domingo, 12 de julho de 2009

Experimentando a Palavra da Vida




Bastam os quatro primeiros versos de 1 João para entendermos como e porque ele combateu de forma tão contundente e irretorquível o falso ensino sobre Jesus, conforme comentei na lição anterior. Enquanto os dissidentes gnósticos expunham o que imaginavam ser uma teoria sobre a vida eterna, sobre o conhecimento de Deus e comunhão com Ele e, em especial, sobre Cristo e Sua obra, João falava de sua própria experiência, seu testemunho pessoal daquilo que ele havia ouvido, visto, contemplado e tocado. Ele falava em termos de experiência pessoal, e não do que simplesmente presumia. A afirmação da experiência é irreplicável, porque “contra fatos não há argumentos”.


Assim, com segurança e autoridade, João depôs contra o erro, exaltando a verdade como ninguém mais poderia fazê-lo.


1. Introdução à primeira epístola de João (1Jo 1:1-4)


A introdução à primeira epístola de João nos brinda com algumas declarações simplesmente singulares, consideradas no transcurso da lição. Entre estas, sobressai a declaração apostólica de João quanto ao seu testemunho ocular dos fatos ligados a Jesus e Sua obra. Todos conconcordamos que, antes de poder dar testemunho sobre algum fato, o testemunhador tem que ser, de fato, uma testemunha. Ele jamais poderá dar um autêntico testemunho se o que tiver a falar simplesmenete se restringir ao que ouviu dizer. Meras informações recebidas de terceiros podem ter alguma importância, mas não irão além de retransmissão quando passadas adiante.


João não afirma estar sendo fiel ao que lhe contaram sobre Jesus. Seu testemunho é fundamentado em bases mais sólidas. Fala do que ele mesmo ouviu, viu, contemplou e tocou; fatores mais que suficientes para tornar seu testemunho não apenas fidedigno mas, primeiro de tudo, incontestável! Afinal, ouvir, ver, contemplar e tocar definem situações que efetivam a validade de um testemunho.


João tinha ouvido o Mestre em discursos e sermões arrebatadores sobre Si e sobre o reino de Deus. Suas palavras transformavam pessoas (e João era, ele mesmo, uma prova desse fato) não só porque comunicavam o sentido de uma nova vida, mas porque eram a própria vida (Jo 6:63, 68). E não podiam ser menos que isso, pois eram as palavras do próprio Deus (Jo 3:34; 8:26, 28, 38, 40; 12:49, 50; 14:24; 17:8, 14). João também ouvira a solene declaração de Jesus a respeito de Seu ensino: “Se alguém quiser fazer a vontade dEle, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se Eu falo por Mim mesmo” (7:17). Visto que João queria fazer a vontade divina, convencera-se de que não havia como não crer que, de fato, o ensino de Cristo era de Deus.


João tinha visto Jesus e Suas obras maravilhosas de cura e de libertação; vira-O multiplicar pães, ressuscitar mortos e acalmar a tempestade. Atônito, unira-se aos companheiros de discipulado na exclamação: “Quem é Este que até o vento e o mar Lhe obedecem?!” (Mt 8:27). Suas obras não eram meramente humanas; eram as obras do próprio Deus (Jo 14:10).


Mas, além de ter visto, João contemplara Jesus. Existe uma sutil diferença entre ver e contemplar. Ver é mais que olhar, da mesma forma que contemplar é mais que ver; significa ver com atenção, compenetradamente, até conduzir aquele que vê à compreensão do que está vendo; é uma forma transcendente de ver, que vai além das aparências, que busca e encontra o significado último do objeto da visão.


Pelo que contemplou em Jesus, João entendeu com clareza que Ele era Deus revestido em carne humana e presente entre nós (1:14).


Finalmente, ele O tocara, apalpara-O. Essa experiência deve ter ocorrido em várias ocasiões durante o ministério de Jesus. Mas, em especial, ela se aplica ao Cristo ressurreto (ver Lc 24:39). Se assim é, temos aqui, ainda que indireta, uma alusão à ressurreição de Jesus em 1 João.


Tudo o que João declarou na introdução de sua obra não é para ser encarado como algo utópico, longe de ser alcançado, já que, ao contrário dele, os destinatários da epístola não desfrutaram o privilégio de ter sido também testemunhas oculares daquelas maravilhas. Não! (E, nesse ponto, somos iguais a eles). O que o apóstolo diz não é fruto exclusivo de seu pietismo pessoal. Seu cuidado pastoral é para ser notado já aqui. Ele deseja partilhar com os crentes o senso de alegria e segurança por ele desfrutado: “O que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós igualmente mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo” (1Jo 1:3).


