sábado, 31 de outubro de 2009

Disposições para o futuro









Mas disse eu a seus filhos no deserto: Não andeis nos estatutos de vossos pais, nem guardeis os seus juízos, nem vos contamineis com os seus ídolos. Eu sou o SENHOR, vosso Deus; andai nos meus estatutos, e guardai os meus juízos, e praticai-os;     Ezequiel 20:18, 19


Resumo:


I. Obediência prescrita


A. Embora Israel fosse punido pela rebelião, Deus continuou a lhe dar cuidadosa instrução sobre a maneira correta de responder em grata adoração. Que outras instruções Deus deu com relação aos estrangeiros, pecados deliberados e por ignorância, e o que vestir como lembranças de Sua lei?


B. Como essas instruções específicas ajudariam um povo fraco e ignorante, propenso a duvidar e se rebelar?

II. A importância da experiência individual


A. Que podemos aprender da distinção que Deus faz entre pecados deliberados, pecados por ignorância e o quadro chocante de uma comunidade apedrejando um homem?


B. Como Deus nos trata como indivíduos?



III. Oferecer a vida a Cristo, um aroma agradável


A. Paulo nos lembra que nossa vida em Cristo é o aroma de Seu sacrifício ascendendo ao Pai em nosso favor. Que podemos fazer cada dia para conservar na mente o sacrifício que Deus, em Seu Filho, nos ofereceu?


B. Visto que não estamos sob o sistema sacrifical, o que Deus espera que façamos com os pecados inadvertidos, bem como os conscientes?

Resumo: Podemos ser sempre agradecidos porque nosso Deus é um Deus de ordem e detalhe tanto em misericórdia como em justiça.


Apesar de nossa deslealdade, Deus ainda é misericordioso e cumpre as promessas que nos faz.

Depois de ler o trecho a seguir, comente a natureza da misericórdia de Deus e dê exemplos de pessoas que lhes estenderam misericórdia.



O antigo tele-evangelista Jim Bakker conta o que aconteceu logo depois de seu livramento da prisão:
“Quando fui transferido para minha última prisão, Franklin [Graham] disse que queria me ajudar quando saísse – com um emprego, uma casa em que morar e um carro. Foi meu quinto Natal na cadeia. Pensei cuidadosamente nisso e disse: ‘Franklin, você não pode fazer isso. Isso vai lhe prejudicar. A sua família não precisa da minha bagagem.’ Ele olhou para mim e disse: ‘Jim, você foi meu amigo no passado e é meu amigo agora. Se alguém não gostar disso, está procurando briga.’


“Então, quando saí da cadeia, os Graham me apadrinharam, pagaram uma casa para eu viver e me deram um carro para dirigir. No primeiro domingo fora, Ruth Graham ligou para o Exército de Salvação, a meio caminho da casa em que eu estava vivendo e pediu permissão para que eu fosse com ela à Igreja Presbiteriana de Montreat naquele domingo de manhã. Quando cheguei lá, o pastor me deu boas-vindas e me encaminhou para um assento junto à família Graham. Havia quase duas fileiras inteiras de bancos da família – acho que todos os tios e primos de Graham estavam lá. O órgão começou a tocar, e o lugar estava cheio, a não ser por um assento perto de mim. Então, as portas se abriram e Ruth Graham entrou. Ela caminhou por aquele corredor e sentou perto do preso 07407-058. Eu estava fora da cadeia havia só 48 horas, mas ela disse ao mundo naquela manhã que Jim Bakker era seu amigo” (“A Reeducação de Jim Bakker”, Christianity Today, 7 de dezembro de 1998, citado em Perfect Illustrations For Every Topic and Occasion [Wheaton, Ill.: Tyndale House Publishers, Inc., 2002], p. 182, 
183).


COMENTÁRIO BÍBLICO

I. Gratidão

(Recapitule Nm 15:1-21


Rm 12:1;  -  Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.


2Co 2:15, 16; -  Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos como nos que se perdem. Para com estes, cheiro de morte para morte; para com aqueles, aroma de vida para vida. Quem, porém, é suficiente para estas coisas?


Ef 5:2.)  -  e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave.


Enquanto algumas religiões consideram que o corpo é algo a ser desdenhado ou de que devemos escapar, o cristianismo considera o corpo e todos os aspectos físicos da criação como dons de Deus sobre os quais somos nomeados Seus gerentes (mordomos). As promessas de Deus assumem dimensões físicas: terras, riquezas materiais e saúde física.


