segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Anunciando a glória da cruz (estudo nº 14)




Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo (Gl 6:14).

Leituras da semana: Gl 6:11-18; Rm 6:1-6; 12:1-8; 2Co 4:10; 5:17; 11:23-29

Este estudo sobre Gálatas foi intenso. Isso ocorre porque a carta em si é intensa. Conhecendo seu chamado e a verdade do que ele pregava (afinal, como ele disse várias vezes, essa verdade veio do Senhor), Paulo escreveu com a paixão inspirada dos profetas do Antigo Testamento: um Isaías, um Jeremias, um Oseias. Da mesma forma que eles apelaram ao povo de Deus em seu tempo para que se afastasse do erro, Paulo estava fazendo o mesmo com as pessoas do seu tempo.

Não importa quão diferentes fossem as circunstâncias imediatas, no fim, as palavras de Jeremias poderiam tão facilmente ser aplicadas aos gálatas, como foram para as pessoas nos dias de Jeremias: “
Assim diz o Senhor: ‘Não se glorie o sábio em sua sabedoria nem o forte em sua força nem o rico em sua riqueza, mas quem se gloriar, glorie-se nisto: em compreender-Me e conhecer-Me, pois Eu sou o Senhor, e ajo com lealdade, com justiça e com retidão sobre a Terra, pois é dessas coisas que Me agrado’, declara o Senhor” (Jr 9:23, 24, NVI).

Em nenhum lugar a nossa “gloriosa” sabedoria humana, as nossas riquezas e o nosso poder aparecem mais claramente, em toda a sua futilidade e vaidade do que diante da cruz de Cristo, o foco da carta de Paulo ao seu rebanho errante na Galácia.

Domingo                        Da própria mão de Paulo

 

11  Vede com que letras grandes vos escrevi de meu próprio punho.
12  Todos os que querem ostentar-se na carne, esses vos constrangem a vos circuncidardes, somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo.
13  Pois nem mesmo aqueles que se deixam circuncidar guardam a lei; antes, querem que vos circuncideis, para se gloriarem na vossa carne.
14  Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo.
15  Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura.
16  E, a todos quantos andarem de conformidade com esta regra, paz e misericórdia sejam sobre eles e sobre o Israel de Deus.
17  Quanto ao mais, ninguém me moleste; porque eu trago no corpo as marcas de Jesus.
18  A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja, irmãos, com o vosso espírito. Amém! Gál 6:11-18

Compare as palavras finais de Paulo em Gálatas 6:11-18 com as considerações finais que ele fez em suas outras cartas. De que forma o encerramento de Gálatas é semelhante e em que aspecto é diferente delas? (Veja as considerações finais em Romanos, 1 e 2Coríntios, Efésios, Filipenses, Colossenses, e 1 e 2 Tessalonicenses.)

25  Louvemos a Deus! Pois ele pode conservar vocês firmes na fé, de acordo com o evangelho que eu anuncio, isto é, a mensagem a respeito de Jesus Cristo. E de acordo também com a verdade secreta que nunca foi revelada no passado.
26  Porém essa verdade foi revelada agora por meio daquilo que os profetas escreveram. E, por ordem do Deus eterno, ela se tornou conhecida em todas as nações, para que todos creiam e obedeçam.
27  Ao Deus único e sábio seja dada glória para sempre, por meio de Jesus Cristo! Amém! Rom 16:25-27

20  Todos os irmãos vos saúdam. Saudai-vos uns aos outros com ósculo santo.
21  A saudação, escrevo-a eu, Paulo, de próprio punho.
22  Se alguém não ama o Senhor, seja anátema. Maranata!
23  A graça do Senhor Jesus seja convosco.
24  O meu amor seja com todos vós, em Cristo Jesus. 1Coríntios 16:20-24

10  Escrevo esta carta antes de ir vê-los para que, quando eu for, não tenha de ser tão duro no uso da autoridade que o Senhor me deu. Essa autoridade é para fazer com que vocês cresçam espiritualmente e não para destruí-los.
11  E agora, irmãos, até logo. Procurem ser corretos em tudo. Escutem bem o que eu digo. Tenham todos o mesmo modo de pensar e vivam em paz. E o Deus de amor e de paz estará com vocês.
12  (12a) Cumprimentem uns aos outros com um beijo de irmão.
13  (12b) Todo o povo de Deus manda saudações.
14  (13) Que a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a presença do Espírito Santo estejam com todos vocês! 2Coríntios 13:10-14

22  Foi para isso que eu vo-lo enviei, para que saibais a nosso respeito, e ele console o vosso coração.
23  paz seja com os irmãos e amor com fé, da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo.
24  A graça seja com todos os que amam sinceramente a nosso Senhor Jesus Cristo.  Efé 6:22-24

21  Saudai cada um dos santos em Cristo Jesus. Os irmãos que se acham comigo vos saúdam.
22  Todos os santos vos saúdam, especialmente os da casa de César.
23  A graça do Senhor Jesus Cristo seja com o vosso espírito.  Filipenses 4:21-23

15  Mandamos saudações aos irmãos que moram em Laodicéia. Saudações também para Ninfa e para a igreja que se reúne na casa dela.
16  Peço que, depois de lerem esta carta, vocês a mandem para Laodicéia a fim de que os irmãos de lá também a leiam. E vocês leiam a carta que vai chegar de Laodicéia.
17  E digam isto a Arquipo: procure cumprir bem a tarefa que você recebeu no serviço do Senhor.
18  Com a minha própria mão escrevo isto: Saudações de Paulo. Não esqueçam que estou na cadeia.  Col 4:15-18

23 Que Deus, que nos dá a paz, faça com que vocês sejam completamente dedicados a ele. E que ele conserve o espírito, a alma e o corpo de vocês livres de toda mancha, para o dia em que vier o nosso Senhor Jesus Cristo.
24  Aquele que os chama é fiel e fará isso.
25  Irmãos, lembrem de nós nas suas orações.
26  Cumprimentem todos os cristãos com um beijo de irmão.
27  Peço com insistência, pela autoridade do Senhor, que esta carta seja lida para todos os irmãos.
28  Que a graça do nosso Senhor Jesus Cristo esteja com vocês! 1Tess 5:23-28

16  Que o Senhor da paz dê a vocês a paz, sempre e de todas as maneiras! E que o Senhor esteja com todos vocês!
17  Com a minha própria mão escrevo isto: Saudações de Paulo. É assim que assino todas as minhas cartas; é assim que escrevo.
18  Que a graça do nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vocês! 2Tess 3:16-18

As observações finais de Paulo nem sempre são iguais, mas uma série de elementos comuns aparece nelas: (1) saudações a indivíduos específicos, (2) uma exortação final, (3) uma assinatura pessoal, e (4) uma benção final. Quando essas características típicas são comparadas com suas palavras finais em Gálatas, duas diferenças significativas aparecem.

