domingo, 25 de setembro de 2011

Paulo: apóstolo dos gentios (estudo nº 01)




“Ouvindo isso, não apresentaram mais objeções e louvaram a Deus, dizendo: ‘Então, Deus concedeu arrependimento para a vida até mesmo aos gentios!’” (At 11:18, NVI).

Leituras da semana: At 6:9-15; 9:1-9; 11:19-21; 15:1-5; 1Sm 16:7; Mt 7:1

Não é tão difícil entender Saulo de Tarso (também conhecido como apóstolo Paulo, após a conversão), e por que ele fez o que fez. Sendo judeu devoto, ensinado durante toda a vida sobre a importância da lei e sobre a futura redenção política de Israel, a ideia do Messias esperado por tanto tempo sendo vergonhosamente executado, como o pior dos criminosos, era demais para ele tolerar.

Não é de admirar, então, que ele estivesse convencido de que os seguidores de Jesus estavam sendo desleais para com a Torá e, assim, prejudicando o plano de Deus para Israel. Suas alegações de que o Jesus crucificado era o Messias e de que Ele tinha ressuscitado, acreditava ele, eram terrível apostasia. Não poderia haver tolerância para com esse absurdo nem para quem se recusasse a desistir dessas ideias. Saulo estava determinado a ser o agente de Deus para livrar Israel dessas crenças. Assim, ele aparece pela primeira vez nas páginas das Escrituras como perseguidor violento dos seus concidadãos judeus que acreditavam que Jesus era o Messias.

Deus, porém, tinha planos bem diferentes para Saulo, planos que ele nunca poderia ter esperado: esse judeu não apenas pregaria Jesus como o Messias; ele faria isso entre os gentios! 

Domingo                                Perseguidor dos cristãos


Saulo de Tarso aparece pela primeira vez em Atos como um dos envolvidos no apedrejamento de Estêvão (At 7:58 - E, lançando-o fora da cidade, o apedrejaram. As testemunhas deixaram suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo) e, em seguida, em conexão com a ampla perseguição que irrompeu em Jerusalém (At 8:1-5). Pedro, Estêvão, Filipe e Paulo desempenharam um papel significativo no livro de Atos, pois estavam envolvidos nos eventos que levaram à disseminação da fé cristã para além do mundo judaico. Estêvão é especialmente importante porque sua pregação e martírio parecem ter exercido uma influência profunda sobre Saulo de Tarso.

1 E Saulo consentia na sua morte. Naquele dia, levantou-se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém; e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria.
2  Alguns homens piedosos sepultaram Estêvão e fizeram grande pranto sobre ele.
3  Saulo, porém, assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere.
4  Entrementes, os que foram dispersos iam por toda parte pregando a palavra.
5  Filipe, descendo à cidade de Samaria, anunciava-lhes a Cristo. (At 8:1-5)

Estêvão, um judeu que falava o idioma grego, era um dos sete diáconos (At 6:3-6). De acordo com Atos, alguns judeus estrangeiros que foram morar em Jerusalém (v. 9) entraram em discussão com Estêvão acerca do conteúdo de sua pregação sobre Jesus. É possível, talvez até provável, que Saulo de Tarso estivesse envolvido nesses debates.

1. Leia Atos 6:9-15. Quais foram as acusações apresentadas contra Estêvão? Que lembranças essas acusações nos trazem?

9  Levantaram-se, porém, alguns dos que eram da sinagoga chamada dos Libertos, dos cireneus, dos alexandrinos e dos da Cilícia e Ásia, e discutiam com Estêvão;
10  e não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito, pelo qual ele falava.
11  Então, subornaram homens que dissessem: Temos ouvido este homem proferir blasfêmias contra Moisés e contra Deus.
12  Sublevaram o povo, os anciãos e os escribas e, investindo, o arrebataram, levando-o ao Sinédrio.
13  Apresentaram testemunhas falsas, que depuseram: Este homem não cessa de falar contra o lugar santo e contra a lei;
14  porque o temos ouvido dizer que esse Jesus, o Nazareno, destruirá este lugar e mudará os costumes que Moisés nos deu.
15  Todos os que estavam assentados no Sinédrio, fitando os olhos em Estêvão, viram o seu rosto como se fosse rosto de anjo. Atos 6:9-15

59  Ora, os principais sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam algum testemunho falso contra Jesus, a fim de o condenarem à morte.
60  E não acharam, apesar de se terem apresentado muitas testemunhas falsas. Mas, afinal, compareceram duas, afirmando:
61  Este disse: Posso destruir o santuário de Deus e reedificá-lo em três dias Mt 26:59-61

A feroz hostilidade para com a pregação de Estêvão parece ter resultado de duas coisas diferentes. Por um lado, Estêvão atraiu a ira de seus adversários por não dar importância primária à lei judaica e ao templo, que se haviam tornado o ponto focal do judaísmo e eram símbolos preciosos da identidade religiosa e nacional. Mas Estêvão fez mais do que simplesmente menosprezar esses dois valiosos ícones: ele proclamou vigorosamente que Jesus, o Messias crucificado e ressuscitado, era o verdadeiro centro da fé judaica.

3  Porque nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne.
4  Bem que eu poderia confiar também na carne. Se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais:
5  circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu,
6  quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível. Fp 3:3-6

Não é de admirar, então, que ele tenha irritado o fariseu Saulo (Fp 3:3-6), cujo zelo contra os cristãos primitivos indica que ele provavelmente pertencesse a uma ala rigorosa, intensamente revolucionária e militante dos fariseus. Saulo entendia que as grandes promessas proféticas do reino de Deus ainda não tinham sido cumpridas (Dn 2; Zc 8:23; Is 40-55), e ele provavelmente acreditasse que era sua tarefa ajudar Deus a tornar aquele dia uma realidade, o que se poderia fazer purificando Israel da corrupção religiosa, incluindo a ideia de que esse Jesus era o Messias.

Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Naquele dia, sucederá que pegarão dez homens, de todas as línguas das nações, pegarão, sim, na orla da veste de um judeu e lhe dirão: Iremos convosco, porque temos ouvido que Deus está convosco. Zc 8:23;

Convencido de que estava certo, Saulo estava disposto a matar aqueles que ele pensava que estavam errados. Embora necessitemos de zelo e fervor por aquilo que cremos, como podemos aprender a temperar nosso zelo com a compreensão de que, às vezes, podemos estar equivocados? 




A conversão de Saulo

Segunda                                




E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões” (At 9:5, RC).

Embora a perseguição de Saulo contra a igreja primitiva tivesse começado de forma bastante discreta (no momento em que ele segurava as vestes dos assassinos de Estêvão), ela rapidamente se intensificou

1  E Saulo consentia na sua morte. Naquele dia, levantou-se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém; e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria.
2  Alguns homens piedosos sepultaram Estêvão e fizeram grande pranto sobre ele.
3  Saulo, porém, assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere. At 8:1-3; 

1  Saulo, respirando ainda ameaças e morte contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote
2  e lhe pediu cartas para as sinagogas de Damasco, a fim de que, caso achasse alguns que eram do Caminho, assim homens como mulheres, os levasse presos para Jerusalém.
13  Ananias, porém, respondeu: Senhor, de muitos tenho ouvido a respeito desse homem, quantos males tem feito aos teus santos em Jerusalém;
14  e para aqui trouxe autorização dos principais sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome.
21  Ora, todos os que o ouviam estavam atônitos e diziam: Não é este o que exterminava em Jerusalém os que invocavam o nome de Jesus e para aqui veio precisamente com o fim de os levar amarrados aos principais sacerdotes? At 9:1, 2, 13, 14, 21; 

3  Eu sou judeu, nasci em Tarso da Cilícia, mas criei-me nesta cidade e aqui fui instruído aos pés de Gamaliel, segundo a exatidão da lei de nossos antepassados, sendo zeloso para com Deus, assim como todos vós o sois no dia de hoje.
4  Persegui este Caminho até à morte, prendendo e metendo em cárceres homens e mulheres,
5  de que são testemunhas o sumo sacerdote e todos os anciãos. Destes, recebi cartas para os irmãos; e ia para Damasco, no propósito de trazer manietados para Jerusalém os que também lá estivessem, para serem punidos.  At 22:3-5).

Várias das palavras usadas por Lucas para descrever Saulo revelam a figura de uma criatura selvagem, feroz, ou de um soldado saqueador, determinado a destruir seu oponente. A palavra traduzida por “
devastava” em Atos 8:3 (NVI), por exemplo, é usada na tradução grega do Antigo Testamento (Sl 80:13 O javali da selva a devasta) para descrever o comportamento descontrolado e destrutivo de um javali selvagem. A cruzada de Saulo contra os cristãos evidentemente não era um assunto de conveniência tratado com indiferença, mas um plano determinado e sustentado para exterminar a fé cristã.

2. Examine as três descrições da conversão de Saulo (At 9:1-18; 22:6-21 e 26:12-19). Que papel a graça de Deus teve nessa experiência? Saulo mereceu a bondade que o Senhor mostrou para com ele?
            
1  Saulo, respirando ainda ameaças e morte contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote
2  e lhe pediu cartas para as sinagogas de Damasco, a fim de que, caso achasse alguns que eram do Caminho, assim homens como mulheres, os levasse presos para Jerusalém.
3  Seguindo ele estrada fora, ao aproximar-se de Damasco, subitamente uma luz do céu brilhou ao seu redor,
4  e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?
5  Ele perguntou: Quem és tu, Senhor? E a resposta foi: Eu sou Jesus, a quem tu persegues;
6  mas levanta-te e entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer.
7  Os seus companheiros de viagem pararam emudecidos, ouvindo a voz, não vendo, contudo, ninguém.
8  Então, se levantou Saulo da terra e, abrindo os olhos, nada podia ver. E, guiando-o pela mão, levaram-no para Damasco.
9  Esteve três dias sem ver, durante os quais nada comeu, nem bebeu.
10  Ora, havia em Damasco um discípulo chamado Ananias. Disse-lhe o Senhor numa visão: Ananias! Ao que respondeu: Eis-me aqui, Senhor!
11  Então, o Senhor lhe ordenou: Dispõe-te, e vai à rua que se chama Direita, e, na casa de Judas, procura por Saulo, apelidado de Tarso; pois ele está orando
12  e viu entrar um homem, chamado Ananias, e impor-lhe as mãos, para que recuperasse a vista.
13  Ananias, porém, respondeu: Senhor, de muitos tenho ouvido a respeito desse homem, quantos males tem feito aos teus santos em Jerusalém;
14  e para aqui trouxe autorização dos principais sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome.
15  Mas o Senhor lhe disse: Vai, porque este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel;
16  pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome.
17  Então, Ananias foi e, entrando na casa, impôs sobre ele as mãos, dizendo: Saulo, irmão, o Senhor me enviou, a saber, o próprio Jesus que te apareceu no caminho por onde vinhas, para que recuperes a vista e fiques cheio do Espírito Santo.
18  Imediatamente, lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e tornou a ver. A seguir, levantou-se e foi batizado. At 9:1-18 

