sábado, 26 de novembro de 2011

As duas alianças (estudo nº 10)




“Mas a Jerusalém lá de cima é livre, a qual é nossa mãe” (Gl 4:26).

Leituras da semana: Gl 4:21-31; Gn 1:28; 2:2, 3; 3:15; 15:1-6; Êx 6:2-8; 19:3-6

Cristãos que rejeitam a autoridade do Antigo Testamento muitas vezes veem a promulgação da lei no Sinai como incompatível com o evangelho. Concluem que a aliança apresentada no Sinai representa uma época, uma dispensação, de um tempo na história humana em que a salvação tinha por base a obediência à lei. Mas pelo fato de que as pessoas não viveram à altura das exigências da lei, Deus (na opinião deles) anunciou uma nova aliança, a aliança da graça através dos méritos de Jesus Cristo. Este, então, é o seu entendimento das duas alianças: a antiga, com base na lei, e a nova, fundamentada na graça.

Por mais comum que essa visão possa ser, ela está errada. A salvação nunca foi pela obediência à lei. Desde o início, o judaísmo bíblico sempre foi uma religião de graça. O legalismo que Paulo estava enfrentando na Galácia era uma perversão, não apenas do cristianismo, mas do próprio Antigo Testamento. As duas alianças não são questões de tempo; em lugar disso, elas são um reflexo das atitudes humanas e representam duas formas diferentes de tentar se relacionar com Deus, formas que remontam a Caim e Abel. A antiga aliança representa os que, como Caim, equivocadamente confiam na própria obediência como meio de agradar a Deus. Em contrapartida, a nova aliança representa a experiência dos que, como Abel, dependem inteiramente da graça de Deus para realizar tudo o que Ele prometeu. 


Domingo                                      Princípios da aliança


21  Dizei-me vós, os que quereis estar sob a lei: acaso, não ouvis a lei?
22  Pois está escrito que Abraão teve dois filhos, um da mulher escrava e outro da livre.
23  Mas o da escrava nasceu segundo a carne; o da livre, mediante a promessa.
24  Estas coisas são alegóricas; porque estas mulheres são duas alianças; uma, na verdade, se refere ao monte Sinai, que gera para escravidão; esta é Agar.
25  Ora, Agar é o monte Sinai, na Arábia, e corresponde à Jerusalém atual, que está em escravidão com seus filhos.
26  Mas a Jerusalém lá de cima é livre, a qual é nossa mãe;
27  porque está escrito: Alegra-te, ó estéril, que não dás à luz, exulta e clama, tu que não estás de parto; porque são mais numerosos os filhos da abandonada que os da que tem marido.
28  Vós, porém, irmãos, sois filhos da promessa, como Isaque.
29  Como, porém, outrora, o que nascera segundo a carne perseguia ao que nasceu segundo o Espírito, assim também agora.
30  Contudo, que diz a Escritura? Lança fora a escrava e seu filho, porque de modo algum o filho da escrava será herdeiro com o filho da livre.
31  E, assim, irmãos, somos filhos não da escrava, e sim da livre. Gálatas 4:21-31

Muitos consideram a interpretação de Paulo sobre a história de Israel em Gálatas 4:21-31 como a passagem mais difícil em sua carta. Isso porque ela apresenta um argumento extremamente complexo, que exige amplo conhecimento das pessoas e eventos do Antigo Testamento. O primeiro passo para dar sentido a essa passagem é ter um entendimento básico de um conceito do Antigo Testamento que é central para o argumento de Paulo: o conceito da aliança.

A palavra hebraica traduzida por “aliança” é berit. Ela ocorre quase trezentas vezes no Antigo Testamento e se refere a um contrato obrigatório, um acordo ou um tratado. Por milhares de anos, as alianças desempenharam um papel fundamental na definição das relações entre pessoas e nações do antigo Oriente Próximo. Alianças muitas vezes envolviam o sacrifício de animais, como parte do processo de fazer uma aliança (literalmente “cortar”). A matança de animais simbolizava o que aconteceria a uma das partes, caso falhasse em cumprir as promessas e obrigações da aliança.

De Adão a Jesus, Deus Se relacionou com a humanidade por meio de uma série de promessas da aliança que estavam centralizadas em um futuro Redentor, e que culminaram na aliança davídica (Gn 12:2, 3; 2Sm 7:12-17; Is 11). Para Israel no cativeiro babilônico Deus prometeu uma “nova aliança” mais eficaz (Jr 31:31-34) em conexão com a vinda do Messias davídico” (Ez 36:26-28; 37:22-28; Hans K. LaRondelle, Our Creator Redeemer [Nosso Criador e Redentor], Berrien Springs, Michigan: Andrews University Press, 2005, p. 4).

1. Qual foi a base da aliança original de Deus com Adão no Jardim do Éden antes do pecado? 

E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra.  Gn 1:28; 

2  E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito.
3  E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera.       
15  Tomou, pois, o SENHOR Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar.
16  E o SENHOR Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente,
17  mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.  Gn 2:2, 3, 15-17

Embora o casamento, o trabalho físico, e o sábado fizessem parte das provisões gerais da aliança da criação, seu foco principal era o mandamento de Deus de não comer o fruto proibido. A natureza básica da aliança era “obedecer e viver!”. Com uma natureza criada em harmonia com Deus, o Senhor não exigia o impossível. A obediência era a inclinação natural da humanidade. No entanto, Adão e Eva escolheram fazer o que não era natural e, nesse ato, não apenas romperam a aliança da criação, mas tornaram impossível o cumprimento de seus termos para os seres humanos, então corrompidos pelo pecado. Deus precisou encontrar uma forma de restaurar o relacionamento que Adão e Eva haviam perdido. Ele fez isso iniciando imediatamente uma aliança de graça, com base na promessa de um Salvador (Gn 3:15).

2. Leia Gênesis 3:15, a primeira promessa evangélica na Bíblia. Onde, nesse verso, você percebe a ideia da esperança que temos em Cristo? 

Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. Gênesis 3:15





A aliança abraâmica

Segunda                               




3. Que promessas da aliança Deus fez a Abrão em Gênesis 12:1-5? Qual foi a resposta de Abrão?

1  Ora, disse o SENHOR a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei;
2  de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção!
3  Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra.
4  Partiu, pois, Abrão, como lho ordenara o SENHOR, e Ló foi com ele. Tinha Abrão setenta e cinco anos quando saiu de Harã.
5  Levou Abrão consigo a Sarai, sua mulher, e a Ló, filho de seu irmão, e todos os bens que haviam adquirido, e as pessoas que lhes acresceram em Harã. Partiram para a terra de Canaã; e lá chegaram. Gênesis 12:1-5

As promessas iniciais de Deus para Abrão formam uma das passagens mais poderosas do Antigo Testamento. Esses versos são todos sobre a graça de Deus. Foi o Senhor, não Abrão, que fez as promessas. Abrão não havia feito nada para obter ou merecer o favor de Deus, nem existe ali nenhuma indicação que sugira que Deus e Abrão de alguma forma trabalharam juntos para chegar a esse acordo. Deus fez todas as promessas. Abrão, em contrapartida, foi chamado a exercer fé na certeza da promessa de Deus, não uma pretensa e frágil “fé”, mas uma fé que se manifestou quando ele (com 75 anos de idade) deixou seus familiares e se dirigiu à terra que Deus havia prometido.

Com a ‘bênção’ pronunciada sobre Abraão e, através dele, a todos os seres humanos, o Criador renovou Seu propósito redentor. Ele havia ‘abençoado’ Adão e Eva no paraíso (Gn 1:28; 5:2) e depois ‘abençoou Deus a Noé e a seus filhos’ após o Dilúvio (9:1). Dessa forma, Deus tornou clara Sua promessa anterior de um Redentor que iria redimir a humanidade, destruir o mal e restaurar o paraíso (Gn 3:15). Deus confirmou Sua promessa de abençoar ‘todos os povos’ em Sua obra universal de proclamação do evangelho” (Hans K. LaRondelle, Our Creator Redeemer, p. 22, 23).

4. Após dez anos de espera pelo nascimento do filho prometido, que perguntas Abrão tinha sobre a promessa de Deus?

1 Depois destes acontecimentos, veio a palavra do SENHOR a Abrão, numa visão, e disse: Não temas, Abrão, eu sou o teu escudo, e teu galardão será sobremodo grande.
2  Respondeu Abrão: SENHOR Deus, que me haverás de dar, se continuo sem filhos e o herdeiro da minha casa é o damasceno Eliézer?
3  Disse mais Abrão: A mim não me concedeste descendência, e um servo nascido na minha casa será o meu herdeiro.
4  A isto respondeu logo o SENHOR, dizendo: Não será esse o teu herdeiro; mas aquele que será gerado de ti será o teu herdeiro.
5  Então, conduziu-o até fora e disse: Olha para os céus e conta as estrelas, se é que o podes. E lhe disse: Será assim a tua posteridade.
6  Ele creu no SENHOR, e isso lhe foi imputado para justiça. Gn 15:1-6

Abrão acreditou, mas também teve dúvidas ao longo do caminho. Sua fé foi crescente. Como o pai do relato de Marcos 9:24, Abrão basicamente disse a Deus em Gênesis 15:8: “Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé!”. Em resposta, Deus graciosamente assegurou a Abrão sobre a certeza da Sua promessa, ao entrar numa aliança formal com ele

7  Disse-lhe mais: Eu sou o SENHOR que te tirei de Ur dos caldeus, para dar-te por herança esta terra.
8  Perguntou-lhe Abrão: SENHOR Deus, como saberei que hei de possuí-la?
9  Respondeu-lhe: Toma-me uma novilha, uma cabra e um cordeiro, cada qual de três anos, uma rola e um pombinho.
10  Ele, tomando todos estes animais, partiu-os pelo meio e lhes pôs em ordem as metades, umas defronte das outras; e não partiu as aves.
11  Aves de rapina desciam sobre os cadáveres, porém Abrão as enxotava.
12  Ao pôr-do-sol, caiu profundo sono sobre Abrão, e grande pavor e cerradas trevas o acometeram;
13  então, lhe foi dito: Sabe, com certeza, que a tua posteridade será peregrina em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos.
14  Mas também eu julgarei a gente a que têm de sujeitar-se; e depois sairão com grandes riquezas.
15  E tu irás para os teus pais em paz; serás sepultado em ditosa velhice.
16  Na quarta geração, tornarão para aqui; porque não se encheu ainda a medida da iniqüidade dos amorreus.
17  E sucedeu que, posto o sol, houve densas trevas; e eis um fogareiro fumegante e uma tocha de fogo que passou entre aqueles pedaços.
18  Naquele mesmo dia, fez o SENHOR aliança com Abrão, dizendo: À tua descendência dei esta terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates: Gn 15:7-18

O que torna essa passagem tão surpreendente não é o fato de que Deus tivesse entrado em uma aliança com Abrão, mas o quanto Ele estava disposto a ceder para realizá-la. Ao contrário de outros governantes do antigo Oriente Próximo, que rejeitavam a ideia de fazer promessas obrigatórias com seus servos, Deus não apenas deu Sua palavra, mas, simbolicamente, passando por entre os pedaços dos animais sacrificados, colocou em risco Sua própria vida nesse pacto. Jesus, no fim das contas, deu a vida para tornar Sua promessa uma realidade.

Quais são algumas áreas nas quais você deve estender a mão pela fé e crer no que parece impossível? Como você pode aprender a se manter firme, não importando o que aconteça? 




Abraão, Sara e Hagar

Terça      




5. Por que Paulo tinha uma visão tão depreciativa do incidente com Hagar? Que ponto crucial sobre a salvação foi apresentado através dessa história do Antigo Testamento? 

