sexta-feira, 25 de março de 2011

No tear do Céu (estudo nº 01)




"Como são felizes aqueles que têm suas transgressões perdoadas, cujos pecados são apagados!(Romanos 4:7, NVI).

Leitura para o estudo desta semana: Is 64; Rm 3:21-31; 4:1-7; 6:1-13; Fp 3:3-16

Cristo é o substituto e garantia do pecador. Ele obedeceu à lei em lugar do pecador, a fim de que o pecador possa crer nEle e crescer nEle em todas as coisas até a plena estatura humana em Cristo Jesus, e assim ser completo nEle. Cristo fez a reconciliação pelo pecado e suportou toda a sua ignomínia, reprovação e punição. E ainda, embora tenha carregado os pecados, trouxe justiça eterna, para que o cristão esteja imaculado diante de Deus. Haverá ocasiões em que se perguntará: ‘Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus?’ E a resposta será: ‘É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou’ (Rm 8:33, 34).

Aquele que tem as vestes imaculadas de justiça, tecida nos teares do Céu, em quem não existe um filamento sequer da humanidade pecaminosa, está à mão direita de Deus para vestir Seus filhos crentes com a roupagem perfeita de Sua justiça. Aqueles que estão salvos no reino de Deus não terão nada de que se gloriar; todo louvor e glória são dirigidos a Deus, doador da salvação” (Ellen G. White, The Youth’s Instructor, 6 de dezembro, 1894). Observe as imagens: vestes de justiça, vestes imaculadas de justiça “tecida nos teares do Céu” e sem um filamento sequer da humanidade pecaminosa entremeado. Que imagem maravilhosa da justiça de Jesus, justiça que abrange todos os que, por fim, serão salvos para Seu reino! 

Domingo                                   Olhando-se no espelho


Os policiais em três carros convergiram para uma mulher que dirigia e a forçaram a parar ao lado da estrada. Então, eles se aproximaram do carro com armas em punho. A mulher estava horrorizada quando saiu, com as mãos erguidas.
– O que foi que eu fiz? – perguntou ela, tremendo de medo.
Eles pediram para ver seus documentos e, depois de alguns minutos, todos relaxaram e as armas voltaram para seus lugares.
– Por favor – disse ela – o que estava errado? Por que vocês me cercaram?
– Bem – disse um dos policiais – nós vimos você dirigindo como uma louca e fazendo gestos obscenos para os outros motoristas.
– E por isso vocês me fizeram encostar, apontando as armas para mim?
– Não, senhora – respondeu o policial – foi porque vimos o adesivo com símbolos cristãos, e achamos que o carro tinha sido roubado.

Essa história (admitimos) ingênua ilustra um ponto triste: nem todos os cristãos, ou os que professam o nome de Cristo, vivem de acordo com os elevados padrões que sua fé requer. Alguns fazem isso melhor que outros, mas todos ficam aquém. Qual cristão, não importando quão fiel seja, ao olhar no espelho, pode alegar algum tipo de justiça própria? Qual cristão, olhando no espelho, não fica horrorizado com o que sabe que se esconde sob a superfície?

1. Que mensagem é proclamada em Isaías 64? Que imagem de vestuário é usada para descrever a justiça humana, e qual é seu significado? Que esperança é apresentada?

1  Oh! Se fendesses os céus e descesses! Se os montes tremessem na tua presença,
2  como quando o fogo inflama os gravetos, como quando faz ferver as águas, para fazeres notório o teu nome aos teus adversários, de sorte que as nações tremessem da tua presença!
3  Quando fizeste coisas terríveis, que não esperávamos, desceste, e os montes tremeram à tua presença.
4  Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera.
5  Sais ao encontro daquele que com alegria pratica justiça, daqueles que se lembram de ti nos teus caminhos; eis que te iraste, porque pecamos; por muito tempo temos pecado e havemos de ser salvos?
6  Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades, como um vento, nos arrebatam.
7  Já ninguém há que invoque o teu nome, que se desperte e te detenha; porque escondes de nós o rosto e nos consomes por causa das nossas iniqüidades.
8  Mas agora, ó SENHOR, tu és nosso Pai, nós somos o barro, e tu, o nosso oleiro; e todos nós, obra das tuas mãos.
9  Não te enfureças tanto, ó SENHOR, nem perpetuamente te lembres da nossa iniqüidade; olha, pois, nós te pedimos: todos nós somos o teu povo.
10  As tuas santas cidades tornaram-se em deserto, Sião, em ermo; Jerusalém está assolada.
11  O nosso templo santo e glorioso, em que nossos pais te louvavam, foi queimado; todas as nossas coisas preciosas se tornaram em ruínas.
12  Conter-te-ias tu ainda, ó SENHOR, sobre estas calamidades? Ficarias calado e nos afligirias sobremaneira? Isaías 64

A expressão “trapos da imundícia”, indica uma peça de vestuário contaminada pela menstruação. Que imagem mais poderosa a Bíblia poderia apresentar para descrever a justiça humana depois da queda? O apóstolo Paulo retoma o tema em Romanos 3, onde ele deixa claro que tanto judeus quanto gentios estão na mesma posição diante de Deus: pecadores necessitados da graça divina. O texto de Isaías 64 pode ser visto como um precursor de Romanos 3 no Antigo Testamento. Aponta o nosso dilema como pecadores e, no entanto, não nos deixa sem esperança.

Qual foi a última vez que você olhou profundamente para si mesmo, seus pensamentos, seus motivos mais íntimos e seus desejos? O que você viu? Foi muito assustador? Qual é a sua única esperança?

2. Com base em Isaías 64 e Romanos 3, marque um “X” nas alternativas corretas: A. O ser humano é mau por natureza ( ) B. O ser humano é bom por natureza ( ) C. A natureza humana é parcialmente pecaminosa ( ) D. O ser humano é totalmente mau, mas em Cristo existe esperança.

