quinta-feira, 12 de abril de 2012

O ministério de cada cristão (estudo nº 02)




Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas dAquele que os chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz (1Pe 2:9, NVI).

Leituras da semana: Ef 4:12; 2Co 5:15-20; Jo 4:35-41; 1Ts 1:5-8; At 14:27

Pensamento-chave: Muitas vezes, evangelismo e testemunho são vistos apenas como o trabalho do pastor. Essa atitude está equivocada.

De acordo com Pedro, o povo de Deus é escolhido, chamado para ser “um sacerdócio real”. Visto que os sacerdotes recebiam um ministério, concluímos que, se somos chamados para o “sacerdócio”, também temos um ministério. No entanto, devemos entender que não somos chamados apenas para realizar um ministério. Acima de tudo, Deus está nos chamando para um relacionamento com Ele, e é por causa desse relacionamento que somos levados a compartilhar as grandes coisas que Deus fez, e está fazendo, por nós. Essa é a essência do testemunho pessoal.

Cada um de nós, portanto, tem um ministério pessoal a realizar, e isso envolve anunciar as grandezas dAquele que nos chamou “das trevas para a Sua maravilhosa luz”.

Nesta semana, examinaremos o conceito de que “todo cristão tem um ministério” e veremos como a experiência de cada pessoa contribui para o ministério geral da igreja. Perceberemos que cada cristão tem um papel a desempenhar na obra de alcançar pessoas e no evangelismo.

Domingo                          O ministério de cada cristão


Muitas vezes, cristãos lamentam que não são talentosos o suficiente para fazer algo significativo para Deus. Embora certamente o diabo goste que pensemos dessa forma, a Bíblia afirma que todos os cristãos têm um ministério concedido por Deus. Precisamos saber qual é esse ministério e, pela graça de Deus, saber usá-lo para Sua glória.

1. Qual é a função do ministério dos cristãos? Qual deve ser o resultado desse serviço?

com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo Ef 4:12

15  E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.
16  Assim que, nós, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, se antes conhecemos Cristo segundo a carne, já agora não o conhecemos deste modo.
17  E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.
18  Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação,
19  a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.
20  De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus. 2Co 5:15-20

Paulo diz claramente que os santos devem ser habilitados para um ministério. Todos os que foram reconciliados com Deus através do sacrifício de Jesus recebem o ministério da reconciliação e são embaixadores de Cristo. Um embaixador representa pessoalmente um soberano ou chefe de Estado. Esse conceito enfatiza a relação pessoal entre Cristo e todos os que foram reconciliados com o Senhor, enquanto levam ao mundo a mensagem de Seu amor e graça.

Há muita confusão a respeito da palavra ministério, que é vista hoje como algo que o pastor faz. Afinal, ele está “no ministério”. Embora alguns que fazem parte do ministério pastoral tenham áreas específicas de atuação, as Escrituras afirmam categoricamente que parte do trabalho do pastor é preparar os cristãos para um ministério pessoal.

O Novo Testamento demonstra que os primeiros cristãos compreendiam o conceito do ministério de cada cristão. Onde quer que fossem, e em quaisquer circunstâncias em que se encontrassem, eles pregavam sobre o Senhor Jesus.

1 E Saulo consentia na sua morte. Naquele dia, levantou-se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém; e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria.
2  Alguns homens piedosos sepultaram Estêvão e fizeram grande pranto sobre ele.
3  Saulo, porém, assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere.
4  Entrementes, os que foram dispersos iam por toda parte pregando a palavra. At 8:1-4

Há outra forma pela qual Jesus mostra que todos temos um ministério especial para realizar. Ele afirmou que não veio para ser servido, mas para servir

tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.  Mt 20:28

Pois qual é maior: quem está à mesa ou quem serve? Porventura, não é quem está à mesa? Pois, no meio de vós, eu sou como quem serve. Lc 22:27

Ele disse que Seus seguidores também devem ser servos

Mas o maior dentre vós será vosso servo. Mt 23:11

26  Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva;
27  e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo; Mt 20:26, 27).

Se isso não é ministério, então, o que é?

Jesus não estava simplesmente ordenando que fôssemos servos, mas estava nos levando a entender que o ministério do servo é o resultado da nossa ligação com Ele. Esses versos descrevem a vida da pessoa que tem comunhão com Jesus Cristo, o servo sofredor. Eles também afirmam que estar em Cristo é continuar Seu ministério.

Você está disposto a servir aos outros? É a sua inclinação natural, ou você tende a tentar obter vantagens dos outros em vez de servi-los? Como você pode melhorar sua atitude de serviço?



A necessidade de trabalhadores

Segunda                           




Às vezes, somos enviados para colher onde outros araram o solo, plantaram a semente e regaram. Embora possa haver a rara ocasião em que uma só pessoa lavra, semeia, rega e colhe em um campo, certamente essa não é a regra. No ritmo acelerado do nosso tempo, as pessoas entram e saem da nossa esfera de influência, e devemos estar prontos para construir sobre o trabalho evangelístico que outros começaram.

2. Embora fiquemos animados ao ver a colheita espiritual, com quem devemos partilhar essa alegria, reconhecendo sua contribuição ao longo do processo?

35  Não dizeis vós que ainda há quatro meses até à ceifa? Eu, porém, vos digo: erguei os olhos e vede os campos, pois já branquejam para a ceifa.
36  O ceifeiro recebe desde já a recompensa e entesoura o seu fruto para a vida eterna; e, dessarte, se alegram tanto o semeador como o ceifeiro.
37  Pois, no caso, é verdadeiro o ditado: Um é o semeador, e outro é o ceifeiro.
38  Eu vos enviei para ceifar o que não semeastes; outros trabalharam, e vós entrastes no seu trabalho.
39  Muitos samaritanos daquela cidade creram nele, em virtude do testemunho da mulher, que anunciara: Ele me disse tudo quanto tenho feito.
40  Vindo, pois, os samaritanos ter com Jesus, pediam-lhe que permanecesse com eles; e ficou ali dois dias.
41  Muitos outros creram nele, por causa da sua palavra, Jo 4:35-41

Normalmente, quando nos referimos à colheita, estamos especificando certa época do ano em que a safra está pronta para ser colhida. Para a maioria das plantas existe uma época específica de colheita. No entanto, no reino espiritual não existe tempo estabelecido para a colheita. Jesus enfatizou esse ponto em João 4:35. Em termos agrícolas, ainda podem faltar quatro meses para a colheita, mas, em relação aos que estão prontos para aceitar Jesus, uma parte do campo sempre está pronta para a colheita.