21  Dizei-me vós, os que quereis estar sob a lei: acaso, não ouvis a lei?
22  Pois está escrito que Abraão teve dois filhos, um da mulher escrava e outro da livre.
23  Mas o da escrava nasceu segundo a carne; o da livre, mediante a promessa.
24  Estas coisas são alegóricas; porque estas mulheres são duas alianças; uma, na verdade, se refere ao monte Sinai, que gera para escravidão; esta é Agar.
25  Ora, Agar é o monte Sinai, na Arábia, e corresponde à Jerusalém atual, que está em escravidão com seus filhos.
26  Mas a Jerusalém lá de cima é livre, a qual é nossa mãe;
27  porque está escrito: Alegra-te, ó estéril, que não dás à luz, exulta e clama, tu que não estás de parto; porque são mais numerosos os filhos da abandonada que os da que tem marido.
28  Vós, porém, irmãos, sois filhos da promessa, como Isaque.
29  Como, porém, outrora, o que nascera segundo a carne perseguia ao que nasceu segundo o Espírito, assim também agora.
30  Contudo, que diz a Escritura? Lança fora a escrava e seu filho, porque de modo algum o filho da escrava será herdeiro com o filho da livre.
31  E, assim, irmãos, somos filhos não da escrava, e sim da livre. Gálatas 4:21-31

1  Ora, Sarai, mulher de Abrão, não lhe dava filhos; tendo, porém, uma serva egípcia, por nome Agar,
2  disse Sarai a Abrão: Eis que o SENHOR me tem impedido de dar à luz filhos; toma, pois, a minha serva, e assim me edificarei com filhos por meio dela. E Abrão anuiu ao conselho de Sarai.
3  Então, Sarai, mulher de Abrão, tomou a Agar, egípcia, sua serva, e deu-a por mulher a Abrão, seu marido, depois de ter ele habitado por dez anos na terra de Canaã.
4  Ele a possuiu, e ela concebeu. Vendo ela que havia concebido, foi sua senhora por ela desprezada.
5  Disse Sarai a Abrão: Seja sobre ti a afronta que se me faz a mim. Eu te dei a minha serva para a possuíres; ela, porém, vendo que concebeu, desprezou-me. Julgue o SENHOR entre mim e ti.
6  Respondeu Abrão a Sarai: A tua serva está nas tuas mãos, procede segundo melhor te parecer. Sarai humilhou-a, e ela fugiu de sua presença.
7  Tendo-a achado o Anjo do SENHOR junto a uma fonte de água no deserto, junto à fonte no caminho de Sur,
8  disse-lhe: Agar, serva de Sarai, donde vens e para onde vais? Ela respondeu: Fujo da presença de Sarai, minha senhora.
9  Então, lhe disse o Anjo do SENHOR: Volta para a tua senhora e humilha-te sob suas mãos.
10  Disse-lhe mais o Anjo do SENHOR: Multiplicarei sobremodo a tua descendência, de maneira que, por numerosa, não será contada.
11  Disse-lhe ainda o Anjo do SENHOR: Concebeste e darás à luz um filho, a quem chamarás Ismael, porque o SENHOR te acudiu na tua aflição.
12  Ele será, entre os homens, como um jumento selvagem; a sua mão será contra todos, e a mão de todos, contra ele; e habitará fronteiro a todos os seus irmãos.
13  Então, ela invocou o nome do SENHOR, que lhe falava: Tu és Deus que vê; pois disse ela: Não olhei eu neste lugar para aquele que me vê?
14  Por isso, aquele poço se chama Beer-Laai-Roi; está entre Cades e Berede.
15  Agar deu à luz um filho a Abrão; e Abrão, a seu filho que lhe dera Agar, chamou-lhe Ismael.
16  Era Abrão de oitenta e seis anos, quando Agar lhe deu à luz Ismael.  Gên 16

O lugar de Hagar na história de Gênesis está diretamente relacionado ao fato de Abrão ter deixado de crer na promessa de Deus. Como uma escrava egípcia na casa de Abrão, Hagar provavelmente tivesse se tornado propriedade de Abrão como uma das muitas dádivas que Faraó deu a ele em troca de Sarai. O evento está associado com o primeiro ato de incredulidade de Abrão quanto à promessa de Deus

11  Quando se aproximava do Egito, quase ao entrar, disse a Sarai, sua mulher: Ora, bem sei que és mulher de formosa aparência;
12  os egípcios, quando te virem, vão dizer: É a mulher dele e me matarão, deixando-te com vida.
13  Dize, pois, que és minha irmã, para que me considerem por amor de ti e, por tua causa, me conservem a vida.
14  Tendo Abrão entrado no Egito, viram os egípcios que a mulher era sobremaneira formosa.
15  Viram-na os príncipes de Faraó e gabaram-na junto dele; e a mulher foi levada para a casa de Faraó.
16  Este, por causa dela, tratou bem a Abrão, o qual veio a ter ovelhas, bois, jumentos, escravos e escravas, jumentas e camelos. (Gn 12:11-16).

Depois de esperar dez anos pelo nascimento do filho prometido, Abrão e Sarai permaneciam sem filhos. Concluindo que Deus precisava da ajuda deles, Sarai deu Hagar a Abrão como concubina. Se bem que estranho para nós hoje, o plano de Sarai foi bastante engenhoso. De acordo com os costumes antigos, uma escrava poderia servir legalmente como mãe de aluguel para sua patroa estéril. Assim, Sarai podia considerar como dela própria qualquer criança nascida de seu marido e Hagar. Embora o plano tenha gerado uma criança, não se tratava do filho que Deus havia prometido.

Nessa história, temos um poderoso exemplo de como mesmo um grande homem de Deus falhou em sua fé quando enfrentou circunstâncias assustadoras. Em Gênesis 17:18, 19, Abraão pediu a Deus que aceitasse Ismael como seu herdeiro. O Senhor, naturalmente, rejeitou essa oferta. O único elemento “miraculoso” no nascimento de Ismael foi a disposição de Sarai para compartilhar seu marido com outra mulher! Não houve nada fora do normal com relação ao nascimento de uma criança para essa mulher, uma criança nascida “segundo a carne”. Tivesse Abrão confiado no que Deus lhe havia prometido, em vez de permitir que as circunstâncias dominassem essa confiança, nada disso teria acontecido, e muito sofrimento teria sido evitado.

