quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Culpa (resumo do estudo nº 05)




Se observares, SENHOR, iniqüidades, quem, Senhor, subsistirá? Contigo, porém, está o perdão, para que te temam. Salmo 130:3, 4

Saber: A diferença entre uma resposta doentia para a culpa e uma resposta saudável, cristocêntrica.
Sentir: Reconhecer um sentimento de humilde confissão e aceitação das disposições de Deus para lidar com nosso pecado.
Fazer: Confessar os pecados, aceitar o perdão de Cristo, e viver alegremente na liberdade de Seu amor.

Esboço

I. Bom para o coração
A.. Uma consciência sadia nos alerta de erros cometidos. Como podemos cultivar esse tipo de consciência?
B.Qual é a melhor forma de se relacionar com a culpa pelo pecado? O que Deus faz por nós quando confessamos nossos pecados?
C. Que problemas podem ocorrer quando não confessamos nossos pecados?
D. Por que é importante perdoar os que pecam contra nós?

II. Humildade e confiança
A.  Que sentimentos podem atrapalhar o reconhecimento de nossos erros?
B. Que sentimentos devem acompanhar a confissão?
C. Como nos sentimos quando aceitamos o perdão de Deus?

III. Vida abundante
A. Quais pecados necessitamos confessar?
B. Após termos confessado os pecados, o que precisamos contemplar, apreciar e aceitar a respeito do que Deus fez por nós?
C. O que seria preciso para vivermos de maneira livre e feliz em Cristo nesta semana? Como podemos partilhar a notícia dessa liberdade com os outros?

Resumo: O sentimento de culpa surge de um pecado não confessado, mas o reconhecimento e o perdão do pecado traz liberdade, paz, alegria e vida abundante que começa agora e se estende para a eternidade.

Motivação
A culpa é uma parte inevitável da condição humana, mas isso não deve ser o fim da história. E é por isso que Deus tem provido o remédio.

A culpa pode ser esmagadora; pode ser debilitante emocional e fisicamente. Ao ensinar este assunto, planeje colocar a culpa no contexto do chamado de Cristo ao arrependimento e Seu desejo de oferecer perdão, uma força incrivelmente mais poderosa do que a da culpa.

Atividade de abertura: 
O Dr. Kent Kiehl, um professor associado de Psicologia na Universidade do Novo México, mergulha no intenso e frequentemente horripilante mundo dos criminosos psicopatas. Ele investiga a mente deles – literalmente – examinando o cérebro, procurando em sua estrutura semelhanças que possam dar um sinal físico que explique por que algumas pessoas têm uma incapacidade quase completa de experimentar culpa. Seu interesse em psicopatas foi despertado quando tinha oito anos de idade, e vivia em Tacoma, Washington. Seu pai, que trabalhava no jornal local, chegou em casa certo dia falando sobre Ted Bundy, um jovem aparentemente cativante, inteligente e bonito, que havia atacado e assassinado pelo menos trinta mulheres. “Esse rapaz havia crescido na rua”, afirma Kiehl. “Eu disse que quero entender por que as pessoas fazem coisas más. Como alguém poderia chegar a ser como Ted Bundy? E quero estudar o cérebro.” – John Seabrook, “Suffering Souls: The search for the Roots of Psychopathy” [Almas sofredoras: A Busca pelas Raízes da Psicopatia], revista New Yorker (10 de novembro de 2008).

Pense nisto: 
A “Psicopatia” é caracterizada por um estado de vazio moral – Uma incapacidade de experimentar empatia ou arrependimento. As pessoas costumeiramente veem a “culpa” em termos essencialmente negativos, o que implica falha, fazer algo errado. E ainda é horrível a idéia de um mundo em que as pessoas fazem coisas erradas sem a emoção da culpa. Peça que sua classe comente o papel positivo da culpa – para indivíduos e sociedade.

Compreensão
Comente a complexidade que o pecado e a culpa trouxeram ao relacionamento entre criatura e Criador.
1. Condenação e morte são os efeitos do pecado.
2. O pecador tem medo da morte.
3. O medo levou à negação do  pecado e tentativa de transferir a culpa para um terceiro.
4. O medo da morte criou uma visão distorcida do Deus de amor e apagou a visão do perdão e da restauração. O resultado foi separação de Deus. Até hoje as pessoas têm medo de encarar a realidade do pecado. Ignorando o pecado, elas pensam que não precisam do remédio.


Comentário bíblico


I. “Tenho culpa, portanto sou...”

8  Quando ouviram a voz do SENHOR Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do SENHOR Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim.
9  E chamou o SENHOR Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás?
10  Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi.
11  Perguntou-lhe Deus: Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses?
12  Então, disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi.
13  Disse o SENHOR Deus à mulher: Que é isso que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente me enganou, e eu comi.
14  Então, o SENHOR Deus disse à serpente: Visto que isso fizeste, maldita és entre todos os animais domésticos e o és entre todos os animais selváticos; rastejarás sobre o teu ventre e comerás pó todos os dias da tua vida.
15  Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. Gn 3:8-15 

18  Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida.
19  Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos.   Rm 5:18,19.)