Junto ao poço de Jacó, Jesus semeou a semente do evangelho no coração da samaritana. Por sua vez, ela semeou a semente entre o povo de Sicar, e os samaritanos foram até onde Jesus estava. Como fez com os discípulos, o Senhor nos encoraja a estar prontos para colher no campo do mundo, que sempre apresenta frutos maduros.

3. Por que Deus está tão interessado em trabalhadores que saiam para a colheita?

Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento. 2Pe 3:9

Por causa do grande amor e compaixão de Deus pela humanidade, Ele deseja que os trabalhadores saiam para a colheita.

36  Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor.
37  E, então, se dirigiu a seus discípulos: A seara, na verdade, é grande, mas os trabalhadores são poucos.
38  Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara. Mt 9:36-38).

Ao considerarmos o campo do mundo hoje, a colheita ainda parece grande e os trabalhadores, poucos. Os discípulos foram chamados a orar para que ceifeiros fossem enviados para a colheita. Quando os discípulos modernos oram por trabalhadores, o Espírito Santo abre o caminho para que façam o que Ele os chamou a realizar.

Pense nos últimos dias. Quantas oportunidades você teve de testemunhar de sua fé, de plantar algumas sementes que um dia poderiam produzir colheita? Quantas vezes você aproveitou o momento? Quantas oportunidades você perdeu?




Individualidade e unidade

Terça                          




A igreja local não é simplesmente um grupo de pessoas separadas que se sentam no mesmo templo por algumas horas uma vez por semana. Segundo as Escrituras, a igreja é um grupo de pessoas unidas de modo tão estreito como as partes do corpo humano. No entanto, é possível que as pessoas se reúnam regularmente sem fazer parte do corpo no sentido bíblico. Embora esse fato lamentável possa ser verdade em muitas áreas da igreja, estamos focalizando a necessidade de estar unidos nas áreas de evangelismo e testemunho.

4. O que aconteceria com o crescimento e a eficiência de um corpo, se ele perdesse o cotovelo, punho ou as articulações do joelho? O que a analogia de Paulo fala sobre a igreja como um corpo de cristãos que receberam a missão evangelística?

de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor. Ef 4:16

O apóstolo Paulo diz que o corpo da igreja cresce quando todos os membros fazem sua parte. O que isso diz a respeito de igrejas que não estão crescendo? Nossa primeira reação pode ser responsabilizar os que, em nossa opinião, não estão fazendo sua parte. Isso pode ser verdade, mas pense nisto: quantas vezes as igrejas privam os membros de oportunidade para contribuir com o corpo? Se os líderes da igreja não entendem o princípio do ministério de todos os cristãos, eles não trabalham intencionalmente para o máximo envolvimento dos membros nos ministérios da igreja.

5. O que a igreja de Tessalônica fez com o evangelho que recebeu de Paulo?

5  porque o nosso evangelho não chegou até vós tão-somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção, assim como sabeis ter sido o nosso procedimento entre vós e por amor de vós.
6  Com efeito, vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, tendo recebido a palavra, posto que em meio de muita tribulação, com alegria do Espírito Santo,
7  de sorte que vos tornastes o modelo para todos os crentes na Macedônia e na Acaia.
8  Porque de vós repercutiu a palavra do Senhor não só na Macedônia e Acaia, mas também por toda parte se divulgou a vossa fé para com Deus, a tal ponto de não termos necessidade de acrescentar coisa alguma;  1Ts 1:5-8

A igreja em Tessalônica é um exemplo de cristãos que receberam o evangelho e o transmitiram. Ainda é a vontade de Deus que Sua igreja funcione dessa maneira.

Muitas são as bênçãos recebidas quando cada cristão atua numa estratégia evangelística planejada para a igreja. Enfatizaremos aqui as importantes áreas de encorajamento e responsabilidade. Trabalhar em equipe nos permite considerar seriamente essas áreas. A falta de incentivo ao grupo representou a morte de muitos ministérios leigos proveitosos. Embora os indivíduos tenham dons e talentos especiais, trabalhar em direção a objetivos comuns, por meio de estratégias corporativas, ainda é o ideal. Da mesma forma, a dinâmica do grupo estimula a responsabilidade, não no sentido de julgamento, mas no sentido de análise e avaliação.




Juntos no trabalho, unidos com Deus

Quarta                     




Ontem mencionamos a importância da unidade no trabalho evangelístico da igreja. Devemos também entender que estamos trabalhando juntos para cumprir um objetivo divino. Portanto, quando a igreja considera o testemunho e as estratégias evangelísticas, os membros devem sentir intensamente que estão trabalhando unidos a Deus, Aquele que motiva, orienta, capacita e dá o crescimento.

6. Qual é o resultado da influência de Deus nas tentativas da igreja de partilhar o evangelho?

louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos. At 2:47

5 Quem é Apolo? E quem é Paulo? Servos por meio de quem crestes, e isto conforme o Senhor concedeu a cada um.
6  Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus.
7  De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento.
8  Ora, o que planta e o que rega são um; e cada um receberá o seu galardão, segundo o seu próprio trabalho.
9  Porque de Deus somos cooperadores; lavoura de Deus, edifício de Deus sois vós. 1Co 3:5-9

7. O que motiva e capacita os crentes a trabalhar em união com Deus?

Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento. 2Pe 3:9

Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, Tt 2:11

As Escrituras estão repletas de evidências do amor de Deus pelos seres humanos, a coroa de Sua criação. Portanto, não é de admirar que Ele tenha tomado a iniciativa na salvação da humanidade. Na verdade, unicamente a cruz apresenta todas as provas de que precisamos a respeito de quanto Deus nos ama e de como Ele deseja que estejamos em Seu reino eterno. De fato, o Senhor estendeu a mão e nos abençoou por meio de Sua graça. Essa maravilhosa graça, revelada por meio da cruz, cria em nós o desejo de compartilhar o que temos recebido gratuitamente

Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli demônios; de graça recebestes, de graça dai. Mt 10:8

Embora, às vezes, os discípulos tentassem trabalhar sozinhos (Mt 17:14-21), na maior parte de sua experiência o divino e o humano atuaram juntos.