6. Em contraste com o nascimento de Ismael, considere as circunstâncias que envolveram o nascimento de Isaque. Por que essas circunstâncias exigiram tanta fé por parte de Abraão e Sara? 

15  Disse também Deus a Abraão: A Sarai, tua mulher, já não lhe chamarás Sarai, porém Sara.
16  Abençoá-la-ei e dela te darei um filho; sim, eu a abençoarei, e ela se tornará nações; reis de povos procederão dela.
17  Então, se prostrou Abraão, rosto em terra, e se riu, e disse consigo: A um homem de cem anos há de nascer um filho? Dará à luz Sara com seus noventa anos?
18  Disse Abraão a Deus: Tomara que viva Ismael diante de ti.
19  Deus lhe respondeu: De fato, Sara, tua mulher, te dará um filho, e lhe chamarás Isaque; estabelecerei com ele a minha aliança, aliança perpétua para a sua descendência. Gn 17:15-19

10  Disse um deles: Certamente voltarei a ti, daqui a um ano; e Sara, tua mulher, dará à luz um filho. Sara o estava escutando, à porta da tenda, atrás dele.
11  Abraão e Sara eram já velhos, avançados em idade; e a Sara já lhe havia cessado o costume das mulheres.
12  Riu-se, pois, Sara no seu íntimo, dizendo consigo mesma: Depois de velha, e velho também o meu senhor, terei ainda prazer?
13  Disse o SENHOR a Abraão: Por que se riu Sara, dizendo: Será verdade que darei ainda à luz, sendo velha?
14  Acaso, para o SENHOR há coisa demasiadamente difícil? Daqui a um ano, neste mesmo tempo, voltarei a ti, e Sara terá um filho.
15  Então, Sara, receosa, o negou, dizendo: Não me ri. Ele, porém, disse: Não é assim, é certo que riste. Gn 18:10-13;

11  Pela fé, também, a própria Sara recebeu poder para ser mãe, não obstante o avançado de sua idade, pois teve por fiel aquele que lhe havia feito a promessa.
12  Por isso, também de um, aliás já amortecido, saiu uma posteridade tão numerosa como as estrelas do céu e inumerável como a areia que está na praia do mar Hb 11:11-12

De que forma sua falta de fé nas promessas de Deus tem lhe causado sofrimento? Como você pode aprender com esses erros e confiar na Palavra de Deus, não importando o que aconteça? Que escolhas podem ajudar você a fortalecer sua capacidade de confiar nas promessas de Deus? 




Hagar e o Monte Sinai

Quarta                              




7. Que tipo de relação de aliança Deus desejava estabelecer com Seu povo no Sinai? Quais são as semelhanças entre essa aliança e a promessa de Deus a Abraão? 

2  Falou mais Deus a Moisés e lhe disse: Eu sou o SENHOR.
3  Apareci a Abraão, a Isaque e a Jacó como Deus Todo-Poderoso; mas pelo meu nome, O SENHOR, não lhes fui conhecido.
4  Também estabeleci a minha aliança com eles, para dar-lhes a terra de Canaã, a terra em que habitaram como peregrinos.
5  Ainda ouvi os gemidos dos filhos de Israel, os quais os egípcios escravizam, e me lembrei da minha aliança.
6  Portanto, dize aos filhos de Israel: eu sou o SENHOR, e vos tirarei de debaixo das cargas do Egito, e vos livrarei da sua servidão, e vos resgatarei com braço estendido e com grandes manifestações de julgamento.
Tomar-vos-ei por meu povo e serei vosso Deus; e sabereis que eu sou o SENHOR, vosso Deus, que vos tiro de debaixo das cargas do Egito.
8  E vos levarei à terra a qual jurei dar a Abraão, a Isaque e a Jacó; e vo-la darei como possessão. Eu sou o SENHOR.  Êx 6:2-8

3  Subiu Moisés a Deus, e do monte o SENHOR o chamou e lhe disse: Assim falarás à casa de Jacó e anunciarás aos filhos de Israel:
4  Tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águia e vos cheguei a mim.
5  Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha;
6  vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel. Êx 19:3-6; 

10  Achou-o numa terra deserta e num ermo solitário povoado de uivos; rodeou-o e cuidou dele, guardou-o como a menina dos olhos.
11  Como a águia desperta a sua ninhada e voeja sobre os seus filhotes, estende as asas e, tomando-os, os leva sobre elas,
12  assim, só o SENHOR o guiou, e não havia com ele deus estranho. Dt 32:10-12

Deus queria partilhar com os filhos de Israel no Sinai a mesma relação de aliança que havia compartilhado com Abraão. De fato, existem semelhanças entre as palavras de Deus em Gênesis 12:1-3 e Suas palavras a Moisés em Êxodo 19. Em ambos os casos, Deus enfatizou o que Ele faria por Seu povo. Ele não pediu que os israelitas prometessem fazer qualquer coisa para obter Suas bênçãos; em vez disso, eles deviam obedecer como uma resposta a essas bênçãos. As palavras hebraicas traduzidas como “obedecer” e “guardar” em Êxodo 19:5, literalmente significam “ouvir”. Essas palavras de Deus não implicam em justiça pelas obras. Pelo contrário, Ele queria que Israel tivesse a mesma fé que caracterizava a resposta de Abraão a Suas promessas (pelo menos na maior parte do tempo!).

8. Se a relação de aliança que Deus ofereceu a Israel no Sinai é similar àquela dada a Abraão, por que Paulo identificou o Monte Sinai com a experiência negativa de Hagar? 

