segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Liberdade, não libertinagem

Quarta                                          




Gálatas 5:13 marca uma mudança nesse livro. Ao passo que até esse ponto Paulo se havia concentrado no conteúdo teológico, ele então se voltou para a questão do comportamento cristão.

4. Que possível abuso da liberdade Paulo queria evitar que os gálatas cometessem? 

Vós, irmãos, fostes chamados à liberdade: porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne, mas num espírito de amor sede servos uns dos outros (Gálatas 5:13

Paulo estava plenamente consciente dos potenciais equívocos que acompanhavam sua ênfase na graça e na liberdade que os cristãos têm em Cristo

E por que não dizemos (como somos blasfemados, e como alguns dizem que dizemos): Façamos males, para que venham bens? A condenação desses é justa. Rm 3:8

1 Que diremos, pois? Havemos de permanecer no pecado, para que abunde a graça?
2  De modo nenhum. Nós que já morremos ao pecado, como viveremos ainda nele? Rm 6:1-2

O problema, entretanto, não era o evangelho de Paulo, mas a tendência humana de ceder às próprias inclinações. As páginas da história estão repletas de relatos sobre pessoas, cidades e nações cuja corrupção e declínio ao caos moral estavam diretamente relacionados à sua falta de domínio próprio. Quem já não sentiu essa tendência na própria vida? Foi por isso que Paulo apelou tão claramente aos seguidores de Jesus para que evitassem satisfazer a vontade da carne. Na verdade, ele queria que eles fizesem o contário, como está no verso 13: “Sirvam uns aos outros mediante o amor” (NVI). Toda pessoa que serve aos outros por amor sabe que isso é algo que só pode ser feito mediante a morte para o eu e para a carne. Os que se entregam aos desejos da própria carne não são os que tendem a servir aos outros. O que ocorre é o contrário.

Assim, nossa liberdade em Cristo não é meramente uma libertação da escravidão do mundo, mas um chamado para um novo tipo de serviço, a responsabilidade de servir aos outros por amor. É “
a oportunidade de amar o próximo sem obstáculos, a possibilidade de criar comunidades humanas com base na mútua doação e não na busca de poder e status” (Sam K. Williams, Galatians, Nashville, Tennessee: Abingdon Press, 1997, p. 145).

Devido à nossa familiaridade com o cristianismo e o estilo da linguagem das traduções modernas de Gálatas 5:13, é fácil ignorar o poder surpreendente que essas palavras devem ter transmitido aos gálatas. Em primeiro lugar, na língua grega, essas palavras indicam que o amor que motiva esse tipo de serviço não é o amor humano comum – isso seria impossível; o amor humano é muito condicional. Em segundo lugar, o uso que Paulo fez do artigo “o” (NVI) antes da palavra amor em grego, indica que ele estava se referindo ao amor divino, que recebemos unicamente através do Espírito

e a experiência, esperança; e a esperança não envergonha, porque o amor de Deus tem sido derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.  (Rm 5:5).

A verdadeira surpresa está no fato de que a palavra traduzida por “servir” é a palavra grega para “ser escravizado”. Nossa liberdade não é para a autonomia própria, mas para a escravidão mútua de uns para com os outros, baseada no amor de Deus.

Seja sincero: você já pensou que poderia usar a liberdade que tem em Cristo para tolerar um pouquinho de pecado aqui e ali? O que há de tão ruim com esse tipo de pensamento? 



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