14  E, quando chegaram para junto da multidão, aproximou-se dele um homem, que se ajoelhou e disse:
15  Senhor, compadece-te de meu filho, porque é lunático e sofre muito; pois muitas vezes cai no fogo e outras muitas, na água.
16  Apresentei-o a teus discípulos, mas eles não puderam curá-lo.
17  Jesus exclamou: Ó geração incrédula e perversa! Até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei? Trazei-me aqui o menino.
18  E Jesus repreendeu o demônio, e este saiu do menino; e, desde aquela hora, ficou o menino curado.
19  Então, os discípulos, aproximando-se de Jesus, perguntaram em particular: Por que motivo não pudemos nós expulsá-lo?
20  E ele lhes respondeu: Por causa da pequenez da vossa fé. Pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível.
21  Mas esta casta não se expele senão por meio de oração e jejum. Mt 17:14-21

Jesus chamou os primeiros discípulos e prometeu fazer deles pescadores de homens. Ele os ensinou e os preparou, e por meio do ministério deles muitos outros se tornaram cristãos. No entanto, havia ainda outro aspecto divino do qual eles precisariam depois que Jesus voltasse para o Céu. Certamente sua necessidade era que o Espírito Santo capacitasse a igreja primitiva em sua missão de testemunhar e evangelizar.

Os que se envolvem no evangelismo hoje ainda são colaboradores de Deus para a salvação dos outros. Devemos orar para que o Espírito Santo nos ensine a apresentar o amor e a providência de Deus de modo que alcancemos o coração dos que necessitam do Salvador. Precisamos estar cientes de que não podemos fazer nada separados do Senhor e somente por meio de uma atitude de fé, submissão, humildade e disposição de morrer para si mesmo e servir aos outros, podemos ser testemunhas mais eficazes nas mãos de Deus. O eu deve ser posto de lado para que o Senhor nos use do modo mais eficaz.




Relatando à igreja

Quinta                          




Nesta semana apresentamos alguns aspectos importantes do trabalho de um cristão para Deus. Agora podemos mencionar o assunto do “relatório” (consideraremos esse assunto com mais detalhes na lição 12). Apresentar à igreja um relatório sobre as atividades de testemunho e evangelismo cria uma atmosfera de encorajamento e bênção. Os que relatam podem receber o incentivo dos membros da igreja, e os que ouvem os relatos são abençoados ao perceber o que Deus está realizando por meio de Seu povo.

8. Por que os relatórios foram trazidos à igreja?

Ali chegados, reunida a igreja, relataram quantas coisas fizera Deus com eles e como abrira aos gentios a porta da fé. At 14:27

Tendo eles chegado a Jerusalém, foram bem recebidos pela igreja, pelos apóstolos e pelos presbíteros e relataram tudo o que Deus fizera com eles. At 15:4

Uma leitura do contexto dos versos acima revela que relatórios eram trazidos à igreja depois de um longo período de pregação evangelística entre várias culturas. Essas reuniões para apresentação de relatórios mostram o interesse e apoio da igreja em relação à pregação do evangelho.

O livro de Atos é um relato dos esforços missionários da igreja primitiva, e está cheio de lições para a igreja de hoje. A importância de relatar se destaca quando imaginamos o que restaria do livro de Atos se todos os relatórios de atividades evangelísticas fossem removidos.

9. Por que os discípulos contaram a Jesus o que tinham feito?

Voltaram os apóstolos à presença de Jesus e lhe relataram tudo quanto haviam feito e ensinado. Mc 6:30

Embora seja verdade que há evangelismo e testemunho pessoal que acontece espontaneamente, é também verdade que a igreja deve ter uma abordagem intencional e planejada. Trabalhar com uma estratégia global da igreja ajuda a manter o foco e a sequência lógica de atividades e também traz oportunidades regulares de avaliar e relatar. Apresentar um relatório não é simplesmente listar as coisas que temos feito. Por meio dos relatórios, a igreja e os que testemunham podem novamente ver que estão trabalhando com o Senhor.

Algumas pessoas hesitam em apresentar relatórios porque imaginam que isso pode ser uma forma de se vangloriar na realização humana, mas, por meio de nosso relato fiel, Deus é glorificado e Sua igreja é fortalecida na fé. Os cristãos primitivos glorificaram a Deus quando ouviram o relatório missionário do apóstolo Paulo

19  E, tendo-os saudado, contou minuciosamente o que Deus fizera entre os gentios por seu ministério.
20  Ouvindo-o, deram eles glória a Deus e lhe disseram: Bem vês, irmão, quantas dezenas de milhares há entre os judeus que creram, e todos são zelosos da lei; At 21:19, 20

Se você tivesse que relatar à igreja seus esforços evangelísticos mais recentes, o que você diria? O que sua resposta diz sobre seu envolvimento? O que precisa mudar em sua vida?

Sexta                               Estudo adicional


O desafio desta semana é você decidir sobre uma atividade evangelística e se envolver nela. A seguir, estão as principais áreas focalizadas nesta semana.

1. Reveja a lista de atividades evangelísticas nas quais você poderia se envolver. Diminua sua lista para duas ou três áreas do ministério evangelístico, considerando as áreas nas quais estão seus talentos e para as quais você sente que Deus o está chamando.
2. Reduza ainda mais sua lista, considerando quanto tempo você será capaz de dedicar a essas atividades a cada semana. Considere também que você estará envolvido com esse ministério durante 12 meses, de modo que você será capaz de passar pelas fases de planejamento, implementação e avaliação.
3. Escolha um ministério e informe o pastor e o líder do Ministério Pessoal sobre seu desejo de se envolver na área de sua preferência. Solicite uma reunião com eles para compartilhar suas ideias e sonhos. Pergunte acerca dos planos deles para o evangelismo da igreja e determine como você pode se envolver, ou onde o ministério de sua preferência pode complementar os planos que já existem na igreja.
4. Humildemente, peça ao pastor e ao líder de Ministério Pessoal uma opinião sobre sua aptidão para o ministério que você escolheu. Eles desejarão que você seja bem-sucedido em quaisquer áreas de testemunho e evangelismo que escolher, portanto, o conselho deles será de valor inestimável.

