preparada por aquela viúva, estava estampado o cuidado de Deus por eles. Cada vez que ela virava aquele azeite, dia após dia, ela sentia o cumprimento da promessa de Deus – O azeite não se acabará. E mais tarde, cada vez que ela beijava o filho antes de dormir, ela sentia a certeza do poder, da presença e do amor de Deus com eles. Eu creio que ela pensava: É, Baal jamais faria isso, mas Jeová demonstra isso cada dia. Então, quem foi essa viúva? Ela parecia ser um instrumento incomum para Deus. Não se tratava de uma israelita. Era uma viúva sem posição social e sem influência e poder. Ela mesma estava quase morrendo de fome. Mas, nas mãos de Deus, tornou-se um exemplo para nós. Mesmo quem não tem nada, pode dar tudo para o Senhor.
DEBATER:
Hoje há tantos viúvos, viúvas – alguns de maridos ou esposas vivos. Há órfãos reais e de pais vivos. Há solteiros por escolha deles ou por falta de escolha de outros, que vivem sozinhos. Que diremos do cuidado de Deus por essas pessoas?
3. A luta do bem contra o mal retratada passo a passo
Na história da viúva de Sarepta, vemos um quadro da luta entre Cristo e Satanás. Tudo começou alguns anos antes, quando Israel foi dividido geograficamente do pessoal do sul, onde estava o templo para adoração. E essa luta foi intensificada no enfrentamento dos profetas de Baal com Elias. E na vida da viúva, divisamos com clareza a luta de Satanás e seus anjos tentando levar as pessoas para longe de Deus. Seu objetivo é levar o povo a adorar qualquer coisa – menos Deus. Veja alguns lances que mostram esta luta do grande conflito nessa história:
– Deus ordenou que Elias fosse para Sarepta. Ali era o centro idolátrico do culto a Baal. Ali, no coração do reino de Satanás, Deus demonstraria Seu poder. Cada dia que alguém via um animal esquelético morrendo, as plantas secando sem vida e as pessoas morrendo por inanição, Deus estava dizendo a eles que esse Baal (o sol), que eles adoravam e acreditavam que dava a vida, estava de fato tirando a vida. Mas a vida da viúva e de seu filho estava sendo preservada pelo doador da vida, e não por Baal.
– Quando a mulher ouviu a promessa de que seu alimento não se acabaria, ela confiou. E ao crer na palavra de Elias, ela estava crendo em Jeová como o Deus verdadeiro e descrendo de Baal. Era Deus vencendo no grande conflito que estava sendo travado na mente dela.
– Dia após dia, ao ver a farinha e o azeite sendo renovados, a viúva acreditava na palavra de Deus. Os deuses cananeus, incluindo Baal, não cumpriam suas promessas. Mas o Deus Jeová, sim. Mais uma vitória para Deus.
– No palco da vida em que atuamos, vemos que a vida é injusta, dolorosa e se torna o campo de batalha onde se desenrola a luta cósmica entre Cristo e Satanás. Com base na teologia de Baal e dos deuses canaanitas, a morte do menino aparece no cenário como consequência de seus erros. Os deuses cobravam sacrifícios para serem aplacados. Inclusive sacrifícios humanos. A viúva expressou essa crença para Elias (1Rs 17: 18) Entretanto, Ellen White diz que “a viúva de Sarepta…tinha vivido à altura de toda a luz que possuía…” (Atos dos Apóstolos, p. 416). Porém, mais uma vez Jeová venceu ao trazer o menino de volta à vida. Ali estava uma demonstração em miniatura do evangelho: Deus não pede de mim justiça – porque não tenho. Mas Ele me cobre com a justiça de Cristo, com a qual me apresento diante de Deus.
– Ao receber o filho vivo, a mãe fez sua confissão de fé: “Agora sei que tu és um homem de Deus e que a palavra do Senhor em tua boca é a verdade” (1Rs 17:26). No conceito dela, os deuses canaanitas, incluindo Baal, eram deuses vingativos e arbitrários. Mas com a ressurreição de seu filho, ela viu que Jeová é compassivo e solidário com Seus filhos. Na luta do grande conflito na mente da viúva, mais uma vez, Deus foi vencedor.
DISCUTA O SEGUINTE:
Essa mulher revelou uma tremenda fé. Às vezes, você revela fé por opção. Exemplo: Você foi aprovado num concurso para o qual você lutou a vida toda. Então, a prova final cai num sábado. Você escolhe. Às vezes, o médico traz seu exame e diz: Você está com câncer. Você não tem escolha. Mas, ainda assim, você pode escolher que tipo de fé vai revelar. Pense noutros exemplos.
IV. A soberania de Deus revelada
Por que acontecem boas coisas às pessoas más e por que acontecem más coisas às pessoas boas? Não deveria ser diferente? As más pessoas deveriam colher o mal, e as boas, colher só o que é bom. Esse é o padrão da natureza, é a lei da vida. MAS NEM SEMPRE. Por que nem sempre? Vou lhe apresentar cinco respostas:
1 - Vivemos num mundo não redimido;
2 - Estamos rodeados de pessoas egoístas;
3 - Participamos ativamente no grande conflito entre Cristo e Satanás;
4 - Deus nos deu o livre arbítrio. Muitas vezes, fazemos aquilo que Ele não
aprova, mas Ele não nos impede por força.
