Objetivo: Mostrar as características de um mensageiro de Deus.
Verdade: Um mensageiro de Deus
Texto: 1 Reis 13
Introdução
O estudo descreve a obra, a mensagem e o envolvimento do mensageiro de Deus com as pessoas, com a mensagem que ele leva e com o próprio Deus.
Em nosso estudo, vamos tentar responder a quatro perguntas importantes:
1. É você um mensageiro de Deus?
2. Que mensagem você está levando?
3. Como é o seu envolvimento com as pessoas que estão recebendo sua mensagem?
4. Você tem sido fiel e obediente ao levar a mensagem de Deus?
Contexto:
Após a morte de Salomão, seu filho Roboão assumiu seu lugar (1Rs 12:1). No dia da festa de coroação, os representantes das tribos foram pedir que ele diminuísse os impostos que seu pai havia introduzido – e eram muitos. Roboão não atendeu ao pedido deles e, ainda, os ameaçou com mais dureza e mais impostos (1Rs 12:14, 15). Essa decisão motivou uma revolta das 10 tribos do Norte e, consequentemente, a separação da tribo de Judá. Imediatamente elegeram e coroaram Jeroboão, filho de Nebate, como o novo rei da recém-criada dinastia do reino do Norte. O reinado de Jeroboão começou no ano 930 a.C., e durou 22 anos em Israel. Receoso de perder o controle sobre as tribos e movido pela conveniência política, esse rei construiu dois pólos de culto, adoração e sacrifícios – um em Dã, no norte, e outro em Betel, no sul. Com essa decisão e, por medo de perder o trono, ele tentou impedir o relacionamento do seu povo com seus irmãos e com o templo de Jerusalém. Quando você dá um passo na direção errada, ou retorna ou vai cada vez mais distante do alvo que deseja alcançar. Foi exatamente isso que aconteceu. Veja os passos que se seguiram:
- Jeroboão edificou dois lugares de culto. Mas Deus havia designado o templo em Jerusalém como o lugar de culto (Note o primeiro passo na direção errada).
- Nesses lugares de culto, ele colocou bezerros de ouro, uma forma de atrair o povo (1Rs 12:28; mais um passo na direção da idolatria e afastamento de Deus).
-Para os sacrifícios, ele precisava de sacerdotes. Mas estes se recusaram a oficiar à margem do verdadeiro culto no templo em Jerusalém (2Cr 11:13-16) Ellen White diz: “O rei havia procurado persuadir os levitas, alguns dos quais estavam vivendo em seus domínios, a servir como sacerdotes nos altares recém-erguidos em Betel e Dã; mas, nessa tentativa, ele foi ao encontro do fracasso” (Profetas e Reis, p. 101. Mais um passo na direção errada).
- Tendo fracassado em convencer os sacerdotes, ele elegeu sacerdotes dentre o povo comum, e sem condições morais para exercer o ofício sagrado (1Rs 12:31; Mais um passo...).
Nesse contexto, tendo perdido o rumo da verdadeira adoração, o rei Jeroboão em pessoa se atreveu a oficiar como sacerdote, queimando incenso sobre o novo altar de Betel (SDABC, v. 2, p. 795; Mais um passo para a derrocada final).