Portanto, não devemos nos surpreender de que as expressões humanas de gratidão pelos dons de Deus assumam também dimensões físicas. Os sacrifícios que reconheciam a graça de Deus eram coisas que se podia tocar, cheirar e saborear. As leis quanto às ofertas de ações de graças continham oculta uma promessa de prosperidade e sucesso futuro. Mesmo que em suas caminhadas pelo deserto eles não tivessem pronto acesso a óleo, farinha e suco de uva, que representavam a produtividade de uma população estabelecida, viria o tempo em que Deus cumpriria Suas promessas, apesar da deslealdade deles.


Pense nisto: Quando ouvimos uma apelo para a oferta, somos tentados a pensar: Ah! Já vêm eles querendo meu dinheiro? Como nossa atitude mudaria se reconhecêssemos que a saúde física e as riquezas materiais são dons imerecidos confiados a nós por um Deus que perdoa misericordiosamente nossa deslealdade?


II. O estrangeiro dentro de suas portas

(Recapitule Nm 15:14-161Rs 8:41-43Is 56:1-8Lc 10:25-37Gl 3:26-29Ef 2:11-18Cl 3:11.)


Quando o coração humano reconhece a profundidade da misericórdia de Deus e aceita o perdão que Ele oferece livremente, a resposta imediata é agradecer a Deus por tudo o que Ele fez. A parte seguinte de nossa resposta à graça envolve nossos semelhantes. Se Deus nos perdoou – e até mesmo o “menor” pecado é digno de condenação eterna – que direito temos nós de nos elevar acima de nossos semelhantes? Podemos fazer isso corretamente com base na cor da pele, extensão das posses materiais, língua, conexões familiares ou alguma outra característica superficial? Não é verdade que eu estou naturalmente mais perto de uma pessoa com um tom de pele contrastante que compartilha meu compromisso com Jesus de que estou de alguém com tom de pele idêntico ao meu mas que rejeita o Senhor?


Então, a base fundamental para aceitar os outros é que todos estamos igualmente relacionados com Deus; mas também existe um propósito evangelístico. O mundo equipara desempenho e status com aceitação. Na economia baseada no pecado, desenvolvida por Satanás, essa visão equivocada foi responsável por dor desnecessária e problemas psicológicos que são resultado de exclusão.
O evangelho oferece inclusão a todos os que vierem, não importando seu desempenho passado ou status mundano. Em Cristo, todos são alguém!


Pense nisto: Que passos da vida real posso dar para praticar a aceitação daqueles que não são como eu, até mesmo daqueles que me ofenderam?


III. Pecados de ignorância, pecados de desafio

Nm 15:22-36; -  Quando errardes e não cumprirdes todos estes mandamentos que o SENHOR falou a Moisés, sim, tudo quanto o SENHOR vos tem mandado por Moisés, desde o dia em que o SENHOR ordenou e daí em diante, nas vossas gerações, será que, quando se fizer alguma coisa por ignorância e for encoberta aos olhos da congregação, toda a congregação oferecerá um novilho, para holocausto de aroma agradável ao SENHOR, com a sua oferta de manjares e libação, segundo o rito, e um bode, para oferta pelo pecado. O sacerdote fará expiação por toda a congregação dos filhos de Israel, e lhes será perdoado, porquanto foi erro, e trouxeram a sua oferta, oferta queimada ao SENHOR, e a sua oferta pelo pecado perante o SENHOR, por causa do seu erro. Será, pois, perdoado a toda a congregação dos filhos de Israel e mais ao estrangeiro que habita no meio deles, pois no erro foi envolvido todo o povo. Se alguma pessoa pecar por ignorância, apresentará uma cabra de um ano como oferta pelo pecado. O sacerdote fará expiação pela pessoa que errou, quando pecar por ignorância perante o SENHOR, fazendo expiação por ela, e lhe será perdoado. Para o natural dos filhos de Israel e para o estrangeiro que no meio deles habita, tereis a mesma lei para aquele que isso fizer por ignorância. Mas a pessoa que fizer alguma coisa atrevidamente, quer seja dos naturais quer dos estrangeiros, injuria ao SENHOR; tal pessoa será eliminada do meio do seu povo, pois desprezou a palavra do SENHOR e violou o seu mandamento; será eliminada essa pessoa, e a sua iniqüidade será sobre ela. Estando, pois, os filhos de Israel no deserto, acharam um homem apanhando lenha no dia de sábado. Os que o acharam apanhando lenha o trouxeram a Moisés, e a Arão, e a toda a congregação. Meteram-no em guarda, porquanto ainda não estava declarado o que se lhe devia fazer. Então, disse o SENHOR a Moisés: Tal homem será morto; toda a congregação o apedrejará fora do arraial. Levou-o, pois, toda a congregação para fora do arraial, e o apedrejaram; e ele morreu, como o SENHOR ordenara a Moisés.