7  Veio Moisés, chamou os anciãos do povo e expôs diante deles todas estas palavras que o SENHOR lhe havia ordenado.
8  Então, o povo respondeu à uma: Tudo o que o SENHOR falou faremos. E Moisés relatou ao SENHOR as palavras do povo.
9  Disse o SENHOR a Moisés: Eis que virei a ti numa nuvem escura, para que o povo ouça quando eu falar contigo e para que também creiam sempre em ti. Porque Moisés tinha anunciado as palavras do seu povo ao SENHOR.
10  Disse também o SENHOR a Moisés: Vai ao povo e purifica-o hoje e amanhã. Lavem eles as suas vestes
11  e estejam prontos para o terceiro dia; porque no terceiro dia o SENHOR, à vista de todo o povo, descerá sobre o monte Sinai.
12  Marcarás em redor limites ao povo, dizendo: Guardai-vos de subir ao monte, nem toqueis o seu limite; todo aquele que tocar o monte será morto.
13  Mão nenhuma tocará neste, mas será apedrejado ou flechado; quer seja animal, quer seja homem, não viverá. Quando soar longamente a buzina, então, subirão ao monte.
14  Moisés, tendo descido do monte ao povo, consagrou o povo; e lavaram as suas vestes.
15  E disse ao povo: Estai prontos ao terceiro dia; e não vos chegueis a mulher.
16  Ao amanhecer do terceiro dia, houve trovões, e relâmpagos, e uma espessa nuvem sobre o monte, e mui forte clangor de trombeta, de maneira que todo o povo que estava no arraial se estremeceu.
17  E Moisés levou o povo fora do arraial ao encontro de Deus; e puseram-se ao pé do monte.
18  Todo o monte Sinai fumegava, porque o SENHOR descera sobre ele em fogo; a sua fumaça subiu como fumaça de uma fornalha, e todo o monte tremia grandemente.
19  E o clangor da trombeta ia aumentando cada vez mais; Moisés falava, e Deus lhe respondia no trovão.
20  Descendo o SENHOR para o cimo do monte Sinai, chamou o SENHOR a Moisés para o cimo do monte. Moisés subiu,
21  e o SENHOR disse a Moisés: Desce, adverte ao povo que não traspasse o limite até ao SENHOR para vê-lo, a fim de muitos deles não perecerem.
22  Também os sacerdotes, que se chegam ao SENHOR, se hão de consagrar, para que o SENHOR não os fira.
23  Então, disse Moisés ao SENHOR: O povo não poderá subir ao monte Sinai, porque tu nos advertiste, dizendo: Marca limites ao redor do monte e consagra-o.
24  Replicou-lhe o SENHOR: Vai, desce; depois, subirás tu, e Arão contigo; os sacerdotes, porém, e o povo não traspassem o limite para subir ao SENHOR, para que não os fira.
25  Desceu, pois, Moisés ao povo e lhe disse tudo isso. Êx 19:7-25; 

6  Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente, quanto é ele também Mediador de superior aliança instituída com base em superiores promessas.
7  Porque, se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de maneira alguma estaria sendo buscado lugar para uma segunda. Hb 8:6, 7

A aliança no Sinai foi destinada a apontar a pecaminosidade da humanidade e o remédio da graça abundante de Deus, simbolizada nas cerimônias do santuário. O problema com a aliança do Sinai não estava com Deus, mas com as promessas defeituosas do povo (Hb 8:6). Em vez de responder às promessas de Deus com humildade e fé, os israelitas responderam com autoconfiança. “Tudo o que o Senhor falou faremos” (Êx 19:8). Depois de viver como escravos no Egito por mais de 400 anos, eles não tinham uma concepção verdadeira da majestade de Deus nem da extensão de sua própria pecaminosidade. Da mesma forma que Abraão e Sara tentaram ajudar Deus a cumprir Suas promessas, os israelitas procuraram transformar a aliança da graça de Deus em uma aliança de obras. Hagar simboliza o Sinai, no sentido de que ambos revelam tentativas humanas de salvação pelas obras.

Paulo não afirma que a lei dada no Sinai era ruim, tampouco que havia sido abolida. Ele estava preocupado com o equívoco legalista dos gálatas em relação à lei. “
Em vez de servir para convencê-los da absoluta impossibilidade de agradar a Deus pela guarda da lei, a lei alimentava neles uma determinação profundamente arraigada de depender de recursos pessoais a fim de agradar a Deus. Assim, a lei não servia ao propósito da graça de conduzir os judaizantes a Cristo. Em vez disso, ela os separava de Cristo” (O. Palmer Robertson, The Christ of the Covenants [O Cristo das Alianças], Phillipsburg, New Jersey, Presbyterian and Reformed Publishing Co., 1980, p. 181). 




Ismael e Isaque hoje

Quinta                                 




O breve esboço que Paulo fez da história de Israel se destinava a combater os argumentos apresentados pelos seus adversários, que afirmavam que eram os verdadeiros descendentes de Abraão e que Jerusalém – o centro do cristianismo judaico e da lei – era sua mãe. Os gentios, conforme a acusação deles, eram ilegítimos. Se eles quisessem se tornar verdadeiros seguidores de Cristo, deviam primeiramente se tornar filhos de Abraão, submetendo-se à lei da circuncisão.

A verdade, Paulo disse, é o oposto. Esses legalistas não eram os filhos de Abraão, mas eram filhos ilegítimos, como Ismael. Ao colocar sua confiança na circuncisão, eles estavam confiando “na carne”, como Sara fez com Hagar e como os israelitas fizeram com a lei de Deus no Sinai. Os cristãos gentios, no entanto, eram filhos de Abraão não pela descendência natural, mas, como Isaque, pela linhagem sobrenatural. “
Como Isaque, eles eram um cumprimento da promessa feita a Abraão... Como Isaque, seu nascimento na liberdade era o efeito da graça divina; como Isaque, eles pertenciam à coluna da aliança da promessa” (James D. G. Dunn, The Epistle to the Galatians [A Epístola aos Gálatas], Londres: Hendrickson Publishers, 1993, p. 256).