1 Qual é, pois, a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão?
2  Muita, sob todos os aspectos. Principalmente porque aos judeus foram confiados os oráculos de Deus.
3  E daí? Se alguns não creram, a incredulidade deles virá desfazer a fidelidade de Deus?
4  De maneira nenhuma! Seja Deus verdadeiro, e mentiroso, todo homem, segundo está escrito: Para seres justificado nas tuas palavras e venhas a vencer quando fores julgado.
5  Mas, se a nossa injustiça traz a lume a justiça de Deus, que diremos? Porventura, será Deus injusto por aplicar a sua ira? (Falo como homem.)
6  Certo que não. Do contrário, como julgará Deus o mundo?
7  E, se por causa da minha mentira, fica em relevo a verdade de Deus para a sua glória, por que sou eu ainda condenado como pecador?
8  E por que não dizemos, como alguns, caluniosamente, afirmam que o fazemos: Pratiquemos males para que venham bens? A condenação destes é justa.
9  Que se conclui? Temos nós qualquer vantagem? Não, de forma nenhuma; pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado;
10  como está escrito: Não há justo, nem um sequer,
11  não há quem entenda, não há quem busque a Deus;
12  todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer.
13  A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua, urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios,
14  a boca, eles a têm cheia de maldição e de amargura;
15  são os seus pés velozes para derramar sangue,
16  nos seus caminhos, há destruição e miséria;
17  desconheceram o caminho da paz.
18  Não há temor de Deus diante de seus olhos.
19  Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na lei o diz para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus,
20  visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado.
21  Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas;
22  justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos e sobre todos os que crêem; porque não há distinção,
23  pois todos pecaram e carecem da glória de Deus,
24  sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus,
25  a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos;
26  tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus.
27  Onde, pois, a jactância? Foi de todo excluída. Por que lei? Das obras? Não; pelo contrário, pela lei da fé.
28  Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei.
29  É, porventura, Deus somente dos judeus? Não o é também dos gentios? Sim, também dos gentios,
30  visto que Deus é um só, o qual justificará, por fé, o circunciso e, mediante a fé, o incircunciso.
31  Anulamos, pois, a lei pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a lei. Romanos 3 




Justiça imputada

Segunda                                        




Sem dúvida, qualquer cristão sincero, olhando para si mesmo, particularmente em contraste com a justiça de Deus, especialmente da forma como foi revelada em Cristo, verá algo bastante assustador. Não há muito para recomendá-lo diante de Deus, certo? Na verdade, não há nada, nada mesmo, exceto o “trapo da imundícia”.

Que esperança temos, então? Uma grande esperança, verdadeiramente, e o termo teológico para essa esperança é justiça imputada. O que significa isso? De modo muito simples, é a perfeita justiça de Jesus, a justiça “tecida no tear do Céu” e concedida a nós pela fé. “Justiça imputada” significa substituir nossa vida pecaminosa por Sua vida sem pecado. Ela vem de fora de nós, é creditada a nós, e nos cobre completamente. Somos vistos aos olhos de Deus como se nunca houvéssemos pecado, como se tivéssemos sido sempre totalmente obedientes aos mandamentos de Deus, como se fôssemos tão santos e justos como o próprio Jesus.

3. Leia Romanos 4:1-7. Como a confiança de Abraão em Deus ilustra a justiça imputada?

1 Que, pois, diremos ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a carne?
2  Porque, se Abraão foi justificado por obras, tem de que se gloriar, porém não diante de Deus.
3  Pois que diz a Escritura? Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça.
4  Ora, ao que trabalha, o salário não é considerado como favor, e sim como dívida.
5  Mas, ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça.
6  E é assim também que Davi declara ser bem-aventurado o homem a quem Deus atribui justiça, independentemente de obras:
7  Bem-aventurados aqueles cujas iniqüidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos;
8  bem-aventurado o homem a quem o Senhor jamais imputará pecado. Romanos 4:1-8

Paulo disse em Romanos 4:2 que, se Abraão tivesse sido justificado pelas obras, ele poderia ter se gloriado. Entretanto, Abraão creu em Deus e, portanto, foi considerado justo. Jesus nos convida a ir a Ele em fé simples, pecadores que somos, e Ele dará Seu manto de perfeição, a justiça perfeita que Ele alcançou enquanto esteve aqui, vivendo na carne. Isso é conhecido como “justiça imputada”, e é a única solução para o dilema descrito tão vividamente em Isaías 64 e Romanos 3.

Imagine assim: Jesus tira suas antigas roupas manchadas, seu trapo imundo, e o envolve com o manto de Sua justiça perfeita, Sua santidade perfeita, Seu registro perfeito de obediência à Lei. Ele o envolve e então sussurra ao seu ouvido: “
Agora você é perfeito. Eu lhe dei minha perfeição. Por favor, use este manto, e não o afaste de você.”

Qual foi o maior presente que alguém já lhe deu? Como você se sentiu com o presente, especialmente se você não fez nada para merecê-lo? Quanto mais gratos devemos ser, então, pelo dom da justiça de Jesus?   




Sem a Lei

Terça                                                     




Um pregador se colocou diante de uma congregação e declarou: “Jesus Cristo mudou minha vida. Eu sou uma pessoa totalmente nova e diferente do que era antes.

“No entanto, após 25 anos sendo cristão, se há uma verdade que minha experiência me ensinou – uma experiência provada e julgada pela Palavra de Deus – é esta: se no fim, eu tiver que ser salvo, se eu realmente ‘perseverar até o fim’, como Jesus disse, e entrar no reino eterno de Deus, então não há dúvida de que será apenas porque estou coberto pelo manto da justiça de Cristo, justiça tecida no tear do Céu e que me cobre completamente. Posso vencer o pecado, e pela graça de Deus obtive muitas vitórias; pela graça de Deus estou superando defeitos de caráter; pela graça de Deus estou aprendendo a amar todas as classes de pessoas, mesmo os meus inimigos.