Lc 12:42-48.-  Disse o Senhor: Quem é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor confiará os seus conservos para dar-lhes o sustento a seu tempo? Bem-aventurado aquele servo a quem seu senhor, quando vier, achar fazendo assim. Verdadeiramente, vos digo que lhe confiará todos os seus bens. Mas, se aquele servo disser consigo mesmo: Meu senhor tarda em vir, e passar a espancar os criados e as criadas, a comer, a beber e a embriagar-se, virá o senhor daquele servo, em dia em que não o espera e em hora que não sabe, e castigá-lo-á, lançando-lhe a sorte com os infiéis. Aquele servo, porém, que conheceu a vontade de seu senhor e não se aprontou, nem fez segundo a sua vontade será punido com muitos açoites. Aquele, porém, que não soube a vontade do seu senhor e fez coisas dignas de reprovação levará poucos açoites. Mas àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão. 


Nestes textos, como mostra Números 15:22-36 Deus estabelece um princípio de lei que se reflete nas leis das nações modernas ainda hoje. Para se estabelecer o grau de culpabilidade de alguém, são considerados os motivos e a atitude.


Jesus expôs o mesmo princípio na parábola dos servos, registrada em Lucas 12. Por exemplo, se uma pessoa distraída atropela e mata outra pessoa, é condenada por homicídio culposo. Mas se o acusador puder demonstrar que o motorista atropelou intencionalmente o falecido, o motorista será culpado de homicídio doloso. Note que, em ambos os casos, foi cometido um crime. No entanto, o castigo, no segundo caso, será maior que no primeiro. O pecado, intencional ou não, sempre exige expiação, mas ai daquela pessoa que se opõe arrogante e desafiadoramente a Deus.


Pense nisto: Quando chegam as contas do pecado, não é só o pecador que é cobrado, mas a família e os amigos também são. Como isso nos deve afetar quando somos confrontados com a tentação?


Apesar de nossas melhores intenções, todos pecaram e perderam a glória de Deus, Seu ideal para Seus filhos. A Bíblia está cheia de histórias de pessoas que tiveram batalhas com a tentação e perderam (Rm 7:14-25).


Atividade: Na Bíblia, Deus usou ilustrações muito simples do mundo físico para ensinar conceitos e princípios espirituais. Esses são comuns em certos livros, como Jeremias, Ezequiel e Zacarias. Jesus fez uso extensivo do mundo físico para explicar o reino espiritual. Por exemplo: Ele poderia ter falado, apenas, e curado o cego, mas Ele fez uma massa de barro e a aplicou sobre os olhos do homem. Deus sabe que existe uma dimensão da personalidade humana que entende e sente melhor o reino espiritual quando são usados elementos do mundo físico para ensinar conceitos espirituais, por mais simples que sejam as ilustrações.


Entregue uma folha de papel sulfite a cada um dos seus alunos. Sugira que todos imitem o que vai fazer. Explique que Deus nos criou perfeitos e quer que sejamos felizes. Agite o papel ao ar e convide a classe a celebrar, fazendo as folhas “cantarem” porque a vida cristã é feliz. Mas o pecado macula nossa vida. Vagarosamente, amasse seu papel, fazendo dele uma bola, enquanto menciona diversos exemplos da destruição que o pecado provoca (vícios, pecado sexual, mentira, orgulho, etc.). Mas Jesus Cristo nos renova. Ele pode perdoar os pecados. Desamasse agora a folha, tentando restaurá-la ao estado original. Deus renova e transforma nossa vida, que deixa de ser uma massa disforme e é renovada em Cristo. Agite agora a folha de papel. Perceba que, embora recuperada, a folha não mais “canta”. O pecado deixa em nós suas cicatrizes. Pergunte à classe se existe algum pecado que Deus não pode perdoar. Se Deus pode curar ou reformar nossa vida depois que a arruinamos com más escolhas, por que ficam cicatrizes? Essas só deixarão de existir na glorificação.


Esta tarefa pode ser a mais difícil do trimestre, pois exige sacrifício pessoal. É simples, no sentido de que todos podem entendê-la. É desafiadora porque é muito real. O desafio é escolher uma ação pela qual cada membro da classe possa compartilhar com outra pessoa a misericórdia que Deus lhe mostrou nesta semana. Aqui estão algumas sugestões:


(1) Procure alguém que o ofendeu, e ofereça-lhe o mesmo perdão que Deus estendeu a você.

(2) Visite alguém que se afastou da igreja ou esteja passando por fraquezas na fé, e encoraje essa pessoa, contando como a graça de Deus o ajudou a vencer suas fraquezas.


(3) Se você tiver ofendido alguém, peça-lhe perdão.






sexta-feira, 30 de outubro de 2009

O povo de Deus, indo das murmurações à apostasia





“Façam tudo sem queixas nem discussões, para que venham a tornar-se puros e irrepreensíveis, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração corrompida e depravada, na qual vocês brilham como estrelas no Universo” (Filipenses 2:14, 15, NVI).