- A história de hoje começa aqui. Enquanto Jeroboão, com sua comitiva real, se dirigia a Betel para esse sacrifício proibido, Deus enviou um mensageiro, partindo de Judá, para se encontrar com o rei no exato momento dos sacrifícios. Quando o rei atrevidamente iniciava o processo, a voz do homem de Deus quebrou o silêncio, e todos ouviram sua voz firme ecoar naquele momento: “Altar, altar! Assim diz o Senhor: Eis que um filho nascerá à casa de Davi, cujo nome será Josias, o qual sacrificará sobre ti os sacerdotes dos altos que sobre ti queimam incenso, e ossos de homens se queimarão sobre ti” (1Rs 13:2). Vejamos o que aconteceu nas cenas seguintes:
I. O Mensageiro de Deus tinha uma mensagem vinda de Deus
Note como o texto sagrado é claro. “Por ordem do Senhor, veio um mensageiro de Judá a Betel...” (1Rs 13:1). A mensagem de Deus era a verdade presente para aquele momento. O Senhor estava DESAPROVANDO a atitude do rei, o culto e a idolatria. Além da desaprovação, Deus estava profetizando um juízo vindouro sobre todos os envolvidos nesse processo (1Rs 13:2). A reação do rei foi imediata. Ele mandou prender o profeta, o mensageiro de Deus (v. 4). Mas sua mão ficou seca e paralisada. Para mostrar que sua mensagem era divina, o homem de Deus deu um sinal. Ele disse: “O altar se fenderá e as cinzas se derramarão”... “e isso aconteceu na presença de todos” (v. 3, 5) Com estes esclarecimentos, nesta ordem, chegamos às seguintes conclusões:
- A mensagem que o homem de Deus trouxe era a Palavra de Deus (1Rs 13:1).
- A mensagem dele foi específica (1Rs 13:1, 2).
- Disse o que aconteceria no momento – O altar se fenderia e as cinzas se derramariam.
- Profetizou o que aconteceria no futuro, depois de 300 anos.
- Mencionou até o nome do rei que seria o reformador – Josias.
Diante deste quadro apresentado, tiramos as seguintes lições:
- Nossa mensagem deve ser específica.
- Não devemos pregar sermões duvidosos, não devemos pregar sermões dúbios nem mensagens humanas.
- O sonido da trombeta deve ser claro.
- Então, se você é ancião, pregador, professor da Escola Sabatina, estude para pregar. Se você é pastor, visite o povo para saber quais são suas reais necessidades.
- A mensagem deve ser clara, concisa e específica. Leve a mensagem a todos. Ricos e pobres, cultos e iletrados. Não faça adaptações da mensagem para agradar o rei ou o grande.
- O quadro do grande conflito estava diante de todos naquele momento. Tenha este quadro diante de você ao pregar.
II. O mensageiro de Deus não é uma pessoa vingativa – Ele não revida
Ao estender o braço e ordenar a prisão do homem de Deus, o rei estava usando sua autoridade humana para desafiar a autoridade divina. O ato de estender o braço está relacionado com a autoridade. Moisés estendia o braço cada vez que Faraó desafiava a Deus. Então, um novo milagre aconteceu (Êx 1–14). Satanás sugeriu que Deus estendesse Seu braço sobre Jó (Jó 1:11). Os profetas Ezequiel e Sofonias falaram do braço de Deus estendido, como juízos que cairiam sobre os rebeldes (Ez 6:14; Sf 1:4; Ver Gerald Klingbeil, Histórias Poco Contadas, p. 107). Mas, ao ver seu braço ressecado, o rei em desespero PEDIU ao homem de Deus que orasse ao Senhor pela recuperação de seu braço. O homem de Deus orou, e o braço do rei foi curado na mesma hora (v. 6).
Conclusões:
- Embora o rei fosse seu inimigo, quisesse prendê-lo e talvez até matá-lo, quando precisou dele, o homem de Deus orou por seu inimigo. Que belo exemplo! (1Rs 13:6, 7.)
- Você vai lidar com pessoas que não gostam de você. Tendo oportunidade, trate-as bem, não deixe apagar a chama do amor cristão, ore por elas, jamais seja vingativo. Infelizmente, há em nossas igrejas, e em nossas instituições, pessoas vingativas. O mensageiro de Deus não tem esta característica.
- Aos pastores, anciãos e líderes: Ao disciplinar um faltoso, talvez aquele que desrespeitou você, trate-o como aquele que mais precisa de cuidado, amor e atenção. Nunca aja com vingança, porque o homem de Deus não precisa se vingar.
- Em última instância, quem curou a mão do rei foi o próprio Deus, que estava sendo desrespeitado. Mas Ele não Se vingou por toda aquela afronta.