Em primeiro lugar, ao contrário de muitas das cartas de Paulo, Gálatas não contém nenhuma saudação pessoal. Por quê? Assim como ocorreu com a ausência da tradicional ação de graças no início da carta, esse é provavelmente mais um indício da relação tensa entre Paulo e os gálatas. Paulo foi educado, mas formal.

Em segundo lugar, devemos lembrar que era costume de Paulo ditar suas cartas a um secretário (Rm 16:22
Eu, Tércio, que escrevi esta epístola, vos saúdo no Senhor). Então, depois de terminar, Paulo muitas vezes tomava a pena e escrevia algumas breves palavras do próprio punho para concluir a carta (1Co 16:21 A saudação, escrevo-a eu, Paulo, de próprio punho). Em Gálatas, no entanto, Paulo fez algo diferente do que era seu costume. Quando pegou a pena do escriba, Paulo ainda estava tão preocupado com a situação na Galácia que acabou escrevendo mais do que era comum. Ele simplesmente não podia soltar a pena antes de apelar aos gálatas mais uma vez para que se afastassem de seus caminhos insensatos.

Em Gálatas 6:11
(Vede com que letras grandes vos escrevi de meu próprio punho.), Paulo enfatizou que escreveu a carta com letras grandes. Realmente não sabemos por quê. Alguns têm especulado que Paulo não estava se referindo ao tamanho das letras, mas à sua forma malfeita. Eles sugerem que, talvez, as mãos de Paulo estivessem tão debilitadas, em consequência da perseguição, ou deformadas por causa do trabalho de fazer tendas, que ele não poderia traçar as letras com precisão. Outros acreditam que seus comentários fossem evidência adicional de sua deficiência visual. Embora ambas as visões sejam possíveis, parece muito menos especulativo concluir simplesmente que Paulo estivesse escrevendo intencionalmente com letras grandes, a fim de destacar e enfatizar novamente sua mensagem, semelhante à nossa maneira de enfatizar uma palavra ou conceito importantes, sublinhando, colocando em itálico ou escrevendo em letras maiúsculas.

Seja qual for a razão, Paulo certamente queria que os leitores prestassem atenção às suas advertências e admoestações. 



Buscando a glória na carne

Segunda                             




1. Leia Gálatas 6:12, 13. Qual era a motivação dos defensores da circuncisão? O que nos motiva hoje a defender nossas opiniões?

12  Todos os que querem ostentar-se na carne, esses vos constrangem a vos circuncidardes, somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo.
13  Pois nem mesmo aqueles que se deixam circuncidar guardam a lei; antes, querem que vos circuncideis, para se gloriarem na vossa carne. Gálatas 6:12-13

Embora Paulo tivesse sugerido anteriormente os objetivos e a motivação de seus adversários

(Gal 1:7 Na verdade não existe outro evangelho, porém eu falo assim porque há algumas pessoas que estão perturbando vocês, querendo mudar o evangelho de Cristo.

Gal 4:17 Esses homens mostram grande interesse por vocês, mas a intenção deles não é boa. O que eles querem é separar vocês de mim para que vocês sintam por eles o mesmo interesse que eles sentem por vocês) suas observações em Gálatas 6:12, 13 foram os primeiros comentários explícitos que ele fez sobre seus adversários. Ele os descreve como querendo “ostentar-se na carne”. A expressão “ostentar-se” em grego significa literalmente colocar “uma boa face”. De fato, a palavra para “face”, em grego, é a mesma palavra para a máscara de um ator, e essa palavra era usada igualmente em sentido figurado para se referir ao papel desempenhado por um ator. Em outras palavras, Paulo estava dizendo que essas pessoas eram como atores buscando a aprovação de uma plateia. Em uma cultura baseada na honra e vergonha, a conformidade era essencial, e os que ensinavam os erros pareciam estar buscando aumentar seu grau de honra diante dos seus companheiros judeus na Galácia e de outros cristãos judeus de Jerusalém.

Paulo apresentou um ponto importante sobre um de seus motivos – o desejo de evitar a perseguição. Embora a perseguição possa certamente ser entendida em suas formas mais dramáticas, envolvendo violência física, ela poderia ser igualmente prejudicial, mesmo em suas formas mais “leves” de assédio e exclusão. Paulo e outros judeus fanáticos na Judeia no passado haviam realizado o primeiro tipo, a violência física (Gl 1:13 -
Vocês ouviram falar de como eu costumava agir quando praticava a religião dos judeus. Sabem como eu perseguia sem dó nem piedade a Igreja de Deus e fazia tudo para destruí-la), mas este último também teve seu efeito sobre os cristãos.

Os líderes religiosos judeus ainda tinham influência política significativa em muitas regiões. Eles tinham a aprovação oficial de Roma; por isso, muitos cristãos judeus estavam desejosos de manter boas relações com eles. Circuncidando os gentios e ensinando-os a observar a Torá, os perturbadores da Galácia poderiam encontrar um ponto de consenso com os judeus locais. Isso não apenas lhes permitiria manter contato amistoso com as sinagogas, mas eles também poderiam até reforçar seus laços com os cristãos judeus em Jerusalém, que tinham uma desconfiança crescente acerca da obra que estava sendo feita entre os gentios

20 Depois de o ouvirem, todos eles deram graças a Deus e disseram a Paulo: —Veja bem, irmão! Há milhares de judeus que se tornaram cristãos e todos eles são fiéis à Lei de Moisés.
21  Eles ouviram dizer que você ensina os judeus que moram em outros países a abandonarem a Lei, dizendo a eles que não circuncidem os seus filhos, nem respeitem os costumes dos judeus.). Sem dúvida, também, em certo sentido, suas ações poderiam tornar mais eficaz seu testemunho aos judeus. At 21:20-21

Independentemente da situação que Paulo tinha em mente, seu pensamento era claro: “
Todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (2Tm 3:12).

