domingo, 24 de outubro de 2010

Jônatas: Nascido para a grandeza (comentário ao estudo nº 04)




Objetivo: Mostrar que a maior grandeza neste mundo é ser um líder servo.
Verdade central: Jônatas foi um líder servo.

Introdução
Jônatas era o filho mais velho do primeiro rei de Israel: Saul. “
Era popular e amado por seu povo, excelente orador, importante soldado e líder militar.” Pelos padrões do mundo, ele tinha tudo para ostentar grandeza, viver no luxo e desfrutar seus privilégios. Havia nascido para “a grandeza”. Entretanto, a grandeza que Jônatas buscou não foi a humana e mundana. Sua escolha está registrada nos anais eternos como uma decisão abnegada, e seu nome se acha guardado como tesouro nos Céus, e na Terra permanece como um testemunho da existência e do poder do amor abnegado  (Educação, p. 157). A grandeza que Jônatas nos legou foi a “grandeza que vai além de nossas expectativas e conceitos humanos.”

I. Jônatas como amigo
Depois que Davi matou Golias, Saul o conservou consigo, e não permitiu que ele voltasse à casa de seu pai. E aconteceu que ‘a alma de Jônatas se ligou com a alma de Davi; e Jônatas o amou, como à sua própria alma”. Jônatas e Davi fizeram um concerto para serem unidos como irmãos, e o filho do rei “se despojou da capa que trazia sobre si, a deu a Davi, como também os seus vestidos, até a sua espada, e o seu arco, e o seu cinto (Patriarcas e Profetas, p. 649).

“A amizade entre Davi e Jônatas envolveu também atitudes, e não só palavras. É apresentado o simbolismo utilizado nessa aliança: a capa que cobre o outro, a armadura que o protege, a espada como desarme e solidariedade (não atacarei jamais meu amigo e mesmo desarmado correrei os mesmos riscos que ele, quando andarmos juntos), o arco, instrumento de caça, simbolizando a provisão, e finalmente o cinto, que dá firmeza e sustentação. Em momentos de sofrimento e de dor em nossa vida, o que mais precisamos é ter alguém com quem contar. Em uma cultura individualista, como a nossa, é difícil encontrar uma pessoa com quem possamos partilhar nossas angústias, alguém que nos escute, que nos ajude a levantar em nossas quedas, que vá ao fundo do buraco nos resgatar. Por isso, nessas horas, determinadas pessoas se destacam, aproximando-se de nossas feridas, desrespeitando nossas placas de “proibido seguir adiante” e enxergando nelas nosso silencioso pedido de socorro. Assim são os amigos: aqueles que permanecem ao nosso lado quando todos se foram.

O íntimo relacionamento entre Jônatas e Davi é visto na Bíblia como um modelo de amizade. Davi expressou essa amizade com palavras bem fortes quando escreveu: ‘Teu amor me era mais precioso que o amor das mulheres’ (2Sm 1:26). É importante observar, entretanto, que a palavra hebraica ahavá não significa apenas amor no sentido conjugal/sexual, mas também 
no sentido paternal (‘Isaque gostava de Esaú’, em Gênesis 25:28), 
no sentido de amizade. Saul afeiçoou-se a Davi’ (1Sm 16:21), 
no sentido de amor a Deus (‘Amarás o Senhor, teu Deus’, em Dt 6:5) e 
no sentido de amor ao próximo (‘Amarás o próximo como a ti mesmo’, em Lv 19:18).

Em todos estes exemplos, o verbo usado na Torá (a Bíblia hebraica) é ahavá. É por razão linguística – e não por falso pudor – que a maioria das traduções bíblicas cita 1 Samuel 1:26Tua amizade me era mais preciosa que o amor das mulheres’.” (Rabino Henry I. Sobel, da Congregação Israelita Paulista).

Quais são as mais importantes marcas de um amigo?