Perguntas para reflexão
1. Como a seguinte citação se relaciona com a verdade bíblica do sacerdócio de todos os crentes? Existe nela apoio para o princípio de que todos os membros devem trabalhar juntos? “A obra de Deus na Terra nunca poderá ser terminada a não ser que os homens e as mulheres que constituem a igreja concorram ao trabalho e unam seus esforços aos dos pastores e oficiais da igreja” (Ellen G. White,Obreiros Evangélicos, p. 352).
2. Comente as estratégias que sua igreja poderia colocar em prática para ajudar os membros a entender que eles são importantes para o ministério do testemunho e evangelismo. Qual é a melhor forma de trabalhar para alcançar o máximo envolvimento dos membros no trabalho?




O ministério de cada cristão (resumo do estudo nº 02)




Mas vocês são a raça escolhida, os sacerdotes do Rei, a nação completamente dedicada a Deus, o povo que pertence a ele. Vocês foram escolhidos para anunciar os atos poderosos de Deus, que os chamou da escuridão para a sua maravilhosa luz 1Pedro 2:9

Saber: O que é preciso para ter um relacionamento crescente e pessoal com Deus e como podemos compartilhar essa experiência.
Sentir: O encorajamento e alegria que surgem do ato de colaborar com o Espírito Santo e com o corpo da igreja, demonstrando vontade de servir.
Fazer: Trabalhar para alcançar os objetivos comuns do corpo de Cristo, sendo companheiro de trabalho nos campos da seara.

Esboço

I. Trabalhadores da seara
A. O relacionamento de amor com o Senhor da seara se traduz em um ministério de serviço na colheita.
B. Que objetivos semelhantes compartilhamos com o corpo de Cristo?
C. Que estratégias corporativas os obreiros da seara usam a fim de fortalecer a obra?

II. Alegrias compartilhadas
A. As notícias sobre o progresso do testemunho e evangelismo glorificam a Deus e incentivam a igreja.
B. É importante colaborar com o Espírito Santo nas tarefas individuais e corporativas. Como o Espírito Santo leva os trabalhadores para a unidade?

III. Objetivos semelhantes
A. Em suas oportunidades para testemunho individual, como você pode transmitir aos outros o que recebeu em seu relacionamento com Cristo?
B. Como você pode incentivar seus companheiros de trabalho em favor de Cristo?

Resumo: 
Como membros do corpo de Cristo, cada um tem um ministério pessoal em partilhar o que Ele fez por nós, bem como a responsabilidade diante de todo o corpo da igreja de cooperar com a obra local e mundial.


Motivação
Duplamente chamado, cada membro da igreja recebe não apenas um, mas dois convites: para ser salvo e para servir. Em primeiro lugar, Deus nos chama para um relacionamento com Ele e, como resultado desse relacionamento, o Senhor nos chama para realizar um ministério pessoal para com os outros na obra de testemunhar e evangelizar.


Vivendo na cultura individualista do nosso mundo, é muito fácil esquecer que o cristianismo é essencialmente comunitário. A maior parte do Novo Testamento foi escrita para um grupo de cristãos ("vocês", no plural), que creem juntos e trabalham juntos para edificar o reino de Deus e compartilhar sua vida. Exceto quando se dirigiu por nome a indivíduos específicos, Paulo se referiu ao povo de Deus no sentido singular apenas quando escreveu a eles como parte do corpo de Cristo em sentido mais amplo. Somos cristãos “únicos” somente quando trabalhamos com os outros de modo tão próximo que podemos ser descritos como parte de um só corpo.

Atividade de abertura: Peça aos alunos que pensem em exemplos de trabalho em equipe em vários setores da vida. Os exemplos podem incluir equipes esportivas, equipes comerciais, equipes corporativas, pessoas trabalhando em uma produção teatral, equipe de construtores em um canteiro de obras, o pessoal da cozinha de um restaurante, e tantos mais. Quando desempenham seu papel de modo ideal, esses grupos trabalham em conjunto por um objetivo comum, motivados pela mesma causa. Escolha um desses exemplos (talvez a equipe esportiva seja uma das mais familiares), e comente os diferentes papéis desempenhados dentro dessa equipe. Obviamente, enquanto existem diferentes papéis desempenhados dentro da equipe em campo, há tantos outros papéis executados fora do campo que também contribuem com a equipe, incluindo treinadores, dirigentes, equipe médica, e até mesmo motoristas de ônibus, líderes de torcida e carregadores de água. Para os membros da igreja, o trabalho em equipe é infinitamente mais importante, na medida em que eles participam da missão muito mais vital de compartilhar o amor de Deus e a mensagem de salvação.

Compreensão
Nesta seção vamos considerar e comentar textos bíblicos que descrevem os papéis individuais e coletivos na missão evangelística que Deus deu ao Seu povo.


Comentário Bíblico


I. Reconciliando as pessoas com Deus

15
  E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.
16  Assim que, nós, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, se antes conhecemos Cristo segundo a carne, já agora não o conhecemos deste modo.
17  E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.
18  Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação,
19  a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.
20  De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus. 2Co 5:15-20

Quando começamos a apreciar o que Deus fez por nós, logo percebemos que o que Ele fez não foi simplesmente a nosso respeito, nem foi somente por nós. Além disso, percebemos que temos algo tão vital e maravilhoso que deve ser compartilhado com outras pessoas. Aquilo que Deus tem feito, graças ao Seu amor por nós, nos motiva a permitir que Ele faça ainda mais por nosso intermédio. Tornamo-nos agentes da esperança e embaixadores da reconciliação. A obra continua sendo realizada por Deus, mas nos tornamos um meio pelo qual esse trabalho avança no mundo.