6  Ora, aconteceu que, indo de caminho e já perto de Damasco, quase ao meio-dia, repentinamente, grande luz do céu brilhou ao redor de mim.
7  Então, caí por terra, ouvindo uma voz que me dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?
8  Perguntei: quem és tu, Senhor? Ao que me respondeu: Eu sou Jesus, o Nazareno, a quem tu persegues.
9  Os que estavam comigo viram a luz, sem, contudo, perceberem o sentido da voz de quem falava comigo.
10  Então, perguntei: que farei, Senhor? E o Senhor me disse: Levanta-te, entra em Damasco, pois ali te dirão acerca de tudo o que te é ordenado fazer.
11  Tendo ficado cego por causa do fulgor daquela luz, guiado pela mão dos que estavam comigo, cheguei a Damasco.
12  Um homem, chamado Ananias, piedoso conforme a lei, tendo bom testemunho de todos os judeus que ali moravam,
13  veio procurar-me e, pondo-se junto a mim, disse: Saulo, irmão, recebe novamente a vista. Nessa mesma hora, recobrei a vista e olhei para ele.
14  Então, ele disse: O Deus de nossos pais, de antemão, te escolheu para conheceres a sua vontade, veres o Justo e ouvires uma voz da sua própria boca,
15  porque terás de ser sua testemunha diante de todos os homens, das coisas que tens visto e ouvido.
16  E agora, por que te demoras? Levanta-te, recebe o batismo e lava os teus pecados, invocando o nome dele.
17  Tendo eu voltado para Jerusalém, enquanto orava no templo, sobreveio-me um êxtase,
18  e vi aquele que falava comigo: Apressa-te e sai logo de Jerusalém, porque não receberão o teu testemunho a meu respeito.
19  Eu disse: Senhor, eles bem sabem que eu encerrava em prisão e, nas sinagogas, açoitava os que criam em ti.
20  Quando se derramava o sangue de Estêvão, tua testemunha, eu também estava presente, consentia nisso e até guardei as vestes dos que o matavam.
21  Mas ele me disse: Vai, porque eu te enviarei para longe, aos gentios. At 22:6-21 

12  Com estes intuitos, parti para Damasco, levando autorização dos principais sacerdotes e por eles comissionado.
13  Ao meio-dia, ó rei, indo eu caminho fora, vi uma luz no céu, mais resplandecente que o sol, que brilhou ao redor de mim e dos que iam comigo.
14  E, caindo todos nós por terra, ouvi uma voz que me falava em língua hebraica: Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa é recalcitrares contra os aguilhões.
15  Então, eu perguntei: Quem és tu, Senhor? Ao que o Senhor respondeu: Eu sou Jesus, a quem tu persegues.
16  Mas levanta-te e firma-te sobre teus pés, porque por isto te apareci, para te constituir ministro e testemunha, tanto das coisas em que me viste como daquelas pelas quais te aparecerei ainda,
17  livrando-te do povo e dos gentios, para os quais eu te envio,
18  para lhes abrires os olhos e os converteres das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus, a fim de que recebam eles remissão de pecados e herança entre os que são santificados pela fé em mim.
19  Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial,  At    26:12-19)

Da perspectiva humana, a conversão de Saulo deve ter parecido impossível (essa foi a razão do ceticismo que muitos manifestaram quando ouviram falar dela pela primeira vez).

A única coisa que Saulo merecia era punição, mas, em lugar disso, Deus concedeu graça a esse judeu fervoroso. Contudo, é importante notar que a conversão de Saulo não aconteceu num vácuo, nem foi forçada.

Saulo não era ateu. Ele era um homem religioso, embora seriamente equivocado em sua compreensão de Deus. As palavras de Jesus a Paulo, “
Resistir ao aguilhão só lhe trará dor!” (At 26:14, NVI), indicam que o Espírito estivera convencendo Saulo. No mundo antigo, o “aguilhão” era uma vara com uma ponta afiada utilizada para cutucar bois, sempre que se recusavam a puxar o arado. Saulo havia resistido ao aguilhão de Deus durante algum tempo, mas finalmente, em sua viagem para Damasco, através de um encontro miraculoso com o Jesus ressuscitado, ele decidiu parar de lutar.

Pense em sua experiência de conversão. Talvez ela não tenha sido tão dramática quanto a de Paulo (na maior parte dos casos não é), mas de que maneira você também recebeu a graça de Deus? Por que é importante não esquecer o que recebemos em Cristo?  




Saulo em Damasco

Terça                                         



Esta rua tem cerca de três quilômetros e meio e passo pelo centro da cidade na direção nordeste para sudoeste hoje é rua pobre mas no tempo do apostolo Paulo era avenida suntuosa. Na porta ocidental há uma porta de 12 metros de altura que alias foi uma obra dos romanos


Durante o encontro com Jesus, Saulo ficou cego, foi instruído a ir à casa de um homem chamado Judas e aguardar ali a visita de outro homem, Ananias. Sem dúvida, a cegueira física de Saulo foi um poderoso lembrete da cegueira espiritual, mais ampla, que o havia levado a perseguir os seguidores de Jesus.

A manifestação de Jesus a ele na estrada de Damasco mudou tudo. Nas questões sobre as quais Saulo pensava que tinha toda a razão, ele estava completamente errado. Em vez de trabalhar para Deus, havia trabalhado contra Ele. Quando entrou em Damasco, Saulo era um homem diferente do orgulhoso e zeloso fariseu que havia saído de Jerusalém. Em vez de comer e beber, Saulo passou seus primeiros três dias em Damasco jejuando, orando e refletindo sobre tudo o que tinha acontecido.

10 Ora, havia em Damasco um discípulo chamado Ananias. Disse-lhe o Senhor numa visão: Ananias! Ao que respondeu: Eis-me aqui, Senhor!
11  Então, o Senhor lhe ordenou: Dispõe-te, e vai à rua que se chama Direita, e, na casa de Judas, procura por Saulo, apelidado de Tarso; pois ele está orando
12  e viu entrar um homem, chamado Ananias, e impor-lhe as mãos, para que recuperasse a vista.
13  Ananias, porém, respondeu: Senhor, de muitos tenho ouvido a respeito desse homem, quantos males tem feito aos teus santos em Jerusalém;
14  e para aqui trouxe autorização dos principais sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome. Atos 9:10-14.