Pense nas razões que essas pessoas tinham para ensinar seus erros. Parecia bastante razoável, considerando todas as coisas. Será que até mesmo os “melhores” motivos podem nos desviar do caminho, se não tivermos cuidado? Você já fez coisas erradas pelos motivos certos? 




Anunciando a glória da cruz

Terça                            




“Quanto a mim, que eu jamais me glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio da qual o mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo” (Gl 6:14, NVI).

Depois de revelar os motivos que levaram alguns a insistir na circuncisão, Paulo apresentou sua mensagem do evangelho aos gálatas uma última vez, embora apenas de forma resumida. Para Paulo, o evangelho tem por base dois princípios fundamentais: (1) a centralidade da cruz (v. 14) e (2) a doutrina da justificação (v. 15 Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura). Na lição de hoje, o foco está no primeiro.

Vivendo no século 21, é difícil compreender o impacto causado originalmente pelos comentários de Paulo a respeito da cruz (Gl 6:14). Hoje, a cruz de Cristo é um símbolo comum e apreciado, que desperta sentimentos positivos para a maioria das pessoas. Nos dias de Paulo, porém, a cruz não era algo de que se pudesse vangloriar, mas algo a ser desprezado. Os judeus achavam ofensiva a ideia de um Messias crucificado, e os romanos consideravam a crucificação tão repulsiva que nem sequer era mencionada como forma de punição adequada para um cidadão romano.

O desprezo com o qual o mundo antigo considerava a cruz de Cristo é visto claramente no primeiro desenho da crucificação registrado. Datado do início do segundo século, um fragmento com um desenho antigo retrata a crucificação de um homem com a cabeça de um jumento. Abaixo da cruz, e ao lado da figura de um homem com as mãos levantadas em adoração, uma inscrição dizia: “Alexandre adora seu deus”. A questão é clara: a cruz de Cristo era considerada ridícula. Foi nesse contexto que Paulo ousadamente declarou que ele não poderia se gloriar em nada mais além da cruz de Cristo!

2. Que diferença a cruz de Cristo fez no relacionamento de Paulo com o mundo? 

Quanto a mim, que eu jamais me glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio da qual o mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo Gl 6:14

1  Portanto, o que vamos dizer? Será que devemos continuar vivendo no pecado para que a graça de Deus aumente ainda mais?
2  É claro que não! Nós já morremos para o pecado; então como podemos continuar vivendo nele?
3  Com certeza vocês sabem que, quando fomos batizados para ficarmos unidos com Cristo Jesus, fomos batizados para ficarmos unidos também com a sua morte.
4  Assim, quando fomos batizados, fomos sepultados com ele por termos morrido junto com ele. E isso para que, assim como Cristo foi ressuscitado pelo poder glorioso do Pai, assim também nós vivamos uma vida nova.
5  Pois, se fomos unidos com ele por uma morte igual à dele, assim também seremos unidos com ele por uma ressurreição igual à dele.
6  Pois sabemos que a nossa velha natureza pecadora já foi morta com Cristo na cruz a fim de que o nosso eu pecador fosse morto, e assim não sejamos mais escravos do pecado. Rm 6:1-6

1  Portanto, meus irmãos, por causa da grande misericórdia divina, peço que vocês se ofereçam completamente a Deus como um sacrifício vivo, dedicado ao seu serviço e agradável a ele. Esta é a verdadeira adoração que vocês devem oferecer a Deus.
2  Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele.
3  Por causa da bondade de Deus para comigo, me chamando para ser apóstolo, eu digo a todos vocês que não se achem melhores do que realmente são. Pelo contrário, pensem com humildade a respeito de vocês mesmos, e cada um julgue a si mesmo conforme a fé que Deus lhe deu.
4  Porque, assim como em um só corpo temos muitas partes, e todas elas têm funções diferentes,
5  assim também nós, embora sejamos muitos, somos um só corpo por estarmos unidos com Cristo. E todos estamos unidos uns com os outros como partes diferentes de um só corpo.
6  Portanto, usemos os nossos diferentes dons de acordo com a graça que Deus nos deu. Se o dom que recebemos é o de anunciar a mensagem de Deus, façamos isso de acordo com a fé que temos.
7  Se é o dom de servir, então devemos servir; se é o de ensinar, então ensinemos;
8  se é o dom de animar os outros, então animemos. Quem reparte com os outros o que tem, que faça isso com generosidade. Quem tem autoridade, que use a sua autoridade com todo o cuidado. Quem ajuda os outros, que ajude com alegria. Rom 12:1-8

E não somente essas coisas, mas considero tudo uma completa perda, comparado com aquilo que tem muito mais valor, isto é, conhecer completamente Cristo Jesus, o meu Senhor. Eu joguei tudo fora como se fosse lixo, a fim de poder ganhar a Cristo Filip 3:8

A cruz de Cristo muda tudo para o cristão. Ela nos desafia não apenas a reavaliar nossa maneira de olhar a nós mesmos, mas também a maneira pela qual nos relacionamos com o mundo. O mundo (esta época de maldade e tudo o que isso implica) está em oposição a Deus (Nada que é deste mundo vem do Pai. Os maus desejos da natureza humana, a vontade de ter o que agrada aos olhos e o orgulho pelas coisas da vida, tudo isso não vem do Pai, mas do mundo. 1Jo 2:16). Pelo fato de que já morremos com Cristo, o mundo já não mais tem o poder escravizante que mantinha sobre nós, e a antiga vida que um dia dedicamos ao mundo não mais existe. Seguindo a analogia de Paulo, a ruptura entre o cristão e o mundo deve ser como se os dois tivessem morrido um para o outro.

A cruz afetou seu relacionamento com o mundo? Que diferença ela fez na sua vida? Qual é a diferença entre sua vida hoje e a sua vida antes de se entregar ao Senhor, que morreu por você?




Uma nova criatura

Quarta                                   




Tendo enfatizado a centralidade da cruz de Cristo para a vida cristã, Paulo então destacou o segundo princípio fundamental da sua mensagem do evangelho: a justificação pela fé.