Leituras da semana: Números 11–14


Quando a coluna de nuvem se erguia do tabernáculo no Sinai, e os sacerdotes se adiantavam com a arca, Moisés proclamava: “Levanta-Te, Senhor, e dissipados sejam os Teus inimigos, e fujam diante de Ti os que Te odeiam” (Nm 10:35). Era como um grito de vitória, e as vastas hostes de Israel davam início à jornada com bom humor. Afinal, eles estavam a caminho da Terra Prometida!


Imagine como deve ter sido ter essa presença visível de Deus em seu meio! Pode-se pensar que tendo algo tão claro e evidente, os israelitas obedecessem tão prontamente e de boa-vontade ao Seu comando que viajassem em direção ao cumprimento da promessa feita a seus pais muito tempo atrás.


Evidentemente, não é assim que costuma funcionar, mesmo com o povo de Deus. Nesta semana, vamos focalizar um erro depois do outro, uma expressão de dúvida, descrença e ingratidão depois da outra. Ao estudar, tenhamos em mente que podemos encontrar paralelos em nossos dias, enquanto aguardamos o cumprimento de uma promessa muito maior (Hb 11:40)  -  por haver Deus provido coisa superior a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados. 






O pecado da ingratidão




1. Leia Números 11 e responda às seguintes perguntas:


a. O que esse incidente nos diz sobre a importância de guardar na lembrança a guia do Senhor no passado?

b. Como devemos entender a reação do Senhor?


c. O que podemos aprender desse relato sobre a importância de controlar o apetite?



Literalmente, o hebraico descreve essas pessoas descontentes como “murmuradores do mal”. Só podemos imaginar de que “males” eles reclamavam. Talvez sentissem que Deus guiara a nação para uma armadilha de morte no deserto – e não para a Terra Prometida que manava “leite e mel”. Depois de todos os milagres que eles haviam testemunhado no Egito, e a travessia do Mar Vermelho, sua murmuração representava rebeldia. A influência deles pode ter sido contagiante e destrutiva para a jovem nação. E o fogo do Senhor “consumiu extremidades do arraial” (v. 1). Só a intercessão de Moisés fez cessar o fogo.


O povo realmente não tinha nenhum motivo verdadeiro para reclamar de sua alimentação. O maná podia ser preparado de diversas maneiras: assado, cozido, moído ou refogado 


(Êx 16:23;  -  Respondeu-lhes ele: Isto é o que disse o SENHOR: Amanhã é repouso, o santo sábado do SENHOR; o que quiserdes cozer no forno, cozei-o, e o que quiserdes cozer em água, cozei-o em água; e tudo o que sobrar separai, guardando para a manhã seguinte.


Nm 11:8)  -  Espalhava-se o povo, e o colhia, e em moinhos o moía ou num gral o pisava, e em panelas o cozia, e dele fazia bolos; o seu sabor era como o de bolos amassados com azeite. 


Certamente, o Deus que criou tantas maravilhas saborosas para todos os seres humanos não iria fazer com que Seu povo da aliança comesse algo de mau paladar. Além disso, eles tinham leite de cabras, ovelhas e vacas. Com esse material, eles também faziam “coalhada” (Dt 32:14)  - coalhada de vacas e leite de ovelhas, com a gordura dos cordeiros, dos carneiros que pastam em Basã e dos bodes, com o mais escolhido trigo; e bebeste o sangue das uvas, o mosto. 


Quanto aos alimentos cárneos, as várias ofertas votivas dos sacrifícios pacíficos, ofertas de gratidão e ofertas voluntárias – todas se encerravam com uma refeição comunitária em que o sacerdote, o ofertante, sua família e servos e levitas convidados participavam do sacrifício. Sem dúvida, eles não iam passar fome.




Existe uma declaração que diz: “Cuidado com o que você pede em oração; você pode recebê-lo”. O que significa isso, e o que podemos aprender para nós mesmos?








Pressões na liderança e conflito familiar







Pressões na liderança


Quando, tão cedo, Israel voltou à idolatria e adoração ao bezerro de ouro, Moisés implorou que Deus os perdoasse, mas, “se não”, ele orou, “risca-me, peço-Te, do livro que escreveste” (Êx 32:32).


2. Mais tarde, quando Moisés ouviu e viu o povo “chorando” à porta de suas tendas e clamando “quem nos dará carne a comer?” (Nm 11:4), como ele reagiu? Por que a atitude de Moisés não se justificava? Onde vemos a humanidade imperfeita desse grande homem de Deus? 