Imagine o que deve ter passado na mente de Ananias: Saulo, o perseguidor, não era, então, apenas um seguidor de Jesus; ele também se tornou Paulo, o apóstolo escolhido por Deus para levar o evangelho aos gentios

16  Mas levanta-te e firma-te sobre teus pés, porque por isto te apareci, para te constituir ministro e testemunha, tanto das coisas em que me viste como daquelas pelas quais te aparecerei ainda,
17  livrando-te do povo e dos gentios, para os quais eu te envio,
18  para lhes abrires os olhos e os converteres das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus, a fim de que recebam eles remissão de pecados e herança entre os que são santificados pela fé em mim. (At 26:16-18).

Não é de admirar que Ananias estivesse um tanto confuso. Se a igreja em Jerusalém estava hesitante em aceitar Paulo, cerca de três anos após sua conversão (At 9:26-30), podemos imaginar as dúvidas e preocupações que enchiam o coração dos fiéis em Damasco, apenas alguns dias depois do evento!

26  Tendo chegado a Jerusalém, procurou juntar-se com os discípulos; todos, porém, o temiam, não acreditando que ele fosse discípulo.
27  Mas Barnabé, tomando-o consigo, levou-o aos apóstolos; e contou-lhes como ele vira o Senhor no caminho, e que este lhe falara, e como em Damasco pregara ousadamente em nome de Jesus.
28  Estava com eles em Jerusalém, entrando e saindo, pregando ousadamente em nome do Senhor.
29  Falava e discutia com os helenistas; mas eles procuravam tirar-lhe a vida.
30  Tendo, porém, isto chegado ao conhecimento dos irmãos, levaram-no até Cesaréia e dali o enviaram para Tarso. At 9:26-30

Observe também que Ananias recebeu uma visão do Senhor, mostrando para ele a notícia surpreendente e inesperada sobre Saulo de Tarso. Possivelmente, qualquer outra coisa menos do que uma visão não o teria convencido de que aquelas informações acerca de Saulo eram verdadeiras, e de que o inimigo do cristãos judeus havia se tornado um deles.

Saulo tinha saído de Jerusalém com poder e autorização dos principais sacerdotes para acabar com a fé cristã (At 26:12 -
Com estes intuitos, parti para Damasco, levando autorização dos principais sacerdotes e por eles comissionado). Deus tinha, no entanto, uma missão bastante diferente para Saulo, apoiada numa autoridade muito maior. Saulo devia levar o evangelho ao mundo gentílico, uma ideia que, para Ananias e os outros fiéis judeus, deve ter sido ainda mais chocante do que a própria conversão de Saulo.

Onde Saulo havia procurado impedir a propagação da fé cristã, agora Deus iria usá-lo para disseminá-la muito além do que os cristãos judeus poderiam imaginar.

3. Leia 1 Samuel 16:7, Mateus 7:1 e 1 Coríntios 4:5. Por que devemos ter cuidado na nossa avaliação da experiência espiritual de outras pessoas? Que erros temos cometido em nosso julgamento sobre os outros? O que temos aprendido com esses erros?

Porém o SENHOR disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura, porque o rejeitei; porque o SENHOR não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração. 1Samuel 16:7, 

1  Não julgueis, para que não sejais julgados.
2  Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também.
3  Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? Mateus 7:1-3 

Portanto, nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não somente trará à plena luz as coisas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações; e, então, cada um receberá o seu louvor da parte de Deus. 1Coríntios 4:5



O evangelho vai aos gentios

Quarta                                  



(Ruínas da cidade de Antioquia de Pisidia, antiga província romana da Galátia, hoje Turquia e onde Paulo pregou, juntamente com Barnabé. Foto de Brian Morley)


4. Onde foi estabelecida a primeira igreja gentílica? Que acontecimentos ocasionaram a ida dos cristãos para lá? Que lembrança do Antigo Testamento essa história nos traz? Dn 2

19 Então, os que foram dispersos por causa da tribulação que sobreveio a Estêvão se espalharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus.
20  Alguns deles, porém, que eram de Chipre e de Cirene e que foram até Antioquia, falavam também aos gregos, anunciando-lhes o evangelho do Senhor Jesus.
21  A mão do Senhor estava com eles, e muitos, crendo, se converteram ao Senhor.
26  tendo-o encontrado, levou-o para Antioquia. E, por todo um ano, se reuniram naquela igreja e ensinaram numerosa multidão. Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos. At 11:19-21, 26; 

A perseguição que irrompeu em Jerusalém após a morte de Estêvão fez com que muitos cristãos judeus fugissem para Antioquia, cerca de 480 quilômetros ao norte. Sendo capital da província romana da Síria, Antioquia era inferior apenas a Roma e Alexandria, em importância. Sua população, estimada em 500 mil pessoas, era extremamente cosmopolita, o que a tornava um local ideal não só para uma igreja de gentios, mas como ponto de partida para a missão universal da igreja primitiva.

5. O que aconteceu em Antioquia, que resultou na visita de Barnabé à cidade e sua decisão posterior de convidar Paulo para se juntar a ele ali? Que descrição é apresentada da igreja daquela comunidade? 

20  Alguns deles, porém, que eram de Chipre e de Cirene e que foram até Antioquia, falavam também aos gregos, anunciando-lhes o evangelho do Senhor Jesus.
21  A mão do Senhor estava com eles, e muitos, crendo, se converteram ao Senhor.
22  A notícia a respeito deles chegou aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e enviaram Barnabé até Antioquia.
23  Tendo ele chegado e, vendo a graça de Deus, alegrou-se e exortava a todos a que, com firmeza de coração, permanecessem no Senhor.
24  Porque era homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor.
25  E partiu Barnabé para Tarso à procura de Saulo;
26  tendo-o encontrado, levou-o para Antioquia. E, por todo um ano, se reuniram naquela igreja e ensinaram numerosa multidão. Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos. At 11:20-26

Traçar a cronologia da vida de Paulo é difícil, mas parece que cerca de cinco anos se passaram entre sua visita a Jerusalém depois da conversão (At 9:26-30) e o convite de Barnabé, para que Paulo se juntasse a ele em Antioquia. O que Paulo fez em todos esses anos? É difícil dizer com certeza. Mas, com base em seus comentários em Gálatas 1:21 (Depois, fui para as regiões da Síria e da Cilícia), possivelmente ele tivesse pregado o evangelho nas regiões da Síria e da Cilícia. Alguns têm sugerido que, talvez, durante essa época ele tivesse sido deserdado por sua família (Fp 3:8) e sofrido uma série de dificuldades, como ele descreve em 2Coríntios 11:23-28. A igreja em Antioquia floresceu sob a orientação do Espírito. A descrição em Atos 13:1 indica que a natureza cosmopolita da cidade logo foi refletida na diversidade étnica e cultural da própria igreja (Barnabé era de Chipre, Lúcio de Cirene, Paulo da Cilícia, Simeão presumivelmente da África; pense também em todos os gentios convertidos). O Espírito procurava então levar o evangelho a outros gentios, usando Antioquia como base para mais atividades missionárias de longo alcance, além da Síria e da Judeia.