“Apesar de tudo isso, sei que nada disso está perto de ser bom o suficiente.

A menos que esteja coberto pela justiça de Jesus, justiça creditada a mim pela fé, independente da minha obediência à lei, no fim dos mil anos, você poderá se colocar sobre o muro da cidade santa, e acenar para mim, porque sei que não estarei lá com você. Não poderei estar lá com você.”

4. Leia Romanos 3:21-31. O que Paulo está dizendo, e como as ideias apresentadas nesses versos são refletidas nas palavras que o pregador disse acima?

21  Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas;
22  justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos e sobre todos os que crêem; porque não há distinção,
23  pois todos pecaram e carecem da glória de Deus,
24  sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus,
25  a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos;
26  tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus.
27  Onde, pois, a jactância? Foi de todo excluída. Por que lei? Das obras? Não; pelo contrário, pela lei da fé.
28  Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei.
29  É, porventura, Deus somente dos judeus? Não o é também dos gentios? Sim, também dos gentios,
30  visto que Deus é um só, o qual justificará, por fé, o circunciso e, mediante a fé, o incircunciso.
31  Anulamos, pois, a lei pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a lei. Romanos 3:21-31

Embora Paulo estivesse se dirigindo a um grupo específico, com uma questão específica, o assunto é relevante para todos, judeus e gentios. Hoje, para nós, como adventistas do sétimo dia que acreditamos na perpetuidade da lei, a questão é especialmente importante. Na condição de pecadores, a justiça que nos salva, a justiça de que precisamos, nos cobrindo como um vestido, é uma justiça que se manifestou “sem a lei”. Em outras palavras, é a justiça de Jesus, a retidão de Sua vida, a justiça que nos traz “a redenção que há em Cristo Jesus”. A redenção está nEle, não em nós mesmos nem no cumprimento da lei, e essa redenção se torna nossa pela fé.

Qual tem sido a sua experiência com a guarda da lei? Você já sentiu que seus melhores esforços na obediência o estavam justificando diante de Deus? Quais são as implicações de sua resposta? Comente sua resposta com a classe.    




A roupa faz o homem

Quarta                                            




Um autor escreveu uma pequena história sobre dois bandidos medíocres tentando realizar um assalto. No plano, um dos bandidos deveria vestir o uniforme de policial e ficar em frente ao local a ser assaltado. Dessa forma, com ele ali, ninguém desconfiaria, enquanto seu parceiro realizasse o assalto. No entanto, a história terminou com o parceiro vestido como policial, prendendo o outro. Vestido como policial, ele começou a agir como tal!

Essa história traz uma questão relevante para nosso tema. Sim, pela fé somos cobertos pela justiça de Cristo, Seu “manto de justiça”, como ela é chamada. Nascemos de novo e temos vida nova em Cristo. Não há dúvida, portanto, de que nossa vida refletirá a roupa que vestimos.

Ao receber o manto da justiça de Cristo, assumimos um compromisso total de permitir que Ele coloque em nossa vida Seus atributos de caráter. Somos totalmente justificados pela graça, obra de um momento, e também recebemos poder para obedecer, que é assimilado ao longo do tempo e produzido como obra de uma vida. Por que pedir mais poder? Porque “
tudo posso nAquele que me fortalece (Fp 4:13). Certamente, isso significaria, pelo menos, o poder para obedecer à Sua lei.

5. Leia Romanos 6:1-13. O que o texto diz sobre o tipo de vida que devemos ter, agora que estamos cobertos, “vestidos” pela justiça de Jesus?

1 Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante?
2  De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?
3  Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte?
4  Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida.
5  Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição,
6  sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos;
7  porquanto quem morreu está justificado do pecado.
8  Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos,
9  sabedores de que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte já não tem domínio sobre ele.
10  Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus.
11  Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus.
12  Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões;
13  nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniqüidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça. Romanos 6:1-13

Paulo deixa muito claro que a pessoa que foi “crucificada” com Jesus recebe um impacto radical, capaz de mudar a vida. Observe a imagem de vida e morte ali. Não há nada pela metade. Nossa antiga pessoa, que vestia trapos imundos, morreu; uma nova pessoa nasceu, vestida com a justiça de Jesus, uma justiça que se manifesta para que agora possamos andar “em novidade de vida”. Essa novidade significa que não devemos mais permitir que o pecado reine em nós. Temos recebido muitas promessas de vitória. A pergunta é: Será que reivindicaremos essas promessas para nós?

Que aspectos de sua vida revelam a realidade de sua experiência com Deus? Quais são as áreas em que você está lutando? Como você pode fazer a escolha diária de morrer para o eu e viver a vida nova que Cristo nos oferece? 





Graça barata e legalismo

Quinta                                     




Em toda a Bíblia, os escritores inspirados enfatizam a necessidade de obediência. Pensar que não importa o que fazemos, desde que Cristo esteja em nosso coração, é um engano. Se Cristo realmente vive em nosso coração, boas ações devem, necessariamente, ser o resultado. Ao mesmo tempo, não é menos fatal pensar que podemos ser salvos pelas nossas próprias obras de obediência.

Paulo escreveu um relatório impressionante de sua vida, realizações e linhagem, antes de conhecer Jesus: ele foi circuncidado ao oitavo dia, era descendente de Israel, era fariseu, tinha zelo e era irrepreensível. Isso demonstra legalismo. Após sua conversão, ele chamou essas coisas de lixo, comparadas com o conhecimento de Cristo. Ele obteve justiça ao aceitar o manto da justiça de Cristo e queria se tornar como Ele.

6. Leia Filipenses 3:3-16. Como Paulo expressa a grande verdade da salvação pela fé e o que isso significa na vida de uma pessoa salva?