Pense nisto: 
1. A falta de apreciação pelos atos e amor de Deus pode ser a razão pela qual muitas pessoas não priorizam o evangelismo. Como isso pode ser remediado?
2. Qual é o significado da palavra "reconciliação" nesses versos? O que isso acrescenta à nossa compreensão do evangelho e da obra de compartilhá-lo?

II. Capacitando para a obra de Deus

11  E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres,
12  com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo,
13  Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, Ef 4:11-13.)

Enquanto Paulo viajava e estabelecia igrejas, ele demonstrou a importância de uma organização básica da igreja, explicando que Deus ordenou as funções complementares que os diferentes indivíduos podem desempenhar na comunidade da igreja. Evidentemente, essas divisões de funções e de trabalho sugerem algum tipo de organização ou estrutura com a finalidade específica de preparar o povo de Deus para a missão, para a execução da obra de Deus e para a edificação da igreja.

Pense nisto: 
Como podemos encontrar o equilíbrio entre os papéis específicos e profissionais do ministério e a ideia de que todos temos um ministério e uma função a desempenhar no evangelismo? Quais são os perigos de se concentrar demais no ministério especializado ou, ao contrário, no ministério geral?

III. Plantando e colhendo

35
  Não dizeis vós que ainda há quatro meses até à ceifa? Eu, porém, vos digo: erguei os olhos e vede os campos, pois já branquejam para a ceifa.
36  O ceifeiro recebe desde já a recompensa e entesoura o seu fruto para a vida eterna; e, dessarte, se alegram tanto o semeador como o ceifeiro.
37  Pois, no caso, é verdadeiro o ditado: Um é o semeador, e outro é o ceifeiro.
38  Eu vos enviei para ceifar o que não semeastes; outros trabalharam, e vós entrastes no seu trabalho.
39  Muitos samaritanos daquela cidade creram nele, em virtude do testemunho da mulher, que anunciara: Ele me disse tudo quanto tenho feito.
40  Vindo, pois, os samaritanos ter com Jesus, pediam-lhe que permanecesse com eles; e ficou ali dois dias.
41  Muitos outros creram nele, por causa da sua palavra, Jo 4:35-41

Quando falamos de evangelismo, muitas vezes nosso primeiro pensamento está nos grandes programas públicos de evangelização. Essa é uma forma de evangelismo, mas, em muitos casos, é apenas parte de um processo mais longo. Cada vez mais, tais eventos estão sendo descritos como programas de "colheita". Em vez de serem considerados evangelismo completo, tais eventos funcionam melhor como parte de um plano mais amplo, complementando os esforços das igrejas e membros individualmente, às vezes durante um período de anos. Talvez estejamos começando a entender um pouco mais a respeito do processo descrito por Jesus nesses versos.

Pense nisto:
Como esse modelo de plantar e colher pode nos encorajar quando parece haver poucos resultados de nossos esforços evangelísticos?

IV. Alcançando o mundo inteiro pelo poder do Espírito

5
  porque o nosso evangelho não chegou até vós tão-somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção, assim como sabeis ter sido o nosso procedimento entre vós e por amor de vós.
6  Com efeito, vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, tendo recebido a palavra, posto que em meio de muita tribulação, com alegria do Espírito Santo,
7  de sorte que vos tornastes o modelo para todos os crentes na Macedônia e na Acaia.
8  Porque de vós repercutiu a palavra do Senhor não só na Macedônia e Acaia, mas também por toda parte se divulgou a vossa fé para com Deus, a tal ponto de não termos necessidade de acrescentar coisa alguma;  1Ts 1:5-8

Ali chegados, reunida a igreja, relataram quantas coisas fizera Deus com eles e como abrira aos gentios a porta da fé. At 14:27

Paulo e Barnabé haviam sido enviados pelo mundo então conhecido para contar as boas-novas sobre Jesus. Ao retornarem à igreja de Antioquia, apresentaram um relatório, dizendo aos irmãos o que o Espírito Santo havia realizado nas regiões que tinham visitado. Nessa ocasião, eles contaram algumas das primeiras "histórias missionárias", uma tradição que continua na Igreja até hoje. Esses relatórios devem encorajar a igreja, quando ela percebe o sucesso do trabalho e a atuação de Deus, e desafiar os membros a permanecer fiéis à tarefa ainda incompleta.

Pense nisto: 
1. Por que as "histórias missionárias" são importantes na vida da igreja?
2. Ao falar sobre o trabalho de evangelismo, como podemos encontrar o equilíbrio entre nosso trabalho e o do Espírito Santo?

Aplicação
Quando falamos de cada membro da igreja como um ministro, podemos ser tentados a trabalhar de forma isolada, em vez de enfatizar o fato de que cada membro deve desempenhar um papel em uma comunidade ativa e eficaz que, em si mesma, é uma poderosa testemunha. Lesslie Newbigin nos lembra de que a comunidade da igreja é, em si mesma, um dos maiores argumentos em favor do evangelho: "
Como é possível que o evangelho seja digno de crédito, que as pessoas devam acreditar que o poder que tem a última palavra nos assuntos humanos seja representado por um homem pendurado em uma cruz? Sugiro que a única resposta, a única hermenêutica do evangelho seja uma congregação de homens e mulheres que acreditam nele e vivem por ele" (O Evangelho em uma Sociedade Pluralista; Grand Rapids, Michigan; Wm. B. Eerdmans Publishing Co., 1989, p. 227).

Perguntas de aplicação
1. Ao tentar alcançar a comunidade, atender suas necessidades e compartilhar com ela o evangelho, como sua igreja pode trabalhar efetivamente como uma equipe? Como esse trabalho evangelístico pode ser melhorado?
2. O que é mais importante: treinar os membros da igreja para evangelizar ou ajudá-los a perceber o potencial evangelístico de seus talentos e habilidades?
3. À luz do modelo evangelístico de plantar e colher descrito por Jesus em João 4, qual é a melhor definição de evangelismo?
4. Que riscos existem para uma igreja que fica "presa" no método do plantio? O que essa estagnação pode significar? Que papel o Espírito Santo desempenha para impedir que isso aconteça?
5. Ao promover os "ceifeiros", de que modo a igreja pode, às vezes, desconsiderar os “semeadores”? Como podemos treinar os membros da igreja para ser melhores "semeadores"?
6. Se cada membro é um ministro e evangelista, que responsabilidade deve ter para com a igreja nesse ministério? Ou somos responsáveis somente diante de Deus? Justifique sua resposta, com base nas Escrituras.
7. As histórias missionárias, às vezes, podem nos tentar ao triunfalismo, egocentrismo, ou mesmo à distorção da verdade. Quais são os princípios para contar as histórias missionárias de modo mais adequado?