26  Tendo chegado a Jerusalém, procurou juntar-se com os discípulos; todos, porém, o temiam, não acreditando que ele fosse discípulo.
27  Mas Barnabé, tomando-o consigo, levou-o aos apóstolos; e contou-lhes como ele vira o Senhor no caminho, e que este lhe falara, e como em Damasco pregara ousadamente em nome de Jesus.
28  Estava com eles em Jerusalém, entrando e saindo, pregando ousadamente em nome do Senhor.
29  Falava e discutia com os helenistas; mas eles procuravam tirar-lhe a vida.
30  Tendo, porém, isto chegado ao conhecimento dos irmãos, levaram-no até Cesaréia e dali o enviaram para Tarso. At 9:26-30

Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo Fp 3:8

23  São ministros de Cristo? (Falo como fora de mim.) Eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; muito mais em prisões; em açoites, sem medida; em perigos de morte, muitas vezes.
24  Cinco vezes recebi dos judeus uma quarentena de açoites menos um;
25  fui três vezes fustigado com varas; uma vez, apedrejado; em naufrágio, três vezes; uma noite e um dia passei na voragem do mar;
26  em jornadas, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos entre patrícios, em perigos entre gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos;
27  em trabalhos e fadigas, em vigílias, muitas vezes; em fome e sede, em jejuns, muitas vezes; em frio e nudez.
28  Além das coisas exteriores, há o que pesa sobre mim diariamente, a preocupação com todas as igrejas. 2Coríntios 11:23-28

Havia na igreja de Antioquia profetas e mestres: Barnabé, Simeão, por sobrenome Níger, Lúcio de Cirene, Manaém, colaço de Herodes, o tetrarca, e Saulo. Atos 13:1

19  Então, os que foram dispersos por causa da tribulação que sobreveio a Estêvão se espalharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus.
20  Alguns deles, porém, que eram de Chipre e de Cirene e que foram até Antioquia, falavam também aos gregos, anunciando-lhes o evangelho do Senhor Jesus.
21  A mão do Senhor estava com eles, e muitos, crendo, se converteram ao Senhor.
22  A notícia a respeito deles chegou aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e enviaram Barnabé até Antioquia.
23  Tendo ele chegado e, vendo a graça de Deus, alegrou-se e exortava a todos a que, com firmeza de coração, permanecessem no Senhor.
24  Porque era homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor.
25  E partiu Barnabé para Tarso à procura de Saulo;
26  tendo-o encontrado, levou-o para Antioquia. E, por todo um ano, se reuniram naquela igreja e ensinaram numerosa multidão. Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos. Atos 11:19-26.

A igreja de Antioquia era muito diversificada cultural e etnicamente. O que podemos aprender com ela que possa ajudar a igreja de hoje a imitar o bem que existia ali?


Conflitos dentro da igreja

Quinta                               




Com certeza, tudo que é humano é imperfeito, e não demorou muito para que começassem os problemas dentro da primitiva comunidade de fé. Para começar, nem todos ficaram satisfeitos com a entrada dos gentios cristãos na igreja primitiva. A divergência não foi sobre o conceito de uma missão entre os gentios, mas sobre a base na qual os gentios deveriam ser autorizados a se unir à igreja. Alguns achavam que a fé em Jesus, apenas, não era suficiente como sinal característico do cristão; a fé, eles argumentavam, devia ser complementada com a circuncisão e obediência à lei de Moisés. Para ser um verdadeiro cristão, eles afirmavam, os gentios deviam ser circuncidados (em Atos 10:1–11:18, podemos ver a extensão da divisão entre judeus e gentios, na experiência de Pedro com Cornélio e na reação que se seguiu).

As visitas oficiais de Jerusalém, que observaram o trabalho de Filipe entre os samaritanos (At 8:14 -
Ouvindo os apóstolos, que estavam em Jerusalém, que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram-lhe Pedro e João) e o trabalho com os gentios em Antioquia (At 11:22 - A notícia a respeito deles chegou aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e enviaram Barnabé até Antioquia), podem sugerir alguma preocupação acerca da inclusão dos não judeus na comunidade cristã. No entanto, a reação que ocorreu quando Pedro batizou Cornélio, um soldado romano incircunciso, foi um claro exemplo da discordância que existia entre os primeiros cristãos sobre a questão dos gentios. A inclusão de um gentio ocasional, como Cornélio, pode ter feito com que alguns se sentissem desconfortáveis, mas os esforços intencionais de Paulo para abrir totalmente as portas da igreja para os gentios na base da fé em Jesus somente resultou em tentativas deliberadas, por parte de alguns, para prejudicar o ministério de Paulo.