3  Porque nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne.
4  Bem que eu poderia confiar também na carne. Se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais:
5  circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu,
6  quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível.
7  Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo.
8  Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo
9  e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé;
10  para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte;
11  para, de algum modo, alcançar a ressurreição dentre os mortos.
12  Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus.
13  Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão,
14  prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.
15  Todos, pois, que somos perfeitos, tenhamos este sentimento; e, se, porventura, pensais doutro modo, também isto Deus vos esclarecerá.
16  Todavia, andemos de acordo com o que já alcançamos. Filipenses 3:3-16

Teologicamente, temos que fazer a diferença entre a justiça imputada de Cristo – a justiça que nos justifica – e a obra que o Espírito Santo faz em nós para nos transformar. Mas nunca devemos separá-las no contexto do que significa ser cristão. Precisamos das duas. Ter a primeira sem a segunda é como ter uma moeda com apenas um lado. Isso não existe.

A compreensão de que a obediência vem como um dom nos livra de duas valas: graça barata e legalismo. Primeiro, acreditaremos na importância de obedecer e, segundo, nossa obediência não será meritória, pois a teremos recebido como um dom. Somos tão dependentes de Cristo para obedecer à lei e ser santificados como somos para ser justificados e perdoados diante de Deus. O Senhor está mais do que disposto; Ele está ansioso, não só para nos justificar, mas para nos dar a vitória sobre o pecado e o eu. Como sempre, nossa vontade continua sendo o fator imprevisível: Quão dispostos estamos a Lhe entregar nosso eu, diariamente, “
para O conhecer, e o poder da Sua ressurreição, e a comunhão dos Seus sofrimentos, conformando-[nos] com Ele na Sua morte” (Fp 3:10)?

Leia novamente o texto para hoje. Onde você vê a realidade do livre-arbítrio humano? Qual foi a intenção de Paulo no verso 16, ao pedir que “andemos de acordo com o que já alcançamos”? Que escolhas podemos fazer para possibilitar essa prática?   

Sexta                                        Estudo adicional


Leia de Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 4, p. 88, 89: “O Processo de Prova”; Obreiros Evangélicos, p. 161: “A Justiça pela fé”; Caminho a Cristo, p. 49-55: “Um Direito Seu”.

A lei requer justiça – vida justa, caráter perfeito; e isso o homem não tem para dar. Não pode satisfazer as reivindicações da santa lei divina. Mas Cristo, vindo à Terra como homem, viveu vida santa e desenvolveu caráter perfeito. Estes oferece Ele como dom gratuito a todos quantos o queiram receber. Sua vida substitui a dos homens. Assim obtêm remissão de pecados passados, mediante a paciência de Deus. Mais que isso, Cristo lhes comunica os atributos divinos. Forma o caráter humano segundo a semelhança do caráter de Deus, uma esplêndida estrutura de força e beleza espirituais. Assim, a própria justiça da lei se cumpre no crente em Cristo. Deus pode ser “justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus” (Rm 3:26; Ellen G. White, (O Desejado de Todas as Nações, p. 762).

Perguntas para reflexão:
1. Leia novamente a citação de Ellen G. White na lição de sábado. Escreva uma paráfrase do que ela está dizendo, e leve para a classe no sábado. Ouça a versão de cada colega e compartilhe a sua própria. Destaque os pontos principais.
2. Quando usamos o manto da justiça de Cristo, nós “que... contemplamos a glória do Senhor, segundo a Sua imagem estamos sendo transformados com glória cada vez maior” (2Co 3:18, NVI). Descreva o que significa contemplar “a glória do Senhor”.
3. Ao longo dos anos, alguns membros da igreja têm lutado com a questão da segurança de salvação. Como devemos entender o que significa ter segurança? Onde essa segurança deve ser encontrada? Como a imagem do manto de justiça tecido “no tear do Céu”, sem um único filamento de fabricação humana, nos ajuda a entender de onde pode vir nossa segurança? Como podemos saber que não estamos sendo presunçosos, se temos essa segurança?





No tear do Céu (resumo do estudo nº 01)





1
Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante?
2  De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?
3  Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte?
4  Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida.
5  Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição,
6  sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos;
7  porquanto quem morreu está justificado do pecado.
8  Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos,
9  sabedores de que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte já não tem domínio sobre ele.
10  Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus.
11  Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus.
12  Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões;
13  nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniqüidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça. Romanos 6:1-13

Saber: Reconhecer a profundeza de nossa depravação e a perfeição completa do dom que Cristo oferece de justiça e viver correto.
Sentir: Sua profunda necessidade de ser crucificado com Cristo e de ser ressuscitado para a vida em Cristo.
Fazer: Apoderar-se do que Cristo fez por nós quando nos cobriu com Sua justiça e avançar entregando diariamente a vontade a Ele.

Esboço

I. Sem um único filamento de nossa humanidade
A. Por que é tão importante reconhecer que nem nossos melhores esforços podem nos trazer salvação?
B. Ao examinarmos a perfeição do generoso dom da justiça de Cristo, em contraste com nossa depravação, o que somos levados a concluir?

II. Saudade das vestes tecidas no Céu
A. Como o contraste entre nossas imperfeições e a perfeita bondade de Cristo nos faz sentir?
B. Nosso desejo de ser vestidos é satisfeito mediante a aceitação das vestes de justiça de Cristo. Como podemos expressar alegria por esse fato?

III. Escolha diária
A. Qual é a relação entre aceitar o manto da justiça de Cristo, tecido no Céu, e viver Sua vida de obediência aqui na Terra? Que devemos fazer diariamente, a fim de viver com Cristo?

Resumo: 
O manto da justiça de Cristo é um dom imerecido e gratuito. No entanto, temos de aceitar suas provisões, entregando diariamente a Deus a vontade e os desejos. Devemos deixar que Cristo viva Sua vontade e Seus desejos em nossa vida.

