segunda-feira, 8 de junho de 2009

Estudo sobre mordomia cristã




Introdução

A mordomia é uma resposta do homem frente à maravilhosa provisão de Deus em nosso favor. Reconhecer que Deus provê é o mais proeminente e necessário aprendizado que cada verdadeiro cristão deve obter. “A finalidade cristã é a resposta do crente ao amor de Deus que o criou, preservou, redimiu e o santificou.”1 Os temas são interdependentes, que têm nos conduzido a uma sequência crescente, apresentando nossa caminhada cristã como ascendente e progressiva.


Na última semana, nos deparamos com a necessidade do discipulado. E esse discipulado nos impele a colocar todo o nosso ser, voluntariamente e por amor, à disposição de nosso Senhor. “Tornando-nos discípulos Seus, rendemo-nos a Ele com tudo o que somos e temos. Ele nos devolve, então, essas dádivas purificadas e enobrecidas para que as utilizemos para Sua glória em abençoar nossos semelhantes.”2


Esse é o verdadeiro sentido da palavra mordomia. Não somos fiéis para sermos abençoados. Somos abençoados porque somos fiéis. A fidelidade não é um preço pago para se obter algo, mas uma resposta de profunda gratidão pelo ilimitado presente recebido e obtido mediante o enorme preço pago pelo nosso Proprietário (1Co 6:9), Rei (Mt 6:33) e Salvador (Jo 3:16).


Obediência e lealdade provêm de uma indescritível graça recebida. A graça do corpo, do tempo, dos talentos, dos tesouros e muitas outras. Nascemos com todos esses dons que nada nos custam. Somos fruto de uma doação de amor. Nossas habilidades provêm de Deus, assim como o tempo e os recursos que estão à nossa disposição. A atitude não poderia ser outra a não ser a de oferecer ao Seu serviço nossos dons de forma total, por sermos impelidos por uma incontida gratidão.


O principio central é de que Deus nos concede bênçãos para que, por nossa vez, sejamos instrumentos de graça, mediante nossa resposta de lealdade e obediência impulsionada pelo amor. Em toda a Bíblia, Abraão tem sido um exemplo de homem fiel e daquele que crê. É reconhecido como o pai da fé. Quando Deus o chamou para ser Seu fiel mordomo, ofereceu-lhe a promessa: “De ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome, e tu serás uma bênção” (Gn 12: 2).


O mordomo de Deus recebe graça e bênção sem medida. E sua fidelidade à benção e à graça recebidas deve ser impulsionada pelo amor. Por isso, Paulo afirma com palavras inspiradas: “Pois o amor de Cristo nos constrange” (2Co 5:14). Se nossa adoração, fidelidade, obediência e lealdade ao Senhor e Seus princípios não forem motivados ou impelidos pelo amor, o motivo de nossa ação será torpe e equivocado.


Quando se fala em mordomia, muitos logo pensam que o significado é “vida boa”, “privilégios” ou “sombra e água fresca”, etc. Porém, mordomia deriva de mordomo, que é um ecônomo, ou seja, aquele que é incumbido da direção da casa, o administrador. Biblicamente, isto significa que somos incumbidos de zelar pelos bens que o Senhor nos deu e dará; não só terras, dinheiro, joias, mas também o cuidado com o cônjuge, os filhos, a nossa vida e o zelo da Palavra e do nome do Senhor (Gn 24:2; 1Pe 2:9; Gn 39:4-6).


Essa fidelidade não deve ser exercida pela força da obrigação, mas pela força do amor. Caso contrário, apresentaremos o que não somos. E a hipocrisia foi uma das atitudes mais combatidas por Cristo. Deus é menos ofendido com a sinceridade de um pecador do que com a hipocrisia de um “santo”. “A obra de transformação da impiedade para a santidade é contínua. Dia a dia, Deus opera para a santificação do homem, e o homem deve cooperar com Ele desenvolvendo perseverantes esforços para cultivo de hábitos corretos.”3


Deus nos convida primeiramente a ser fiéis na comunhão com Ele. Cristo usou a analogia da videira e dos ramos para nos afirmar que, ligados a Ele, como ramos na videira, daremos frutos de maneira natural (Jo 15:1-5). Se não estivermos ligados a Ele, nada poderemos fazer.


