sábado, 26 de novembro de 2011

As duas alianças (estudo nº 10)




“Mas a Jerusalém lá de cima é livre, a qual é nossa mãe” (Gl 4:26).

Leituras da semana: Gl 4:21-31; Gn 1:28; 2:2, 3; 3:15; 15:1-6; Êx 6:2-8; 19:3-6

Cristãos que rejeitam a autoridade do Antigo Testamento muitas vezes veem a promulgação da lei no Sinai como incompatível com o evangelho. Concluem que a aliança apresentada no Sinai representa uma época, uma dispensação, de um tempo na história humana em que a salvação tinha por base a obediência à lei. Mas pelo fato de que as pessoas não viveram à altura das exigências da lei, Deus (na opinião deles) anunciou uma nova aliança, a aliança da graça através dos méritos de Jesus Cristo. Este, então, é o seu entendimento das duas alianças: a antiga, com base na lei, e a nova, fundamentada na graça.

Por mais comum que essa visão possa ser, ela está errada. A salvação nunca foi pela obediência à lei. Desde o início, o judaísmo bíblico sempre foi uma religião de graça. O legalismo que Paulo estava enfrentando na Galácia era uma perversão, não apenas do cristianismo, mas do próprio Antigo Testamento. As duas alianças não são questões de tempo; em lugar disso, elas são um reflexo das atitudes humanas e representam duas formas diferentes de tentar se relacionar com Deus, formas que remontam a Caim e Abel. A antiga aliança representa os que, como Caim, equivocadamente confiam na própria obediência como meio de agradar a Deus. Em contrapartida, a nova aliança representa a experiência dos que, como Abel, dependem inteiramente da graça de Deus para realizar tudo o que Ele prometeu. 


Domingo                                      Princípios da aliança


21  Dizei-me vós, os que quereis estar sob a lei: acaso, não ouvis a lei?
22  Pois está escrito que Abraão teve dois filhos, um da mulher escrava e outro da livre.
23  Mas o da escrava nasceu segundo a carne; o da livre, mediante a promessa.
24  Estas coisas são alegóricas; porque estas mulheres são duas alianças; uma, na verdade, se refere ao monte Sinai, que gera para escravidão; esta é Agar.
25  Ora, Agar é o monte Sinai, na Arábia, e corresponde à Jerusalém atual, que está em escravidão com seus filhos.
26  Mas a Jerusalém lá de cima é livre, a qual é nossa mãe;
27  porque está escrito: Alegra-te, ó estéril, que não dás à luz, exulta e clama, tu que não estás de parto; porque são mais numerosos os filhos da abandonada que os da que tem marido.
28  Vós, porém, irmãos, sois filhos da promessa, como Isaque.
29  Como, porém, outrora, o que nascera segundo a carne perseguia ao que nasceu segundo o Espírito, assim também agora.
30  Contudo, que diz a Escritura? Lança fora a escrava e seu filho, porque de modo algum o filho da escrava será herdeiro com o filho da livre.
31  E, assim, irmãos, somos filhos não da escrava, e sim da livre. Gálatas 4:21-31

Muitos consideram a interpretação de Paulo sobre a história de Israel em Gálatas 4:21-31 como a passagem mais difícil em sua carta. Isso porque ela apresenta um argumento extremamente complexo, que exige amplo conhecimento das pessoas e eventos do Antigo Testamento. O primeiro passo para dar sentido a essa passagem é ter um entendimento básico de um conceito do Antigo Testamento que é central para o argumento de Paulo: o conceito da aliança.

A palavra hebraica traduzida por “aliança” é berit. Ela ocorre quase trezentas vezes no Antigo Testamento e se refere a um contrato obrigatório, um acordo ou um tratado. Por milhares de anos, as alianças desempenharam um papel fundamental na definição das relações entre pessoas e nações do antigo Oriente Próximo. Alianças muitas vezes envolviam o sacrifício de animais, como parte do processo de fazer uma aliança (literalmente “cortar”). A matança de animais simbolizava o que aconteceria a uma das partes, caso falhasse em cumprir as promessas e obrigações da aliança.

De Adão a Jesus, Deus Se relacionou com a humanidade por meio de uma série de promessas da aliança que estavam centralizadas em um futuro Redentor, e que culminaram na aliança davídica (Gn 12:2, 3; 2Sm 7:12-17; Is 11). Para Israel no cativeiro babilônico Deus prometeu uma “nova aliança” mais eficaz (Jr 31:31-34) em conexão com a vinda do Messias davídico” (Ez 36:26-28; 37:22-28; Hans K. LaRondelle, Our Creator Redeemer [Nosso Criador e Redentor], Berrien Springs, Michigan: Andrews University Press, 2005, p. 4).

1. Qual foi a base da aliança original de Deus com Adão no Jardim do Éden antes do pecado? 

E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra.  Gn 1:28; 

2  E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito.
3  E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera.       
15  Tomou, pois, o SENHOR Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar.
16  E o SENHOR Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente,
17  mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.  Gn 2:2, 3, 15-17

Embora o casamento, o trabalho físico, e o sábado fizessem parte das provisões gerais da aliança da criação, seu foco principal era o mandamento de Deus de não comer o fruto proibido. A natureza básica da aliança era “obedecer e viver!”. Com uma natureza criada em harmonia com Deus, o Senhor não exigia o impossível. A obediência era a inclinação natural da humanidade. No entanto, Adão e Eva escolheram fazer o que não era natural e, nesse ato, não apenas romperam a aliança da criação, mas tornaram impossível o cumprimento de seus termos para os seres humanos, então corrompidos pelo pecado. Deus precisou encontrar uma forma de restaurar o relacionamento que Adão e Eva haviam perdido. Ele fez isso iniciando imediatamente uma aliança de graça, com base na promessa de um Salvador (Gn 3:15).

2. Leia Gênesis 3:15, a primeira promessa evangélica na Bíblia. Onde, nesse verso, você percebe a ideia da esperança que temos em Cristo? 

Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. Gênesis 3:15





Nenhum comentário:

Postar um comentário