Motivação
Embora nos julguemos muito bons, ou pareçamos assim aos outros, nossa bondade, em última instância, não tem mérito para a salvação. Todos somos pecadores carentes da graça divina, simbolizada na Bíblia como o manto da perfeita justiça de Cristo.

Saliente que, embora seja impossível sermos bons por nossas próprias forças, podemos ser considerados bons por Deus, se nos permitirmos ser revestidos da justiça de Cristo. Isso deve nos motivar a ser mais semelhantes a Ele, na realidade ou, utilizando um termo teológico, alcançar a santificação.

Como seria se toda a sua vida devesse ser julgada por seu pior momento? A pior coisa que você já fez, ou o pensamento mais egoísta, mais vil? Talvez seja algo que ninguém mais conheça, algo que faria com que os outros o evitassem ou fugissem de você. Quem sabe, seja terrivelmente embaraçoso e não represente realmente “quem você é”. “Isso não é comigo”, você diz. “Pergunte-me sobre o aluno carente para quem estou pagando a escola.”

OK. Que dizer do aluno carente para quem você paga a escola? E que dizer de todas as outras coisas que você fez e que ajudaram sua comunidade e a humanidade em geral? Todos esses anos não fumando, não bebendo e não usando drogas, mesmo quando os outros achavam você um “estranho” ou “chato”, a vida toda frequentando fielmente a igreja quando todos os seus amigos criticavam a “religião organizada”? Isso deveria contar para alguma coisa, mesmo que você tenha algumas falhas, não é verdade?

Infelizmente, não. Na verdade, do ponto de vista de Deus, as boas coisas que fazemos (que, praticamente, não se diferenciam das coisas ruins) são descritas na Bíblia como trapos de imundície. Isso é justo? Afinal, você fez seu melhor. Mas Deus exige perfeição, e você não é perfeito. Ele tem todo o direito de nos abandonar assim. Em vez disso, Ele nos oferece toda oportunidade de trocar nossos trapos imundos pelo manto de Sua justiça perfeita, que nos foi dada pela vida, morte e ressurreição salvadoras de Seu Filho, Jesus Cristo.

Comente: 
Deus pode ver cada um de nós como uma experiência fracassada. Em vez disso, Ele Se sacrifica para nos dar algo que não temos e jamais poderíamos obter por nós mesmos. Qual deve ser nossa resposta, e por quê?

Compreensão
A Bíblia faz clara distinção entre a justiça que vem de Deus e a justiça que nós mesmos, como seres humanos, praticamos para nos sentirmos melhores a nosso respeito e a nossa condição de perdidos. No exterior, elas podem parecer idênticas. Mas a justiça humana é superficial. Ela vem de uma mistura confusa de motivos e, em última instância, é ineficaz. A justiça de Deus, por outro lado, conduz à salvação, tanto para nós como para aqueles com quem entramos em contato.

Comentário Bíblico


I. A justiça como trapos de imundície

5
  Sais ao encontro daquele que com alegria pratica justiça, daqueles que se lembram de ti nos teus caminhos; eis que te iraste, porque pecamos; por muito tempo temos pecado e havemos de ser salvos?
6  Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades, como um vento, nos arrebatam.
7  Já ninguém há que invoque o teu nome, que se desperte e te detenha; porque escondes de nós o rosto e nos consomes por causa das nossas iniqüidades. Is 64:5-7.)

Os profetas, como Isaías, são conhecidos por haver Deus falado a eles e por haverem retransmitido a mensagem. Mas a relação não era unilateral. Os profetas também falavam a Deus. Talvez o que os distinguisse fosse sua vontade de buscar a Deus no que chamamos de oração e seu desejo acima da média de ouvir uma resposta. Em todo caso, há muitos exemplos de profetas falando com Deus, e essa passagem é uma delas.

Isto é importante porque, neste texto, não é Deus que estava dizendo a Isaías que a sua justiça era como trapos de imundície, mas ele próprio, Isaías, chegou a essa conclusão. Isaías estava falando de seu povo, e a maioria ainda não havia percebido esse fato.

Coletivamente, o povo de Isaías sabia que nenhum deus, nem outra coisa qualquer sobre a Terra fez a ninguém o que o Deus de Israel havia feito por Seu povo. No entanto, eles ainda decidiam voluntariamente ignorá-Lo e a Sua justiça, formulando sua própria justiça, que lhes permitisse, eles achavam, alcançar a salvação à parte de Deus.

Quando chegou a hora de pôr à prova o sistema que eles haviam construído, este se mostrou inútil, não o que eles afirmavam ser, e desprovido de poder.

Um povo nessa situação podia muito bem achar que Deus os havia abandonado. Mas, na verdade, eram eles que se haviam afastado de Deus. Por mais longe de Deus que estejamos, Ele nos chama de volta e usa todos os meios necessários e disponíveis para nos atrair para Si.

Pense nisto: 
Alguma vez você já se esqueceu de Deus, mesmo sem perceber? Talvez você quisesse algo que era incompatível com Deus, mas se convenceu de que poderia ter Deus e algo mais. Ou talvez você tenha abandonado ou ignorado a Deus por algo que era bom em si, mas não podia ser seu salvador pessoal. Inevitavelmente, chegou o momento em que você teve que avaliar suas escolhas e decidir se aquilo em que confiava era digno de confiança. Só Deus passa no teste. Comente com a classe o que isso significa.

II. Cobertos

7
  Bem-aventurados aqueles cujas iniqüidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos;
8  bem-aventurado o homem a quem o Senhor jamais imputará pecado. Rm 4:7, 8.)