Pense nisto: 
Ao longo dos séculos a literatura e a arte testemunharam do caráter universal da culpa como parte inevitável da experiência humana. Por que essa emoção é parte tão essencial do ser humano?

“Perversão” original. A culpa não pode existir por si mesma. Ela é um subproduto de outra coisa – o pecado. Teólogos têm debatido há muito tempo o conceito de “pecado original”. Eles têm perguntado: Quais foram exatamente as consequências de Adão e Eva terem desobedecido a vontade de Deus?

Eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe. Salmo 51:5. A palavra pecado obviamente descreve atos específicos. Mas não descreve também um estado ou condição geral que os seres humanos herdam ao nascer? Ellen G. White claramente ligou o problema do pecado humano com a queda de Adão. Ela escreveu: “Há em sua natureza um pendor para o mal, uma força à qual, sem auxílio, ele não poderá resistir” (Educação, p. 29).

Gerhard Pfandl, teólogo Adventista do Sétimo Dia, sugere que a expressão “perversão original” descreve melhor o ensino de nossa igreja. Não herdamos a efetiva culpa do pecado de Adão (pecado original), mas herdamos a tendência humana para o pecado. Ele escreveu: “
O estudo do pecado e corrupção originais deveria nos levar à maior consciência de nossa necessidade de justiça e de que necessitamos de um Salvador desde o dia em que nascemos, e não somente depois de transgredirmos a Lei de Deus…. O evangelho eterno de Jesus Cristo satisfaz nossa necessidade” – Gerhard Pfandl, Some Thoughts on Original Sin [Reflexões sobre o Pecado Original], p. 22.

Perguntas para reflexão:
Considere teorias alternativas para a origem da culpa. (Por exemplo, expectativas da sociedade, expectativas dos pais, um desejo inato de não prejudicar os outros e neurose psicológica.) Por que estas explicações não são adequadas? Pode a emoção da culpa existir sem um padrão objetivo de certo e errado?

II. Mea Culpa – “Sou culpado”

Confessei-te o meu pecado e a minha iniqüidade não mais ocultei. Disse: confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniqüidade do meu pecado. Sl 32:5 

Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei. Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: Jo 16:7-8

Antes dos modernos avanços na ventilação e maquinaria, a mineração de carvão era uma atividade extremamente perigosa. Uma técnica utilizada para verificar a segurança da qualidade do ar nas minas era manter canários – aves especialmente sensíveis ao metano e ao monóxido de carbono – na entrada das minas. Enquanto os pássaros permaneciam sadios, os mineradores sabiam que o ar estava seguro. Um canário morto era sinal para sair da mina imediatamente.

Pense nisto: De que maneiras nossa consciência age como um “canário em uma mina de carvão”, “um sistema de advertência antecipada” dado por Deus? Sobre o que exatamente ela nos adverte?

III. Nossa escolha – paralisia ou transformação

1
Feliz aquele cujas maldades Deus perdoa e cujos pecados ele apaga!
2  Feliz aquele que o SENHOR Deus não acusa de fazer coisas más e que não age com falsidade!
3  Enquanto não confessei o meu pecado, eu me cansava, chorando o dia inteiro.
4  De dia e de noite, tu me castigaste, ó Deus, e as minhas forças se acabaram como o sereno que seca no calor do verão.
5  Então eu te confessei o meu pecado e não escondi a minha maldade. Resolvi confessar tudo a ti, e tu perdoaste todos os meus pecados.
6  Por isso, nos momentos de angústia, todos os que são fiéis a ti devem orar. Assim, quando as grandes ondas de sofrimento vierem, não chegarão até eles.
7  Tu és o meu esconderijo; tu me livras da aflição. Eu canto bem alto a tua salvação, pois me tens protegido.
8  O SENHOR Deus me disse: “Eu lhe ensinarei o caminho por onde você deve ir; eu vou guiá-lo e orientá-lo.
9  Não seja uma pessoa sem juízo como o cavalo ou a mula, que precisam ser guiados com cabresto e rédeas para que obedeçam.”
10  Os maus sofrem muito, mas os que confiam em Deus, o SENHOR, são protegidos pelo seu amor.
11  Todos vocês que são corretos, alegrem-se e fiquem contentes por causa daquilo que o SENHOR tem feito! Cantem de alegria, todos vocês que são obedientes a ele! Sal 32

O que ocorre depois de sermos convencidos de nossa culpa diante de Deus? As Escrituras colocam diante de nós dois possíveis caminhos – um leva à paralisia espiritual, e o outro à transformação.

Paralisia.
e disse: Meu Deus! Estou confuso e envergonhado, para levantar a ti a face, meu Deus, porque as nossas iniqüidades se multiplicaram sobre a nossa cabeça, e a nossa culpa cresceu até aos céus. Esdras 9:6 

Pois já se elevam acima de minha cabeça as minhas iniqüidades; como fardos pesados, excedem as minhas forças. Sl 38:4.