Como vimos durante o trimestre, Paulo tinha basicamente colocado a circuncisão em oposição ao evangelho. No entanto, ele não era contra essa prática em si. Paulo havia feito várias declarações fortes contra a circuncisão

2  Prestem atenção! Eu, Paulo, afirmo que, se vocês deixarem que os circuncidem, então Cristo não tem nenhum valor para vocês.
3  Repito isto mais uma vez para qualquer homem que deixar que o circuncidem: esse homem é obrigado a obedecer a toda a lei.
4  Vocês que querem que Deus os aceite porque obedecem à lei estão separados de Cristo e não têm a graça de Deus. (Gl 5:2-4),
mas ele não queria que os gálatas concluíssem que ser incircunciso era mais agradável a Deus do que ser circuncidado. Esse não era o seu raciocínio, porque as pessoas podem ser de tal modo legalistas acerca do que fazem quanto acerca do que não fazem. Espiritualmente falando, a questão da circuncisão por si mesma é irrelevante. A verdadeira religião não está enraizada no comportamento externo, mas na condição do coração humano. Como o próprio Jesus disse, uma pessoa pode parecer maravilhosa por fora, mas estar espiritualmente podre por dentro (—Ai de vocês, mestres da Lei e fariseus, hipócritas! Pois vocês são como túmulos pintados de branco, que por fora parecem bonitos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de podridão. Mt 23:27).
3. O que significa ser uma nova criatura? Você teve essa experiência? 

Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura. Gl 6:15

Quem está unido com Cristo é uma nova pessoa; acabou-se o que era velho, e já chegou o que é novo. 2Co 5:17

Ktisis é a palavra grega traduzida por “criatura”. Ela tanto podia se referir a uma “criatura” individual (E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar. Hb 4:13) como a toda a ordem “criada” (Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. Rm 8:22). Em ambos os casos, a palavra implicava a ação de um Criador. Tornar-se uma “nova criatura” não era algo que pudesse ser realizado por algum esforço humano – quer fosse a circuncisão, quer fosse qualquer outra coisa. Jesus Se referiu a esse processo como o “novo nascimento”

5  Jesus disse: —Eu afirmo ao senhor que isto é verdade: ninguém pode entrar no Reino de Deus se não nascer da água e do Espírito.
6  Quem nasce de pais humanos é um ser de natureza humana; quem nasce do Espírito é um ser de natureza espiritual.
7  Por isso não fique admirado porque eu disse que todos vocês precisam nascer de novo.
8  O vento sopra onde quer, e ouve-se o barulho que ele faz, mas não se sabe de onde ele vem, nem para onde vai. A mesma coisa acontece com todos os que nascem do Espírito. Jo 3:5-8

Este é o ato divino no qual Deus toma uma pessoa espiritualmente morta e sopra nela a vida espiritual. Esta é também mais uma metáfora para descrever o ato de salvação que Paulo geralmente descreve como justificação pela fé.

Paulo se referiu a essa experiência com mais detalhes em 2Coríntios 5:17 -
Quem está unido com Cristo é uma nova pessoa; acabou-se o que era velho, e já chegou o que é novo. Ele explicou que se tornar uma nova criatura significa mais que uma mudança em nosso status nos livros do Céu. Essa experiência produz mudança em nossa vida. Como observa Timothy George, “envolve todo o processo de conversão: a obra regeneradora do Espírito Santo que leva ao arrependimento e fé, o processo diário de mortificação e vivificação, o crescimento contínuo na santidade, que finalmente leva à semelhança com Cristo” (Galatians, p. 438).

Tornar-se uma nova criatura não nos justifica. Essa mudança radical é, em vez disso, a manifestação inequívoca da verdadeira experiência da justificação.

Você percebeu em sua vida as mudanças que devem ocorrer na “nova criação”? O que você pode fazer para facilitar a obra do Espírito Santo?





Considerações finais

Quinta                                 




4. Paulo deu sua bênção aos que, disse ele, “anda[vam] conforme essa regra” (NVI). Dado o contexto, de qual “regra” você acha que Paulo estava falando? 

E, a todos quantos andarem de conformidade com esta regra, paz e misericórdia sejam sobre eles e sobre o Israel de Deus. Gl 6:16

Apalavra traduzida por “regra” literalmente se referia a uma vara reta ou barra usada por pedreiros e carpinteiros para medir. A palavra posteriormente assumiu um sentido figurado, referindo-se às regras ou padrões pelos quais uma pessoa avalia algo. Por exemplo, quando as pessoas falam sobre o cânon do Novo Testamento, elas estão se referindo aos 27 livros do Novo Testamento, vistos como autoridade para determinar tanto a crença quanto a prática da igreja. Portanto, se um ensinamento não “está à altura” do que se encontra nesses livros, não deve ser aceito.

5. Quais eram as “marcas de Jesus” que Paulo trazia em seu corpo? O que ele quis dizer quando escreveu que ninguém devia “perturbá-lo” por causa dessas marcas? Gálatas 6:14 poderia ajudar a responder a estas perguntas? 

Quanto ao mais, ninguém me moleste; porque eu trago no corpo as marcas de Jesus. Gl 6:17

Levamos sempre no nosso corpo mortal a morte de Jesus para que também a vida dele seja vista no nosso corpo. 2Co 4:10

23  Eles são servos de Cristo? Mas eu sou um servo melhor do que eles, embora, ao dizer isso, eu esteja falando como se fosse louco. Pois eu tenho trabalhado mais do que eles e tenho estado mais vezes na cadeia. Tenho sido chicoteado muito mais do que eles e muitas vezes estive em perigo de morte.
24  Em cinco ocasiões os judeus me deram trinta e nove chicotadas.
25  Três vezes os romanos me bateram com porretes, e uma vez fui apedrejado. Três vezes o navio em que eu estava viajando afundou, e numa dessas vezes passei vinte e quatro horas boiando no mar.
26  Nas muitas viagens que fiz, tenho estado em perigos de inundações e de ladrões; em perigos causados pelos meus patrícios, os judeus, e também pelos não-judeus. Tenho estado no meio de perigos nas cidades, nos desertos e em alto mar; e também em perigos causados por falsos irmãos.
27  Tenho tido trabalhos e canseiras. Muitas vezes tenho ficado sem dormir. Tenho passado fome e sede; têm me faltado casa, comida e roupas.
28  Além dessas e de outras coisas, ainda pesa diariamente sobre mim a preocupação que tenho por todas as igrejas.
29  Quando alguém está fraco, eu também me sinto fraco; e, quando alguém cai em pecado, eu fico muito aflito. 2Cor 11:23-29