 “
Bem-aventurados aqueles cujas iniquidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos”. Esta declaração, que aparece em Romanos 4:7 como citação do Salmo 32:1 (Bem-aventurado aquele cuja iniqüidade é perdoada, cujo pecado é coberto.) é mais notável pelo que não diz do pelo que diz. A palavra usada aqui, traduzida como bem-aventurado, no original hebraico, significa feliz. Feliz pode se referir ao senso de felicidade, mas também se refere à boa sorte. Aquele que tem os pecados perdoados e cobertos sente alegria e alívio com a boa sorte da graça de Deus. A graça de Deus não é uma questão de sorte nem de circunstância, mas é tão diferente do que poderíamos esperar que parece boa sorte para nós. Além disso, à semelhança da boa sorte ou circunstância, não somos responsáveis por ela. Não podemos colocar Deus em um melhor estado de espírito doando mais dinheiro nem sacrificando um cordeiro. Deus nos perdoa e cobre nossos pecados porque é Deus. Esse é Seu caráter.

Poderíamos esperar que o versículo dissesse: “Bem-aventurado aquele ou aquela que não tem pecado”. Mas, então, ele tomaria um significado completamente diferente. Poucos de nós negaríamos que ficaríamos felizes se nunca houvéssemos pecado e não tivéssemos que enfrentar as consequências de nossas transgressões ou as de outros. Mas nenhum de nós poderia dizer isso. Se a passagem dissesse isso, estaria defendendo uma norma que ninguém pode alcançar. A bem-aventurança também teria um significado diferente. Isso significaria, em essência, que Deus reconhece e recompensa sua realização de uma condição sem pecado, se isso fosse possível.

Felizes somos nós, que temos um Deus que perdoa nossos pecados e nos ajuda a vencê-los, em lugar de um Deus que apenas apresenta um mapa e diz: “Espero que vocês façam isso!”

Pense nisto: 
Nós todos passamos por várias circunstâncias difíceis. Mas, como este versículo nos diz, o que realmente importa é que nossos pecados estão perdoados e que temos comunhão com Deus. Como esse conhecimento pode nos ajudar a enfrentar a dor e o sofrimento inevitáveis que teremos de enfrentar como seres humanos vivendo em um mundo imperfeito?

Aplicação
Use as seguintes perguntas e exercícios que enfatizam a necessidade de todos reivindicarmos o manto da justiça de Cristo, a fim de sermos aceitos por Deus.

Perguntas para consideração
1. Vamos encarar os fatos: a mensagem de nossa incapacidade para obter o favor de Deus e a necessidade de afirmar a vida e morte de Cristo em nosso favor não é novidade para a maioria de nós. Vamos também encarar o fato de que precisamos ser lembrados mais frequentemente. Por que é tão difícil integrar essa percepção à nossa vida e aos pensamentos?

2. Releia a declaração do pregador no estudo de terça-feira. Nela, note que o pregador obteve muitas vitórias sobre o pecado em sua vida com a ajuda de Cristo. No entanto, não importa quantas vitórias ele haja alcançado ou continue a alcançar, isso nunca será suficiente.

Pergunta de aplicação
Na teologia cristã, a justificação é o nome da condição jurídica em que se diz que não somos culpados de pecado por causa da substituição da vida de Cristo pela nossa aos olhos de Deus, o juiz. Santificação é o processo pelo qual realmente nos tornamos mais santos. Como o conhecimento de sua justificação pode ajudá-lo a obter uma vida mais santificada?

Criatividade
Talvez a ideia-chave desta lição seja a substituição do registro de Cristo, da perfeita impecabilidade e obediência à lei em lugar de nosso pecado e desobediência. As seguintes atividades são destinadas a enfatizar a necessidade de aceitar as novas roupas oferecidas por Cristo para nossa justificação, santificação e salvação.

A ideia de ter a aparência pessoal – ou de uma casa – “renovada” é muito popular na atualidade, sendo tema de vários programas populares de televisão. Pergunte à classe: “Seu relacionamento com Jesus lhe permitiu ser renovado?” Neste caso, a ênfase será sobre as mudanças positivas que ocorreram na vida de alguém. Naturalmente, você quer manter o foco em Jesus e gratidão para com Ele, em vez de auto-glorificação por ter alcançado essas mudanças.

Alternativa: Considerem as áreas da vida em que ainda precisariam fazer mais. Tomem nota dessas áreas e as usem como tema de oração nos próximos dias, próximas semanas ou meses, e que procurem evidências de mudança.





No tear do Céu (comentário ao estudo nº 01)




Introdução 
A graça de Cristo cobre o pecador, livrando-o da tragédia de sua condição decaída. A roupa com que ele é coberto não lhe custa nada. Não porque seja de fabricação barata. Mas pelo fato de que o pecador jamais poderia pagar por ela, ainda que trabalhasse por toda a eternidade. A metáfora da graça como vestimenta é o tema que iremos estudar nos próximos três meses. 

Desde a antiguidade, trajes e vestimentas são mais do que proteção para o corpo. Marcam a divisão de classes e identificam a pessoa ao seu nível na escala social. Por exemplo: entre os sumérios, era comum andar descalço ou usar sandálias. Sapatos de couro macio e fino eram exclusividade dos dirigentes. No Egito, o faraó e os sacerdotes usavam sandálias de papiro. As mulheres e os demais, inclusive os ricos, andavam descalços.1 Atualmente, grifes globais demarcam quem é socialmente importante e atestam o potencial financeiro de seus usuários.

De fato, cada traje tem um significado próprio e se adequa a uma situação específica. Há roupas para trabalho, esporte e passeio. Há roupas de luto e roupas de festa. Em uma de suas parábolas, Jesus fala do convidado lançado fora da festa de casamento do filho do rei porque não usava a roupa exigida para aquele momento (Mateus 22:11-13). Na sociedade em geral, usar a roupa certa é importante. Teria Cristo ensinado que essas mesmas regras de etiqueta se aplicam ao reino de Deus?