Martinho Lutero, cujos ensinos sobre a graça de Deus dividiram o mundo político e religioso de seu tempo, escreveu sobre um período anterior de sua vida, como jovem monge, quando tentou com todas as forças expiar seu sentimento de culpa por meio de jejum e autopunições. Ele escreveu: "Eu perdi a ligação com o Cristo Salvador e Consolador e fiz dEle algoz e carrasco sobre meu pobre ser.” – James Kittelson, Luther The Reformer [Lutero o Reformador] (Minneapolis: Augsburg Fortress Publishing House, 1986), p. 78, 79.

Comente a experiência de Lutero e descreva como um fardo de culpa não resolvida pode moldar: nossos pensamentos, escolhas e relacionamentos.

Perguntas para reflexão:
“Culpa católica”; “culpa judaica”; “culpa adventista”. O que está por trás da ideia popular de que os que são educados dentro de sólidas comunidades de fé, com altas expectativas morais, inevitavelmente viverão arruinados pela culpa?

Transformação
Então, Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe dissera: Antes que o galo cante, tu me negarás três vezes. E, saindo dali, chorou amargamente. Mateus 26:75.

A culpa “saudável” opera como um catalisador para o autoconhecimento, estimulando-nos ao arrependimento e aceitação do perdão divino.

O que é transformado? A autopercepção (reconhecemos não somente nossa culpa mas nosso imenso valor para Deus, que tem provido um remédio para a culpa); nosso relacionamento com Deus (arrependemo-nos e buscamos agir de acordo com Sua vontade); nossos relacionamentos (tentamos compensar, tanto quanto possível, as consequências de nossos pecados).

Pense nisto: 
Um dos temas mais bonitos das Escrituras é o de Cristo nos “reconciliando” com Deus. Peça que três pessoas leiam as seguintes passagens: 

10  Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida;
11  e não apenas isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem recebemos, agora, a reconciliação.   Romanos 5:10, 11; 

7  E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.
18  Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação,
19  a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.
20  De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus.  2Coríntios 5:17-20; 

21  E a vós outros também que, outrora, éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras malignas,
22  agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e irrepreensíveis,  Colossenses 1:21, 22.

Que emoções você sente ao saber dos esforços de Deus para nos aproximar dEle? Podem essas passagens colocar a emoção da culpa dentro do contexto do plano de Deus para nossa salvação?

Aplicação
Quanto mais claramente vemos o pecado, mais intensamente sentimos o poder da culpa. Ajude a classe a definir como podemos destruir o poder negativo da culpa em nossa vida, sem deixar de levar a sério o poder devastador do pecado.

Perguntas de aplicação:
No romance The Scarlet Letter [A Carta Vermelha], de Nathaniel Hawthorne, um pastor puritano esconde seu caso com uma jovem enquanto dirige a punição dela pelo pecado de adultério. Ele esconde sua culpa até que surge o dramático momento de confissão. Alexander Solzhenitsyn, em The First Circle [O Primeiro Ciclo], descreve um prisioneiro que compulsivamente registra cada pensamento mau ou falta, marcando-os em uma folha de papel.

Como você normalmente lida com sentimentos de culpa? Tem a tendência de se preocupar com isso? É levado a tentar corrigir as coisas? É impelido à confissão – a Deus ou outras pessoas?

Atividade:
O estudioso político John S. Mill via a culpa como coisa boa, que provê uma restrição moral na sociedade e impede as pessoas de prejudicar os outros. O filósofo Friedrich Nietzsche via a culpa como sinal de fraqueza e repressão humanas. Sigmund Freud, fundador da psiquiatria moderna, considerava a culpa uma doença psicológica, produto de exigências impossíveis colocadas sobre as pessoas por uma consciência superdesenvolvida.

Como você descreveria a culpa e sua função? Como classe, desenvolvam sua própria definição de culpa com base no estudo das Escrituras.

Criatividade
A culpa raramente chega desacompanhada em nossa vida. Ela também traz desespero, desesperança, depressão, baixa autoestima, ira e frustração. Termine a lição destacando Aquele que deseja nos envolver em Seus braços de perdão e cura.

Medo da separação de Deus, um esmagador sentimento de pavor, a solidão de carregar nos ombros um fardo de culpa – Cristo escolheu experimentar tudo isso. Ele sabe intimamente a angústia que a culpa traz.

Como isso muda nossa compreensão de tudo que temos estudado hoje? Quando se trata de entender o poder da culpa, Jesus, o Inocente, escolheu passar pelo caminho antes de nós.

Desafie a classe a tomar tempo a cada dia para meditar na identificação radical de Cristo com a humanidade; o fato de que Ele carregou nossa culpa a fim de que pudéssemos experimentar a vida livres do paralisante senso de culpa. Encerre a classe lendo Mateus 11:28-30.



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