1. O amigo é uma fonte constante de encorajamento.
2. O amigo é alguém que a gente escolhe.
3. O amigo é alguém que está disposto a dar de si mesmo.
4. Amigo é aquele que “compartilha momentos agradáveis e desagradáveis”.
5. Amigo é aquele que protege o amigo dos perigos. Jônatas, sabendo da maldade do pai e do perigo que Davi corria, advertiu o amigo dizendo:
Meu pai busca a tua morte. Fica de sobreaviso amanhã de manhã, procura o teu refúgio e esconde-te. Eu sairei e permanecerei ao lado do meu pai no campo em que estiveres, e então falarei com meu pai a teu respeito, saberei o que houver e te informarei” (1Sm 19, 2-3).

6. Amigo é aquele que consola o amigo. Pode ser chamado também de “anjo consolador”. Quando falamos de verdadeiras amizades, cremos que Deus também nos ajuda a encontrá-las para cumprir Seus propósitos em nossa vida. A inspiração afirma sobra a amizade de Davi com Jônatas o seguinte: E a amizade de Jônatas por Davi era também da providência de Deus, a fim de preservar a vida do futuro governante de Israel” (Patriarcas e Profetas, p. 649).

II. Jônatas como guerreiro 
Jônatas foi um valoroso guerreiro. Orientado por Deus, viu Israel triunfar. Sua história como guerreiro começa quando ele e seu pajem de armas deixaram o exército de Israel e se infiltraram no exército dos filisteus. Ele fez um solene voto a Deus, expondo diante do Senhor duas situações distintas. De acordo com o que ele ouvisse dos inimigos, isso indicaria a orientação divina. Ao perceber a presença de Jônatas e seu escudeiro, os filisteus que estavam de guardas disseram: “Subi a nós, e nós vo-lo ensinaremos. Então, disse Jônatas a seu pajem de armas: sobe atrás de mim, porque o Senhor os tem entregado na mão de Israel. “Então, subiu Jônatas com os pés e com as mãos, e o seu pajem de armas atrás dele; e caíram diante de Jônatas, e o seu pajem de armas os matava atrás dele.” Ellen White afirma: “Anjos celestiais escudavam Jônatas e seu auxiliar, anjos combatiam ao seu lado, e os filisteus caíam diante deles (Patriarcas e Profetas, p. 623). Ellen continua: “Jônatas reconheceu os sinais do auxílio divino, e mesmo os filisteus viram que Deus estava agindo para o livramento de Israel” (Patriarcas e Profetas, p. 623).

A descrição bíblica indica Jônatas como um guerreiro com as seguintes palavras: “
Além disso, Jônatas despiu-se da sua túnica sem mangas que usava e a deu a Davi, e também suas vestes, e até mesmo sua espada, e seu arco, e seu cinto” (1Sm 18:3, 4). Esse gesto de Jônatas significava mais que compartilhar. Jônatas entregou a Davi o símbolo de sua vida como guerreiro. Finalmente, esse guerreiro morreu nas mãos dos filisteus durante uma batalha ao lado de seu pai e de seus irmãos. Os capítulos 13-14; 18-20; 23; 31 de 1 Samuel e 2 Samuel 1 revelam que Jônatas era filho do rei, guerreiro, corajoso, confidente e amigo de seu pai.

Quais são os pontos de destaque deste guerreiro?

1. “Jônatas colocou-se à disposição de Deus, e o Senhor escolheu usá-lo”.
2. Jônatas  foi um homem de fé. Ele acreditou que Deus lhe daria a vitória sobre os filisteus.
3. “Ele sabia que Deus era muito maior que o problema que Israel enfrentava”
4. O guerreiro Jônatas estava compatível com a vontade de Deus, ele e o seu escudeiro proporcionaram nesta ocasião a vitória de Israel frente aos filisteus.
5. “Jônatas, o filho do rei, homem que temia o Senhor” (Patriarcas e Profetas, p. 623).

