Adoração autêntica é a resposta sincera do cristão aos atos poderosos de Deus na criação e na redenção. Verdadeira adoração é nossa resposta ao amor de Deus e deve afetar todas as áreas de nossa vida. Adoração genuína não é somente o que fazemos ou deixamos de fazer no sábado. Ela deve permear todos os assuntos de nossa vida, em todos os dias da semana, e não apenas durante o sábado e na igreja.
Especialmente em nosso desejo de ser relevantes, é muito fácil mudar o foco da adoração, unicamente para nós mesmos, nossas necessidades, desejos e anseios. E embora a adoração deva ser pessoalmente satisfatória, o perigo surge na forma pela qual buscamos experimentar essa satisfação. Somente no Senhor, aquele que nos criou e redimiu, podemos encontrar verdadeira satisfação, tanto quanto isso é possível neste mundo pecaminoso.
Nesta semana, analisaremos um pouco mais a história de Israel, tanto as coisas boas que aconteceram quanto as ruins, tirando algumas lições sobre a verdadeira adoração.
Antes de ministrarem no santuário recém-inaugurado, os sacerdotes (Arão e seus filhos) se consagraram a Deus durante uma semana (Lv 8:35). Eles e suas vestes foram ungidos com o óleo da unção (8:30). Devem ter passado esse tempo em oração, confissão de pecados e estudando as normas divinas quanto às diferentes ofertas que seriam trazidas ao santuário e de como deveriam oferecê-las.
Ao oitavo dia (o dia seguinte aos sete dias de consagração) Arão e seus filhos ofereceram sacrifícios por si mesmos e pelo povo (Lv 9:8-22). Arão e Moisés “abençoaram o povo; e a glória do Senhor apareceu a todo o povo. E eis que, saindo fogo de diante do Senhor, consumiu o holocausto e a gordura sobre o altar; o que, vendo o povo, jubilou e prostrou-se sobre o rosto” (Lv 9:23, 24). O povo respondeu em uníssono com uma exclamação de louvor, e depois todos se prostraram sobre seus rostos em humildade, diante da glória da santa presença de Deus. Nesse incidente, percebemos intensa reverência, temor e obediência às orientações divinas.
A lição desse incidente é clara: consagração pessoal e consideração pelas orientações divinas são componentes indispensáveis da verdadeira adoração. Quando isso acontece, ela é aceita pelo Senhor.
Após sair “fogo de diante do Senhor” (Lv 9:24) e queimar o holocausto, em sinal de aprovação divina, houve outra ocasião em que também saiu “fogo de diante do Senhor” (Lv 10:2). Só que desta vez o fogo divino consumiu Nadabe e Abiú, dois dos filhos de Arão. No primeiro caso, o fogo consumiu a vítima oferecida em holocausto – símbolo do “fogo divino” ou da ira contra o pecado, manifestada na cruz, quando Jesus, que Se fez pecado em nosso lugar, recebeu sobre Si a ira divina que haveria de cair sobre nós, caso não nos arrependêssemos. No segundo caso, fogo divino queimou dois sacerdotes pecadores, que haviam entrado bêbados no santuário (conforme é inferido das orientações de Deus contra o uso de vinho, em Lv 10:8-11) e levado fogo estranho. Esse fogo divino que tirou a vida desses dois filhos de Arão é símbolo da ira de Deus contra os impenitentes, os quais serão destruídos por fogo após o milênio (Ap 20:9).
A lição da morte de Nadabe e Abiú mediante fogo divino á clara: Deus e Suas orientações devem ser levados a sério. Adoração diferente daquela requerida por Deus é levar “fogo estranho diante dEle”. Isso nos faz lembrar de Caim e de sua oferta de “frutos da terra” (Gn 4:3), e mostra que, por mais bem-intencionado que esteja o adorador, Deus só aceitará a adoração que estiver de acordo com Suas orientações. Com essas considerações em mente, deveríamos nos perguntar: Temos levado “fogo estranho” perante o Senhor em nossos momentos de adoração? (Por exemplo, com que tipo de música temos procurado adorar ao Senhor durante os cultos em nossa casa e também na igreja?).