6. Como alguns fiéis da Judeia tentaram dificultar o trabalho de Paulo com os cristãos gentios em Antioquia? 

1  Alguns indivíduos que desceram da Judéia ensinavam aos irmãos: Se não vos circuncidardes segundo o costume de Moisés, não podeis ser salvos.
2  Tendo havido, da parte de Paulo e Barnabé, contenda e não pequena discussão com eles, resolveram que esses dois e alguns outros dentre eles subissem a Jerusalém, aos apóstolos e presbíteros, com respeito a esta questão.
3  Enviados, pois, e até certo ponto acompanhados pela igreja, atravessaram as províncias da Fenícia e Samaria e, narrando a conversão dos gentios, causaram grande alegria a todos os irmãos.
4  Tendo eles chegado a Jerusalém, foram bem recebidos pela igreja, pelos apóstolos e pelos presbíteros e relataram tudo o que Deus fizera com eles.
5  Insurgiram-se, entretanto, alguns da seita dos fariseus que haviam crido, dizendo: É necessário circuncidá-los e determinar-lhes que observem a lei de Moisés. At 15:1-5

Embora o concílio de Jerusalém, em Atos 15, finalmente tivesse se unido a Paulo na questão da circuncisão, a oposição ao ministério de Paulo continuou. Cerca de sete anos mais tarde, durante a última visita de Paulo a Jerusalém, muitos ainda desconfiavam do evangelho que ele pregava. De fato, quando Paulo visitou o templo, quase perdeu a vida, quando os judeus da Ásia clamaram: “
Israelitas, socorro! Este é o homem que por toda parte ensina todos a serem contra o povo, contra a lei e contra este lugar” (At 21:28); 

20  Ouvindo-o, deram eles glória a Deus e lhe disseram: Bem vês, irmão, quantas dezenas de milhares há entre os judeus que creram, e todos são zelosos da lei;
21  e foram informados a teu respeito que ensinas todos os judeus entre os gentios a apostatarem de Moisés, dizendo-lhes que não devem circuncidar os filhos, nem andar segundo os costumes da lei. At 21:20, 21).

Ponha-se na posição desses fiéis judeus que estavam preocupados acerca do ensino de Paulo. Por que sua preocupação e oposição fazia algum sentido? Como nossas ideias preconcebidas, bem como as noções culturais (e até mesmo as religiosas), podem nos desviar do caminho correto? Como podemos evitar o mesmo tipo de erros, não importando o quanto sejamos bem-intencionados?


Sexta                                          Estudo adicional


Sobre a relação entre conversão pessoal e a Igreja, leia de Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 3, p. 430-434: “Independência individual”; para uma proveitosa descrição do início da vida de Paulo e um comentário sobre sua conversão, leia The SDA Bible Commentary, v. 6, p. 226-234.

Paulo fora anteriormente reconhecido como zeloso defensor da religião judaica e implacável perseguidor dos seguidores de Jesus. Corajoso, independente, perseverante, seus talentos e preparo o teriam capacitado a servir quase em qualquer atividade. Era capaz de arrazoar com clareza extraordinária e, por seu fulminante sarcasmo, podia colocar o adversário em posição nada invejável. E agora os judeus viam esse jovem extraordinariamente promissor unido com aqueles a quem antes perseguira, pregando destemidamente no nome de Jesus.

Um general que tomba em combate está perdido para seu exército, mas sua morte não acrescenta força ao inimigo. Mas quando um homem preeminente se une às forças opositoras, não apenas se perdem seus serviços como ganham decidida vantagem aqueles com quem ele se uniu. Saulo de Tarso, em caminho para Damasco, podia facilmente ter sido fulminado pelo Senhor, e muita força se teria retirado do poder perseguidor. Porém, Deus, em Sua providência, não apenas poupou a vida de Saulo, mas converteu-o, transferindo assim um campeão do campo do inimigo para o lado de Cristo. Orador eloquente e crítico severo, Paulo, com seu decidido propósito e inquebrantável coragem, tinha as próprias qualificações necessárias à igreja primitiva” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 124).

Perguntas para reflexão
1. Que lição podemos aprender do fato de que alguns dos mais duros opositores de Paulo eram judeus que acreditavam em Jesus?
2. Como você pode defender questões de princípios religiosos e, ao mesmo tempo, ter certeza de que não está lutando contra Deus?

Resumo: 
O encontro de Saulo com Jesus ressuscitado, na estrada de Damasco, foi o momento decisivo em sua vida e na história da igreja primitiva. Deus mudou o antigo perseguidor da igreja e fez dele Seu apóstolo escolhido para levar o evangelho ao mundo gentílico. Entretanto, a iniciativa de Paulo, ao incluir os gentios na igreja somente pela fé, provou-se um conceito difícil para alguns aceitarem – um poderoso exemplo de como preconceito e discriminação podem dificultar a missão.




Paulo apóstolo dos gentios (resumo do estudo nº 01)




E, ouvindo eles estas coisas, apaziguaram-se e glorificaram a Deus, dizendo: Logo, também aos gentios foi por Deus concedido o arrependimento para vida. Atos 11:18

Saber: Quais foram os eventos desafiadores que levaram à pregação do evangelho aos gentios.
Sentir: As tensões em torno da transformação de Paulo, de zeloso fariseu a dedicado pregador do evangelho aos gentios.
Fazer: Oferecer a Deus os talentos e ministério de vida a fim de ser habilitado para o serviço.

Esboço

I. Ir a todo o mundo

A. Que circunstâncias envolveram o desenvolvimento do ministério da recém-formada igreja para os gentios?
B. Por que pregar o evangelho aos gentios foi uma prática tão revolucionária para os cristãos da igreja primitiva, e como eles reagiram a esse desafio?

II. Desafios e tensões

A. Que efeito as perseguições de Saulo tiveram sobre a igreja primitiva?
B. De que maneiras os líderes da igreja primitiva reagiram ao chamado que transformou Paulo em pregador do evangelho?
C. Como aquela igreja iniciante resolveu as tensões suscitadas pela expansão da pregação do evangelho aos gentios?

III. Aptos para o serviço

A. Que transformações precisam ocorrer a fim de nos preparar para o ministério?
B. Como podemos nos adaptar às variadas formas da pregação do evangelho, como fez a igreja primitiva?
C. Que desafios diferentes enfrentamos, sendo uma igreja mais experiente, e que transformações necessitamos?