Nm. 11:10-15  -   Então, Moisés ouviu chorar o povo por famílias, cada um à porta de sua tenda; e a ira do SENHOR grandemente se acendeu, e pareceu mal aos olhos de Moisés. Disse Moisés ao SENHOR: Por que fizeste mal a teu servo, e por que não achei favor aos teus olhos, visto que puseste sobre mim a carga de todo este povo? Concebi eu, porventura, todo este povo? Dei-o eu à luz, para que me digas: Leva-o ao teu colo, como a ama leva a criança que mama, à terra que, sob juramento, prometeste a seus pais? Donde teria eu carne para dar a todo este povo? Pois chora diante de mim, dizendo: Dá-nos carne que possamos comer. Eu sozinho não posso levar todo este povo, pois me é pesado demais. Se assim me tratas, mata-me de uma vez, eu te peço, se tenho achado favor aos teus olhos; e não me deixes ver a minha miséria. 


3. Em que outra ocasião a humanidade de Moisés se manifestou? 


Nm 11:21-23  -  Respondeu Moisés: Seiscentos mil homens de pé é este povo no meio do qual estou; e tu disseste: Dar-lhes-ei carne, e a comerão um mês inteiro. Matar-se-ão para eles rebanhos de ovelhas e de gado que lhes bastem? Ou se ajuntarão para eles todos os peixes do mar que lhes bastem? Porém o SENHOR respondeu a Moisés: Ter-se-ia encurtado a mão do SENHOR? Agora mesmo, verás se se cumprirá ou não a minha palavra! 


Apesar dos erros de Moisés e de sua falta de confiança, o Senhor o ajudou aliviar o fardo sob o qual Moisés se sentia, e isso foi feito pela nomeação de setenta anciãos para ajudar Moisés em seu trabalho (v. 16, 17). A experiência dos setenta foi semelhante à descida do Espírito sobre os discípulos de Cristo no Pentecostes, com a diferença de que eles “profetizavam”. Assim, eles foram honrados por Deus diante de todo o povo.


“Eles nunca teriam sido escolhidos caso Moisés houvesse manifestado uma fé que correspondesse às provas que tivera do poder e bondade de Deus. Mas ele exagerara seus encargos e trabalhos, quase perdendo de vista que era apenas o instrumento pelo qual Deus operara. Não tinha desculpa, por condescender, por pouco que fosse, com o espírito de murmuração, que era a maldição de Israel” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 380).


Leia cuidadosamente Números 11:20.  -  mas um mês inteiro, até vos sair pelos narizes, até que vos enfastieis dela, porquanto rejeitastes o SENHOR, que está no meio de vós, e chorastes diante dele, dizendo: Por que saímos do Egito? 


Os israelitas rejeitaram o Senhor, que estava entre eles. Portanto, para alguém rejeitar o Senhor não é necessário que haja apostasia completa, negação da existência de Deus nem ter o nome removido dos livros da igreja. O que podemos aprender deste incidente sobre como é fácil enganar a nós mesmos a respeito de nossa relação para com Deus?





Conflito familiar


A esposa de Moisés, Zípora, e seus dois filhos ficaram com o pai dela, “o sacerdote de Midiã”, durante as pragas no Egito. Depois que Israel se estabeleceu no Sinai, Jetro levou Zípora e seus filhos a Moisés. Zípora notou que o marido parecia muito cansado e informou isso a Jetro, que passou a examinar mais detidamente o método de administração de Moisés e sugeriu uma reorganização, nomeando chefes de milhares, de centenas, de cinquenta e de dezenas. O sogro sugeriu que eles julgassem as questões menores , e Moisés levaria a Deus os casos maiores. Moisés concordou, e esses escolheram “homens capazes”, que “julgaram o povo em todo tempo” (Êx 18:13-26). Pouco depois, essa iniciativa de Moisés despertou ciúmes e inveja em Miriã e Arão.


4. Que características humanas detestáveis foram reveladas por Miriã e Arão? Como o pecado deles entrou em contraste com a atitude e o caráter de Moisés? O que essa história vergonhosa nos diz sobre a maneira de Deus ver as atitudes más reveladas por essas pessoas?  Nm 12


A expressão falaram (v. 1) ou começaram a criticar (NVI) está no singular feminino, indicando que foi Miriã que iniciou a acusação contida nos versos seguintes. Ela era movida por ciúmes de Zípora e a culpava por influenciar Moisés a nomear os juízes sugeridos por Jetro. Ela chamou Zípora de cuxita, provavelmente porque ela tivesse pele escura. 