A palavra marca vem da palavra grega stigmata, da qual a palavra portuguesa estigma também é derivada. Paulo poderia estar se referindo à prática comum de marcar os escravos com a insígnia de seu dono como uma forma de identificação, ou à prática de algumas religiões misteriosas, nas quais um devoto marcava a si mesmo como sinal de devoção. Em todo caso, “por ‘marcas de Jesus’, sem dúvida, Paulo se referiu às cicatrizes deixadas em seu corpo pela perseguição e sofrimento (2Co 4:10; 11:24-27). Seus adversários então insistiam em compelir seus conversos gentios a aceitar a marca da circuncisão, como sinal de sua submissão ao judaísmo. Mas Paulo tinha marcas que indicavam de quem ele havia se tornado escravo, e para ele não havia fidelidade a ninguém mais, a não ser a Cristo... As cicatrizes que Paulo havia recebido de seus inimigos, enquanto estava a serviço de seu Mestre, falavam com mais eloquência de sua devoção a Cristo” (Comentários de Ellen G. White, SDA Bible Commentary, v. 6, p. 989).

Quais são as “marcas”, físicas ou de outra natureza, que você tem por causa de sua fé em Jesus? Em outras palavras, o que sua fé custou a você? 


Sexta                                      Estudo adicional


A cruz do Calvário desafia e, finalmente, vence todo o poder terreno e infernal. Na cruz está o centro de toda influência, e dela toda influência é transmitida. É o grande centro de atração, pois nela Cristo entregou Sua vida pela humanidade. Esse sacrifício foi oferecido com a finalidade de restituir o homem à sua perfeição original. Na verdade, além disso, ele foi oferecido para dar ao ser humano uma completa transformação de caráter, tornando-o mais do que vencedor.

Aqueles que, na força de Cristo, vencerem o grande inimigo de Deus e do homem ocuparão uma posição nas cortes celestiais acima dos anjos que jamais caíram. Cristo declarou: ‘Eu, quando for levantado da Terra, atrairei todos a Mim’ (Jo 12:32, NVI). Se a cruz não encontrar uma influência em seu favor, ela produz uma influência. Através de cada geração sucessiva, a verdade para esse tempo tem sido revelada como verdade presente. Cristo na cruz foi o meio pelo qual a misericórdia e a verdade se encontraram, e a justiça e a paz se beijaram. Este é o instrumento que deve mover o mundo” (MS 56, 1899; Comentários de Ellen G. White, SDA Bible Commentary, v. 6, p. 1.113).

Perguntas para reflexão
1. Que significado você encontra no fato de Paulo ter começado e terminado sua carta com uma referência à graça de Deus? Que a graça e a paz de Deus, o nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo estejam com vocês! Gl 1:3; A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja, irmãos, com o vosso espírito. Amém! Gl 6:18
2. À luz da declaração de Paulo sobre ter sido “crucificado... para o mundo” (Gl 6:14), qual deve ser o relacionamento dos cristãos com o mundo hoje? Qual deve ser a relação deles com questões ligadas ao meio ambiente, racismo, aborto, etc., se eles morreram para o mundo?
3. Como uma pessoa pode saber se experimentou a “nova criação” sobre a qual Paulo escreveu?
4. Com base no que você aprendeu neste trimestre, como você resumiria a visão de Paulo sobre os seguintes tópicos: lei, obras da lei, justificação pela fé, antiga e nova aliança, obra de Cristo e natureza da vida cristã ?

Resumo: 
A verdadeira religião não consiste em comportamento exterior, mas na condição do coração. Quando o coração for submisso a Deus, a vida da pessoa refletirá mais e mais o caráter de Cristo, à medida que ela crescer na fé. O coração deve ser subjugado por Cristo; quando isso acontecer, as outras coisas virão em seguida.



Anunciando a glória da cruz (resumo do estudo nº 14)




Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo. Gálatas 6:14

Conhecer: As palavras finais de Paulo em Gálatas, na medida que elas revelam a essência de sua paixão pelo evangelho e pela igreja.
Sentir: Empatia com a profunda preocupação de Paulo acerca da condição espiritual dos gálatas e seu relacionamento com ele e com os falsos mestres.
Fazer: Gloriar-se somente na cruz como centro de nossa vida e missão.

Esboço

I. Letras grandes
A. Como o encerramento da carta de Paulo aos Gálatas é diferente da conclusão de muitas de suas outras cartas?
B. Qual é o assunto mais enfatizado na carta, refletido também no encerramento?
C. Qual era sua única glória, e como ele sofreu por causa dessa paixão?

II. Sem interesse em impressionar
A. Se Paulo estivesse interessado em causar boa impressão sobre a igreja, como sua conclusão poderia ter sido diferente?
B. Que fortes sentimentos são evidentes em sua conclusão?
C. Como a referência ao preço que ele pagou e às marcas em seu corpo, em resultado do trabalho missionário, pode ter tocado o coração dos gálatas?

III. Nossa única glória
A. Que motivação está no centro de nossa vida?
B. Sobre quais coisas temos a tendência de nos vangloriar?
C. Como nossa vida seria diferente se nos gloriássemos apenas na cruz?

Resumo: 
Paulo encerrou sua carta aos Gálatas com um forte apelo pessoal, rejeitando toda submissão exterior a costumes e apegando-se apenas à cruz como sua razão para a vida e o serviço, não importando o custo.

Motivação
Cristãos sinceros se gloriam, não de suas realizações, mas unicamente do sacrifício que Cristo fez em seu favor.

Enfatizar a necessidade de nos desapegarmos das coisas do mundo e dos sentimentos de glória e orgulho a elas relacionados.

A distinção entre o cristianismo autêntico e a religião egoísta, por vezes, parece mínima. Aparências à parte, o abismo é gigantesco. O cristianismo se gloria unicamente em Cristo. A religião egoísta fala ardentemente sobre Cristo e as realizações eclesiásticas. As pessoas, e às vezes até os líderes, precisam ser cuidadosos para não se vangloriarem de suas realizações espirituais, principalmente para evitar comparação com outros que talvez não tenham alcançado tanto sucesso, pelo menos da perspectiva superficial. No entanto, vale a pena realçar somente uma comparação: Cristo em contraste com a humanidade. Nisso realmente não há comparação. Separados de Cristo, o trabalho mais ilustre, o discurso mais eloquente, os acadêmicos mais realizados, a administração mais habilitada se comparam a lixo.