9. O que os verdadeiros descendentes de Abraão enfrentarão neste mundo? 

28  Vós, porém, irmãos, sois filhos da promessa, como Isaque.
29  Como, porém, outrora, o que nascera segundo a carne perseguia ao que nasceu segundo o Espírito, assim também agora.
30  Contudo, que diz a Escritura? Lança fora a escrava e seu filho, porque de modo algum o filho da escrava será herdeiro com o filho da livre.
31  E, assim, irmãos, somos filhos não da escrava, e sim da livre. Gl 4:28-31; 

8  Isaque cresceu e foi desmamado. Nesse dia em que o menino foi desmamado, deu Abraão um grande banquete.
9  Vendo Sara que o filho de Agar, a egípcia, o qual ela dera à luz a Abraão, caçoava de Isaque,
10  disse a Abraão: Rejeita essa escrava e seu filho; porque o filho dessa escrava não será herdeiro com Isaque, meu filho.
11  Pareceu isso mui penoso aos olhos de Abraão, por causa de seu filho.
12  Disse, porém, Deus a Abraão: Não te pareça isso mal por causa do moço e por causa da tua serva; atende a Sara em tudo o que ela te disser; porque por Isaque será chamada a tua descendência. Gn 21:8-12

Ser o filho prometido trouxe a Isaque não somente bênçãos, mas também oposição e perseguição. Em referência à perseguição, Paulo tinha em mente a cerimônia de Gênesis 21:8-10, em que Isaque foi honrado e Ismael apareceu zombando dele. A palavra hebraica em Gênesis 21:9, significa literalmente “rir”, mas a reação de Sara sugere que Ismael estava zombando de Isaque ou ridicularizando-o. Embora o comportamento de Ismael possa parecer insignificante para nós hoje, ele revelava hostilidades mais profundas, numa situação em que o direito de primogenitura da família estava em jogo. Muitos governantes da antiguidade tentaram assegurar sua posição eliminando rivais em potencial, incluindo irmãos (Jz 9:1-6). Embora Isaque enfrentasse oposição, ele também desfrutava todos os privilégios do amor, proteção e favor relacionados com a condição de ser o herdeiro de seu pai.

Como descendentes espirituais de Isaque, não devemos ficar surpresos quando sofremos dificuldades e oposição, mesmo dentro da própria família da igreja.

De que forma você tem sofrido perseguição, especialmente dos mais próximos de você, por causa de sua fé? Responda a esta pergunta difícil: você tem perseguido outras pessoas por causa de sua fé? 

Sexta                                       Estudo adicional


Leia de Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 363-373: “A Lei e os Concertos”.

Mas, se o concerto abraâmico continha a promessa da redenção, por que se formou outro concerto no Sinai? No cativeiro, o povo em grande parte havia perdido o conhecimento de Deus e os princípios do concerto abraâmico...

Deus os levou ao Sinai; manifestou Sua glória; deu-lhes Sua lei, com promessa de grandes bênçãos sob condição de obediência: ‘Se Me obedecerem fielmente e guardarem a Minha aliança... vocês serão para Mim um reino de sacerdotes e uma nação santa’ (Êx 19:5, 6, NVI). Os israelitas não compreendiam a pecaminosidade de seu coração, e que sem Cristo lhes era impossível guardar a lei de Deus; e prontamente entraram em concerto com Deus... No entanto, apenas algumas semanas se passaram antes que violassem sua aliança com Deus e se curvassem para adorar uma imagem esculpida. Não poderiam esperar o favor de Deus mediante uma aliança que tinham transgredido. Então, vendo sua índole pecaminosa e a necessidade de perdão, foram levados a sentir que necessitavam do Salvador revelado na aliança abraâmica e prefigurada nas ofertas sacrificais. Então, pela fé e amor, uniram-se a Deus como seu libertador do cativeiro do pecado. Estavam preparados para apreciar as bênçãos da nova aliança” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 371, 372).

Perguntas para reflexão
1. A sua caminhada com o Senhor tem as características da “antiga aliança” ou da “nova aliança”? Como você pode saber a diferença?
2. Em sua igreja local, quais são algumas das questões que estão causando tensão dentro do corpo de Cristo? Como estão sendo resolvidas? Embora você possa se considerar vítima de “perseguição”, como pode ter certeza de que não é o perseguidor? Consegue perceber a diferença entre as duas atitudes?

15  Se teu irmão pecar, vai repreendê-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhado terás teu irmão;
16  mas se não te ouvir, leva ainda contigo uma ou duas pessoas, para que por boca de duas ou três testemunhas toda a questão fique decidida.
17  Se ele recusar ouvi-los, dize-o à igreja; e se também recusar ouvir a igreja, considera-o como gentio e publicano. (Mt 18:15-17).

3. Quantas vezes você fez promessas ao Senhor de que não faria isso ou aquilo, e acabou fazendo? Como esse triste fato o ajuda a entender o significado da graça?

Resumo: 
As histórias de Hagar, Ismael e os filhos de Israel no Sinai ilustram a loucura de tentar confiar em nossos próprios esforços para realizar o que Deus prometeu. Esse método de justiça própria é mencionado como antiga aliança. Mas a nova aliança da graça é eterna. Foi estabelecida primeiramente com Adão e Eva após o pecado, renovada com Abraão, e finalmente cumprida em Cristo.
  



As duas alianças (resumo do estudo nº 10)




Mas a Jerusalém lá de cima é livre, a qual é nossa mãe; Gálatas 4:26

Saber: Comparar e contrastar a antiga e a nova aliança com os filhos de Sara e Hagar e a relação deles com Abraão.
Sentir: Alimentar atitudes de apreciação, fé e amor a Deus pela libertação do pecado.
Fazer: Confiar nas promessas da aliança de Deus.

Esboço

I. Ismael e Isaque

A. Os que insistiam na circuncisão se colocavam no grupo de Ismael, nascido de forma natural, e não no grupo de Isaque, nascido por um milagre.
B. Que outros exemplos bíblicos ilustram nossas tentativas de resolver as coisas por conta própria?
C. Nessa história, como Abraão ilustra nossa tendência de confiar na antiga e não na nova aliança?

II. Apreciando a nova aliança

A. O fracasso dos israelitas em cumprir as promessas feitas junto ao Monte Sinai lhes ensinou acerca da necessidade de confiar no poder de Deus.
B. O sentimento da grande necessidade da ajuda de Deus desperta nossa confiança e amor.

III. Abraão e os filhos da promessa

A. De que modo somos tentados a criar nossos próprios filhos da promessa, como Abraão fez, em vez de deixar Deus operar o milagre para nós?
B. Que oposição enfrentamos por sermos filhos da nova, e não da antiga aliança?

