quarta-feira, 2 de março de 2011

Inveja (comentário ao estudo nº 10)





Objetivo:

Compreender que a submissão a Deus e aos Seus planos é a única salvaguarda contra o perigo de condescender com a inveja.

Verdade:
A inveja destrói a paz e a alegria características da vida cristã e cega a pessoa, tornando-a refém de seus impulsos. A submissão ao Pai, seguindo a humildade de Jesus representa a vitória sobre esse grande mal.

Introdução
A inveja é o tipo mais antigo de pecado (Is 14:14) e afeta a saúde física, social e espiritual (Pv 14:30). A pessoa que permite que ela se instale no coração desenvolve uma compreensão equivocada de si e dos outros e nutre um sentimento de crítica, ódio e perseguição. Este estudo permite compreender como a inveja se desenvolve e os recursos divinos à nossa disposição para evitá-la e vencê-la.

I. Os fundamentos da inveja
A primeira pessoa que experimentou e nutriu inveja foi Lúcifer, quando desejou receber no Céu a mesma honra devida a Jesus (E. G. White, Primeiros Escritos, p. 145). Isso fez com que o orgulho e egoísmo dominassem seus pensamentos e ações, e logo o seu desejo foi o de ocupar o lugar de Deus (Is 14:14). A inveja é definida como uma vontade frustrada de possuir os atributos ou qualidades de outra pessoa. A psicologia a considera uma das manifestações do mecanismo de defesa conhecido como formação reativa, que é uma forma equivocada de lidar com a própria condição quando comparada com a condição do outro, desejando ser como ele, apesar de negar isso para si e para os demais. É, portanto, doentia.

Ellen G. White nos lembra que “a inveja causou a primeira morte em nosso mundo. ... Todo egoísmo vem de Satanás” (Exaltai-O [MM 1992], p. 293). Precisamos vencer esses maus sentimentos e nutrir o coração com o verdadeiro amor que vem de Deus. Ellen G. White afirma: “Os que amam a Deus não podem abrigar ódio nem inveja. Quando o princípio celestial do eterno amor enche o coração, ele flui para outros, não meramente porque favores são recebidos deles, mas porque o amor é o princípio da ação e modifica o caráter, governa os impulsos, controla as paixões, subjuga inimizades, eleva e enobrece as afeições.

Para refletir:
Alguma vez você já se sentiu prejudicado (a) pela inveja de alguém?

II. A inveja nas relações familiares
Desde a entrada do pecado, convivemos com o sério problema da rivalidade entre os membros da família. Grande parte desse problema poderia ser resolvida se a inveja fosse controlada, e em seu lugar estivessem o amor e o respeito. Os irmãos de José vivenciaram esse conflito. Permitindo que a inveja dominasse suas ações, cometeram a insensatez de fazer mal ao seu irmão, desconsiderando o impacto de suas decisões sobre o pai deles. O remorso os perseguiu depois, até que viram a atitude perdoadora de José, que lhes disse: “Não tenham medo. Estaria eu no lugar de Deus?” (Êx 50:19).

Em certo sentido, José representou Jesus que, mesmo sendo vendido por seus irmãos, não os condenou, mas deu-lhes a oportunidade de recomeçar sua trajetória, buscando o caminho da justiça e do amor que vem de Deus.

Para refletir:
O que é possível fazer para que a rivalidade dê lugar ao amor fraterno em nosso lar?

III. A inveja de Saul
Embora tivesse, a princípio, uma disposição favorável a Davi, Saul se demonstrou depois muito hostil a ele, perseguindo-o com o propósito de o matar. Essa mudança não se deu de uma hora para outra, mas gradualmente, na proporção em que Saul nutria a inveja no coração. Aparentemente, o problema começou quando o aplauso popular desviou-se dele para Davi. Era-lhe muito pesaroso ver o nome de Davi em evidência, e o dele em aparente esquecimento. Por isso, passou a tê-lo como rival e inimigo. Esse problema sempre estará presente onde existirem pessoas com inveja.

O invejoso espalha veneno aonde quer que vá, separando amigos e suscitando ódio e rebelião contra Deus e as pessoas. Procura ser considerado o melhor e o maior, não mediante heróicos e abnegados esforços por alcançar o alvo da excelência, mas sim ficando onde está e diminuindo o mérito dos outros” (Testemunhos Para a Igreja, v. 5, p. 56).

De Saul podemos compreender que a inveja produz uma série de sentimentos ruins como: autoestima baixa, ódio, suspeita, medo, culpa e ira. Mas a pior consequência é o afastamento de Deus, que Saul infelizmente experimentou. Ellen G. White afirma que “o ciúme leva o homem a desconfiar do outro procurando privá-lo de vantagens e posição. Saul possuía ambos, ciúme e inveja” (Signs of the Times, 2 de novembro de 1888).

Para refletir:
O que você sente quando um amigo lhe fala de suas conquistas pessoais, profissionais ou materiais? Você é capaz de se alegrar com o sucesso dos outros?

V. A inveja contra Jesus
Jesus também foi alvo da inveja dos líderes religiosos de Seus dias (Mt 27:18). A visão inovadora que Ele apresentava da vida religiosa e de Deus era muito diferente da religião fria e legalista que eles adotavam. Ele era admirado e respeitado pelo povo, ao contrário deles, que eram temidos. A grande influência de Jesus sobre o povo e Seu caráter justo os incomodava muito.

Em sua origem, a palavra inveja significa “não ver” (do latim “invedere”). Por isso, retrata bem o que ocorre com a pessoa invejosa, que não consegue ver as pessoas, nem a si mesma, de maneira correta. Os líderes judaicos estavam tão possuídos por esse terrível sentimento que não conseguiam ver Jesus como Filho de Deus, o Salvador, nem Seus ensinos como verdadeiros. Perderam a chance da salvação, morrendo na perdição.

A este grau a inveja e o preconceito amargo levam seus escravos. Ao rejeitar Cristo, os fariseus se colocaram onde trevas e superstição se fecharam em torno deles, aumentando continuamente o ódio e a incredulidade. Estavam prontos para manchar as mãos de sangue a fim de cumprir seus objetivos profanos, e tirariam mesmo a vida de quem tinha poder infinito para Se erguer da sepultura. Eles se colocaram onde nenhum poder, humano ou divino, poderia alcançá-los. Pecaram contra o Espírito Santo, e Deus não tinha reservado poder para resolver seu caso. Sua rebelião contra Cristo era decidida. Eles não teriam este homem, Jesus, para reinar sobre eles” (Signsof the Times, 9 de outubro de 1879).

Conclusão
O amor de Deus em nosso coração é a salvaguarda de que necessitamos para que não sejamos apanhados na armadilha da inveja. Só ao pé da cruz podemos encontrar nosso real valor e o de nosso semelhante, sendo capazes de considerá-lo e a nós mesmos pelo preço que foi pago pelo nosso Pai eterno: o sangue de Cristo. 


Noel José Dias da Costa é psicólogo e pastor, mestre e doutor em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em Teologia pelo SALT-UNASP-EC. Atua como professor, psicólogo e auxiliar da Associação Ministerial no Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP-SP). É casado com a pedagoga Erenita M. S. da Costa, e pai de Tiago e Ana Cristina.




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