domingo, 5 de agosto de 2012

Amigos para sempre (comentário ao estudo nº 06)



13 Outra razão ainda temos nós para, incessantemente, dar graças a Deus: é que, tendo vós recebido a palavra que de nós ouvistes, que é de Deus, acolhestes não como palavra de homens, e sim como, em verdade é, a palavra de Deus, a qual, com efeito, está operando eficazmente em vós, os que credes.
14 Tanto é assim, irmãos, que vos tornastes imitadores das igrejas de Deus existentes na Judéia em Cristo Jesus; porque também padecestes, da parte dos vossos patrícios, as mesmas coisas que eles, por sua vez, sofreram dos judeus,
15 os quais não somente mataram o Senhor Jesus e os profetas, como também nos perseguiram, e não agradam a Deus, e são adversários de todos os homens,
16 a ponto de nos impedirem de falar aos gentios para que estes sejam salvos, a fim de irem enchendo sempre a medida de seus pecados. A ira, porém, sobreveio contra eles, definitivamente.
17 Ora, nós, irmãos, orfanados, por breve tempo, de vossa presença, não, porém, do coração, com tanto mais empenho diligenciamos, com grande desejo, ir ver-vos pessoalmente.
18 Por isso, quisemos ir até vós (pelo menos eu, Paulo, não somente uma vez, mas duas); contudo, Satanás nos barrou o caminho.
19 Pois quem é a nossa esperança, ou alegria, ou coroa em que exultamos, na presença de nosso Senhor Jesus em sua vinda? Não sois vós?
20 Sim, vós sois realmente a nossa glória e a nossa alegria!
1 Pelo que, não podendo suportar mais o cuidado por vós, pareceu-nos bem ficar sozinhos em Atenas;
2 e enviamos nosso irmão Timóteo, ministro de Deus no evangelho de Cristo, para, em benefício da vossa fé, confirmar-vos e exortar-vos,
3 a fim de que ninguém se inquiete com estas tribulações. Porque vós mesmos sabeis que estamos designados para isto;
4 pois, quando ainda estávamos convosco, predissemos que íamos ser afligidos, o que, de fato, aconteceu e é do vosso conhecimento.
5 Foi por isso que, já não me sendo possível continuar esperando, mandei indagar o estado da vossa fé, temendo que o Tentador vos provasse, e se tornasse inútil o nosso labor.
6 Agora, porém, com o regresso de Timóteo, vindo do vosso meio, trazendo-nos boas notícias da vossa fé e do vosso amor, e, ainda, de que sempre guardais grata lembrança de nós, desejando muito ver-nos, como, aliás, também nós a vós outros,
7 sim, irmãos, por isso, fomos consolados acerca de vós, pela vossa fé, apesar de todas as nossas privações e tribulação,
8 porque, agora, vivemos, se é que estais firmados no Senhor.
9 Pois que ações de graças podemos tributar a Deus no tocante a vós outros, por toda a alegria com que nos regozijamos por vossa causa, diante do nosso Deus,
10 orando noite e dia, com máximo empenho, para vos ver pessoalmente e reparar as deficiências da vossa fé?
11 Ora, o nosso mesmo Deus e Pai, e Jesus, nosso Senhor, dirijam-nos o caminho até vós,
12 e o Senhor vos faça crescer e aumentar no amor uns para com os outros e para com todos, como também nós para convosco,
13 a fim de que seja o vosso coração confirmado em santidade, isento de culpa, na presença de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus, com todos os seus santos 1Ts 2:13–3:13.

Vou tentar subdividir a passagem a ser estudada nesta semana em tópicos, montando um pequeno esboço. Penso que isso ajudará você na compreensão de seu conteúdo.

Capítulo 2:13-16 – como os tessalonicenses receberam o evangelho:
1. Paulo deu graças a Deus porque eles receberam sua mensagem como a própria palavra divina. Eles souberam sofrer por sua fé a exemplo das igrejas da Judeia, perseguidas pelos judeus (v. 13, 14).
2. O ódio dos judeus foi o mesmo que causou a morte do Senhor, dos profetas e ainda perseguiu os discípulos. Isso tornou os judeus culpados e provocou a ira de Deus sobre eles (v. 15, 16).

Capítulo 2:17-20 – O desejo do apóstolo de se encontrar novamente com os tessalonicenses.
1. Paulo quis por duas vezes voltar a estar junto com os irmãos de Tessalônica (v. 17, 18).
2. Eles são sua alegria e sua coroa de glória para a vinda do Senhor (v. 19, 20).

Capítulo 3:1-5 - continuação - Paulo enviou Timóteo a Tessalônica.
1. Há duas razões para este envio: o apóstolo não mais podia suportar a falta de notícias da jovem igreja e, em segundo lugar, esperava que Timóteo confirmasse seus membros na fé e os exortasse (v. 1-3).
2. Paulo havia predito tribulações e sofrimento a seus irmãos, e os admoestou a não se desanimarem para que seu trabalho não se tornasse inútil (v. 4, 5).