Resumo: 
A exemplo de Abraão, Hagar, e Israel no Monte Sinai, muitas vezes somos levados a tentar fazer com que a Palavra de Deus se torne realidade por nosso intermédio. Mas nossos esforços não apenas não funcionam, mas também causam tragédias. A graça de Deus traz bênçãos em lugar de tragédias.

Motivação
A atitude da antiga aliança é aquela de fazer as coisas acontecerem, enquanto a atitude da nova aliança confia em Deus para realizar Seu propósito.

Conceda aos alunos dois minutos para fazer a seguinte reflexão: Em que momentos temos procurado fazer o que só Deus pode fazer? Em que situações temos deixado para Deus o que nós temos o dever de fazer?

Os atletas lidam com os esportes de maneira diferente. Há atletas tão determinados a fazer com que as coisas aconteçam que forçam a ação, a ponto de trapacear quando e onde puderem.

Outros encaram os esportes com outra atitude. Eles “deixam o jogo entrar neles”. São confiantes acerca do sistema ou plano de jogo estabelecido por sua equipe técnica e se preocupam apenas com as funções que lhes foram designadas na execução desse plano. Esses atletas encontram o sucesso, não porque “fizeram as coisas acontecerem” ou “forçaram a ação”, mas porque confiaram na sabedoria e experiência de seus treinadores, aceitando seus métodos de treinamento e funções atribuídas. Nessa abordagem é preciso confiar na liderança dos técnicos de maneira paciente e estar preparados para executar os planos do treinador sempre que as oportunidades se apresentem.

Ao longo da história, os seguidores de Deus têm exemplificado essas duas abordagens. De maneira autoconfiante, os antigos israelitas declararam sua intenção de executar perfeitamente a vontade de Deus. Abraão entrou em pânico, porque acreditava que o tempo do cronômetro de Deus estava terminando e, em lugar de esperar pacientemente o plano divino para o jogo, ele assumiu a responsabilidade de gerar o descendente. Essa ajuda só complicou as coisas. Felizmente, o Abraão que estava amadurecendo espiritualmente experimentou uma mudança dramática quando entregou Isaque. O estudo desta semana contrasta vividamente essas abordagens conflitantes para a espiritualidade.

Pense nisto: 
Qual é a diferença entre a atitude da antiga aliança e a atitude da nova aliança? Como podemos viver a atitude da nova aliança?

Compreensão
O texto a seguir enfatiza as duas fases da fé na experiência de Abraão. Peça que os alunos comparem essas fazes com sua experiência pessoal.

Abraão constitui um exemplo convincente de ambas as abordagens para a observância da aliança. Anteriormente ele exibiu autoconfiança, quando assumiu a responsabilidade de cumprir a promessa de Deus. Quantos cristãos bem intencionados repetem esse erro? Sinceramente tristes por seu passado pecaminoso, eles declaram com autoconfiança que nunca mais repetirão o comportamento anterior, efetivamente dizendo que sua força de vontade é suficiente para cumprir as promessas de Deus a respeito da vida transformada. A obstinação de Abraão gerou Ismael e uma família profundamente dividida. Infelizmente, os cristãos autossuficientes igualmente produzem ou promovem resultados semelhantes e dividem a família de Deus. Mais tarde, Abraão aprendeu que a entrega de si mesmo, não a autossuficiência, abre o celeiro das bênçãos de Deus.

No topo do Monte Moriá, Abraão entregou seu filho para o sacrifício, essencialmente entregando a si mesmo, independentemente das aparentes consequências para seus sonhos acalentados. Completamente submisso, Abraão estava então na condição adequada para experimentar a extraordinária graça de Deus. O Filho de Deus, prefigurado pelo cordeiro preso, cumpriria a promessa, assumindo o lugar de Isaque e de toda a humanidade. O poder de renovação pertence a Cristo, não aos seres humanos.

Há “Abraãos” da segunda fase hoje: cristãos que sinceramente se arrependem de sua conduta pecaminosa, mas que reconhecem que a justiça nunca pode ser alcançada através do esforço humano para vencer a tentação, mas apenas através da submissão à liderança de Deus a cada momento e confiança absoluta no sacrifício de Cristo. A igreja renovada é qualquer grupo de cristãos que substituiu a antiga aliança e a obediência autossuficiente pela nova aliança e pela obediência totalmente fundamentada na confiança. Não há dúvidas acerca da obediência: serviremos a alguém, sejam às noções de justiça inventadas por nós mesmos ou a Cristo, como revelado nas Escrituras.

Comentário Bíblico


I. Abraão, Sara e Hagar

21
  Dizei-me vós, os que quereis estar sob a lei: acaso, não ouvis a lei?
22  Pois está escrito que Abraão teve dois filhos, um da mulher escrava e outro da livre.
23  Mas o da escrava nasceu segundo a carne; o da livre, mediante a promessa.
24  Estas coisas são alegóricas; porque estas mulheres são duas alianças; uma, na verdade, se refere ao monte Sinai, que gera para escravidão; esta é Agar.
25  Ora, Agar é o monte Sinai, na Arábia, e corresponde à Jerusalém atual, que está em escravidão com seus filhos.
26  Mas a Jerusalém lá de cima é livre, a qual é nossa mãe;
27  porque está escrito: Alegra-te, ó estéril, que não dás à luz, exulta e clama, tu que não estás de parto; porque são mais numerosos os filhos da abandonada que os da que tem marido.
28  Vós, porém, irmãos, sois filhos da promessa, como Isaque.
29  Como, porém, outrora, o que nascera segundo a carne perseguia ao que nasceu segundo o Espírito, assim também agora.
30  Contudo, que diz a Escritura? Lança fora a escrava e seu filho, porque de modo algum o filho da escrava será herdeiro com o filho da livre.
31  E, assim, irmãos, somos filhos não da escrava, e sim da livre. Gálatas 4:21-31