Criatividade
Esta atividade deve funcionar como avaliação das muitas atividades e programas realizados pela igreja e seus membros, à luz do modelo de plantio e colheita, descrito por Jesus em João 4:35-41. Isso deve incentivar os alunos a pensar nas diferentes atividades que possam ser consideradas evangelismo, e apreciar as funções que os membros podem desempenhar no testemunho da igreja.

Sugestões para atividades em duplas ou grupos:
Dedique um tempo para considerar as atividades de testemunho e evangelismo da igreja como sendo parte do processo de crescimento, que envolve o plantio e a colheita. Em uma folha de papel ou quadro, desenhe três colunas, classifique-as como "Plantar", "Regar" e "Colher", e peça que os alunos sugiram atividades, eventos ou programas realizados pela igreja ou pelos membros individualmente que poderiam se encaixar nessas categorias diferentes. À medida que a lista crescer, considere como os itens em cada coluna podem ser combinados em um plano evangelístico mais amplo. Além disso, verifique se a igreja, como um todo, tem poucos itens em alguma das colunas. Se esse for o caso, o que poderia ser feito para enfatizar mais esse aspecto do crescimento espiritual das pessoas? Termine com uma oração por essas diferentes atividades, humildemente pedindo a Deus que use esses programas e os membros da igreja para produzir, em sua comunidade, uma colheita para Seu reino.




O ministério de cada cristão (comentário ao estudo nº 02)




I. Milagre e Mandado
Como foi mencionado na semana passada, a aliança entre Deus e Seus filhos envolve relacionamentos e responsabilidades que se tornam evidentes nos milagres e mandados de Deus ao ser humano. J. Herbert Kane (no livro Christian Missions in Biblical Perspective) fala sobre a relação entre o milagre e o mandado na parceria divino-humana em três momentos: criação, redenção e julgamento. Segundo ele, Deus atua de acordo com Seu plano e propósito, mas por razões que somente podem ser compreendidas completamente por Deus, Ele oferece essa oportunidade ímpar de o ser humano participar com Deus.

A parte de Deus é o milagre e a parte humana é o mandado. Veja esta relação na criação:

O Milagre de Deus
O Mandado do Ser Humano

Deus criou os céus e a Terra, e a preparou para a chegada do homem.

O homem foi incumbido de cultivar o jardim e subjugar a Terra.


Deus criou as primeiras formas de vida animal e vegetal.

Depois de criados, os animais e as plantas passaram a se reproduzir, cada um segundo a sua espécie.


Deus criou o primeiro casal, Adão e Eva, à Sua imagem e semelhança.

O ser humano foi capacitado a procriar, multiplicar e encher a Terra.


Alguns dos outros exemplos da cooperação divino-humana, no Antigo Testamento, pela qual Deus cumpre Seu propósito são: o ministério de Noé antes, durante e após o Dilúvio; a libertação do povo de Israel do Egito através da liderança de José; a monarquia de Davi e a interferência da rainha Ester.

No Novo Testamento, essa iniciativa divina é vista, como nunca antes, em Jesus Cristo. O milagre é presenciado em três eventos principais: encarnação, morte e ressurreição. A salvação da humanidade não poderia ter acontecido de outra maneira, a não ser através desses três requisitos. Jesus não somente demonstrou o amor de Deus, mas também o mandado, pois Ele declarou que viera fazer a vontade do Pai que O enviara e não a Sua própria (Mt 26:42; Jo 4:34; 5:30; 6:38; 8:29; 17:4)

Mesmo nos momentos específicos da Sua atuação, Jesus revelou o princípio da parceria divino-humana. Na multiplicação dos pães e peixes, por exemplo, Ele fez questão de solicitar a cooperação dos discípulos. Jesus perguntou a respeito do alimento (Mc 8:5; Jo 6:5) e então pediu que eles o distribuíssem (Mc 8:7) e recolhessem o que havia sobrado (Jo 6:12). Na ressurreição de Lázaro, talvez o maior dos milagres de Jesus, o mesmo princípio foi visto. Jesus chegou ao sepulcro e ordenou: “
Tirai a pedra” (Jo 11:39). Qual foi a razão desse pedido? Jesus estava prestes a operar o milagre da ressurreição de Lázaro, e Ele não conseguia mover uma pedra? Jesus poderia fazer um pequeno movimento circular com o dedo indicador no sentido anti-horário e todos veriam a pedra rolar lentamente descobrindo a entrada da gruta. Mas esse não era o milagre; era o mandado – o privilégio humano na cooperação com Deus.

No mandado missionário, de acordo com o livro de Atos, aparentemente os discípulos perceberam que a transição no milagre com a ascensão de Cristo e a descida do Espírito Santo significava o começo de uma poderosa fase na missão. O livro de Atos  descreve a história da missão na igreja apostólica seguindo o modelo da parceria divino-humana e aplicando essa fórmula para o avanço do reino de Deus. O encontro com o etíope (At 8:26-40) é um exemplo clássico em que o Espírito Santo conduz Filipe na missão que levaria as boas-novas a uma região não alcançada do norte da África. O testemunho de Pedro a Cornélio (At 10:23-48) também mostra o Céu conduzindo a missão através da participação de um anjo.

Cristo não escolheu, para Seus representantes entre os homens, anjos que nunca pecaram, mas seres humanos, homens semelhantes em paixões àqueles a quem buscavam salvar. Cristo tomou sobre Si a humanidade, a fim de chegar à humanidade. A divindade necessitava da humanidade; pois era necessário tanto o divino como o humano para trazer salvação ao mundo. A divindade necessitava da humanidade, a fim de que esta proporcionasse meio de comunicação entre Deus e o homem (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 296).