Realmente, Zípora era midianita, descendente de Abraão através do filho de Quetura, Midiã, e adoradora do mesmo Deus verdadeiro. A zombaria pode ter sido provocada pelo fato de que algumas das tribos dos cuxitas viviam entre os midianitas no território oriental do Sinai e leste do Golfo de Ácaba, na Arábia. Ela pode ter sido chamada de qualquer das formas. Em alguns países, ainda hoje, um descendente de um povo, habitando em outra nação. pode ser chamado tanto por uma nacionalidade como por outra. O mais provável é que o termo tenha sido usado de maneira difamatória.


Apesar das poderosas manifestações do poder de Deus entre eles, esses dois indivíduos fiéis mostraram algumas atitudes muito ruins. Examine seu próprio coração: Que más atitudes precisam ser eliminadas de você antes que o levem à ruína espiritual?






quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Na fronteira da terra prometida







Provavelmente, transcorresse o mês de setembro; os vinhedos estavam amadurecendo e a segunda colheita de figos havia completado o amadurecimento. A migração dos israelitas havia levado apenas cerca de onze dias para chegar a Cades-Barneia, próxima à fronteira sul de Canaã. Só podemos imaginar as tremendas ondas de alegria e felicidade que atravessavam a imensa multidão quando se aproximava do objeto de seus sonhos.



5. Que erro o povo cometeu nessa ocasião? 


Dt 1:19-23   -   Então, partimos de Horebe e caminhamos por todo aquele grande e terrível deserto que vistes, pelo caminho da região montanhosa dos amorreus, como o SENHOR, nosso Deus, nos ordenara; e chegamos a Cades-Barnéia. Então, eu vos disse: tendes chegado à região montanhosa dos amorreus, que o SENHOR, nosso Deus, nos dá. Eis que o SENHOR, teu Deus, te colocou esta terra diante de ti. Sobe, possui-a, como te falou o SENHOR, Deus de teus pais: Não temas e não te assustes. Então, todos vós vos chegastes a mim e dissestes: Mandemos homens adiante de nós, para que nos espiem a terra e nos digam por que caminho devemos subir e a que cidades devemos ir. Isto me pareceu bem; de maneira que tomei, dentre vós, doze homens, de cada tribo um homem. 


6. Leia Números 13 e responda às perguntas a seguir:


Núm. 13  -  Disse o SENHOR a Moisés: Envia homens que espiem a terra de Canaã, que eu hei de dar aos filhos de Israel; de cada tribo de seus pais enviareis um homem, sendo cada qual príncipe entre eles. Enviou-os Moisés do deserto de Parã, segundo o mandado do SENHOR; todos aqueles homens eram cabeças dos filhos de Israel. São estes os seus nomes: da tribo de Rúben, Samua, filho de Zacur; da tribo de Simeão, Safate, filho de Hori; da tribo de Judá, Calebe, filho de Jefoné; da tribo de Issacar, Jigeal, filho de José; da tribo de Efraim, Oséias, filho de Num; da tribo de Benjamim, Palti, filho de Rafu; da tribo de Zebulom, Gadiel, filho de Sodi; da tribo de José, pela tribo de Manassés, Gadi, filho de Susi; da tribo de Dã, Amiel, filho de Gemali; da tribo de Aser, Setur, filho de Micael; da tribo de Naftali, Nabi, filho de Vofsi; da tribo de Gade, Geuel, filho de Maqui. São estes os nomes dos homens que Moisés enviou a espiar aquela terra; e a Oséias, filho de Num, Moisés chamou Josué. Enviou-os, pois, Moisés a espiar a terra de Canaã; e disse-lhes: Subi ao Neguebe e penetrai nas montanhas. Vede a terra, que tal é, e o povo que nela habita, se é forte ou fraco, se poucos ou muitos. E qual é a terra em que habita, se boa ou má; e que tais são as cidades em que habita, se em arraiais, se em fortalezas. Também qual é a terra, se fértil ou estéril, se nela há matas ou não. Tende ânimo e trazei do fruto da terra. Eram aqueles dias os dias das primícias das uvas. Assim, subiram e espiaram a terra desde o deserto de Zim até Reobe, à entrada de Hamate. E subiram pelo Neguebe e vieram até Hebrom; estavam ali Aimã, Sesai e Talmai, filhos de Anaque (Hebrom foi edificada sete anos antes de Zoã, no Egito). Depois, vieram até ao vale de Escol e dali cortaram um ramo de vide com um cacho de uvas, o qual trouxeram dois homens numa vara, como também romãs e figos. Esse lugar se chamou o vale de Escol, por causa do cacho que ali cortaram os filhos de Israel. Ao cabo de quarenta dias, voltaram de espiar a terra, caminharam e vieram a Moisés, e a Arão, e a toda a congregação dos filhos de Israel no deserto de Parã, a Cades; deram-lhes conta, a eles e a toda a congregação, e mostraram-lhes o fruto da terra. Relataram a Moisés e disseram: Fomos à terra a que nos enviaste; e, verdadeiramente, mana leite e mel; este é o fruto dela. O povo, porém, que habita nessa terra é poderoso, e as cidades, mui grandes e fortificadas; também vimos ali os filhos de Anaque. Os amalequitas habitam na terra do Neguebe; os heteus, os jebuseus e os amorreus habitam na montanha; os cananeus habitam ao pé do mar e pela ribeira do Jordão. Então, Calebe fez calar o povo perante Moisés e disse: Eia! Subamos e possuamos a terra, porque, certamente, prevaleceremos contra ela. Porém os homens que com ele tinham subido disseram: Não poderemos subir contra aquele povo, porque é mais forte do que nós. E, diante dos filhos de Israel, infamaram a terra que haviam espiado, dizendo: A terra pelo meio da qual passamos a espiar é terra que devora os seus moradores; e todo o povo que vimos nela são homens de grande estatura. Também vimos ali gigantes (os filhos de Anaque são descendentes de gigantes), e éramos, aos nossos próprios olhos, como gafanhotos e assim também o éramos aos seus olhos.