II - O valor da vida


Só entenderemos a questão da fidelidade nos talentos, tempo, corpo e bens se refletirmos sobre o valor da vida. Mesmo sem essas preciosas dádivas, a vida por si só já implica em responsabilidade. O valor da vida é inestimável. Por isso, a recebemos de graça. Se Deus não a provesse, não a teríamos. Essa consciência deve nos levar a uma resposta de imensa gratidão.


Neste sentido entendemos, à luz do direito, que Deus é nosso dono e nós. Sua propriedade. Mas a motivação que levou Deus a nos criar não foi outra senão o amor. “Deus, em santo amor, criou, sustenta e governa tudo. A motivação de Deus, em todas as Suas ações, é o santo amor. Nossa definição da palavra mordomia estabelece o motivo de Deus. Todos os Seus atos são expressão de santo amor. Há amores que não são santos nem podem ser santificados; amores cujos motivos não são dignos nem justos. Assim não é, porém, o amor de Deus, porque este é santo; isto é um amor de acordo com Seu caráter perfeito.”4


Deus nos criou, dando-nos a vida por amor, para que vivamos em serviço de amor. A vida só terá valor se entendermos que vivemos para amar e ser amados. E ninguém mais que nosso Criador é digno de nosso amor incondicional. Essa perspectiva norteará nossa visão quanto a todos os Seus dons. “Já fui um embrião de apenas uma célula. Hoje, tenho mais de seis trilhões de células sadias. Tenho mais células que o número total de estrelas existentes no Universo!”5 Seguir a Deus ou servi-Lo apenas por obrigação é uma obediência que Ele dispensa. Precisamos querer servi-Lo motivados unicamente pelo amor.


Na parábola do filho pródigo, apresentada em Lucas 15, Cristo nos revela algumas verdades. A primeira nos ensina que o filho que pediu a herança do pai fez um pedido ilegítimo, porque o pai ainda estava vivo e, portanto, não havia herança para ser distribuída. Mesmo assim, o pai permitiu que ele fosse e gastasse dissolutamente seu corpo, bens, talentos e tempo. Hoje, não é diferente, pois igualmente nascemos, crescemos e nos desenvolvemos. Recebemos o corpo e nada pagamos por ele. Nossas habilidades também nos são concedidas gratuitamente. O tempo nos foi legado para que o usemos de acordo com nosso livre-arbítrio. E nossos recursos só são adquiridos porque termos corpo, habilidades e tempo.


Mas, de toda essa doação que constitui o valor da vida, um dia, Deus nos pedirá contas. Todo privilégio implica em responsabilidade. A exemplo do filho pródigo, precisamos tomar consciência de voltar ao Pai para servi-Lo por amor, almejando apenas ser tratado como um dos simples trabalhadores da Sua casa. Então, encontraremos o Pai de braços abertos, aguardando-nos.


III - Talentos e Tempo


O emprego dos talentos tem relação com o tempo. Na apropriada parábola dos talentos, apresentada por Cristo, o tempo foi o elemento determinante para se fazer a distinção entre os fiéis e os infiéis. A parábola declara: “Muito tempo depois veio o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles” (Mt 25:19). A fidelidade se desenvolve e é reconhecida pelo tempo que para ela é determinado.


A questão dos talentos tem relação com seu uso e obediência à direção indicada pelo seu proprietário. Deus é o presenteador das habilidades, quer sejam notórias ou comuns. Nesta parábola, vemos que Deus é quem doa pelo menos um talento a todos. Sua presciência é que decide a quem e o que dar. O Espírito Santo é o doador e aperfeiçoador dos talentos, usando-os como seus frutos para edificação da igreja (Gl 5:22-25).