1  Ora, Sarai, mulher de Abrão, não lhe dava filhos; tendo, porém, uma serva egípcia, por nome Agar,
2  disse Sarai a Abrão: Eis que o SENHOR me tem impedido de dar à luz filhos; toma, pois, a minha serva, e assim me edificarei com filhos por meio dela. E Abrão anuiu ao conselho de Sarai.
3  Então, Sarai, mulher de Abrão, tomou a Agar, egípcia, sua serva, e deu-a por mulher a Abrão, seu marido, depois de ter ele habitado por dez anos na terra de Canaã.
4  Ele a possuiu, e ela concebeu. Vendo ela que havia concebido, foi sua senhora por ela desprezada.
5  Disse Sarai a Abrão: Seja sobre ti a afronta que se me faz a mim. Eu te dei a minha serva para a possuíres; ela, porém, vendo que concebeu, desprezou-me. Julgue o SENHOR entre mim e ti.
6  Respondeu Abrão a Sarai: A tua serva está nas tuas mãos, procede segundo melhor te parecer. Sarai humilhou-a, e ela fugiu de sua presença.
7  Tendo-a achado o Anjo do SENHOR junto a uma fonte de água no deserto, junto à fonte no caminho de Sur,
8  disse-lhe: Agar, serva de Sarai, donde vens e para onde vais? Ela respondeu: Fujo da presença de Sarai, minha senhora.
9  Então, lhe disse o Anjo do SENHOR: Volta para a tua senhora e humilha-te sob suas mãos.
10  Disse-lhe mais o Anjo do SENHOR: Multiplicarei sobremodo a tua descendência, de maneira que, por numerosa, não será contada.
11  Disse-lhe ainda o Anjo do SENHOR: Concebeste e darás à luz um filho, a quem chamarás Ismael, porque o SENHOR te acudiu na tua aflição.
12  Ele será, entre os homens, como um jumento selvagem; a sua mão será contra todos, e a mão de todos, contra ele; e habitará fronteiro a todos os seus irmãos.
13  Então, ela invocou o nome do SENHOR, que lhe falava: Tu és Deus que vê; pois disse ela: Não olhei eu neste lugar para aquele que me vê?
14  Por isso, aquele poço se chama Beer-Laai-Roi; está entre Cades e Berede.
15  Agar deu à luz um filho a Abrão; e Abrão, a seu filho que lhe dera Agar, chamou-lhe Ismael.
16  Era Abrão de oitenta e seis anos, quando Agar lhe deu à luz Ismael.  Gên 16

Aqueles entre nós que compartilham das sensibilidades modernas podem se tornar consternados com a ilustração de Paulo envolvendo Hagar, porque, aparentemente, Hagar e Ismael são responsabilizados, ao serem colocados como exemplo da religião legalista. Que justiça pode haver em condenar a escrava impotente que não tinha escolha acerca de gerar ou não o descendente de sua rica senhora? Para piorar as coisas, Paulo elevou o relacionamento entre Abraão e Sara (as pessoas que causaram o problema) como exemplo de genuína justiça! O propósito de Paulo não foi difamar a abandonada Hagar nem consagrar Sara, autora da trama. A situação familiar lamentável que envolveu todos eles apenas ilustra duas fases da jornada espiritual de Abraão: a fase da religião do “faça você mesmo” e a fase posterior do “confie completamente em Deus”.

Infelizmente, as escolhas erradas de Abraão prejudicaram irremediavelmente seu relacionamento com o primogênito e introduziram tensões desnecessárias em sua casa. Certamente devemos lembrar que foi a relação que gerou Ismael, não Ismael em si, que simbolizou a justiça própria. Foi a autossuficiência de Abraão imposta à impotente Hagar que exemplificou a justiça própria. Hagar e Ismael foram meras vítimas da experiência de Abraão com a religião do “faça você mesmo”.

Pense nisto: 
Nos conflitos da igreja em relação à natureza da justiça, às vezes, as pessoas legalistas são atacadas. Talvez os que já experimentaram a graça salvadora de Cristo deveriam ser mais graciosos com os que não tiveram essa experiência. Em lugar de condená-los, os cristãos genuínos não deveriam demonstrar mais compaixão para com as vítimas dessa falsa, mas difundida, filosofia religiosa? Como os cristãos genuínos podem se opor à filosofia de autossuficiência do legalismo e, ao mesmo tempo, revelar compaixão para com a pessoa legalista? O que podemos aprender com a transformação de Abraão, de autossuficiente e vivendo a religião do “faça as coisas acontecerem”, para a religião de dependência de Deus?

Aplicação
Mostrar para a classe que a nova aliança não significou mudança na lei de Deus, mas uma atitude diferente do ser humano em relação ao Legislador e à Sua lei. Com base na cruz, essa atitude é uma expressão de gratidão pela salvação já recebida, não uma tentativa de obter salvação.

Perguntas para reflexão

1. Que atitudes em relação à observância da aliança distinguem a antiga e a nova aliança?
2. Os requisitos éticos da antiga aliança permanecem inalterados. O adultério continua sendo adultério, o homicídio permanece homicídio e o pecado ainda é errado. As Escrituras não sugerem em nenhum lugar que a transgressão dos mandamentos de repente se tornou aceitável. No entanto, a orientação da aliança mudou. Anteriormente, Israel via a aliança de Deus como uma obrigação penosa. Por que, sob a nova aliança, se reconhece a observância dela como um privilégio cheio de alegria?

Perguntas de aplicação
1. Como as divisões na igreja podem ser solucionadas sem fazer concessões para a religião voltada para as obras?
2. Como os religiosos autossuficientes podem ser levados a um relacionamento voltado para a fé?

Criatividade
Desafie os alunos a verificar se existem elementos da antiga aliança em sua vida espiritual. Depois, peça que eles coloquem em seu lugar os elementos da nova aliança. A atividade a seguir nos ajuda a lembrar quais são esses elementos.

Atividade: Examine canções de Natal dentro do hinário, procurando expressões da relação da nova aliança com Deus. Convide os membros da classe para compartilhar suas descobertas. Peça que cada um explique como as frases selecionadas exemplificam a relação da nova aliança para eles.