Contrastando implicitamente sua abordagem espiritual com a abordagem de autopromoção de seus oponentes, Paulo declarou que sua única glória era Cristo. Reconhecendo que somente Cristo designava a missão e garantia sua realização com sucesso, Paulo confessou que o esforço humano, separado de Cristo, não é nada. Cristo é o começo. Cristo é a conclusão. Cristo é tudo.

Atividade de abertura:
Compre uma miniatura de estátua barata, facilmente reconhecível, em alguma loja especializada. Durante a classe, pinte a estátua. Pergunte como a pintura afeta a forma da figura (não afeta em nada). Enquanto a tinta estiver secando, salpique glitter(pó brilhante) sobre a estatueta. Pergunte como o glitter afeta a forma da figura (novamente, não afeta em nada). Se os materiais para essa atividade não estiverem disponíveis, descreva a atividade em suas próprias palavras, enfatizando os seguintes pontos: a substância ou a forma básica da estatueta permanece inalterada; portanto, qualquer reconhecimento pela pintura e pelo brilho deve ser secundário, pois eles não teriam forma sem a estatueta. Os cristãos são a tinta e a purpurina, mas Cristo é a substância e, por isso, merece a glória completa. O que significa a vida dos cristãos, à parte da figura de Cristo, que concede forma e vida à missão da igreja?

Compreensão
A compreensão da glória no Antigo Testamento vinha do conceito de peso. As línguas modernas refletem esse entendimento. Algumas gírias por vezes se referem a líderes criminosos como os pesos pesados. Outra frase diz: “Throw your weight around” (“Jogue seu peso ao redor”, ou seja, use sua autoridade para conseguir o que deseja, indicando a influência, importância, elevada posição social e grande autoridade). O Novo Testamento continuou essa tradição, aplicando o termo principalmente ao nosso Pai celestial e a Jesus Cristo, e somente em um sentido secundário para os seres humanos

Vejam como crescem as flores do campo: elas não trabalham, nem fazem roupas para si mesmas. Mas eu afirmo a vocês que nem mesmo Salomão, sendo tão rico, usava roupas tão bonitas como uma dessas flores. Lc 12:27

Quem fala em seu próprio nome está procurando ser elogiado. Mas quem quer conseguir louvores para aquele que o enviou, esse é honesto, e não há falsidade nele. Jo 7:18)

Glória, autoridade, perfeição, ou seja, “peso”, pertencem a Deus. Em comparação, as mais nobres realizações da humanidade são imundas.


Comentário Bíblico


I. Gloriando-se na cruz

Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo. Gl 6:14)

Paulo se gloriava acerca do sofrimento e vergonha representados pela cruz. Os criminosos mais desprezados eram crucificados. Não existia morte mais vergonhosa. Se Paulo fosse pobre, rejeitado, tivesse recebido uma educação deficiente ou sua religião fosse desprezada, sua identificação com a crucificação seria compreensível. Facilmente entendemos por que indivíduos com educação precária se tornam revolucionários e terroristas, mas a identificação de Paulo com a crucificação desafia o raciocínio. Seu testemunho pessoal foi: “
nós... é que nos gloriamos em Cristo Jesus e não temos confiança alguma na carne, embora eu mesmo tivesse razões para ter tal confiança. Se alguém pensa que tem razões para confiar na carne, eu ainda mais: circuncidado no oitavo dia de vida, pertencente ao povo de Israel, à tribo de Benjamim, verdadeiro hebreu; quanto à Lei, fariseu; quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na Lei, irrepreensível. Mas o que para mim era lucro, passei a considerar como perda, por causa de Cristo. Mais do que isso, considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por quem perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder ganhar Cristo” (Fp 3:4-8, NVI). 

Paulo tinha o mais alto nível de conhecimento, possuindo as mais impressionantes credenciais religiosas, educacionais e sociais disponíveis. No entanto, somente o próprio Cristo Se tornou a glória de Paulo. Seus escritos demonstram coerência notável sobre esse ponto. A epístola de Gálatas, escrita no início de seu ministério, exclama que ele se gloria somente na cruz. A carta aos Filipenses, escrita durante sua prisão posterior, afirma o mesmo. Paulo, escritor de mais de uma dúzia de cartas do Novo Testamento, o mais célebre missionário cristão do primeiro século, autor da teologia do Novo Testamento, considerava todas as suas realizações apenas lixo, buscando louvor totalmente para Jesus e não para si mesmo.

Pense nisto: Sempre que os cristãos compartilham seus testemunhos, eles se concentram mais em si do que na obra de Cristo? Por que é tão difícil a crucificação do próprio eu? Quais são os perigos inerentes da ênfase na autoestima? De onde os cristãos devem tirar seu senso de valor?

II. Uma nova criatura

2  Prestem atenção! Eu, Paulo, afirmo que, se vocês deixarem que os circuncidem, então Cristo não tem nenhum valor para vocês.
3  Repito isto mais uma vez para qualquer homem que deixar que o circuncidem: esse homem é obrigado a obedecer a toda a lei.
4  Vocês que querem que Deus os aceite porque obedecem à lei estão separados de Cristo e não têm a graça de Deus. Gl 5:2-4

Infelizmente, certas teologias cristãs equiparam a conversão com a mudança do rótulo do frasco, e não do conteúdo. A salvação se torna uma transação jurídica que traz outro status. O cristianismo bíblico, no entanto, declara que o conteúdo da vida deve passar por transformação. Sempre que o domínio se transfere de Satanás para Cristo, tem início um processo que, após a conclusão, terá revolucionado a vida do indivíduo. Embora esse processo envolva a cooperação do cristão, pois a santificação nunca é imposta, sendo aceita voluntariamente, os cristãos nunca devem supor que seus esforços sejam meritórios. Uma estátua não pode exclamar: “Olha o que eu fiz de mim mesma!” As estátuas não podem criar a si mesmas mais do que os cristãos podem se transformar. Jeremias questionou retoricamente: “
Pode, acaso, o etíope mudar a sua pele ou o leopardo, as suas manchas?” (Jr 13:23). Obviamente, o Antigo e o Novo Testamentos concordam em que os cristãos se tornam novas criaturas através da graça divina, e não da vontade própria e mudanças externas superficiais.