Por isso, o Espírito Santo é o energizador ou animador do crente e da igreja. É o ar, o oxigênio, o sopro de vida. Sem Ele, tudo se torna estrutura ou maquinaria morta. Estritamente falando, não existe crente nem igreja sem o Espírito Santo. Só pelo Espírito, que nos sintoniza com Deus, temos consciência de quem é Cristo. Sem a iluminação e a eficácia do Espírito, Cristo seria uma figura histórica distante e a Bíblia não passaria de um clássico antigo. O Espírito é a fonte de poder para uma vida ética e ativa. É quem nos motiva a “ser” e “fazer”. O Espírito Santo cumpre a boa obra, para que a realizemos pelo ministério orientado pelos dons. Esse ministério é a arte de colocar as pessoas certas nos lugares certos, pelos motivos corretos, para conseguir os melhores resultados. Deus quer o seu melhor. Não se trata de apenas fazer. É fazer benfeito.


E o tempo é o espaço reservado e usado pelo Espírito Santo para que os talentos ou dons naturais sejam desenvolvidos e transformados para servirem de bênção e influenciarem os perdidos. “Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito” (Gl 5:25). Ao apresentarmos o tempo e o talento ao Deus Espírito Santo, estaremos sendo mordomos fiéis. “Deus concedeu ao Seu povo o suficiente para levar avante Sua obra, sem embaraços para ninguém.”6


IV - Corpo e Bens


Se os talentos são usados pelo Espírito Santo, requerendo o tempo para glória de Deus, o corpo é o lugar que o Espírito Santo escolheu para habitar. “Ou não sabeis que o nosso corpo é o santuário do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus? Não sois de vós mesmos; fostes comprados por bom preço” (1Co 6:19, 20). Esta indagação paulina nos informa claramente que a maioria que vive usando ou considerando o corpo algo banal, não sabe que ele é a habitação ou templo do Espírito Santo. Essa consciência muda tudo.


A habitação aqui descrita não está no sentido de aluguel, empréstimo ou favor concedido, mas assegura posse. Categoricamente, Paulo afirma: “Não sois de vós mesmos.” Para o humanismo secular, ou para alguns segmentos da sociologia, que defendem a liberdade humana desprovida de prestação de contas a quem quer que seja, essa afirmação soa como um atentado frontal às suas convicções. Mas a incontrovertível verdade é que não somos de nós mesmos: pertencemos ao Criador, nosso proprietário e Senhor. “Do Senhor é a Terra e a sua plenitude, o mundo e todos os que nele habitam” (Sl 24:1).


“Todo pensar, teleológico ou não, tem como ponto de partida um ou mais eixos orientadores, que também poderiam ser denominados paradigmas, não estivesse essa palavra tão desgastada. Um dos eixos orientadores, ou fios condutores, do pensamento de Paulo é de natureza teleológica em relação ao ser humano, já que procura explicar a razão de estarmos aqui, a finalidade de nossa existência.” 7


Nossa existência não pode ser plenamente entendida nem explicada sem o reconhecimento de nossa origem e finalidade de vida. “Fomos criados para adorar e glorificar a Deus.”8 E O glorificaremos com o que somos, e então, com o que temos: Nossos talentos e corpo, nosso tempo e bens.


Soergue outra poderosa verdade da afirmação paulina. O que poderia ser mais santo que o templo do Espírito Santo? Que alto privilégio, sermos escolhidos para tal habitação! Essa declaração elimina diretamente a filosofia da época. O corpo era visto como mau. Pela influência da filosofia, o corpo ficou em segundo e último plano. A tradição da igreja, provinda do pensamento filosófico, se tornou o padrão da igreja.


A Bíblia se tornou subserviente à tradição. Platão, com seu dualismo, considerava o corpo a prisão da alma. Aristóteles afirmava que o valor do homem estava na mente (Nous). E o mestre dos dois, Sócrates, destacava a ideia e o pensamento como aspectos mais importantes do homem. Sua frase célebre era: “Penso, logo, existo.”


