sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Ana: Aprendendo a ser alguém




Então, orou Ana e disse: O meu coração se regozija no Senhor, a minha força está exaltada no Senhor; a minha boca se ri dos meus inimigos, porquanto me alegro na Tua salvação. Não há santo como o Senhor; porque não há outro além de Ti; e Rocha não há, nenhuma, como o nosso Deus” (1 Samuel 2:1, 2).

Leituras da semana: 1Sm 1; 2:1-11, 21; Jó 2:12, 13; Mt 6:19, 20; Lc 12:16-21

Uma das grandes dificuldades que muitas pessoas enfrentam é o senso de valor próprio. Qual é nosso valor neste mundo? Qual é o significado de uma vida entre tantos bilhões? Lemos a respeito de guerras em que pereceram milhões de pessoas, frequentemente sem deixar vestígio. A cada dia, milhares nascem e milhares morrem. Sentimos forças poderosas sobre as quais não temos nenhum controle, que podem nos atropelar e aos nossos sonhos tão depressa quanto um caminhão provoca um defeito na estrada. Em meio a uma agitação tão poderosa e opressiva, como podemos obter um senso de nosso significado e propósito? E temos algo assim?

Evidentemente, a Bíblia ensina que isso é verdade, que somos seres criados à imagem de Deus. Temos valor porque somos importantes para Deus. Quem se importa com o que os outros pensam de você, se Deus, que segura o mundo inteiro em Suas mãos, lhe tem amor? Acima de tudo, é Seu amor o que importa.

Nesta semana, examinando a vida de Ana, uma mulher sem nenhuma pretensão de grandeza política ou religiosa, vamos obter um vislumbre de um Deus que nos ama individualmente e que nos diz que somos alguém, embora seja fácil aceitar a mensagem do mundo de que não somos ninguém.


                                              Qual é o meu valor?


1.     Por que Ana estava tão impressionada por não ter filhos, embora soubesse que seu marido a amava? 

1 Houve um homem de Ramataim-Zofim, da região montanhosa de Efraim, cujo nome era Elcana, filho de Jeroão, filho de Eliú, filho de Toú, filho de Zufe, efraimita.
2  Tinha ele duas mulheres: uma se chamava Ana, e a outra, Penina; Penina tinha filhos; Ana, porém, não os tinha.
3  Este homem subia da sua cidade de ano em ano a adorar e a sacrificar ao SENHOR dos Exércitos, em Siló. Estavam ali os dois filhos de Eli, Hofni e Finéias, como sacerdotes do SENHOR.
4  No dia em que Elcana oferecia o seu sacrifício, dava ele porções deste a Penina, sua mulher, e a todos os seus filhos e filhas.
5  A Ana, porém, dava porção dupla, porque ele a amava, ainda mesmo que o SENHOR a houvesse deixado estéril.
6  (A sua rival a provocava excessivamente para a irritar, porquanto o SENHOR lhe havia cerrado a madre.)
7  E assim o fazia ele de ano em ano; e, todas as vezes que Ana subia à Casa do SENHOR, a outra a irritava; pelo que chorava e não comia.
8  Então, Elcana, seu marido, lhe disse: Ana, por que choras? E por que não comes? E por que estás de coração triste? Não te sou eu melhor do que dez filhos?
9 Após terem comido e bebido em Siló, estando Eli, o sacerdote, assentado numa cadeira, junto a um pilar do templo do SENHOR,
10  levantou-se Ana, e, com amargura de alma, orou ao SENHOR, e chorou abundantemente.
11  E fez um voto, dizendo: SENHOR dos Exércitos, se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva te não esqueceres, e lhe deres um filho varão, ao SENHOR o darei por todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha.
12  Demorando-se ela no orar perante o SENHOR, passou Eli a observar-lhe o movimento dos lábios,
13  porquanto Ana só no coração falava; seus lábios se moviam, porém não se lhe ouvia voz nenhuma; por isso, Eli a teve por embriagada
14  e lhe disse: Até quando estarás tu embriagada? Aparta de ti esse vinho!
15  Porém Ana respondeu: Não, senhor meu! Eu sou mulher atribulada de espírito; não bebi nem vinho nem bebida forte; porém venho derramando a minha alma perante o SENHOR.
16  Não tenhas, pois, a tua serva por filha de Belial; porque pelo excesso da minha ansiedade e da minha aflição é que tenho falado até agora.              1Sm 1:1-16

Os sentimentos de Ana não devem ser tão difíceis de entender, especialmente em uma cultura em que não ter filho homem significava não ter nenhuma segurança na velhice. Não ter nenhum filho era entendido como maldição divina. Tanto na esfera pública como na familiar, uma mulher sem filhos tinha que viver com o estigma de ser supostamente amaldiçoada por Deus. Obviamente, esse fato afetava seu valor aos olhos da sociedade, sua própria autoestima e seu relacionamento com Deus. Ana deve ter pensado frequentemente o que havia feito para merecer isso. Por que isso estava acontecendo com ela?

2. Para entender a profundidade do desespero que a esterilidade trazia às mulheres no mundo do Antigo Testamento, leia as declarações 
de Sara  - Ora, Sarai, mulher de Abrão, não lhe dava filhos; tendo, porém, uma serva egípcia, por nome Agar, disse Sarai a Abrão: Eis que o SENHOR me tem impedido de dar à luz filhos; toma, pois, a minha serva, e assim me edificarei com filhos por meio dela. E Abrão anuiu ao conselho de Sarai.    (Gn 16:1, 2) 
e Raquel  - Vendo Raquel que não dava filhos a Jacó, teve ciúmes de sua irmã e disse a Jacó: Dá-me filhos, senão morrerei. (Gn 30:1). 
Como essas mulheres nos ajudam a entender a força desse sentimento naquele tempo?
A ação de Sara é razoável no contexto dos costumes sociais e culturais de seu tempo. Porém, nos fornece um vislumbre do desespero que ela devia sentir e o fardo que devia levar. Que mulher encorajaria o marido a ter relações com outra mulher a fim de ter filhos? Enquanto isso, o pedido sincero de Raquel a Jacó reflete um pouco a emoção de Ana e o tumulto de seus sentimentos.

Para Ana, a inveja e o senso de “não ser ninguém” criou uma mistura explosiva de emoções que finalmente explodiu quando ela despejou o coração diante do Senhor. O que tornava as coisas ainda piores era que Ana não estava ficando mais jovem. O tempo estava contra ela e, aparentemente, Deus também.

Lembre-se de que, no tempo de Ana, o papel de uma mulher na sociedade estava principalmente associado ao parto e à criação dos filhos. Não havia outra possibilidade de fazer carreira. Uma mulher não podia mudar de carreira e encontrar realização em outra ocupação. Temos exemplos de mulheres juízas e líderes no Antigo Testamento, mas esses exemplos são muito limitados e dependentes do chamado direto de Deus. Era só pelos filhos que Ana podia reconhecer o valor de sua vida e deixar um legado. Para ela, sem filhos, a vida não tinha nenhum significado real.    





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