Jesus chamara os discípulos para que os pudesse enviar como testemunhas Suas, a fim de contarem ao mundo o que dEle tinham visto e ouvido. Seu encargo era o mais importante a que já haviam sido chamados seres humanos, sendo-lhe superior apenas o do próprio Cristo. Deviam ser coobreiros de Deus na salvação do mundo.”

Seus discípulos tinham o privilégio de ser coobreiros dEle e dos santos homens da antiguidade” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 291 e 192).

II. Coobreiros
Nos seus escritos, o apóstolo Paulo reflete a compreensão bíblica sobre essa relação com Deus ao descrever o trabalho da igreja. A palavra grega sunergos (e variantes) é formada pela preposição sun (com) e o verbo ergo (trabalhar).

Curiosamente, existe outra palavra em português, criada a partir da mesma raiz: sinergia. De acordo com o dicionário Michaelis, “sinergia” está relacionada com: (1) Simultaneidade de forças concorrentes;  (2) Ação simultânea de diversos órgãos ou músculos, na realização de uma função.(3) Cooperação entre grupos ou pessoas que contribuem, inconscientemente, para a constituição ou manutenção de determinada ordem ecológica, em defesa dos interesses individuais.

Em português, a Bíblia traz a palavra “cooperadores” como tradução de sunergos. Mas diferentemente do que possa soar, cooperar com Deus, nesse caso, não está relacionado com ajudar a fazer o que Ele não pode fazer ou limitar a ação e soberania de Deus. O significado original tem a ver com cooperar, operar junto, trabalhar junto.

Apesar de Paulo utilizar esse termo (e variantes) 11 vezes nos seus escritos, a declaração mais direta se encontra em 1Coríntios 3:7-9, quando ele trata exatamente da missão. Ele diz: “
Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus. De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento. Ora, o que planta e o que rega são um; e cada um receberá seu galardão, segundo seu próprio trabalho. Porque de Deus somos cooperadores; lavoura de Deus; edifício de Deus sois vós.”

Ellen G. White, também utiliza o termo traduzido como coobreiros, literalmente “colegas de trabalho”, aqueles que trabalham com outra pessoa, neste caso, com Deus. Ela diz que, aqueles que se tornarem coobreiros passarão por um “treinamento” a fim de entender e ser eficazes na parceria, como foi o caso de Moisés, Gideão, Elias e Amós (Obreiros Evangélicos, p. 332, 333). “
Importa que não entremos na obra do Senhor a esmo e esperemos sucesso. O Senhor necessita de homens de entendimento, homens que pensem. Jesus chama coobreiros, não desatinados. Deus quer homens de pensamento correto e inteligentes para realizar a grande obra necessária para a salvação das pessoas” (Testemunhos Para a Igreja, v. 4, p. 67).

Nesse contexto, Deus faz revelações especiais aos Seus servos para guiar o povo na missão. Da mesma forma, instruções divinas são transmitidas sobre a mordomia dos recursos concedidos por Deus.

Quando alguém aceita o chamado e a missão de Deus, é formada uma parceria divino-humana. “
Todos os que se empenham em servir são a mão auxiliadora de Deus. São coobreiros dos anjos, o poder humano por meio do qual os anjos cumprem sua missão. Os anjos falam pela sua voz e agem por suas mãos. E os obreiros humanos, cooperando com os seres celestiais, recebem o benefício da educação e experiência deles” (Ellen G. White, Educação, p. 271). “Devemos ser coobreiros dos anjos celestiais para apresentar Jesus ao mundo. Com quase impaciente ansiedade os anjos esperam nossa cooperação; pois o homem deve ser o instrumento para comunicar com o homem. E, quando nos entregamos a Cristo numa consagração completa, os anjos se alegram de poder falar por meio de nossa voz, para revelar o amor de Deus” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 297).

O Senhor deseja manifestar Seu poder diante do Seu povo. Onde há agora apenas uma pessoa envolvida na obra, deveria haver mais de mil, não pastores ordenados, mas homens e mulheres de fé e oração, dispostos a trabalhar para Deus (Ellen G. White, Pastoral Ministry, p. 145).“É plano de Deus que os agentes humanos se sintam honrados ao ser chamados a cooperar com Cristo na salvação de pessoas” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 5, p. 573). Esse conceito bíblico fundamental de cooperação nos transforma de observadores passivos em participantes ativos com Deus no grande drama da redenção (Brad Long, Cindy Strickler e Paul Stokes,Growing the Church in the Power of the Holy Spirit: Seven principles of dynamic cooperation, p. 107).

A comissão do Salvador aos discípulos incluía todos os crentes. Abrange todos os crentes em Cristo até o fim dos séculos. É um erro fatal supor que a obra da salvação depende apenas do pastor ordenado. Todos a quem veio a celestial inspiração são depositários do evangelho. Todos quantos recebem a vida de Cristo são mandados trabalhar pela salvação de seus semelhantes. Para essa obra foi estabelecida a igreja, e todos quantos tomam sobre si seus sagrados votos, comprometem-se, assim, a ser coobreiros de Cristo” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 822).

III. O Sacerdócio de Todos os Crentes
Bosch identificou que o movimento que se distancia da ideia de que o ministério é um monopólio de homens ordenados, ou seja, uma responsabilidade de todo o povo de Deus, ordenados e não-ordenados é uma das mudanças mais dramáticas acontecendo na igreja hoje. (Transforming Mission, p. 467). Historicamente, a institucionalização das funções da igreja é vista como uma característica do período de Constantino até o período da Reforma, quando Lutero destacou o ensinamento de 1 Pedro 2:9.

Assim como a ênfase na mensagem de salvação pela fé e na pregação e ensino da Palavra de Deus, Lutero destacou o ensinamento sobre o sacerdócio de todos os crentes, que ajudou a abolir o sistema espiritual de castas. De forma que, desde o princípio, as missões protestantes foram caracterizadas como um movimento leigo. O Iluminismo, no entanto, parece ter ajudado a restabelecer que a esfera particular da vida tem que ser separada da pública. Lesslie Newbigin relembra que “
o sacerdócio do ministério ordenado é para possibilitar, não para remover, o sacerdócio de toda a igreja” (Mission in Christ’s Way, p. 30).