Como diz a lição: “Em tudo isso, o objetivo de João parece ter sido que conhecêssemos, por nós mesmos, a realidade de Deus que ele próprio havia experimentado em Jesus. Ele queria que conhecêssemos por nós mesmos a vida eterna, a comunhão e a alegria que podemos ter em Jesus, o mesmo Jesus que ele próprio ouviu, viu e tocou.” Isso se torna possível se, pela fé, nos ligamos a Jesus, e permitimos que Ele repita em nós a vida que viveu há dois mil anos na Palestina.


II. João 1 e 1 João 1


O que fundamentalmente é dito na abertura do Evangelho reaparece na abertura da Epístola. Nesta, as principais palavras são: princípio, Verbo e vida, igualmente presentes naquela. A primeira delas, todavia, pode sugerir, na Epístola, mais de uma acepção (ver abaixo item [1] em Dessemelhanças); no Evangelho, “princípio” significa, com toda a certeza, o início da criação.


A lição fala de “coisas comuns” (semelhanças) e não comuns (dessemelhanças) entre as duas seções. Vejamos:


Semelhanças

Evangelho de João 1

1 João 1

(1) O verbo ser foi empregado no imperfeito do indicativo, “era”: “No princípio erao Verbo” (v. 1).

(1) O mesmo emprego: “O que era desde o princípio ...” (v. 1).

Obs. – Os estudiosos têm notado que o verbo ser, no prólogo do quarto Evangelho, aponta para a natureza divina de Jesus. Em 1 João, isso deve também ser verdade, já que, no fim da Epístola, o escritor declara explicitamente a divindade de Jesus (veja 5:20).

(2) É-nos dito que “a vida estava [era] nEle [no Verbo], e que ela “era a luz dos homens” (v. 4).

(2) É-nos dito que o Verbo é a própria vida (fim do v. 1 e início do v. 2), e que Deus é luz, razão por que não podemos andar nas trevas (v 5, 6).

Obs. – Na Epístola, Jesus é sinônimo de vida, e Deus é sinônimo de luz; no Evangelho, tanto luz como vida são sinônimos de Jesus (veja 8:12; 11:25 e 14:6). Entendo que, mais uma vez, está implícita a divindade plena de Jesus.

(3) O companheirismo do Verbo com Deus: “O Verbo estava [era] com Deus” (v. 1).

(3) O companheirismo da Vida com o Pai: “a vida eterna... estava [era] com o Pai” (v. 2).

Obs. – “Com” é a tradução da preposição grega prós. Na forma como é empregada tanto no Evangelho como na Epístola, ela indica companheirismo íntimo entre iguais; ou seja: em João, o Verbo mantém igualdade com Deus e, em 1 João, a Vida Eterna (o Verbo = o Filho) mantém igualdade com o Pai. Esta pode ser, portanto, uma terceira implicação da divindade de Jesus na introdução da Epístola.

(4) Os que têm Jesus como Senhor e Salvador desfrutam de um companheirismo com Ele e com o Pai, segundo o modelo do companheirismo de Deus Pai com Deus Filho (v 12, 18; veja 13:25).

(4) Tal experiência aguarda os crentes (v. 3).

Obs. – João 1:18 define a íntima comunhão entre o Pai e o Filho com as palavras “o Deus unigênito... está no seio do Pai” (1:18). Nesse texto, “seio” é a tradução do gregokólpos, “peito”, reempregada em 13:25 em referência ao companheirismo entre o discípulo amado e o Mestre. A mesma relação de amor que une Cristo ao Pai une o discípulo amado a Cristo, de maneira que, como Ele disse, “Eu e o Pai somos um” (10:30), aquele também pode dizer: “eu e o Mestre somos um” (cf. a experiência de Paulo em Gálatas 2:20, e o que ele afirmou sobre a unidade entre Cristo e a igreja, ilustrada pelo casamento [marido e mulher são uma só carne], em Efésios 5:31, 32). Em sua primeira epístola, João insistiu com os crentes para que não permitissem que essa prazerosa comunhão com Cristo, e, através dEle, com Deus, fosse quebrada por qualquer coisa deste mundo, por mais atraente que se mostrasse. Nas entrelinhas, o que ele adiante trata abertamente, está o falso ensino como fator de apostasia, ou desvio da verdade. Já se nota esse empenho apostólico, nos versos imediatamente seguintes à introdução da Epístola (veja os v 5-10, estudados na próxima lição).