a. Embora o Senhor houvesse concordado em deixar que eles enviassem espias, por que esse não era o ideal? Qual foi o fruto dessa decisão?

b. Qual foi a reação da maioria dos espias, mesmo depois das poderosas manifestações do poder divino?



Como sempre acontece, existem problemas com todas as coisas neste mundo pecaminoso, mesmo quando Deus nos guia. É evidente que Deus sabia que aqueles pagãos estavam lá. Os hebreus não pensaram que Deus podia ter cuidado da situação para eles? Afinal, veja o que Ele fizera aos egípcios!


Mas, esquecendo o poder e as promessas de Deus, eles viram os obstáculos à sua frente e, apesar dos apelos de Calebe e Josué, os outros espias encheram os ouvidos dos israelitas com palavras negativas.






terça-feira, 27 de outubro de 2009

De volta para o Egito



7. Leia Números 14. Qual é a lição espiritual mais poderosa e importante que você pode tirar dessa história? Você sempre faz o mesmo?

Num. 14:3-4 - "E por que nos traz o SENHOR a esta terra, para cairmos à espada e para que nossas mulheres e nossas crianças sejam por presa? Não nos seria melhor voltarmos para o Egito? E diziam uns aos outros: Levantemos um capitão e voltemos para o Egito."


Entre todas as coisas horríveis que eles disseram, talvez a pior tenha sido que eles quiseram escolher um capitão para voltar para o Egito (v. 3, 4). Quando consideramos que o Egito simbolizava a escravidão do pecado, da morte, da alienação de Deus, agir como agiram, depois da libertação tão incrível, foi indesculpável.


“Os espias infiéis denunciavam em alta voz Calebe e Josué, e levantou-se o clamor para os apedrejar. A turba insana pegou pedras para matar aqueles homens fiéis. Avançaram com uivos de furor, quando subitamente as pedras lhes caíram das mãos, tombou sobre eles um silêncio, e tremeram de medo. Deus interviera para impedir seu desígnio assassino. A glória de Sua presença, como uma luz chamejante, iluminou o tabernáculo. ... E ninguém ousou prosseguir com a resistência” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 390).

8. Como vemos revelada a misericórdia e graça de Deus com esse povo que se rebelou abertamente contra Ele?


Veja a reação deles ao castigo que receberam. De certo modo, tendo rejeitado o que Deus teria feito por eles, decidiram tentar fazê-lo por si mesmos, o que, é claro, resultou em desastre. Se eles tão-somente houvessem confiado em Deus, que já havia feito tanto por eles, o desastre poderia ter sido evitado. Mas o mais triste, como é sempre o caso com o pecado, também, é que muitos inocentes – que nada tinham a ver com a rebelião – sofreram pelos pecados de outros.

Aproveite a amizade e conte aos seus amigos que estão assistindo às reuniões o que Deus tem feito por você.
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Estudo adicional


Leia Ellen G. White: Patriarcas e Profetas, p. 374-386: “Do Sinai a Cades”; p. 387-394: “Os Doze Espias”.

“Tendo enveredado por um mau caminho, esses homens se puseram insistentemente contra Calebe e Josué, contra Moisés e contra Deus. Cada passo à frente os tornava mais decididos. Estavam resolvidos a frustrar todo esforço para se apossarem de Canaã. Torciam a verdade a fim de sustentar sua influência nociva. ‘É terra que consome seus moradores’ (Nm 13:32), disseram eles. Essa não era somente uma notícia ruim, mas também mentirosa e incoerente. Os espias tinham declarado que o país era frutífero e próspero, e o povo era de estatura gigantesca, coisas essas que seriam impossíveis se o clima fosse tão insalubre que se pudesse dizer da terra que consumia os habitantes. Mas quando os homens entregam o coração à incredulidade, se colocam sob o domínio de Satanás e ninguém poderá dizer até onde ele os levará” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 389).