Resumo: 
No começo, a nova igreja enfrentou a oposição determinada do fanático Saulo de Tarso, mas sua transformação em resposta ao chamado de Deus resultou no desenvolvimento de um forte ministério aos gentios.

Motivação
Assim como Saulo de Tarso, podemos ter certeza absoluta do que acreditamos, e sobre isso estar absolutamente errados. Estar aberto à direção de Deus significa estar aberto a surpresas, mesmo quando elas não são fáceis nem agradáveis.

Enfatize o fato de que tanto Saulo/Paulo quanto a igreja cristã primitiva necessitavam permitir que Deus abrisse sua mente. Paulo precisava perceber que aquilo que em sua concepção não poderia ser verdade era, de fato, a verdade. Os primeiros cristãos judeus, por sua vez, tinham que ser despertados para o fato de que o evangelho era para todos, mesmo os gentios.

Você quer se tornar realmente mau? Não mau como um “incompreendido”, não mau como o tipo de pessoa “diamante bruto”, com o notório coração de ouro, mas mau como alguns dos homens mais perversos do mundo? Você deve começar convencendo a si mesmo de que você é bom. Tão bom que você se considera melhor do que qualquer pessoa. Ou que você não pode fazer nada de errado. Não apenas isso, mas porque você tem Deus ao seu lado, quem se opõe a você se opõe a Deus. O filósofo e matemático francês Blaise Pascal escreveu: “Os homens nunca fazem o mal tão completa e alegremente como quando o fazem a partir de uma convicção religiosa”. Poderia ser você. Poderia ser qualquer um de nós se, em devoção equivocada, nos colocássemos no lugar de Deus e parássemos de ouvir o verdadeiro Deus.

Nesta semana, estudaremos alguém que estava seguindo esse caminho: Saulo de Tarso. Ele prosseguia em seu caminho para se tornar, como ele disse mais tarde, o principal dos pecadores (1Tm 1:15 -
Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal). Mas Deus tinha outros planos para ele.

Comente: 
É importante ter certeza, de maneira sensata, a respeito do que acreditamos e por que acreditamos. Como podemos equilibrar essa exigência com a necessidade de humildade para perceber que nossas ideias e percepções são falíveis e podem precisar de mudança, à medida que aprofundamos nosso relacionamento com Deus e nosso entendimento de Sua Palavra?

Compreensão
Nos evangelhos, conhecemos Jesus Cristo. Ficamos familiarizados com Sua personalidade, Sua natureza, Sua missão e Sua relação com as coisas que haviam ocorrido antes, as quais Ele veio cumprir. Em Atos vemos como os primeiros discípulos avançaram na luz da missão e da mensagem de Jesus. Vemos antigas formas desafiadas, transformadas e vidas renovadas. Em nenhum lugar esse processo é mais claro do que na vida e carreira de Saulo/Paulo. Enfatize como esse processo de provação e transformação se repete em nossa vida pessoal.


Comentário Bíblico


I. Espectador culpado

E, lançando-o fora da cidade, o apedrejaram. As testemunhas deixaram suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo. At 7:58; 

1  E Saulo consentia na sua morte. Naquele dia, levantou-se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém; e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria.
2  Alguns homens piedosos sepultaram Estêvão e fizeram grande pranto sobre ele.
3  Saulo, porém, assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere.
4 Entrementes, os que foram dispersos iam por toda parte pregando a palavra.
5  Filipe, descendo à cidade de Samaria, anunciava-lhes a Cristo. At 8:1-5

Em inglês há uma expressão: “I’ll hold your coat for you” [Eu seguro seu casaco]. Como muitas outras expressões na língua inglesa, essa poderia ter vindo da Bíblia; nesse caso, de Atos 7:58. Ela pode ser usada em uma das duas seguintes maneiras: Uma pessoa pode aprovar um ato de violência ou agressão, mas não estar muito disposta a praticá-lo por si mesmo; ou pode ser um comentário mordaz de uma pessoa que apoia o derramamento de sangue, mas nunca assume realmente os riscos pessoais.

Como cristãos e estudantes da Bíblia, vemos Saulo de Tarso como um grande perseguidor. Mas pouco sabemos sobre ele ou suas atividades antes dos eventos contados nesses versos. Ele tinha opiniões fortes sobre os cristãos primitivos, antes de assistir à pregação de Estêvão? Obviamente, a pregação de Estêvão foi suficiente para motivá-lo a algum tipo de ação, mas por quê? Foi ele atraído pela mensagem, ao mesmo tempo em que tinha aversão a ela? Ele sabia que ela era verdadeira, mesmo quando tentava forçar a si mesmo e aos outros a acreditar que não era?

Considere as ações de Saulo. Ele não foi um participante ativo na morte de Estevão, a julgar pela passagem. De toda maneira, o autor possivelmente não se preocupasse em mencionar isso, mas apenas em apresentar Saulo como um personagem que depois se tornaria importante para a narrativa de Atos. Se tudo que Paulo houvesse feito tivesse sido agir como um inocente espectador, teria sido difícil culpá-lo – muito menos lançar sobre ele a responsabilidade – de algum crime, com base nas informações dadas no texto. Talvez ele tivesse incitado os assassinos de Estêvão, mas isso não está registrado. Ao contrário da expressão mencionada antes, ele nem sequer segurou as vestes. Ele viu seus companheiros apedrejar Estêvão. Dois versos depois, é dito que ele aprovava a morte de Estêvão. Mas podemos supor que isso provavelmente não tivesse sido ideia dele.

Isso significaria que Paulo não era culpado da morte de Estêvão? Ele mesmo sentia que havia sido, e carregou a culpa pelo resto da vida. Temos boas razões para acreditar que o relato dos eventos de Atos foram contados a Lucas (geralmente considerado o autor de Atos, bem como do evangelho que leva seu nome) pelo próprio Paulo, e que Paulo tivesse insistido bastante para que Lucas mencionasse seu papel e seu consentimento. E vários versos mais à frente, em Atos 8:1-5, foi demonstrado que ele era o perseguidor sanguinário que todos conhecemos.