“Qualquer coisa que façamos, que seja prejudicial ao corpo físico, constitui uma ofensa contra o Espírito que usa nosso corpo como lugar para Sua habitação e expressão (1Co 6:13). Isso contraria o ponto de vista gnóstico que faz da matéria coisa má, e que afirma que, em virtude de ser matéria o corpo físico, seria a sede da maldade humana, ao passo que a alma humana não seria corrompida. Pode-se mergulhar um vaso de ouro na lama, sem alterar suas qualidades e virtudes. Assim também, para o gnosticismo, pode-se abusar do corpo das maneiras mais devassas, sem que seja prejudicada a alma. De fato, em conformidade com esse ponto de vista, seria vantajoso abusar do corpo, a fim de levá-lo ao fim mais prematuro possível.”9


Quando somos fiéis quanto ao que somos, somos igualmente no que temos. A fidelidade ou infidelidade nos bens declara qual é nossa prioridade. Por isso, Cristo afirmou: “Pois onde estiver o vosso tesouro, aí estará o vosso coração” (Mt 6:21). Alguém afirmou que as partes mais sensíveis do corpo são o bolso e o estômago. Ambos, quando vazios, mostram quem é quem. Certo indivíduo estava para ser batizado e, ao entrar no tanque, levou consigo a carteira, pedindo que esta descesse às águas com ele.


A verdade é que vivemos em uma sociedade em que o dinheiro é a motivação que faz as pessoas se matarem e mentir. Há uma propensão natural para se amar o dinheiro, os bens e tesouros. E esse amor desencadeia outros pecados, levando seu amante à corrupção e degradação. Neste contexto Paulo afirma: “Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores” (1Tm 6:10). Deus estabelece um plano para nos livrar desse terrível mal. Trata-se do plano dos dízimos e das ofertas. Todos os bens e tesouros pertencem ao Senhor.


“Deus é o liberal doador de todo o bem e deseja que, da parte de quem recebe, haja reconhecimento dessas dádivas que provêem todas as necessidades físicas e espirituais. Deus só exige o que é Seu. A primeira parte é do Senhor, e deve ser usada como um tesouro que por Ele foi concedido. O coração despido de egoísmo despertará quanto ao senso da bondade e do amor de Deus, e será levado a vivo reconhecimento de Suas justas reivindicações.”10


É uma heresia pensar que Deus precisa do nosso dinheiro. Primeiro, porque não é nosso; e segundo, porque o próprio Deus declara: “Minha é a prata, e Meu é o ouro, diz o Senhor dos Exércitos” (Ag 2:8). A infidelidade no plano de Deus é caracterizada como roubo. “Roubará o homem a Deus? Todavia vós Me roubais, e dizeis: Em que Te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas alçadas” (Ml 3:8).


Note que as ofertas são apresentadas. O dízimo já é um consenso, alguns só desobedecem quanto à sua aplicação. E esses querem destinar o que pertence a Deus suplantando Sua ordem. Pensam que os dízimos podem suprir a escassez dos pobres, a reforma de colégios e igrejas. Todos os fins são bons, mas vão de encontro à vontade e orientação de Deus.


A serva do Senhor adverte: “Ninguém se sinta na liberdade de reter o dízimo, para empregá-lo seguindo seu próprio juízo. Não devem servir-se dele numa emergência, nem usá-lo como lhes pareça justo, mesmo no que possam considerar como obra do Senhor. É-me ordenado dizer-lhes que estão cometendo um erro aplicar os dízimos a vários fins, os quais, embora bons em si mesmos, não são aquilo em que o Senhor disse devem ser aplicados. Os que assim procedem estão se afastando do plano de Deus. Ele os julgará por essas coisas.”11


Paulo ainda nos traz um inspirado conselho quando admoesta quanto à dádiva das ofertas e o exercício da liberalidade. “Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria” (2Co 9:7). Alguns usam essa declaração fora do seu contexto amplo e imediato. Afirmam que as ofertas são opcionais, e só devem ser entregues se o coração for tocado.


