Essa relação tem provado ser especificamente delicada em relação à organização, planejamento e liderança da missão. Daí a relevância deste estudo reconhecendo a total harmonia entre o ser humano e o Ser divino em todas as etapas da missão, para que o corpo de Cristo tenha verdadeira liberdade para ministrar. O objetivo do estudo desta semana é entender como a estrutura da missão influencia os membros da igreja a descobrir maneiras práticas de traduzir a teoria do testemunho em um compromisso pessoal de testemunhar ativamente.
A maioria das iniciativas missionárias da história, à medida que cresceram e se desenvolveram, contaram com algum tipo de organização. Como tem sido observado, no segundo estágio de qualquer movimento, após a introdução e o arranque inicial, durante a fase de intenso crescimento, a organização acontece como um processo natural. No caso da igreja adventista, não foi diferente. Logo no seu início Deus, deu instruções para a organização da igreja. Hoje, tipicamente, existe a organização do trabalho evangelístico em todos os níveis da Igreja.
Os líderes da igreja local, portanto, têm o desafio contínuo de manter a organização atualizada, ágil e fiel aos propósitos evangelísticos de Deus. Por um lado, a má organização pode engessar o impulso missionário e o processo de planejamento e organização das atividades. A igreja se torna ainda mais ineficaz quando quase não existe organização. Algumas tendências emergentes, hoje, apontam para essa última opção. É importante buscar meios de manter a organização eficiente, em vez de desorganizar a missão.
A responsabilidade da igreja local inclui descobrir onde e como cada membro pode contribuir nas estratégias de testemunho e evangelismo da igreja de acordo com os dons do Espírito e o contexto no qual está inserida a igreja. Estratégias missionárias inteligentes evitam a duplicação do trabalho, buscam novos focos para a mensagem adventista, utilizam os meios da melhor forma, se contextualizam e estão atentas aos recursos mais eficientes.
C. Peter Wagner ressalta a fidelidade e a função do mordomo como princípios importantes para a organização da missão. De forma simples, ele argumenta: “já que sabemos que a vontade do Mestre é fazer discípulos de todas as nações, temos a responsabilidade, como bons administradores, de usar os recursos que Ele nos deu para realizar essa tarefa” (Perspectivas, p. 567).
“Deve ser realizada na igreja uma obra bem organizada, para que seus membros saibam como comunicar a luz a outros e assim fortalecer a própria fé e aumentar seu conhecimento. Ao repartirem o que de Deus receberam, serão firmados na fé. A igreja que trabalha é igreja viva” (Ellen G. White, Testemunhos Seletos, v. 3, p. 68).
Muitos estudos têm demonstrado os propósitos do ministério de Jesus e Sua intencionalidade em termos de público-alvo, planejamento geográfico, intensidade no treinamento dos discípulos, oportunismo na Sua revelação como Filho de Deus e progressividade nos passos do plano salvífico. Coleman salienta quatro aspectos amplos:
(1) O objetivo de Jesus era claro. Jesus esteve concentrado em Sua missão de salvar (Lc 2:49). A encarnação era o desdobramento no tempo exato do plano que Deus tinha traçado desde o princípio (Gl 4:4). Ninguém seria excluído do Seu propósito salvífico (Jo 4:42).
(2) Sua meta era a vitória. Sua vida seguiu princípios condizentes com Seus objetivos. Tudo o que fez e disse era parte de um todo que tinha significância e contribuía para o propósito final.
(3) Seu método incluía os recursos humanos. Essa metodologia ficou ainda mais evidente quando Jesus começou a recrutar os discípulos. O passo seguinte foi passar muito tempo com eles como parte do seu “treinamento” para que fossem obedientes e leais.
(4) A estratégia se desenvolveu a partir da inauguração do Seu reino. Em vez de impressionar as multidões, o objetivo principal dEle era reunir pessoas que liderassem esse movimento que alcançaria a todos (Jo 17:20, 21, 23). Através do Espírito Santo, a multiplicação de discípulos faria Seu reino crescer e levaria o anúncio do evangelho a todo o mundo.
Paulo utilizou princípios estratégicos semelhantes: (1) Paulo tinha um plano: aonde ele queria ir e por quê; (2) Paulo trabalhava
Apesar dos modelos bíblicos, várias incompreensões a respeito do planejamento são observáveis na prática. Eis os argumentos principais:
Ellen G. White destaca a correta relação entre Deus e Seus filhos quanto ao planejamento: “Não nos esqueçamos de que, ao aumentarmos a atividade, seremos bem-sucedidos em fazer a obra que tem de ser realizada e há o perigo de confiar em planos e métodos humanos. Haverá tendência para orar menos, e ter menos fé. Correremos o perigo de perder o senso de nossa dependência de Deus, o único que pode fazer com que nosso trabalho seja bem-sucedido; mas se bem que essa seja a tendência, que ninguém pense que o instrumento humano tenha de fazer menos. Não, ele não tem de fazer menos, porém mais, mediante a aceitação do celeste dom, o Espírito Santo” (Serviço Cristão, p. 98).
A Bíblia está repleta de exemplos de líderes que se empenharam para desenvolver respostas estratégicas às circunstâncias em prol do cumprimento da missão. Alvin Reid (Evangelism Handbook) sugere sete princípios para a liderança missionária inspirados no exemplo de Jesus e nos ensinamentos bíblicos:
(1) Lidere com confiança no chamado de Deus. O ambiente do evangelismo é uma luta entre o bem e o mal, que não hesitará em usar todos os tipos de circunstâncias e pessoas para questionar sua capacidade como instrumento de Deus.
(7) Lidere pelo seu caráter. Somente esse princípio garantirá sua influência em situações diversas.
Como líder é importante responder estas perguntas: minha liderança tem influenciado positivamente para que as pessoas se envolvam na missão? Elas são testemunhas mais eficientes em função disso?
O grande líder Conde Nikolaus von Zinzendorf (1700-1760) resumiu sua ambição em uma frase: “Tenho uma paixão: é Ele, somente Ele”. Zinzendorf transformou sua paixão em realidade ao renovar o movimento Morávio. Antes mesmo que os movimentos missionários modernos existissem, os morávios estabeleceram igrejas além-mar e chegaram a ter três vezes mais membros lá do que nas igrejas que os enviaram. Um em cada 92 morávios serviu como missionário intercultural. Assim, no século 18, num período de 20 anos, a igreja dos morávios enviou mais missionários para o mundo do que todas as igrejas protestantes em 200 anos! (Oswald Sanders, Spiritual Leadership, p. 14)
“Carecemos hoje de Neemias na igreja - não de homens capazes de pregar e orar apenas, mas de homens cujas orações e sermões sejam animados de firme e sincero propósito. O procedimento seguido por esse patriota hebreu na realização de seus planos devia ser ainda adotado pelos pastores e dirigentes. Havendo eles delineado seus planos, deveriam expô-los perante a igreja de maneira que lhes atraísse o interesse e a cooperação. Fazei que o povo compreenda os planos e tome parte na obra, e hão de se interessar pessoalmente em sua prosperidade. O êxito que acompanhou os esforços de Neemias mostra o que podem realizar a oração, a fé e uma ação sábia e enérgica” (Ellen G. White, Serviço Cristão, p. 177).
Nenhum comentário:
Postar um comentário