quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Calebe: Convivendo com a espera (comentário ao estudo nº 02)





OBJETIVO DESTE ESTUDO: Mostrar que aquele que acredita nas promessas de Deus um dia as verá cumpridas em sua vida.

VERDADE CENTRAL – A certeza da promessa.

INTRODUÇÃO – RESUMO HISTÓRICO DOS FATOS

Pouco se sabe sobre a vida desse homem. São poucas as passagens bíblicas que o mencionam. O que sabemos é que Calebe era filho de Jefoné, da tribo de Judá (Nm 13. 6) Entretanto, a história de Calebe é muito bonita. Sua biografia, embora curta quanto ao material disponível, é vasta quanto ao tempo e recheada de acontecimentos fantásticos. Ele viveu no Egito como escravo, cruzou o mar Vermelho, viu Moisés descer do monte Sinai com as tábuas dos Dez mandamentos, foi espiar a terra da promessa, vagueou com Israel por quarenta longos anos e, finalmente, pisou na terra como conquistador. Ele fez parte das duas grandes gerações: A primeira, que saiu com ele do Egito, foi sepultada nas areias do deserto. A segunda geração foi a que finalmente tomou posse da herança prometida por Deus. Calebe é um dos personagens que aparecem nos bastidores mas nos deixa um legado invejável. Vejamos algumas qualidades que este líder passou para as gerações futuras.

– Homem decidido e valente. Diante dos desafios de enfrentar os gigantes, Calebe não se intimidou, embora já estivesse com idade avançada (Js 14:12).

– Homem de fé perseverante. Calebe nunca se abateu diante do desafio de esperar por mais quarenta anos até receber a herança prometida por Deus. Quando Deus determinou que nenhum dos rebeldes entraria em Canaã, Ele disse a respeito de Calebe: “…Porém, meu servo Calebe, visto que nele houve outro espírito, e PERSEVEROU em seguir-Me, Eu o farei entrar na terra que espiou…”(Nm 14:24).

– Homem abnegado. Quando Deus determinou que os israelitas deveriam voltar ao deserto e vaguear por quarenta anos, Ellen White diz que Calebe, ‘sem murmurar, aceitou a decisão divina’ (Patriarcas e Profetas, p. 392). Embora não tivesse culpa nenhuma, teve que passar seus melhores anos vagando pelo deserto com os israelitas, sem reclamar. Ele não se rebelou contra Deus e nem contra a organização existente, tentando levantar um novo movimento, uma vez que o atual parecia apostatado.

– Homem abnegado e generoso. Calebe mostrou espírito generoso em todos os seus atos. Diante do pedido da filha para que lhe desse uma boa terra, ele o fez, superando as expectativas e os costumes culturais (Js 15:19).

– Homem altruísta e liberal.

I – HOMEM DECIDIDO
Não é tarefa fácil opor-se à maioria. Diante de ameaças, gritos e choro, geralmente as pessoas cedem. Isto é, vão com a maioria. “Nem sempre é fácil ser diferente e opor-se à maioria.” Não foi isso o que aconteceu com Calebe. Diante de uma turba enfurecida, agitada, enlouquecida e disposta a matar, o relato bíblico diz: “Então Calebe fez calar o povo perante Moisés e disse: Eia, subamos e possuamos a terra, porque certamente prevaleceremos contra ela (Nm 13:30). Na visão de Calebe, aquela era uma conquista certa, pois sabia que Deus estava com o povo de Israel. É comum, nos dias atuais, nos depararmos com jovens e homens maduros sem vontade, indecisos e vacilantes diante dos desafios. Ellen White diz que “Deus prefere homens que tomem decisão, mesmo que algumas possam ser erradas, àqueles que nunca decidem com medo de errar”. Nos dias futuros, depois de 45 anos, veja o relato desse homem de 85 anos: Estou forte ainda hoje como no dia em que Moisés me enviou; qual era a minha força naquele dia, tal ainda agora para o combate, tanto para sair a ele como para voltar. Agora, pois, dá-me este monte de que o Senhor falou naquele dia…”(Js 14: 11, 12). Vamos considerar com nosso amigos alguns pontos da caminhada cristã, tendo como pano de fundo as atitudes de Calebe:

– Quantas pessoas têm problemas para resolver, mas ficam adiando a decisão para depois. Alguns se acomodaram com situações que hoje se tornaram crônicas porque não tiveram coragem de decidir.
– Pergunte aos amigos quais são os maiores obstáculos que impedem as pessoas de decidir? (Ajude-as dizendo que a maioria de nossas decisões são tomadas baseadas nas informações que temos)
– Com esse raciocínio, pergunte a elas por que os dez espias tomaram uma decisão tão contraditória, se eles tinham as mesmas informações que Calebe?