No entanto, esse inspirado conselho não nos desobriga de ofertar ou contribuir. Ao contrário, nele vemos a maneira pela qual devemos ofertar. O melhor motivo para a oferta não é a emoção, mas o planejamento racional, movido pelo amor, que envolve todo o ser. Paulo incentiva com essas palavras o princípio da proporcionalidade e diz respeito ao modo: “Contribuir com alegria”.


O contexto imediato é muito bem descrito no verso 6, em que nos é apresentado o princípio da proporcionalidade, impulsionada pela graça. Este é o tema central da abordagem de Paulo tanto na primeira quanto na segunda carta aos Coríntios. Seu contexto amplo tem início no capítulo 8:1 da segunda epístola em análise. Paulo apresenta os irmãos da Macedônia como sendo liberais por terem a manifestação da graça em sua vida.


Em outras palavras, Paulo está afirmando: “Se vocês têm recebido e conhecido a manifestação da graça de Jesus Cristo na vida, então ofertem!” Duas palavras são destaque no verso 6 da segunda epístola: “muito e pouco”, afirmando proporção e fidelidade. Quem tem recebido pouco, seja fiel no pouco, e o que recebe muito seja fiel no muito. No Antigo Testamento, Deus orientou o povo para ser fiel, cada qual na sua devida proporção. (Ver Lv 5:7, 11). Em Números 7:2, 4, 13-17; o Senhor recebe muito de quem tem muito. Na Festa dos Tabernáculos vemos o mesmo princípio (Ver Dt 16:16, 17).


Não é o ato, mas o motivo. Não é a doação, mas a maneira. Deus pede que sejamos fiéis à nossa devida proporção. Ele nos convida a “propor em nosso coração”. Ele nos põe à prova, e nos diz: “Analise o que tenho concedido a você, e o que tenho feito. Depois, faça uma oferta a Mim, seja do muito ou do pouco.” Você e eu temos o privilégio de primeiro analisar, para então ofertar.


Deus não nos dispensa de ofertar, porque nunca deixou de nos abençoar. Deus é o originador. De quem recebe muito, espera-se fidelidade no muito e de quem recebe pouco, espera-se fidelidade no pouco. A parábola dos talentos confirma essa proporcionalidade e fidelidade. No elogio que o Mestre fez à oferta da viúva, Ele declarou que ela deu mais que os outros. Não em quantidade, mas em qualidade e fidelidade. Os fariseus davam ricas somas. Mas pecavam na proporção e no motivo. Em vez de dar com alegria e gratidão, davam com presunção e vaidade. Doavam menos do que deveriam doar. Davam a sobra e não o devido.


O Pr. Decival Arcanjo Novaes12 afirmou em um seminário algo muito relevante e próprio: “Na cultura hebraica, o dízimo era o mínimo exigido por Deus. E com as ofertas não seria diferente. Diante da graça que move o coração, Deus nos convida para a dádiva do segundo dízimo. Este faz alusão à criação e à oferta da redenção. Ambas são essenciais. No Antigo Testamento, Deus pedia o dízimo; no Novo Testamento, Ele nos pede todo o ser.’’ Nesse contexto, entendemos as palavras do apóstolo Paulo aos irmãos em Roma: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Rm 12:1).


Conclusão


Mordomia é uma resposta de amor e fidelidade a um imenso dom recebido. Os dons de Deus não podem ser pagos. Neles se resume a vida. O princípio é que chegamos à vida sem nada e dela sairemos igualmente sem nada. Um conto popular apresenta os três últimos desejos de Alexandre o Grande antes de morrer. Quando à beira da morte, Alexandre convocou seus generais e lhes relatou seus três últimos desejos:


  1. Que seu caixão fosse transportado pelas mãos dos médicos da época;
  2. Que fossem espalhados no caminho até seu túmulo os seus tesouros conquistados (prata, ouro, pedras preciosas...).
  3. E que suas duas mãos fossem deixadas balançando no ar, fora do caixão, à vista de todos.