Pense nisto: 
Visto que os cristãos não podem mudar a si mesmos, na direção de qual objetivo os cristãos devem exercer seus esforços religiosos e por quê? Pelo fato de que o estudo da Bíblia e a oração não são inerentemente meritórios, por que os cristãos devem estudar a Bíblia e orar?

Aplicação
Empregadores na área de esportes medem velocidade, habilidade e força física. A preocupação em medir, provar e justificar a si mesmo, muitas vezes produz incalculáveis danos psicológicos. A humanidade precisa desesperadamente da aceitação incondicional que só Cristo oferece.

Perguntas para reflexão
Estaria Deus interessado principalmente em recrutar talentos ou em construir relacionamentos? Explique.

Quando nos aproximamos de Deus, o que devemos levar?

Perguntas de aplicação
Como lemos no comentário, estátuas não podem exclamar: “Olha o que eu fiz de mim mesma!” Estátuas não podem criar a si mesmas, mais do que os cristãos podem transformar a si mesmos. Como a graça de Deus pode despertar e transformar a pessoa desanimada e morta espiritualmente em uma obra-prima viva e ativa?

Criatividade
Os seres humanos observam a aparência exterior. Deus considera o coração. No começo do ano novo, muitos farão resoluções com relação a comportamentos que desejam mudar. Várias dessas decisões já foram quebradas no passado! O que Deus quer, porém, é entrar no coração. Uma vez que Cristo entre no coração humano, hábitos, estilo de vida, pontos de vista e comportamentos automaticamente são mudados. Preocupações egocêntricas são substituídas pelas ordens do reino. Respeitabilidade (aparência exterior) pode existir sem integridade (produzida pela transformação interna), mas Deus não Se impressiona com isso.

Atividade: 
Cante o hino “Ele Vive” (Hinário Adventista do Sétimo Dia, 112) ou escolha outros hinos de adoração e louvor. Convide os alunos da classe a dar respostas curtas a respeito de como as palavras do hino os levam a louvar a Deus e não a eles mesmos.



Anunciando a glória da cruz (comentário ao estudo nº 14)




A carta de Paulo aos gálatas ajudou aqueles primeiros cristãos a compreender e a viver o verdadeiro evangelho. Mas essa carta não se destinava apenas a eles. Ao longo de 2 mil anos, muitos cristãos têm sido transformados pela mensagem apresentada nesse livro. A Reforma Protestante teve início com o estudo desse livro.

A Igreja Adventista também foi profundamente influenciada por Gálatas. Por meio do estudo dessa carta, A. T. Jones e E. J. Waggoner ajudaram os adventistas na década de 1880 e 1890 a compreender melhor a mensagem da salvação. Isso produziu grandes reavivamentos naquela época e fortaleceu a igreja a prosseguir em sua missão.

No último texto desta série, em vez de analisar diretamente o texto bíblico estudado durante esta semana (Gl 6:11-18), veremos como as verdades apresentadas em Gálatas são relevantes para o cumprimento de nossa missão como adventistas. Esta reflexão tem por base principalmente o último capítulo do livro A Mensagem de 1888, de George R. Knight.1

1. Precisamos resgatar a centralidade da mensagem de Apocalipse 14

Acreditamos que a missão adventista foi profetizada na mensagem dos três anjos (Ap 14:6-12). O povo de Deus no tempo do fim é descrito nestas palavras: “
Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus” (Ap 14:12, ARA). Enquanto muitos cristãos acreditam que a lei é oposta ao evangelho, a profecia afirma que o povo de Deus aceitaria ambos. 

Desde o início da história de nossa igreja, temos compreendido que é necessário guardar todos os mandamentos de Deus (inclusive o sábado), enquanto esperamos pacientemente a vinda do Senhor. Os primeiros adventistas compreendiam essa parte da mensagem de Apocalipse 14.

O que não foi tão bem compreendido inicialmente foi a “fé em Jesus” (ou “de Jesus”). Essa parte do texto se tornou o ponto focal da assembleia da Associação Geral de 1888. Nesse importante evento, Ellen G. White, A. T. Jones e E. J. Waggoner enfatizaram que o centro de nossa mensagem é a fé no grande sacrifício de Jesus no Calvário, como o Salvador que perdoa pecados. Conforme Ellen G. White e Waggoner declararam repetidas vezes, essa compreensão não era nenhuma verdade nova sobre a salvação pela fé, mas a mesma salvação pregada por Jesus, Paulo e os grandes reformadores.

A grande contribuição da mensagem proclamada em 1888 foi relacionar corretamente a lei com o evangelho e colocá-los no contexto de Apocalipse 14. Ou, como disse Ellen G. White, Jones e Waggoner redescobriram a antiga verdade do evangelho e a colocaram no lugar devido, na estrutura da mensagem do terceiro anjo.

A função do adventismo não se modificou desde 1888. Os adventistas continuam a ser um povo chamado para pregar a mensagem do terceiro anjo, que enaltece a lei e o evangelho na sua devida relação.Assim sendo, uma implicação da mensagem de 1888 é um chamado para o adventismo permanecer fiel a seus objetivos originais, enquanto prega a mensagem dos mandamentos de Deus e da fé de Jesus até os confins da Terra.

Temos a missão de apresentar corretamente o relacionamento entre a lei e o evangelho. Ellen G. White afirmou: “
A lei e o evangelho, revelados na Palavra, devem ser pregados ao povo; pois a lei e o evangelho combinados convencerão do pecado. A lei de Deus, embora condene o pecado, aponta o evangelho, revelando Jesus Cristo, em quemhabita corporalmente toda a plenitude da divindade’ (Cl 2:9).”2

2. Jesus e Sua justiça salvadora devem estar no centro de nossas crenças

Enquanto muitos cristãos acreditam que a obra de salvação se limita à cruz, nós temos uma compreensão mais ampla sobre Cristo para ser compartilhada. Ele é um Salvador vivo e atual, e Sua obra inclui o que Ele fez (na cruz), está fazendo (no santuário celestial) e fará (na segunda vinda). A mensagem adventista é, por definição, totalmente cristocêntrica.