Por que Paulo não teve um papel mais ativo no apedrejamento de Estêvão? Ele era um manipulador nos bastidores, ou estava esperando para ver o que fariam as autoridades que ele venerava e cujo exemplo seguia? Em qualquer caso, sua decisão de facilitar esse ato de violência coletiva, disfarçada de justiça teocrática, o tornou culpado como se ele mesmo tivesse recolhido e jogado todas as pedras, embora aparentemente ele não tivesse praticado nenhuma ação. Somente a graça de Deus poderia desviá-lo do caminho que ele livremente havia escolhido para si.

Pense nisto: 
Você já tomou uma decisão errada, que teve repercussões muito além das circunstâncias imediatas, ao deixar de agir, ou agindo passivamente para facilitar uma injustiça ou irregularidade? Como você acertou a situação?

II. A conversão de Saulo

(Recapitule com a classe At 9:1-18; 22:6-21; 26:12-19; 1Co 9:1; 15:3;. Gl 1:11, 12, 15, 16.)

Mencionar o evento relatado nas passagens acima como uma conversão é correto, mas não é realmente adequado. As palavras bíblicas que geralmente traduzimos como “conversão” (sub em hebraico e epistrophe, em grego) se referem a uma virada ou um retorno a Deus ou ao caminho que conduz a Ele. Por isso, é um ato da vontade, auxiliado por Deus ou Seu Espírito.

Saulo, por outro lado, não se converteu por si mesmo; mais do que isso, ele foi convertido. Até o momento em que o Cristo vivo apareceu e o incapacitou, não vemos nenhum sinal de mudança de coração em Saulo. As passagens nos capítulos 8 e 9 não dizem nada sobre seu estado interno. Vemos bastante sobre seu estado externo, vividamente descrito em termos que lembram um animal feroz e predador (At 8:3). O Espírito Santo estava trabalhando nele? Sem dúvida, mas para ver isso seria preciso fé maior do que a maioria tinha naquele tempo e do que muitos têm hoje.

A experiência de Saulo foi uma conversão que resultou em uma mudança dramática de sua trajetória anterior. E por mais irresistível que a experiência e o chamado tenham sido, e por mais absurda que seja esta ideia ao leitor, Saulo poderia ter rejeitado o chamado – pelo menos em teoria. Mas o que aconteceu ali? Em primeiro lugar, Saulo foi privado de suas faculdades, incluindo a visão. Deus tirou as coisas das quais Saulo dependia. Tudo o que ele podia fazer era sentar e ouvir. E quando Deus finalmente obteve toda a atenção dele, então, deu a Saulo uma revelação, que ele descreveu mais tarde, em diversos lugares, como uma visão do Cristo ressuscitado. Por mais incrédulos que os outros pudessem ter sido, Paulo não hesitou em comparar essa experiência com a dos apóstolos, que haviam andado e falado pessoalmente com Jesus Cristo, durante Seu ministério terrestre.

Jesus Cristo deu a Saulo o melhor que Ele tinha, o homem que menos merecia isso. Para alguns, essa generosidade pode ter sido desconcertante ou até mesmo revoltante. Mas se alguém tem consciência de que é um pecador necessitado da graça, a conversão de Saulo demonstra o quanto a graça é ilimitada e poderosa.

Pense nisto:
Embora afirmemos crer na graça de Deus, algumas vezes podemos ser tentados a imaginá-Lo distribuindo-a em colheradas pesadas rigorosamente. Por que somos tentados a pensar dessa forma? Chegamos até mesmo a desejar que as coisas fossem assim?

Aplicação
Use as seguintes perguntas para ajudar seus alunos a ver o que a conversão de Saulo de Tarso nos ensina sobre a graça de Deus e como devemos reagir a ela.

Perguntas para reflexão 

Na realidade, pouca coisa é dita sobre o início da vida de Saulo e as influências que o moldaram. Em sua opinião, que motivos ele teve para perseguir os cristãos?

Em Atos 9:5, a misteriosa voz se refere a Saulo dando murros contra os aguilhões. Como exatamente Deus estava “ferindo Saulo com o aguilhão”, mesmo quando ele parecia agir de forma muito contrária à vontade de Deus?

Perguntas de aplicação

1. Todos nós conhecemos, ou ouvimos falar sobre pessoas com histórias espetaculares de conversão, e talvez a nossa seja um pouco mais comum. De que forma você percebeu a graça de Deus manifestada na sua história, talvez no próprio fato de que você não teve que experimentar todas essas coisas?

2. Como você reage quando uma pessoa de quem você desconfia, ou tem motivos para temer ou rejeitar, parece ter mudado para melhor?

Criatividade
A história de Saulo é, acima de tudo, uma história de graça. Deus lhe mostrou a graça quando ele não a estava buscando nem sentia necessidade dela. E aqueles a quem Saulo perseguiu, ou poderia ter perseguido, aprenderam como uma pessoa pode ser verdadeiramente transformada por essa graça e como podem manifestar a graça em sua vida. A seguinte atividade é destinada a incentivar os alunos a tornar a graça uma parte da sua vida e pensamentos diários.

Atividade: 
Todos enfrentamos situações ou pessoas difíceis. Como reagimos? Será que temos um ataque de fúria? Dizemos certas palavras e frases quando pensamos que ninguém pode ouvi-las? Será que nutrimos silenciosamente nossos ressentimentos?

Na próxima semana, medite sobre a graça ao se deparar com uma situação ou relacionamento desafiadores. Considere isso como oportunidades para aprender ou uma oportunidade para praticar a demonstração da graça. Quando os pensamentos habituais entrarem em sua mente e, talvez, saírem de sua boca, conscientemente pense – e diga – algo diferente. Proteja seus pensamentos com um verso bíblico apropriado. Traga um relatório na próxima semana. Como a experiência com a graça mudou sua maneira de agir e sentir em tais situações?