Essa característica do espírito decidido de Calebe ao pedir o lugar mais difícil era um indicativo exemplar para as futuras gerações de que, se os antepassados tivessem confiado na promessa de Deus, o Senhor lhes teria dado a terra.

II – HOMEM QUE TINHA FÉ PERSEVERANTE
Calebe é descrito no relato bíblico como um homem de fé. Seu nome significa “Aquele que permanece”. Diante de uma turba enfurecida, a inspiração diz: “E Josué, filho de Num, e Calebe, filho de Jefoné, dos que espiaram a terra, rasgaram as suas vestes. E falaram a toda a congregação dos filhos de Israel, dizendo: A terra pelo meio da qual passamos a espiar é terra muito boa. Se o Senhor Se agradar de nós, então, nos porá nesta terra e no-la dará, terra que mana leite e mel. Tão-somente não sejais rebeldes contra o Senhor e não temais o povo desta terra, porquanto são eles nosso pão; retirou-se deles o seu amparo, e o Senhor é conosco; não os temais” (Nm 14. 6-9). Este texto nos mostra alguns pontos que você deve considerar com seus alunos:

– Calebe sabia que eles não iriam conquistar a Terra da Promessa com suas armas e com sua força. Ele vira o poder de Deus revelado no Mar Vermelho, na providência do maná, da água no deserto e sabia que Deus guerrearia por eles.
– Calebe confiava nas promessas que Deus fizera a eles.
– Pergunte à sua classe por que tantas pessoas abandonam a fé e não perseveram na Igreja. Pergunte quantos eles conhecem que hoje estão fora – não perseveraram. E por que não perseveraram?
– 45 anos mais tarde, a mesma fé perseverante revelada por Calebe no momento da apresentação do relatório é repetida.
– Ele nunca desistiu da promessa divina. Apesar de todo o tempo que passou, ele continuou acreditando que Deus cumpriria o que havia prometido.
– Ele nunca esqueceu a promessa de Deus em sua vida.

O bravo e velho guerreiro estava desejoso de dar ao povo um exemplo que honrasse a Deus e incentivasse as tribos a subjugar completamente a terra que seus pais haviam imaginado ser invencível” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 512, 513).

A frase mais espetacular proferida 45 anos mais tarde por este ancião de 85 anos foi: “
Meus irmãos que subiram comigo desesperaram o povo; eu, porém, PERSEVEREI em seguir o Senhor meu Deus” (Js 14:8)

Durante uma conferência pública, um irmão caminhava sete quilometros para vir e sete para voltar, chegando em casa todas as noites quase à meia noite. Eu o visitei e perguntei se não era muito longe esse caminho percorrido a pé todos os dias. Ele me respondeu com convicção: “Pastor, a fé encurta a distância”.

III – HOMEM ABNEGADO
Antes mesmo de Josué iniciar o processo de distribuição das terras, Calebe se aproximou de seu ex-companheiro e fez um pedido inusitado: Ele pediu a região mais difícil de ser conquistada, por ser habitada por gigantes. Aparentemente, isso era um pedido egoísta. Mas, tendo o quadro geral da vida deste homem em mente, percebemos que ele era abnegado. Portanto, seu pedido era um gesto de abnegação pelos seguintes motivos:

– Calebe já era um homem de 85 anos. Ele havia vivido cerca de 45 anos vagueando pelo deserto sem ter culpa de nada e sem se queixar. O egoísta está sempre querendo o melhor para si. E se não consegue, reclama de tudo e de todos. Veja o que alguém afirmou: “Um homem não deixa de ser guerreiro quando envelhece, mas quando perde os sonhos e a visão
– Calebe pediu o mais difícil. Ele sabia que um homem de sua idade não conseguiria vencer os gigantes numa guerra. Isso somente seria possível se fosse um milagre divino. Quarenta e cinco anos atrás, naquele dia fatídico ele dissera: “Se o Senhor Se agradar de nós, Ele nos dará a terra…” (Nm 14:8). Ele desejava inspirar fé na geração atual e mostrar que seus pais poderiam ter tomado posse da terra prometida, se confiassem no Poder de Deus e tivessem avançado pela fé.
– Calebe revelou, em seu inusitado pedido, que estava preocupado com o bem estar dos outros, como sempre estivera. Lembre-se que ele poderia ter dito a Deus, 45 anos antes, mais ou menos assim: “Senhor, é justo que esse povo morra aqui e não entre na terra prometida. Mas eu? Eu não fiz nada de errado. Eu atendi Tua voz, dei o relatório fidedigno, não sou rebelde. Então, Senhor, não aceito voltar com eles para o deserto. Desejo prosseguir, ajuda-me nisso, por favor. Aquele que fora uma inspiração para a velha geração continuava a ser uma inspiração para a nova geração, envolvendo-se no bem estar deles. Era um homem abnegado. A nova geração não podia viver os milagres do Egito, nem mesmo a experiência de seus pais no deserto. Calebe considerou seu dever criar um ambiente para que essa geração desse os primeiros passos de fé. Isso é abnegação partilhada.

DISCUTA COM OS AMIGOS ESTES PENSAMENTOS:
Como Igreja, o que temos passado aos nossos jovens sobre o respeito que deveríamos ter com os mais velhos?

O que o fato de Calebe não pedir as melhores terras e nem as mais produtivas nos ensina sobre abnegação em nossos dias?

Um espírito egoísta quer o melhor para si. Um espírito abnegado aceita dar o melhor para os outros. Como praticar isso na igreja? Dê exemplos. E na família?

IV – HOMEM ALTRUÍSTA E LIBERAL
Nos detalhes e nos pormenores das Escrituras, encontramos preciosidades que não são vistas pelo observador superficial. Veja que quadro bonito é extraído do caráter de Calebe quanto ao seu espírito de generosidade. Nos tempos bíblicos, os pais deveriam se preocupar com a herança que era deixada aos filhos homens, porque estes perpetuariam o nome e os bens dos pais.

No caso das filhas, elas tinham herança embutida na do marido. Mas, no caso de Calebe, ele deu uma herança à sua filha (Jz 1: 14, 15) “
Embora Acsa fosse sua filha, qualquer porção de terra que ela recebesse deixaria efetivamente de pertencer à família imediata de Calebe e se tornaria parte da propriedade de seu marido. O surpreendente é que Calebe não só lhe deu o campo, mas também deu as fontes de água. E não só uma fonte de água mas tanto as fontes superiores como as inferiores”.

Essa generosidade está de acordo com o caráter de Calebe. No começo deste comentário, dissemos que a atitude de Calebe em pedir a montanha onde os gigantes viviam não era um ato egoísta, mas sim um ato de altruísmo. Isso está de acordo com seu espírito generoso. “
Ele mostrou generosidade além das normas sociais de seu tempo.” Foi por isso que alguém definiu assim a atitude do altruísta: “Uma atitude altruísta pode ser interpretada como caridade, se bem relacionada com os interesses do próximo. Agir de forma altruísta, é dar-se ou beneficiar alguém.” Calebe estava decidido tanto a dar como a beneficiar outros.

DISCUTA COM OS AMIGOS:
1. Pelo exemplo da vida de Calebe, como podemos nutrir os novos crentes, os jovens e crianças para preencher posições de liderança e responsabilidade em nossa igreja?
2. Calebe se apegou a seu povo, mesmo quando este vivia pecando. Que lições este fato tem para nós, adventistas do sétimo dia?
3. As afirmações dos dez espias eram diferentes das de Calebe e Josué. Pergunto: E se os dois tivessem dito o que os dez disseram e vice-versa. Você acha que o povo teria acreditado no que os dez disseram? Eles estavam decididos a acreditar na mentira. Se as afirmações dos dois fossem a mentira, o povo teria acreditado nos dois, e não dos dez. 
4. Paulo diz que hoje estamos mais perto de ver o cumprimento da promessa, que no dia em que cremos. O que isso nos ensina? 


Autor: Ivanaudo Barbosa Oliveira, nascido em Jacobina/BA e casado com Magali Barbosa de Oliveira, tem dois filhos: Audrey e Edrey. Na União Sul-Brasileira foi pastor distrital, departamental, secretário, presidente de associação e secretário da União. Em 2004, passou a ser Secretário e Ministerial da União Nordeste-Brasileira, onde atua até o presente.





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