Na realidade, como em outras parábolas, Jesus utilizou um exemplo da vida prática para ilustrar um conceito espiritual. Ao estudarmos sobre as vestes que Cristo oferece a todos, iremos descobrir que a “moda celestial” não tem como finalidade separar as pessoas nem estratificar classes sociais. Essas vestimentas nos integram ao ambiente celestial, fazendo-nos sentir parte da família divina. Com as vestes de Cristo, podemos nos colocar na presença de Deus, onde jamais poderíamos entrar com as roupas de fabricação humana, ainda que fossem os mais exclusivos modelos da alta costura.

Ao falar de roupas, costumamos pensar na aparência. Mas a Bíblia usa essa ilustração para falar de algo que diz respeito à essência da humanidade e de sua relação com Deus. Infinitamente maior do que a alegria de usar uma roupa nova é receber de Deus uma condição espiritual renovada. É isto o que atesta o apóstolo Paulo: “
Como são felizes aqueles que têm suas transgressões perdoadas, cujos pecados são apagados!” (Romanos 4:7, NVI).

A seguir, iremos analisar três pontos destacados pela lição:
(1) a vergonha e a nudez do ser humano em face à completa corrupção causada pelo pecado; (2) a alegria de receber as vestes de Cristo;
(3) a importância de andar a altura do traje com o qual fomos vestidos, por meio da obediência pela fé.

Corrupção completa

Jamais iremos valorizar as vestes da justiça divina, com as quais Cristo nos cobre, a menos que tenhamos a real dimensão de nossa condição pecaminosa. Segundo Isaías 64:6, toda justiça humana apartada de Deus equivale a “trapos sujos” (NTLH). Diante da realidade do pecado, o profeta reconhece que mesmo nossas boas ações carregam o germe do mal e um potencial maléfico marca todo ato humano por mais bem-intencionado que seja. Por isso, Isaías descreve seu próprio povo, ao quebrar a aliança com Deus, como folhas secas espalhadas pelo vento (v. 7).

A cena descrita por Isaías não se limita a um tempo e lugar específico. Em sua carta aos Romanos, o apóstolo Paulo retoma citações do Antigo Testamento (cf. Ec 7:20; Sl 14:2, 3; 143:2) para reconhecer a completa e irrestrita corrupção do gênero humano. Judeus e gentios se encontram debaixo da condenação de Deus (Rm 3:9). Os primeiros são condenados pela lei escrita; os demais, pela lei da consciência (Rm 2:12). Por isso, diante de Deus, todos são considerados indesculpáveis (Rm 1:20).

Assim, de acordo com a Bíblia, o pecado na realidade humana não é apenas um acidente de percurso, mas um fato que engloba todas as esferas da existência terrena. O texto de 1João 3:4 afirma que “
pecado é a transgressão da lei”. Porém, essa transgressão não se limita aos atos pecaminosos. Está na própria essência da experiência humana. Segundo o apóstolo Paulo, “tudo o que não provém da fé é pecado” (Rm 14:23). Portanto, pensar no pecado apenas em termos de conduta e ações visíveis seria reduzir inadvertidamente a extensão dos estragos causados pelo mal.2

George Knight destaca a universalidade do pecado: “
Há algo que nunca será necessário ensinar a ninguém – como pecar. Todas as outras coisas têm que ser ensinadas. Pecar é algo que vem naturalmente. Toda nação, toda comunidade precisa da polícia e das forças armadas. Desde o Éden, não há paraísos imaculados na Terra. Desde o pecado, vivemos fora do Éden.”3

Completamente vestidos

Quando reconhecemos a profundidade com que a Bíblia retrata a experiência do pecado é, de fato, mais fácil vislumbrar a ampla dimensão da obra divina da justificação. Do contrário, acabamos por reduzir em nossa compreensão a amplitude do ato salvífico de Cristo. “
Se o pecado é definido como uma série de ações, o passo seguinte, segundo essa lógica, é que a justificação consiste em uma série de comportamentos e ações.”4 Porém, tal ideia se afasta da verdade bíblica para cair na armadilha do legalismo condenado por Cristo na religiosidade de Sua época.

O que a Palavra de Deus nos mostra é que apenas uma força sobrenatural, vinda do Alto, é capaz de tirar o pecador de seu “poço de perdição”, do lamaçal em que se afunda, sendo capaz de colocá-lo sobre uma rocha e lhe firmar os passos (Sl 40:2). Essa obra de restauração começa com a ação divina de buscar o perdido. DEle é a iniciativa de amar. “
Mas Deus prova o Seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5:8). Dessa forma, a justificação é a obra que Deus realiza em nosso favor. Não vem de nós, mas de Deus (Ef 2:8).

Frank Holbrook
afirma que a justificação divina pode ser didaticamente resumida em três pontos principais: perdão dos pecados, justiça imputada e adoção na família de Deus.5

Em Cristo, temos a garantia do perdão dos pecados, os quais são apagados e esquecidos por Deus (Jr 31:34; Hb 8:12, 10:17). Mas o castigo do pecado não foi anulado em um passe de mágica. Se a atitude de Deus em relação ao pecador fosse semelhante à de um pai permissivo, fazendo de conta que a quebra de Sua santa lei não era nada, o pecado se tornaria a lei do Universo. O castigo veio em sua máxima intensidade. Porém, não caiu sobre o pecador infectado pelo mal, mas sobre Cristo, que jamais conheceu o pecado. “
O castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas Suas pisaduras fomos sarados” (Is 53:5).

Dessa maneira, a cruz revela diante de todo o Universo a misericórdia e também a justiça de Deus ao declarar como justo aquele que foi maculado pela injustiça (Rm 3:26). Ao declarar que o pecador é justo, Deus não mente nem se engana. Fala a verdade, pois o caráter perfeito de Cristo é atribuído a nós, pecadores. O farrapo imundo é trocado pelas vestes de glória. Por isso, é feliz aquele a quem Deus não atribui transgressão (Rm 4:7).