Antes de morrer, Moisés se despediu dos israelitas com um longo discurso – todo o livro de Deuteronômio! Já bem no fim ele exclamou: “Feliz és tu, ó Israel! E, a seguir, deu as razões para a felicidade desse povo: “... povo salvo pelo Senhor, escudo que te socorre, espada que te dá alteza. Assim, os teus inimigos te serão sujeitos, e tu pisarás os seus altos” (Dt 33:29).
O reconhecimento por aquilo que Deus tinha feito pelos israelitas (salvação do cativeiro, cuidado e proteção ao longo dos quarenta anos de caminhada pelo deserto) era elemento fundamental na adoração. Deus devia ser adorado em reconhecimento de Sua grandeza (afinal, Ele abrira o mar Vermelho diante do povo de Israel) e em gratidão pelas bênçãos outorgadas a Seu povo (só para mencionar uma: o maná caiu do céu por todos aqueles quarenta anos). E hoje não deve ser diferente: Devemos adorar a Deus pelas mesmas razões que tiveram os israelitas: reconhecimento pela grandeza de Deus e pelas bênçãos que Ele bondosamente derrama sobre nós.
Nos primeiros capítulos de 1Samuel (1 e 2) lemos a tocante história de Ana, uma das esposas de Elcana, que era estéril (naquele tempo havia a prática da poligamia). Além de não ter a alegria de ser mãe, Ana tinha que conviver com o estigma de ser vista como amaldiçoada por Deus – assim eram consideradas as mulheres estéreis.
Depois de uma fervorosa e quase desesperada oração diante do Senhor, no santuário em Siló (1Sm 1:10) e do solene voto de devolver ao Senhor o filho, caso o tivesse (ISm 1:11), Ana voltou para casa e ficou grávida (ISm 1:19, 20).
No tempo devido, Ana teve um filho, ao qual deu o nome de Samuel (“Deus ouviu”). Cumpriria Ana seu voto ao Senhor de Lhe devolver o filho? (E não temos nenhuma informação de que Ana soubesse que teria outros filhos!). Mas ela o devolveu, tão logo ele foi desmamado (ISm 1:24-28). Nesse sentido ela imitou Deus, ao entregar Seu Filho único (Jo 3:16), para a salvação da humanidade.
No momento da entrega de Samuel por parte de Ana e seu marido, é-nos dito que “eles adoraram ali o Senhor” (1Sm 1:28). Adoraram entregando o que de melhor eles tinham, mesmo com imenso sacrifício pessoal. Isso mostra que adoração não é mera questão de gosto e conveniência pessoal. Ana chegou diante do Senhor em uma atitude de completa entrega (afinal, que sacrifício maior poderíamos encontrar do que a disposição de entregar o próprio filho?). A verdadeira adoração envolve a disposição de entregar tudo o que temos e somos para a exaltação do nome de Deus e para a expansão de Seu reino neste mundo.
“Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros. Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a obstinação é como a idolatria e culto a ídolos do lar” (1Sm 15:22, 23).
As palavras desses versos foram endereçadas ao rei Saul, após o cumprimento apenas parcial das ordens de Deus para que esse rei exterminasse completamente os amalequitas.
“Deus tinha planejado usar Israel para trazer juízo sobre os amalequitas, uma nação perversa. Em Sua misericórdia, Deus havia adiado a punição por cerca de três séculos. Apesar da instrução explícita sobre o que fazer, Saul desobedeceu abertamente (1Sm 15:1-21), e colheria as consequências de suas ações. A resposta de Samuel a Saul, nos versos 22 e 23, nos ajuda a entender melhor o que é a adoração verdadeira.
“1. Deus prefere nosso coração às nossas ofertas (Se Ele tem realmente nosso coração, as ofertas serão o resultado).
“
“3. Ser obstinado, insistir em nosso próprio caminho, é idolatria, porque transformamos em deus a nós mesmos, nossos desejos e opiniões.” (A parte entre aspas é comentário extraído da lição.)
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