Capítulo 3:6-13 – O regresso de Timóteo; consolo, alegria e votos do apóstolo.
1. As boas notícias trazidas por Timóteo confortaram plenamente Paulo (v. 6-8).
2. O apóstolo ofereceu a Deus profundas ações de graças e orou a fim de que se abrisse o caminho para que ele voltasse a Tessalônica. Pediu também a Deus que seus irmãos fossem mantidos irrepreensíveis para a vinda do Senhor Jesus (v. 9-13). (Fonte: Bonnet e Schroeder, Comentário del NT).

O exemplo da Judeia (2:13-16)
O versículo 13 tem algumas importantes afirmações. A mensagem dos missionários era de Deus. Embora transmitida por agentes humanos, o evangelho vem de Deus. Deve ser tanto ouvido quanto aceito. “Tendo vós recebido”, termo usado com relação a receber um hóspede. Esse receber resulta em algo que se torna um poder ativo que “continua atuando” naqueles que “continuam crendo” (dois verbos no tempo presente indefinido). A eficácia da Palavra se comprova no cristão por meio da fé. Isso quer dizer que a Palavra de Deus somente é de proveito quando está acompanhada de fé por parte dos que a ouvem e aceitam (F. F. Bruce, Comentário Bíblico NVI).

As igrejas cristãs formadas por judeus haviam sofrido cruéis perseguições dos dirigentes judeus, que rechaçaram a mensagem evangélica. Ao olhar para sua experiência e a da igreja nas mãos dos judeus, Paulo viu que a hostilidade deles era continuação de sua atitude perseguidora ao longo de toda a história (veja o discurso de Estêvão em Atos 7). A amargura do apóstolo sugere que a perseguição em Tessalônica, embora realizada pelos gentios, foi instigada pelos judeus (At 17:5-9). Portanto, as duas comunidades cristãs, uma na Palestina e outra na Macedônia, poderiam ter uma simpatia mútua porque haviam passado pelas mesmas dificuldades.

Esses perseguidores, porém, estavam “enchendo a medida de seus pecados” (v. 16). No original grego, o termo é “anapleróo”, “encher plenamente”, “encher até a borda”. Quando os judeus rejeitaram a salvação em Cristo e impediram outros de se beneficiarem do sacrifício do Salvador, encheram “até a borda” a medida de seus pecados. Eles não vão escapar do juízo divino (Seventh Day Adventist Bible Commentary [Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia], v. 7, p. 244).

A esperança e a alegria de Paulo (2:17-20)
Aqui começa uma nova seção, que se estende até 3:13, em que Paulo expressou seu relacionamento com os tessalonicenses. Ele explicou que o fato de não retornar para vê-los era involuntário, apesar de os inimigos o haverem acusado de falta de interesse. Paulo atribuiu esse impedimento a mais uma das obras deletérias de “Satanás, que nos barrou o caminho”.

“Privados da companhia de vocês” (v. 17), o texto grego diz, literalmente, “tornados órfãos”. Impressiona-me constatar a que ponto chega a ternura de um pastor por suas ovelhas. Paulo não economizou metáforas para expressar seu amor pelos tessalonicenses. Eles estavam “separados apenas no corpo, não no coração” (A Mensagem). Longe de seus olhos, mas bem perto de seu coração.

O versículo 17 ainda traz a expressão “esforçamo-nos ainda mais”, que “combina as ideias de velocidade e diligência” (Morris).

Calvino comentou: “Nosso sentimento de ligação com alguém deve ser muito forte quando achamos difícil esperar [um reencontro] mesmo que [por] um tempo muito breve.” O que Paulo sentia, talvez fosse o equivalente ao que entendemos hoje por esse difuso sentimento humano que a palavra portuguesa “saudade” tenta explicar. Eugene Peterson traduz com as seguintes palavras: “Prezados amigos, vocês não têm ideia da saudade que sentimos de vocês, embora não tenha passado tanto tempo” (A Mensagem).

Ao usar, pela primeira vez nessa carta, a primeira pessoa do singular (v. 18), o apóstolo destacou a profundidade de sua afeição.

A palavra grega “parousia” (“vinda”), que aparece no verso 19, é usada seis vezes nas duas cartas aos tessalonicenses para a segunda vinda de Cristo. Paulo usou o termo com esse sentido somente uma vez mais, em 1 Coríntios 15:23. A vinda de Cristo é apresentada como o momento em que será revelado o fruto das nossas obras de fé. A alegria e a coroa de Paulo naquele dia serão seus amados filhos espirituais, convertidos por meio de seu ministério (Nota de rodapé da Bíblia de Genebra).

A visita do substituto de Paulo (3:1-5)
Lembre-se de que Paulo ficou sozinho desde o tempo em que foi obrigado a deixar a Macedônia, até que Silas e Timóteo se juntaram a ele em Corinto (At 17:14–18:5). Mas estes versos aos tessalonicenses sugerem que ao menos Timóteo, o encontrou em Atenas. Quando Paulo chegou à capital grega, logo percebeu a grande oportunidade apresentada pela culta metrópole pagã e sentiu a necessidade de ter fiéis ajudantes. Por isso, enviou aos companheiros Silas e Timóteo a ordem de “que, o mais depressa possível, fossem ter com ele” (At 17:15).