III. Jônatas como filho
E os filhos de Saul eram Jônatas, Isvi, e Malquisua; e os nomes de suas duas filhas eram estes: o nome da mais velha, Merabe, e o nome da mais nova, Mical. Jônatas era o filho primogênito e tinha tudo para ser mimado, rebelde, cheio de vontade, prepotente e vaidoso. Entretanto, o que vemos em Jônatas é um filho obediente, amável, dedicado e companheiro de seu pai até o fim. Resumidamente, podemos dizer que Jônatas foi um exemplo de filho.

Partilhe com sua classe alguns pontos positivos deste filho, que podem ser imitados pelos filhos de hoje.

1. Jônatas honrava seu pai. Honrar os pais significa respeitar, representar bem e ser obediente.
2. Jônatas permanecia ao lado do pai em suas ocasiões de crise; ele o apoiava, era leal e tinha grande respeito por seu pai, apesar das loucuras que o pai fazia. 
3. Ele aconselhava seu pai de maneira respeitosa e sensata. Num dia em que seu pai, num momento de insanidade, falou que iria matar Davi, Jônatas de maneira razoável e sensata perguntou: "Por que há de ele morrer? Que tem feito?" (Patriarcas e Profetas, p.  655).
4. Embora Saul fosse muito egoísta, mal-humorado, ciumento, irracional e, às vezes, neurótico”, Jônatas o repreendia com terno amor e firmeza. Quando seu pai, num gesto de loucura, decretou que Jônatas fosse morto, o filho disse: Meu pai tem turbado a terra; ora vede como se me aclararam os olhos por ter provado um pouco deste mel” (1Sm 14: 29).
5. Jônatas era amado pelo povo. Quando seu pai decretou sua morte, “o povo recusou-se a permitir que a sentença de morte fosse executada. Afrontando a ira do rei, declararam: “Morrerá Jônatas, que efetuou tamanha salvação em Israel? Tal não suceda; tão certo como vive o Senhor, não lhe há de cair no chão um só cabelo da cabeça! Pois foi com Deus fez isso hoje” (1Sm 14:45, Patriarcas e Profetas. p. 625.
6. Jônatas foi um bom filho.

IV. Jônatas com servo
Vivemos em um mundo egoísta em que cada um luta por seus direitos. As mulheres, os negros, as minorias lutam para ter seus direitos. Até quem não tem direito deseja tê-los. É interessante notar que Jônatas tinha direito ao trono, era o legítimo herdeiro, mas sujeitou-se ao propósito de Deus e abriu mão de seus direitos para que os planos de Deus pudessem ser cumpridos. Que tipo de líder foi Jônatas? Um líder servo. Ele não manifestou rancor por ser Davi ungido para ser rei no trono que ele poderia ter herdado. Ao contrário, reconheceu as excelentes qualidades de Davi e fez um pacto de amizade com ele. Similar companheirismo desinteressado pode ser grandemente edificante e encorajador entre os que hoje servem fielmente a Deus (1Sm 23:16-18). Ellen White de maneira magistral afirma: “Jônatas - por nascimento herdeiro do trono e não obstante ciente de que fora posto de lado pelo decreto divino; o mais terno e fiel amigo de seu rival Davi, cuja vida ele protegia com perigo da sua própria; firme ao lado do pai através dos tenebrosos dias de seu poder em declínio, e a seu lado tombando ele mesmo finalmente – acha-se o seu nome guardado como tesouro nos Céus, e na Terra permanece como um testemunho da existência e do poder do amor abnegado” (Educação, p. 157).