Dessemelhanças

Evangelho de João 1

1 João 1

(1) “Princípio” (v 1) – o início da criação. Dois significados básicos do termo: (1)começo, origem (o sentido aqui), e causa eficiente ou razão de ser, o sentido de Apocalipse 3:14, onde é dito ser Cristo o princípio, a razão de todas as coisas (veja João 1:3). O sentido em 1:1, 2 é duplo: temporal, o ponto em que tudo começou; e qualitativo, antes deste ponto existe apenas a esfera divina. Em outros termos, João afirma que, quando a primeira coisa foi criada, não importa se viva ou não, Cristo já estava lá.

(1) “Princípio” (v. 1) tem mais de uma acepção: Pode ser (1) o início da criação (como no Evangelho); ou (2) o início da história da salvação, especificamente o evento de Gênesis 3, com especial referência ao verso 15; ou (3) o ínicio da vida terrestre de Jesus (em outras palavras, o evento da encarnação); ou (4) o início do ministério terrestre de Jesus com o evento do batismo.

Obs. – Observe que também em sua Epístola, João empregou o verbo ser no imperfeito – “era” (veja item [1] de “semelhanças”. Este tempo verbal, expressando a presença de Cristo, indica existênciacontínua, nãotemporal. Embora, no que respeita às acepções (3) e (4) do termo “princípio” em 1João, Cristo, como ser humano que Se tornou, tenha assumido a esfera da criação e, portanto, haja Se submetido aos limites do tempo e do espaço, não podemos esquecer que Ele nunca deixou de ser Deus no sentido mais elevado.

(2) A divindade de Jesus é declarada de maneira explícita, principalmente com o emprego do termo “Deus” a Ele aplicado (v. 1).

(2) A divindade de Jesus está implícita, como já observado.

Obs. – Embora a divindade de Jesus na introdução de 1 João não seja explícita como no prólogo do quarto Evangelho, a implicação da divindade é plena. No transcurso da Epístola, ela continua implícita, pois, como a primeira lição observa no estudo do dia 2 de julho, “a salvação por meio de Jesus depende da natureza divino-humana de Jesus”, e se há algo bastante claro na Epístola é que Jesus é o Salvador (4:14, entre outros textos). Finalmente, a declaração da divindade de Jesus se torna explícita no encerramento da Epístola (5:20).

(3) Jesus é referido como Criador (v. 3).

(3) Mesmo no restante da epístola, não há uma referência a esse respeito.

Obs. – Mas não podemos esquecer que se a Epístola afirma a divindade plena de Jesus, então está nela implícita a realidade de Seu poder criador.

(4) No prólogo do Evangelho é feita quase de passagem uma referência ao testemunho ocular (veja o v 14).

(4) Na introdução de sua primeira epístola, João insiste no testemunho ocular (v 1-3).

Obs. – Já sabemos por que isso ocorreu. Embora, na leitura do quarto Evangelho, se sinta que o escritor procura impugnar o gnosticismo, é em sua primeira Epístola que ele o contesta de frente, obviamente pela natureza de sua obra, uma exortação pastoral no empenho por salvaguardar os crentes, sob seu encargo, dos efeitos deletérios da propagação do falso ensino. Assim, sua insistência foi oportuna e eficaz ao seu propósito de contestar as falsas teorias por meio do poderoso argumento da experiência pessoal.


III. A Palavra da vida


A fórmula “Palavra da vida”, ou “Verbo da vida”, registrada ao fim do primeiro verso da Epístola, é uma construção genitiva com possíveis diferentes conotações, segundo a espécie do genitivo em vista. Aqui são viáveis pelo menos quatro espécies: (1) genitivo epexegético, isto é, de oposiçãoou contraposição. É aquele em que o termo principal está em paralelo com o outro, ou é equivalente a este: o sentido seria “a Palavra que é vida”; (2) genitivo qualificativo, aquele em que o termo secundário exprime uma qualidade do termo principal: o sentido seria “a Palavra é vivificante, comunica vida”; (3) genitivo subjetivo, aquele em que o termo principal se traduz no segundo: o sentido seria “a Palavra é expressada na vida, ou pela vida”; e (4) genitivo objetivo, aquele em que o termo principal encontra no segundo o seu próprio tema: o sentido seria “a Palavra é sobre a vida.”