Admirado com esses desejos insólitos, um dos seus generais perguntou a Alexandre quais as razões. Alexandre explicou:

  1. Quero que os mais eminentes médicos carreguem meu caixão para mostrar que eles NÃO têm poder de cura perante a morte.
  2. Quero que o chão seja coberto pelos meus tesouros para que as pessoas vejam que os bens materiais aqui conquistados, aqui permanecem. E por último:
  3. Quero que minhas mãos balancem ao vento para que as pessoas vejam que de mãos vazias viemos e de mãos vazias partimos.

A Palavra de Deus nos declara: “Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele; tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes” (1Tm 6:7, 8). Vivendo esta certeza, valorizaremos o que temos desvalorizado, e desvalorizaremos o que tanto temos valorizado. Sejamos fiéis no pouco e no muito, e vivamos a essência da mordomia. E o melhor: Ouçamos do nosso Mestre as palavras que todos mais desejam ouvir: “Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu Senhor” (Mt 25:21). Maranata!


  1. Ellen G. White, Fé e Obras, p. 14
  2. Ellen G. White, Parábolas de Jesus, (Tatuí:São Paulo, 1990), p.328.
  3. Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, (Tatuí: São Paulo, 1990), p. 532.
  4. A.B. Langston, Esboço de Teologia Sistemática, (Rio de Janeiro: Juerp, 1986), p. 43.
  5. Daniel Godri, Sou Alguém Muito Especial,(Blumenau: Santa Catarina, Editora Eko), p. 20.
  6. Ellen G. White, Testemunhos e Seletos, (Tatuí: São Paulo, 1990), Vol. II, p. 257.
  7. Lourenço Stelio Rega, Paulo sua vida e sua presença ontem, hoje e sempre, (São Paulo: Editora Vida,2004), p. 54.
  8. David Clyde Jones, Biblical Christian ethics, p.21.
  9. R.N.Champlin e J.M. Bentes, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia,(São Paulo: Interlagos, Editora Candeia, 1995), pp. 928 e 929.
  10. Ellen G. White, Chuvas de Bênçãos, (Tatuí: São Paulo, Casa Publicadora Brasileira, 2000), p. 13.
  11. Ellen G. White, Mordomia e Prosperidade, (Tatuí: São Paulo, Casa Publicadora Brasileira, 1990), p. 101 e 103.
  12. Departamental do ministério da fidelidade na Associação Paulista Central, doutorando em Teologia Pastoral.


Pastor José Orlando Silva
Mestre em Teologia Sistemática
Boa Viagem - Recife





Um comentário:

  1. "Porque Deus não vê como o homem, mas sonda o coração", Amém!!!
    Que maravilha que não estamos mais debbaixo da lei,pois estaríamos perdidos; TODOS CONDENADOS!!! Mas pela GRAÇA! Assim, ninguém merece ser salvo, não importa nisso tudo cumpra, mas somos salvos pela fé mediante Jesus, não vem de obras, ó glória, para que ninguém se vanglorie!! Que bom, que nada que façamos, nada que deixemos de fazer nos levará ao Senhor, pois se assim fosse jogaríamos fora a Cruz!
    Oh, meu Deus, sei que chegarei a tua presença não pelo que sou, não que deixo de ser, sei que tudo que faço é trapo de imundícia, mas tu és meu Savador. Só em Ti deposite a minha confiança! Sei que chegarei a Tua presença como manchas do pecado, mas Tu, meu Deus, meu Senhor, Aba Pai, trocarás minhas vestes e viverei na Tua presença para sempre!
    Perdoa as minhas iniquidades, lavava-me com o Teu sangue, e faz resplandecer a Tua glória! Dá-NOS humildade para sabermos que nada somos, e se somos algo é porque nos fizeste para a glória do Teu nome! Amém!
    Que Deus lave também as tuas veste amado do Senhor, e te conceda a graça de estar na Sua presença eternamente. Amém!

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