No início do século 21, a missiologia  procurou resgatar o importante papel de cada cristão na missão. Greg Ogden (no livro Unfinished Business: Returning the ministry to the people of God) chega a sugerir que é necessário pôr em prática o sacerdócio de todos os crentes,  devolvendo o ministério para o povo de Deus, como uma “Nova Reforma”.

O texto de 1Pedro 2:4-5 em conexão com o verso 9 é o fundamento dessa compreensão bíblica que apresenta os cristãos como uma casa espiritual edificada em Cristo com o propósito de ser  sacerdócio santo.

O sacerdócio do novo concerto é privilégio e responsabilidade de todos os féis sob a autoridade do Sumo Sacerdote, Jesus Cristo. OEvangelical Dictionary of World Missions (p. 787) lista seis sacrifícios que têm implicações missionárias.

1. A oferta de si mesmo (Rm 12:1): fundamento do engajamento evangelístico.
2. A oferta de um sacrifício de louvor (Hb 13:15): tarefa missionária.
3. O ministério de intercessão (Hb 7:24-25): ministério da oração.
4. A oferta do serviço (Hb 13:16): oportunidade de compartilhar as boas-novas com o mundo.
5. O espírito de cooperação (1Co 12): reconhecimento do corpo de Cristo.
6. O ministério de reconciliação (Rm 15:16; Ap 5:9): transformação pelo Espírito.

Em certo sentido, negar esse conceito bíblico implica negar ou, ao menos, ignorar o sacrifício de Jesus e Seu sacerdócio celestial que nos garante livre acesso a Ele.

Deus é glorificado quando cada cristão se torna um ministro (1Pe 4:11), de forma que a igreja é fortalecida e unificada (1Co 12:15-26; Ef 4:12-16; Hb 3:13; 1Pe 4:10). Porém, o aspecto mais negligenciado desse processo talvez sejam as bênçãos relacionadas à fidelidade daqueles que se tornam ministros e o fruto que produzem (Tt 3:14; Hb 6:11-12).

IV. Meu Sacerdócio
Há uma confusão quanto ao papel do cristão na igreja. A maioria dos pastores entende que a igreja existe para pregar o evangelho, enquanto a maioria dos membros crê que a principal função da igreja é atender as necessidades da sua família. Membro ativo, geralmente, é aquele que frequenta regularmente os cultos e contribui com ofertas e dízimos, mesmo que seja um “esquentador de banco”.

Existe a mentalidade predominante de que o trabalho missionário é um privilégio dos pastores, como se fossem os profissionais da missão. Essa situação  piora ainda mais quando líderes autoritários insistem em se distanciar da comunidade, permanecer num pedestal e não delegar responsabilidades. Ou quando a igreja não oferece oportunidades para os membros descobrirem e desenvolverem os dons espirituais (assunto da lição da próxima semana). E outro fator importante: quando a apostasia determina o estilo de vida do cristão que já não mais conhece o próprio caráter de Deus.

Uma pesquisa do Instituto Gallup concluiu que, nos Estados Unidos, somente 10 % dos evangélicos são ativos em algum tipo de ministério (Rick Warren, Uma Igreja com Propósito, p. 442). Outro estudo apontou que 68% das igrejas eficazes em sua missão diminuíram a distinção entre “clero” e “leigo” e encorajaram todos a participar. Nessas igrejas, servir é considerado um comportamento normal por 71% dos membros (Transformational Church, p. 194).

Mostre-me uma igreja grande, centralizada no pastor e eu encontrarei um clero muito cansado. Mostre-me uma igreja grande, com leigos treinados e organizados de maneira simples, onde o clero não está exausto de tanto trabalhar e lhe mostrarei uma igreja que não para de crescer porque é capaz de cuidar do povo que Deus está chamando para uma nova vida através dela (Carl F. George, The Coming Church Revolution: Empowering Leaders for the Future, p. 35).

Ellen G. White disse que tinha uma “
responsabilidade especial de motivar os leigos na igreja para a ação, para que cada pessoa sinta seu dever de se tornar um obreiro juntamente com Deus” (MR 1033, p. 15). “Há uma vasta obra a ser feita fora do púlpito, por milhares de consagrados membros leigos” (Atos dos Apóstolos, p. 111).

Ilustração 
Um dos grupos que se destacou na compreensão do ministério de todos os crentes foi o dos valdenses. Originalmente formado por seguidores de Pedro Valdo, esse grupo, dos Alpes no século 12, tomou a decisão radical de obedecer a Deus acima de todas as coisas e seguir a Bíblia. Entre outras coisas, esses cristãos venderam tudo o que tinham, saíram de dois em dois pregando. Eles memorizavam grandes porções do Novo Testamento, denunciavam a corrupção da igreja e defendiam que homens e mulheres leigos podiam pregar. Nem mesmo a perseguição cruel os fez desistir de serem fiéis a Deus.

Como Russell Burril diz: “
Os leigos não são parte da igreja; eles são a igreja” (Rekindling a Lost Passion: Recreating a Church Planting Movement, p. 25). Não existem dois convites ou chamados, portanto você não pode escolher aceitar um e rejeitar o outro. O convite é para a salvação e o serviço. Aquilo que Deus fez por nós é a maior motivação para ministrar a outros e descobrir que existe uma bênção ainda maior para você (Jo 4:35-41).

Rick Warren ilustra a mobilização dos leigos da igreja com a observação de Napoleão sobre a China. Ao apontar o mapa, certa vez, ele disse: “Ali dorme um gigante. Se ele acordar, será incontrolável.” A igreja é um gigante adormecido. Se for despertada para usar seus dons, recursos, criatividade e energia, o cristianismo explodirá em crescimento. A maior necessidade  das igrejas é a de membros que se tornem ministros.

Autor deste comentário: Pr. Marcelo E. C. Dias Professor do SALT/UNASP Doutorando (PhD) em Missiologia pela Universidade Andrews mecdias@hotmail.com