Qualquer desses sentidos é perfeitamente próprio de Jesus, a Palavra encarnada. A Palavra é a própria vida, como o v. 2a deixa claro; e, em sua trajetória terrestre, Ele mesmo declarou ser a vida (Jo 14:6; 11:25). Igualmente, Jesus é a Palavra encarnada e vivificante, como ficou provado diante da sepultura de Lázaro (v 43, 44). Ao mesmo tempo, a vida que Jesus viveu é, sem dúvida, a maior expressão da Palavra de Deus; em Sua vida a própria Palavra se tornou viva. Finalmente, a vida é o grande tema da Palavra encarnada. Jesus disse: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10:10). Por Seu próprio exemplo de vida, por tudo aquilo que fez e tudo o que ensinou, Jesus desdobrou diante de todos o grande tema da vida. Ele é a Palavra, o pensamento tornado visível e audível, a expressão do propósito de Deus, dAquele que disse: “Não tenho prazer na morte de ninguém” (Ez 18:32; veja também 33:11; 2Pe 3:9).


A grande questão é: O que faremos com o dom da vida, graciosamente outorgado a nós na pessoa do Filho de Deus? (Veja Dt 30:19).


IV. Testemunhas oculares


Observe que, na introdução de sua primeira epístola, João se expressa na forma plural: “Temos ouvido... temos visto com os nossos próprios olhos...”, etc. Alguns acham que o apóstolo o fez por modéstia. Todavia, no transcurso da epístola, ele continua usando a forma plural, alternando algumas vezes o tratamento com a forma singular (veja 2:12-14, 21; 5:13).


É evidente que, na maior parte de sua obra, o escritor se expressa no plural porque inclui sua própria comunidade no que afirma, como por exemplo quando diz: “Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, ao ponto de sermos chamados filhos de Deus...” (3:1). Em sua introdução, todavia, não poderia João fazê-lo, pelo simples fato de que os membros de sua irmandade não tinham sido testemunhas oculares, como ele.


Alguns pensam que ele incluiu o testemunho de seu secretário, o amanuense que lhe escrevia os textos. Isso é muito improvável pelo fato de que seria praticamente impossível que esse secretário fosse também uma testemunha ocular como João.


A melhor hipótese é aquela que considera a possibilidade de João estar incluindo outros que haviam conhecido pessoalmente Jesus e dado, igualmente com poder, seu testemunho. Penso aqui nos colegas de apostolado de João. Embora já tivessem descansado de suas labutas, o testemunho que haviam dado de alguma forma ainda permanecia, ou pela palavra oral proveniente daqueles que se haviam convertido pela pregação deles, ou principalmente pela palavra escrita que haviam deixado. Por exemplo, podemos falar de Tomé, que havia requerido uma prova palpável do Cristo ressurreto. Jesus concedeu essa prova, não somente a ele, mas a outros que ainda mantinham dúvida a respeito (veja Jo 20:25-27; Lc 24:37-40). Podemos imaginar a força da argumentação de Tomé e dos demais em favor da ressurreiçao de Jesus, no testemunho que deram a partir daquele célebre Penteconstes que marcou o início da pregação apostólica! “Testificamos que Ele ressuscitou porque nós mesmos O tocamos” (cf. At 2:32; 3:15; 5:32; 10:39-41; 13:30, 31).


Pedro também afirma categoricamente: “...não vos demos a conhecer o poder de Deus e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da Sua majestade” (2Pe 1:16).


João, portanto, não estava sozinho em seu testemunho pessoal de Jesus. Outra questão, todavia, é: nós, que vivemos dois mil anos depois dos fatos que marcaram a trajetória de Jesus por este mundo, se temos condição de unir nosso próprio testemunho ao daqueles que estiveram pessoalmente com Jesus, e testemunharmos com o mesmo ímpeto e com o mesmo poder. Ditosamente, sim!


Isso tem que ver com a maneira de definir o verdadeiro testemunho daquele que não é uma testemunha ocular de Jesus e Seu ministério. Podemos não ter ouvido, nem visto, contemplado, nem tocado o Cristo histórico; mas temos que ser objetos da Sua salvação, a qual não conhece fronteira, seja de tempo, de espaço, ou qualquer outra. O testemunho daquilo que Jesus realizou em nossa vida, através do evangelho, nos dará condição de, quando falarmos dEle aos outros, não nos referirmos a uma simples teoria, mas a algo que tem que ver com nossa própria experiência, assim como ocorreu com João. Um testemunho assim não admite contestação. Apenas duas atitudes evidenciarão o efeito do mesmo sobre os que o ouvirem: aceitação ou rejeição.


V. Comunhão dos santos


O que João assevera na introdução de sua primeira epístola tinha um propósito definido: “...para que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo” (v. 3).


A palavra chave aqui é comunhão. O termo grego mais frequentemente assim vertido em nossa Bíblia é koinōnia (em 1Jo 1:3 inclusive), de koinós, algo comum, pertencente a várias pessoas. Em seu sentido habitual, esse termo significa companheirismo, participação, parceria. Envolve a ideia de um agrupamento de pessoas que receberam a mesma dádiva (aliás, koinōnia também significa ajuda, contribuição, dádiva, etc.), e que, portanto, partilham de um bem comum.