Se a justificação fosse baseada naquilo que fazemos, teríamos sérios motivos para temer e nos desesperar, pois nossos melhores esforços sempre estão aquém do padrão divino. Mas sabendo que a justificação se baseia naquilo que Deus realiza por nós, não há o que temer.6 “
E, agora que fomos aceitos por Deus por meio da morte de Cristo na cruz, é mais certo ainda que ficaremos livres, por meio dele, do castigo de Deus” (Rm 5:9 – NTLH).

Quando recebemos a graça de Cristo em nossa vida, estamos livres da condenação (Rm 8:1). Mas a bênção é ainda maior. Também somos adotados como filhos na família de Deus (Rm 8:14-17). Como a ovelha perdida que foi reintegrada ao rebanho do bom pastor, ou como o filho pródigo aceito pelo pai amoroso (Lc 15), temos o privilégio de ser chamados filhos de Deus.

Obediência pela fé

Ainda nos resta uma pergunta: Como deve ser a vida de um filho de Deus, aceito em Sua família pela graça meritória de Cristo? Se a graça cobre seus pecados, ele se tornará um pecador despreocupado com as consequências de seus atos? Ou será alguém perfeito, livre de pecados depois de alcançar sua nova posição diante do Pai?

O apóstolo Paulo nos ajuda a responder aos dois questionamentos. Em primeiro lugar, não podemos nos conformar à vida de pecado, confiando em uma suposta graça transigente com a indiferença ao chamado de Cristo. “
Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?” (Rm 6:1 e 2). Na realidade, o professo cristão que vive na prática do pecado, menosprezando de forma consciente e obstinada as claras orientações da Palavra de Deus, invalida em sua própria vida o sacrifício de Cristo (Hb 10:26).

Esse engano é denunciado pelo teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer. Ele o chama de graça barata. Essa falsa graça justifica o pecado, e não o pecador. “
O mundo encontra fácil cobertura para seus pecados dos quais não tem remorsos e não deseja verdadeiramente libertar-se. A graça barata é, por isso, uma negação da Palavra viva de Deus.”7

Tentando fugir da graça barata, também é possível cair na armadilha do perfeccionismo legalista. Em sua primeira experiência religiosa, o apóstolo Paulo, ainda conhecido como Saulo de Tarso, se propôs a guardar todas as regras e mandamentos da Lei, em todos os detalhes conhecidos. Ele mesmo classifica sua experiência religiosa como “irrepreensível” do ponto de vista dos regulamentos (Fp 3:5). Porém, ao redescobrir a existência do ponto de vista de Cristo, o apóstolo passou a considerar tudo aquilo como “refugo” (v. 8). Sua mudança ocorreu quando ele entendeu a fórmula da salvação pela graça: “Não eu, mas Cristo”.

Seu problema não estava em procurar guardar os mandamentos. Na verdade, o grave problema estava em guardá-los como forma de se justificar diante de Deus. Mas sua conversão alterou todo seu antigo sistema de valores. Dali em diante, seu desejo era “
ser achado nEle, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé” (Fp 3:9).

Estar em Cristo foi o objetivo constante da vida de Paulo. Esse também deve ser o propósito de todo verdadeiro cristão: morrer para o pecado e viver para Cristo, em novidade de vida (Rm 6:4). A Bíblia não esconde os erros de Paulo após seu encontro com Cristo. No final de sua carreira cristã, ele mesmo admitiu que ainda estava em busca da perfeição. O mesmo acontece com todos os que se propõem a andar com Cristo. Portanto, o cristão deve ter o coração aberto a aprender com as falhas e crescer com as derrotas, reconhecendo a completa dependência de Cristo e de seu sacrifício substitutivo, tendo em vista a obediência por meio da fé. Alguém que viva essa experiência em sua vida, dia a dia, sem desistir de buscar a Deus, mesmo em meio a crises e decepções, conhecerá na prática o que significa santificação.

Ao declararmos nossa fé em Cristo, Ele nos justifica. E ao vivermos diariamente submetendo a Deus nossos planos e sonhos, perseverando em buscá-Lo, confessando nossos erros e rogando o poder para vencê-los, então Ele opera em nós uma transformação que se estende pelo prazo de uma vida. O desígnio de Paulo deve também ser o nosso: “
Uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3:13 e 14).

Conclusão

Como resultado do pecado, a humanidade inteira foi colocada debaixo da ira de Deus, incapaz de se salvar por conta própria. Toda a nossa justiça é semelhante a trapos sujos.

Temos a nossa disposição a justificação como resultado do sacrifício substitutivo de Cristo, uma dádiva gratuita de Deus a todo ser humano.

Por meio da fé em Cristo, recebemos o perdão dos pecados, somos revestidos pela justiça de Cristo e adotados na família de Deus.

A alegria da salvação deve nos motivar a buscar diariamente o poder de Deus para alcançar uma experiência vitoriosa na vida cristã. _________________________________________________________________

1. NERY, Marie Louise. A evolução da indumentária: subsídios para criação de figurino. Rio de Janeiro: Ed. Senac Nacional, 2003. p. 25.
2. ADAMS, Roy. La natureza de Cristo. Buenos Aires: Asociación Casa Editora Sudamericana, 2003. p. 114.
3. KNIGHT, George R. I used to be perfect. Berrien Springs: Andrews University Press, 2001. p. 17. [tradução do autor]
4. ________________. The pharisee’s guide to perfect holiness. Boise: Pacific Press Publishing Association, 1992. p. 21. [tradução do autor]
5. HOLBROOK, Frank B. O sacerdócio expiatório de Jesus Cristo. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2002. p. 227.
6. DEVER, Mark; LAWRENCE, Thomas Michael.  It is well: expositions on substitutionary atonement. Wheaton: Crossway Books, 2010. p 121.
7. BONHOEFFER, Dietrich. Discipulado. 8 ed. São Leopoldo, RS: Sinodal, 2004. p. 9. 


Guilherme Silva é pastor e jornalista. Atua como editor-associado de livros na Casa Publicadora Brasileira.