Veja algumas características que distinguem Jônatas como servo

1. Como servo do Senhor, Jônatas se ofereceu para ficar ou ir, conforme Deus lhe revelasse por meio do sinal que ele propôs.”
2. Como servo fiel que era, ele teria herdado o trono se seu pai tivesse seguido as instruções de Deus. Mas nunca reclamou disso.
3. Como líder servo, ele tinha um íntimo relacionamento com Deus. O Senhor já lhe havia dado prova disso quando lhe concedeu a vitória sobre os filisteus (1Sm 14).
4. Como líder servo ele tirava tempo para encorajar outros no Senhor” (1Sm 23:16).
5. “A atitude de Jônatas como líder servo, estava em total contraste com o espírito egoísta reinante em nosso tempo” (1Sm 19:4)).
6. “Ele deixou um verdadeiro exemplo de líder servo, preparando-se para assumir o segundo lugar, ou até o terceiro.”
7. “Jônatas não era orgulhoso e como um líder servo estava disposto a abrir mão de seu direito ao trono.”

Jônatas deixou para nós, líderes da IASD, um legado extraordinário! Às vezes, brigamos pelos cargos e posições na igreja, e nas Instituições Adventistas; às vezes, nos envolvemos com atitudes políticas para favorecer a nós mesmos; às vezes, trabalhamos por interesses pessoais e posições. E, às vezes, ficamos entristecidos porque alguém foi eleito no lugar que deveria ser nosso. Que exemplo, o de Jônatas!!! Ele tinha direito ao cargo, pois era o legítimo herdeiro. Mas, se submeteu prazerosamente ao plano de Deus! Magnífico Jônatas!

Conclusão: A morte de Jônatas – Por quê, Senhor?
Cremos que não foi fácil para Jônatas manter a fé e confiança em Deus quando percebeu que Deus havia escolhido Davi, em seu lugar, para se tornar o rei de Israel. Sob nossa perspectiva, acontece muita coisa que não tem sentido nem parece justo. Quase todos nós fomos ensinados que, no fim, os bons sempre ganham e que colhemos o que semeamos. Cremos que uma boa pessoa deve ter uma vida longa e boa, e que os maus podem esperar uma vida problemática e breve. Isso continua sendo verdade, mas nem sempre é assim. Nem sempre os bons ficam bem nesta vida, e os maus nem sempre se dão mal. Às vezes, até somos castigados por fazer o que é certo. Isso foi o que aconteceu com Jônatas. Esperávamos que ele vivesse, fosse amigo de Davi até o fim da vida e morresse vendo seus netos brincando no quintal de sua casa. Mas isso não aconteceu. Deus vai nos explicar isso um dia. Ellen White diz o seguinte: “No relatório daqueles que, mediante a abnegação, entraram na comunhão dos sofrimentos de Cristo, acham-se  os nomes de Jônatas e de João Batista, aquele no Antigo Testamento e este no Novo (Educação, p. 157).

Jônatas foi esse precursor de Cristo. Vejamos o último capítulo de sua vida. Nesse último episódio da vida de Jônatas, vamos encontrá-lo no campo de batalha ao lado do pai. Cremos que ele esperava que Deus mais uma vez operasse um milagre para salvar Israel. Mas isso não aconteceu. Naquele dia, Jônatas caiu no campo de batalha!!! (1Sm 31:2). “
Enterraram os ossos de Saul e de Jônatas seu filho, na terra de Benjamim, em Zela, na sepultura de Quis, seu pai; e fizeram tudo o que o rei ordenara...” (2Sm 21:14). Mas a promessa é de que, um dia, todas as coisas serão esclarecidas e teremos as respostas para o que agora nos parece insondável. Nossa esperança e certeza é de que, finalmente, o bem vencerá o mal, quando Jesus voltar. Amém!        


Ivanaudo Barbosa Oliveira, nascido em Jacobina/BA e casado com Magali Barbosa de Oliveira, tem dois filhos: Audrey e Edrey. Na União Sul-Brasileira foi pastor distrital, departamental, secretário, presidente de associação e secretário da União. Em 2004, passou a ser Secretário e Ministerial da União Nordeste-Brasileira, onde atua até o presente.  




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