À luz do Novo Testamento, particularmente dos escritos joaninos, a grande dádiva que os crentes, em comum, receberam de Deus, foi o dom maravilhoso de Seu Filho Jesus Cristo (Jo 3:16). De acordo com a primeira epístola, desta dádiva decorrem outras não menos esplêndidas e relevantes: Seu Filho nos foi dado para que, Ele mesmo nos desse Sua vida (3:16); o dom da vida eterna foi-nos franqueado na pessoa de Seu Filho (5:11); o Espírito Santo é-nos dado como evidência de que Deus permanece em nós e nós permanecemos nEle (3:24; 4:13), e essa permanência recíproca é garantida àquele “que confessar que Jesus é o Filho Deus” (v. 15).


Este grande dom de Deus na pessoa de Seu Filho é pressuposto nas palavras introdutórias de 1 João como a bênção outorgada indistintamente a todos os crentes; daí o propósito do escritor em relembrá-los dela, “para que vós igualmente mantenhais comunhão conosco” (1:3b). Em comunhão com o escritor, eles estariam em comunhão com o Pai e o Filho, pois era com Estes que ele mantinha comunhão. “Ora, a nossa comunhão é com o Pai e o Filho” (v. 3c). Quão triste, portanto, é que este vínculo maravilhoso: PaiFilhoJoãoCrentes (igreja), viesse a ser quebrado por se dar guarida aos falsos ensinos de dissidentes, que estavam sendo propagados!


O que temos a aprender com tudo isto? Para nós, hoje, essa corrente poderia ser assim especificada: PaiFilhoLiderançaCorpo geral de membros, ou igreja (local e/ou mundial). Como a lição coloca, “a proclamação de Jesus e do evangelho leva as pessoas à comunhão não só com o Pai e com o Filho, mas também com os outros crentes. Existe uma conexão não apenas celestial e invisível mas também uma conexão muito real e visível entre esses crentes. Os cristãos são abençoados pelo fato de que não têm que viver sozinhos ou isolados dos outros, mas se tornam parte da comunidade e família de Cristo na Terra.” Em outros termos, a comunhão cristã é tanto vertical (com o Pai e Seu Filho Jesus, mediante o Espírito Santo ― 3:24; 4:13), e horizontal (uns com os outros ― 1:7).


Bem, nós também fomos agraciados com todas aquelas bênçãos referidas pelo discípulo amado: Cristo e todas as dádivas dEle decorrentes nos foram outorgados tanto quanto a eles naquele final do primeiro século; Deus também nos ministrou Seus preciosos ensinamentos, como havia ministrado também a eles (2:27), para que nós, a exemplo deles, que pertenceram à verdade (3:19), saibamos distinguir entre o espírito da verdade e o espírito do erro (4:6).


Deus nos ajude a ter consciência e reconhecimento dos bens comuns espirituais que usufruímos por doação divina, e não permitamos que nenhum espírito maligno, que se esconde por trás de toda dissidência, que se levanta contra a verdade, venha romper os elos fraternais de amor e desvelo que, como igreja, nos unem numa grande família.


Talvez o apelo de Paulo a uma congregação que o diabo tentava fragmentar, a igreja de Corinto, seja oportuna também para nós: “Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis todos a mesma coisa, e que não haja entre vós divisões; antes sejais inteiramente unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer” (1Co 1:10).


Isso também é koinōnia; isso também é comunhão. “Para que a nossa alegria seja completa” (1Jo 1:4).

Amém!



Autor: José Carlos Ramos – D.Min




Um comentário:

  1. PASSEATA VIRTUAL #FORASARNEY
    Quarta-feira, dia 15, das 15h às 16h horas.

    Local: Na internet.

    Ponto de partida: Seu computador, telefone celular, PDA, qualquer aparelho que possa enviar uma mensagem de e-mail, SMS, Twitter, etc

    Ponto de chegada: Congresso Nacional

    Sarney: sarney@senador.gov.br

    Senadores: e-mails aqui ou aqui para enviar a todos os senadores

    Como vai funcionar: Na quarta-feira no intervalo das 15h às 16h horas, você que tem um blog, site, Twitter, celular, etc, deverá estampar um “banner” ou selo com a mensagem “#forasarney” e enviar o máximo de mensagens ao Senado.

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    As informações fora repassadas para este Blog pela atuante Gusta do Reaja Brasil.
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