Por essa razão, Ellen G. White escreveu: “
De todos os professos cristãos, os adventistas do sétimo dia devem ser os primeiros a exaltar Cristo perante o mundo. A proclamação da terceira mensagem angélica pede a apresentação da verdade do sábado. Essa verdade, juntamente com outras incluídas na mensagem, tem de ser proclamada; mas o grande centro de atração, Cristo Jesus, não deve ser deixado à parte.”3

Cristo e Sua obra redentora são o centro da doutrina bíblica e da mensagem adventista. No artigo “Compreendendo Ellen White”,4 o teólogo Alberto R. Timm explica: “
Falando a respeito da posição de Cristo dentro do amplo espectro da mensagem adventista, a Sra. White afirmou que ‘a verdade para este tempo é ampla em seus contornos, de vasto alcance, abrangendo muitas doutrinas; estas, porém, não são unidades destacadas, de pouca significação; são unidas por áureos fios, formando um todo completo, tendo Cristo como o centro vivo’.”5

O autor continua: “A respeito da obra expiatória de Cristo, a mesma autora assevera que ‘Jesus Cristo, e Este crucificado’ é o ‘grande interesse central’.6 A cruz do Calvário é considerada ‘o grande centro’7 e a expiação, ‘a grande essência, a verdade central’.8 Ela explica que ‘a cruz deve ocupar o lugar central por ser o meio da expiação da humanidade e pela influência que ela exerce em todas as partes do governo divino’.9”

O cerne da mensagem de 1888, conforme Ellen G. White a compreendia, foi a exaltação de Jesus e da plena salvação nEle. Ellen G. White compreendeu a importância da justificação pela fé na mensagem de Apocalipse 14. Essa mensagem é formada pelo “evangelho eterno” (Ap 14:6), bem como pelos “mandamentos de Deus” e a “fé em Jesus” (v. 12). Portanto, nossa mensagem para os últimos dias não é oposta ao evangelho, nem é um substituto para ele.

Em Sua grande misericórdia, o Senhor enviou preciosa mensagem a Seu povo por intermédio dos pastores Waggoner e Jones. [...] Essa é a mensagem que Deus manda proclamar ao mundo. É a terceira mensagem angélica que deve ser proclamada com alto clamor e regada com o derramamento de Seu Espírito Santo em grande medida.” 10

Vários me escreveram, indagando se a mensagem da justificação pela fé é a mensagem do terceiro anjo, e tenho respondido: ‘É verdadeiramente a mensagem do terceiro anjo.’”11 “A mensagem da justiça de Cristo soará de uma à outra extremidade da Terra, a fim de preparar o caminho ao Senhor. Essa é a glória de Deus com que será encerrada a mensagem do terceiro anjo.”12

3. Precisamos passar do nível intelectual para o nível experimental

“Cristianismo” que é apenas conhecimento intelectual não é cristianismo verdadeiro. Colocar Cristo no centro de nosso sistema de crenças é apenas o primeiro passo na direção correta. Uma coisa é pôr Cristo no centro de nosso sistema de crenças e aceitar teoricamente a justificação pela fé e o conceito transformador e santificador do Espírito Santo. Outra coisa  bastante diferente é realmente viver a vida cristã.

Em O Desejado de Todas as Nações, lemos que “
o maior dos enganos do espírito humano, nos dias de Cristo, era que um mero assentimento à verdade constituísse justiça. Em toda experiência humana, o conhecimento teórico da verdade se tem demonstrado insuficiente para a salvação. Não produz os frutos de justiça. [...] Os fariseus pretendiam ser filhos de Abraão, e vangloriavam-se de possuir os oráculos de Deus; todavia, essas vantagens não os preservavam do egoísmo, da malignidade, da ganância e da mais baixa hipocrisia. Julgavam-se os maiores religiosos do mundo, mas sua chamada ortodoxia os levou a crucificar o Senhor da glória.”

O mesmo perigo existe ainda. Muitos se consideram cristãos, simplesmente porque concordam com certos dogmas teológicos. Não introduziram, porém, a verdade na vida prática. Não creram nela nem a amaram; não receberam, portanto, o poder e a graça que advêm mediante a santificação da verdade. As pessoas podem professar fé na verdade; mas, se ela não os torna sinceros, bondosos, pacientes, dominados, tomando prazer nas coisas de cima, é uma maldição a seu possuidor e, por meio de sua influência, uma maldição ao mundo.”13

Jesus é a grande necessidade da igreja hoje, exatamente como era em 1888. Conforme Ellen G. White o expressou tão bem: “
Falemos, oremos e cantemos a esse respeito, e isso quebrantará e conquistará os corações. Frases prontas, formais, a apresentação de assuntos meramente argumentativos, não trazem benefício. O amor enternecedor de Deus no coração dos obreiros será reconhecido por aqueles em cujo benefício eles trabalham. As pessoas estão sedentas da água da vida. Não sejam cisternas vazias. Se lhes revelarem o amor de Cristo, vocês poderão levar os sedentos e famintos a Jesus, e Ele lhes dará o pão da vida e as águas da salvação.”14

Aceitar e viver o verdadeiro evangelho é a única maneira de concluirmos a missão que o Senhor nos confiou. Esse é o “
poder de Deus” (Rm 1:16). Em 1887, Ellen G. White escreveu: “Um reavivamento da verdadeira piedade entre nós, eis a maior e a mais urgente de todas as nossas necessidades. Buscá-lo, deve ser nossa primeira ocupação.”6 Essa continua sendo nossa maior necessidade.

1. George R. Knight, A Mensagem de 1888 (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2003), p.  187-203.
2. Ellen G. White, Evangelismo, p. 231.
3. Idem, Obreiros Evangélicos, p. 156.
4. Alberto R. Timm, “Compreendendo Ellen White”, Ministério, março-abril de 2001, p. 16.
5. Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 87.
6. Idem, Testemunhos Para Ministros, p. 331.
7. Idem, em Seventh-day Adventist Bible Commentary, v. 4, p. 1.173.
8. Idem, Evangelismo, p. 223.
9. Idem, Testemunhos Para a Igreja, v. 6, p. 236.
10. Idem, Testemunhos Para Ministros e Obreiros Evangélicos, p. 91, 92.
11. Idem, Mensagens Escolhidas, v. 1, p 372.
12. Idem, Testemunhos Seletos, v. 2, p. 373.
13. Idem, O Desejado de Todas as Nações, p. 309, 310.
14. Idem, Review and Herald, 2 de junho de 1903.

Autor deste comentário: Pr. Matheus CardosoEditor-assistente dos livros do Espírito de Profecia na Casa Publicadora Brasileira