5 - Além disso, há a soberania de Deus. Embora muitas coisas aconteçam contra Sua vontade soberana, Ele continua tendo o controle de tudo.
Exemplos: Deus não gostaria de ter visto Abel ensanguentado; Ele não queria ver divórcio. Ele gostaria de ver Salomão, Davi e outros tendo uma só esposa, Ele não fica feliz vendo criancinhas morrendo de fome e abandonadas por pais indiferentes, nem gostaria de ver uma viúva abandonada engolindo a última fatia de pão defronte dos gélidos braços da morte, etc. Mas, em Sua soberania, Deus tem o controle de tudo (Sl 103:19).
A soberania de Deus nessa história é vista nos seguintes pontos:
1. Ao ser Elias enviado para se refugiar nas terras pagãs da Fenícia, não foi porque Deus não poderia protegê-lo dentro do território de Israel. O Senhor estava mostrando, em Sua soberania, que a mensagem devia ir a todos, além das fronteiras israelitas.
2. Ao multiplicar a farinha e o azeite da viúva, Deus estava dizendo que Suas misericórdias, Seus dons e Seus milagres devem chegar a todas as partes. Ellen White diz: “Quando o ribeiro secou, Deus enviou o profeta a uma viúva de Sarepta, operando diariamente um milagre para manter alimentados Elias e a família da viúva” (Testimonies, v. 3, p. 288).
3. Ao ressuscitar o menino, Ele estava dizendo que Ele é soberano e que Sua soberania não tem fronteiras.
4. Uma lição que não pode ser esquecida é que Deus não está indiferente às nossas necessidades.
Embora seja verdade que, muitas vezes, a dor e o sofrimento são resultados direto das escolhas erradas que fazemos, também é verdade que muitas tragédias vêm por nenhuma razão aparente e, certamente, não por alguma culpa de nossa parte. Nesse caso, a viúva da nossa história nos ajuda. Ela talvez não fosse culpada pela tragédia que estava se abatendo sobre ela. Nesse caso, Deus tomou providências específicas e especiais. Mas, em outros casos semelhantes, as pessoas padeceram sem nenhuma intervenção especial de Deus. O que o Senhor deseja nos ensinar? Que, sendo Deus soberano, você deve confiar nEle sem reservas. Se os resultados forem bons, maravilhosos e até miraculosos, vibre. Mas, se forem diferentes, continue acreditando nEle, porque, no fim, Ele vai explicar a você que aquilo que ocorreu foi para seu bem. Ele é soberano. Sobre a soberania de Deus aprenda isto:
– Deus não está limitado por geografia. Elias atravessou a fronteira por ordem divina.
– Deus não está limitado por preconceitos humanos. Ele ama a todos.
– Nem mesmo a morte pode interferir nos propósitos de Deus.
PENSE E FALE:
Se recebo um castigo merecido, eu sofro, mas sei que sou responsável por isso. Mas quando eu faço tudo certinho e sou traído por alguém, ou desprezado ou desconsiderado, ou até mentem para que eu perca, qual é minha reação natural? E, depois de aprender sobre a soberania de Deus, como vou encarar isso agora?
Conclusão
O início desta história parecia sombrio. Uma mulher viúva e pobre, tentando o último suspiro para sobreviver mais alguns instantes, foi desafiada a dar seu último bocado a um estrangeiro que lhe fez uma promessa absurda (aos olhos humanos). Mas, como Deus trabalha com antecedência, o coração dessa viúva já havia sido abrandado pelo Espírito Santo para acreditar no mensageiro do Deus verdadeiro. “Dispõe-te, e vai a Sarepta, que pertence a Sidom, e demora-te ali, onde ORDENEI a uma mulher viúva que te dê comida” (1Rs 17:8-24; v. 8-9). Os resultados dessa entrega foram fantásticos:
– O profeta de Deus teve alimento durante o tempo da seca (1Rs 17:16).
– A vida da viúva e de seu filho foi preservada (1Rs 17:16).
– Ela viu o milagre da ressurreição em seu filho (1Rs 17:23).
– Jesus a menciona como uma figura especial no Antigo Testamento (Lc 4:25 e 26).
Veja algumas qualidades destacadas na vida dessa viúva que podem nos ajudar:
– Ela expressou uma fé pura, confiando no que não podia ver nem entender.
– Deus Se comunicou com ela (veja v. 9), e ela respondeu em fé, fazendo o que lhe havia sido mandado.
– Ela se entregou a Deus ao dar seu último pão, e Deus operou um milagre.
LEIA E APLIQUE PARA VOCÊ
“Assim [os israelitas] se separaram dos condutos por onde lhes podiam vir as bênçãos divinas. O Senhor passou por alto os lares de Israel, procurando refúgio para Seu servo numa terra pagã, junto a uma mulher que não pertencia ao povo escolhido. Essa mulher, porém, foi favorecida por haver seguido a luz que tinha, e seu coração se abriu à maior luz que Deus lhe enviou por intermédio de Seu profeta” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 238).
Ivanaudo Barbosa Oliveira é Secretário e Ministerial da União Nordeste-Brasileira.
BLOG DA ESPERANÇA O ENDEREÇO É http://franciscocarmo.blogspot.com/
ResponderExcluir