III. O mensageiro de Deus não se vende (1Rs 13:7-10)
Tendo sido curado, o rei Jeroboão tomou uma atitude que podia ter duplo sentido: convidou o homem de Deus a ir ao palácio com o fim de presenteá-lo. Poderia ser um gesto de gratidão e poderia ser um ato de suborno. Sou mais inclinado a pensar na segunda opção. Na vizinhança de Israel, os profetas eram empregados dos reis e profetizavam o que estes desejavam ouvir. Mas, em Israel, os profetas eram livres. Não eram dependentes nem empregados do rei (Ver Gerald Klingbeil, Histórias Poco Contadas, p. 109). Talvez a intenção de Jeroboão fosse silenciar o profeta com salário, suborno ou presentes. A atitude do homem de Deus foi cristalina: “Ainda que me desses metade de tua casa, não iria contigo...” (v. 8). O homem de Deus nos passa as seguintes lições de vida:
- Não aceitou o presente do rei porque este queria comprometimento.
- Não aceitou o presente do rei porque Deus disse: “Não aceite!” Deus queria proteger Seu mensageiro. Em algumas de nossas igrejas, pessoas estão comprometidas com o pecado, algumas têm vida dúbia e comportamento inaceitável. Porém, presentearam seu líder, e este tornou-se devedor. Está amarrado, está comprometido. Não estou me referindo a uma camisa ou uma gravata que são dadas no fim de um programa especial, ou no aniversário do líder ou no encerramento de uma semana de oração. Refiro-me a presentes, favores e bajulações comprometedoras.
- Gerald Klingbeil acrescenta os seguintes comentários:
“O oferecimento de um presente coloca o doador em posição de poder, e o receptor ‘deve’ algo ao doador.”
“Não aceitando a hospitalidade de Jeroboão, o homem de Deus disse ‘não’ à mistura da adoração verdadeira com a idolatria”.
“Mediante a lição prática de não comer nem beber e até voltar para casa por um caminho diferente, o homem de Deus devia mostrar quão revoltante era para Deus esse sistema de idolatria.“
- Ao recusar o oferecimento do rei, o profeta iniciou sua jornada de volta.
IV. O mensageiro de Deus deve ser inflexível (1Rs 13:14-18; 20, 22, 24)
Ao chegar em casa, naquela tarde, os filhos de um velho profeta, que haviam presenciado os acontecimentos daquele dia, narraram ao pai com riqueza de detalhes os fatos inusitados. A ênfase dos filhos foi no que o homem de Deus havia feito (v. 11). Tudo era extraordinário. O velho perguntou aos filhos sobre o paradeiro do homem de Deus. Estes indicaram a direção tomada, e o velho profeta tentou alcançar o homem de Deus. Para sua surpresa, o homem de Deus estava deitado à sombra de uma árvore. O velho profeta convidou o homem de Deus a voltar com ele. Mas o homem de Deus declinou o convite com as mesmas palavras que dissera ao rei. Entretanto, o velho mentiu e disse que um anjo de Deus o autorizara a voltar com ele. E o homem de Deus creu na mentira e voltou. Comeu pão, bebeu água e fez festa. Ao partir de volta, um leão o atacou e o matou. O interessante desse episódio é que o burro estava pastando e o corpo não tinha sido devorado pelo leão. Tudo indica que esse não foi um acontecimento natural. Foi algo anormal. Você pode tirar as seguintes conclusões deste episódio:
- O velho profeta tinha uma mensagem diferente daquela dada pelo Senhor ao homem de Deus.
- O velho profeta disse que um anjo falou com ele para abalizar sua mensagem.
- O homem de Deus creu na palavra do velho profeta. Isso o levou a descrer no que o Senhor dissera. Não se pode crer em duas mensagens contraditórias.
- Deus não muda. Deus havia dado prova suficiente de que estava com ele. Exemplo: O altar se fendera e a cinza caíra. Quando ele orou, a mão do ímpio rei foi curada. Isto era a confirmação de que sua mensagem era do Senhor. Haveria o Senhor mudado? E as provas?