O texto, objeto de nosso estudo hoje, ainda sugere que Timóteo tenha sido enviado de regresso a Tessalônica quase imediatamente, para ajudar a igreja ali. Deve ter sido muito difícil para Paulo tomar essa decisão que o fez permanecer totalmente só em Atenas. O sacrifício que o apóstolo estava disposto a fazer, privando-se de Timóteo e sua ajuda, indica que as necessidades dos tessalonicenses eram urgentes.

A importância da missão de Timóteo é destacada pelo fato de ele ser recomendado com tanta ênfase como 
nosso irmão Timóteo, ministro de Deus no evangelho de Cristo”.  Ele deveria “fortalecer” (literalmente servir de pilastra) e “encorajar” os tessalonicenses em sua fé.

O resultado da visita de Timóteo (3:6-10)
O relatório apresentado por Timóteo, dando conta da fé inabalável dos irmãos em Tessalônica, do amor deles pelo apóstolo e o desejo de vê-lo outra vez, deu a Paulo grande alegria. Esse fato o levou a escrever-lhes imediatamente.

A expressão “boas notícias” é normalmente aplicada à pregação do evangelho. Tão grande foi o contentamento de Paulo diante do que ouviu que a usou aqui. Ele estava sofrendo “privações e tribulação” (v. 7), mas foi encorajado pelas “boas notícias” que Timóteo lhe deu.

“Agora vivemos” (v. 8); Phillips traduz assim: “um sopro de vida para nós”. Esse interesse apaixonado pelos seus filhos espirituais é típico de Paulo; isso tanto demonstra quanto explica seu sucesso como evangelista e pastor. Mais: sua alegria não conduz à autossatisfação, mas à gratidão, 
pois que ação de graças podemos tributar a Deus no tocante a vos outros? (v. 9).

Como seria nossa igreja se seguíssemos de perto o exemplo do maravilhoso pastor que foi Paulo?

Orações renovadas de Paulo (3:11-13)
Aqui o apóstolo registra uma oração específica. Em sua oração ele procurou uma bênção para si mesmo (v. 11) e para eles, os conversos tessalonicenses (v. 12), tendo em mente o advento de Cristo.

O fato de que Deus e Cristo sejam mencionados juntos, destaca a unidade desses dois membros da Divindade. Satanás havia colocado obstáculos no caminho de Paulo. Por essa razão, o apóstolo recorreu ao Pai e a Cristo, pedindo-Lhes que removessem todos os empecilhos e tornassem possível que ele e seus companheiros visitassem outra vez Tessalônica.

Escreveu Ellen White: “
Cada um de nós deve construir uma estrutura que deve estar sujeita ao escrutínio do Juiz de toda a Terra. Essa estrutura, que deve se fortalecer diariamente, é nosso caráter; e todo ato – sim, todo pensamento e palavra de nossa vida – é uma pedra na construção. Se, dia após dia, estivermos construindo em nossa vida a nobreza, ações honestas, pensamentos puros, e feitos de bondade, não seremos envergonhados quando a estrutura for avaliada pelo Senhor Jeová; pois será como majestoso templo que permanece firme para sempre” (The Bible Echo, 1/6/1887).

A obra da santificação já iniciada nos crentes é conduzida à sua plenitude gloriosa na segunda vinda do Senhor. Isso indica o nobre ideal a que Cristo conduz Seus filhos. Capacita-os de tal modo a viver vidas santas, inculpáveis, para que possã apresentar-se sem mancha diante do Juiz do Universo. ‘Irrepreensíveis em santidade’ representa a norma ética e espiritual máxima. O apóstolo crê que uma norma tal pode ser alcançada mediante a graça que Cristo proporciona àqueles Seus seguidores que crescem constantemente em amor. Crer menos que isso seria negar o evangelho” (Seventh Day Adventist Bible Commentary [Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia], v. 7, p. 249).

Que o Senhor possa enchê-los de amor, e que ele transborde na vida de cada um, derramando-se sobre todos ao redor, assim como o nosso amor se derrama sobre vocês. Que vocês sejam cheios de força, pureza e confiança na presença de Deus, nosso Pai, quando nosso Senhor Jesus voltar com todos os Seus seguidores (3:11-13, A Mensagem, Bíblia em Linguagem Contemporânea).

Que Deus faça de nós genuínos cristãos, “amigos para sempre” uns dos outros e de nosso eterno Redentor. Elevo ao Céu esta minha sincera oração por você. 


O autor dos comentário deste trimestre é o Pr. José Silvio Ferreira, casado com a psicóloga Ellen Ferreira. O casal tem três filhos: Maltom Guilherme, Marlom Henrique e Mardem Eduardo. Doutor em Teologia pelo Unasp, o Pr. José Silvio já trabalhou como distrital, líder de jovens e secretário ministerial, atendendo a igreja nos Estados de Goiás, Espírito Santo, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo, onde atua hoje como Ministerial da Associação Paulistana. É autor do livro Cristo, Nossa Salvação.




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