- “Deus nunca desculpa a crença em uma mentira quando a mentira está em direta oposição a um claro mandamento que Ele deu.”
Nota importante: Diga sempre a verdade, mesmo que isto implique em perdas para você.
Para debate:
O que dizer, então, sobre revelações progressivas? Devemos rejeitá-las, ou há espaço para discussão e aceitação? Toda revelação progressiva da verdade deve ter três pontos importantes pelos quais você deve se orientar:
a) A nova verdade ou a revelação progressiva apresentada deve acrescentar algo ao que já temos.
b) A nova verdade ou a revelação progressiva apresentada não pode contrariar as verdades já reveladas que temos.
c) A nova mensagem deve ser analisada à luz da revelação da Palavra de Deus. Se você observar no caso estudado, verá que a nova verdade ou revelação progressiva apresentada pelo velho profeta era nova, mas estava em contradição com a mensagem revelada anteriormente pelo Senhor ao homem de Deus.
V. Consequências por não seguir o que o Senhor disse
Toda desobediência tem suas consequências. No caso do homem de Deus, que teve morte trágica, o SDABC diz que foi a desobediência que causou a tragédia (v. II, p. 796). Você, que é pregador, professor, pastor e líder, tenha estes princípios em mente ao tomar suas decisões:
- Cuidado para não levar dúvidas à mente dos ouvintes. Se nem mesmo você acredita no que pregou, como vai esperar que outros creiam? O homem de Deus creu no velho profeta. Consequentemente, não creu no que ele mesmo pregara momentos antes.
- A morte é o resultado final da desobediência (1Rs 13:24; compare com Rm 6:23). O SDABC diz que o caminho da desobediência sempre leva à tristeza e à morte (v. II, p. 796).
- Persevere. O homem de Deus estava aproximadamente a dois quilômetros da terra de Judá. Mas parou para descansar. Baixou a guarda e se esqueceu da urgência de sua mensagem.
VI. Reflexões finais
- Quando Deus escolhe um mensageiro, Ele o envia para conduzir o povo do caminho da apostasia para o caminho certo.
- Você só será chamado de mensageiro de Deus se cumprir a missão divina. Do contrário, será um mensageiro comum.
- O mensageiro de Deus não teme transmitir a mensagem de Deus, nem mesmo ao rei, se este estiver errado.
- Cuide, porque os maiores enganos não estão com os inimigos declarados de fora, mas, sim, com os aparentes amigos de dentro.
- Lembre-se de que os projetos de Deus não acontecem por acaso. Tudo é minuciosamente planejado e executado por Deus. Veja: o leão não o comeu, nem matou seu animal. O acontecimento não foi um incidente natural.
- Nada deve nos deter de cumprir a vontade de Deus. Nem os inimigos nem os que se dizem amigos, mas tentam nos desviar daquilo que Deus nos incumbiu de realizar.
Conclusão
A palavra do Senhor permanece para sempre. Mesmo que o mensageiro apostate ou se desvie. Se a mensagem é do Senhor, ela se cumprirá. A infidelidade do mensageiro não invalida a mensagem que ele pregou, se esta era a mensagem de Deus. No capítulo 23 de 2 Reis está o cumprimento da predição do homem de Deus. O mensageiro do Senhor falhou, foi desobediente e morreu como consequência de seus erros, mas a mensagem era do Senhor e se cumpriu. O mensageiro de Deus não está imune aos juízos divinos caso se torne infiel. No início, fizemos quatro perguntas:
1 – É você um mensageiro de Deus?
2 – Que mensagem você está levando?
3 – Como é seu envolvimento com as pessoas que estão recebendo a mensagem?
4 – Vice é fiel e obediente ao levar a mensagem de Deus? Está pronto para iniciar as respostas?
Que Deus o ajude a dizer sim. Amém!
Ivanaudo Barbosa Oliveira é Secretário e Ministerial da União Nordeste-Brasileira.
Muito interessante esse estudo, que Deus continue o abençoando e com sua autorização gostaria de propagar alguns de seus estudos na igreja em que congrego. Obrigada
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