Resumo: Os onze dias entre o Sinai e Cades-Barneia, nas fronteiras de Canaã, foram os piores que Israel viveu no deserto. Houve um clamor tão forte contra o maná que Moisés implorou a Deus que lhe permitisse morrer. O desafio de liderança de Miriã e Arão contra Moisés foi outro episódio deprimente. Finalmente, depois do relatório pessimista dos espias, a nação cruzou uma linha que resultou em quarenta anos de peregrinação no deserto.

Extraído de: http://www.cpb.com.br/htdocs/periodicos/licoes/adultos/2009/frlic542009.html

Situação crítica dos israelitas no deserto, das murmurações à apostasia





Queixou-se o povo de sua sorte aos ouvidos do SENHOR; ouvindo-o o SENHOR, acendeu-se-lhe a ira, e fogo do SENHOR ardeu entre eles e consumiu extremidades do arraial.  - Números 11:1


I. Rebelião nas fileiras


A. Deus não só demonstrou Sua presença guia em meios tangíveis, físicos, mas demonstrou Seu desgosto imediata e concretamente. Por que meios Ele respondeu ao espírito de rebelião?

B. Qual foi a diferença da resposta de Moisés às queixas, murmurações e rebeliões?


C. Como Deus e Moisés se comunicaram e interagiram nessas situações? Como Moisés honrou a Deus, e como Deus, por Sua vez, honrou Moisés?




II. Respondendo à rebelião


A. Como você se sentiu quando seus filhos ou empregados responderam a você com rebelião? Como você pode se identificar com Deus e com Moisés enquanto lida com essas atitudes e ações?


B. Houve ocasiões em que você respondeu com rebelião? Como você foi disciplinado e amado nessas situações? Como você aprendeu a confiar na direção de Deus, em lugar de duvidar?

III. Agindo pela fé


Que situações você está enfrentando em que Deus o está chamando a agir pela fé em Suas promessas, em vez de ceder ao temor e à dúvida? O que você pode fazer nesta semana como ato de humilde obediência a esse chamado à fé?
Resumo: Quando enfrentamos problemas e somos tentados a duvidar, Deus nos pede que olhemos a Ele pedindo direção e que passemos a agir com base em Suas promessas.




Nada demonstra mais claramente falta de confiança no futuro que resmungos e queixas.

O hábito de reclamar se origina do medo não resolvido sobre o futuro. Frequentemente, a falta de esperança reflete falta de apreciação pelas bênçãos passadas ou a inclinação egocêntrica de controlar o futuro para benefício pessoal. Em contraste, o texto a seguir mostra que uma pessoa pode vencer mesmo quando está diante de perspectivas desanimadoras. O autor é Joni Eareckson Tada, tetraplégico ferido em um acidente de mergulho. Discuta como é possível enfrentar uma desolação dessas com espírito positivo.



Trecho: “Deprimido e desesperado, eu sabia vaga e nebulosamente que, em algum lugar entre suas capas, a Bíblia provavelmente tivesse respostas para minha situação. ... Logo, Deus trouxe à minha vida um rapaz de dezesseis anos, alto e desengonçado, chamado Steve Estes. ... Embora Steve vacilasse e tropeçasse a respeito de minha inaptidão, fiquei profundamente impressionado com seu desejo de ajudar. E Deus usou as longas horas que ele e eu compartilhamos ao redor de uma Bíblia aberta para erguer meu espírito e mudar meu pensamento. Percebi que não mais precisava lamentar por estar paralítico. Deus tinha razões por trás de minha aflição, e aprender algumas delas fez toda a diferença do mundo. ... Lembrando-me da minha amizade com esse jovem, estou mais convencido que nunca da desesperada necessidade de muitos, como eu, que passam dias sem objetivo, desejando uma vida melhor e esperando por uma chance de remover os ‘obstáculos’ que os estorvam em suas inaptidões. Essas pessoas precisam de conforto e esperança da Palavra de Deus e Seu povo. E a Bíblia deixa claro que nós, a igreja, somos aqueles que podem fornecer o que é necessário” (Joni Eareckson Tada, All God’s Children [Grand Rapids, Michigan: Zondervan Publishing House, 1987], p. 9, 10).


COMENTÁRIO BÍBLICO


I. O pecado da ingratidão

(Recapitule
Nm 11


Fp 2:14, 15;   -  Fazei tudo sem murmurações nem contendas, para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo,


Lc 17:11-17.)   -   De caminho para Jerusalém, passava Jesus pelo meio de Samaria e da Galiléia. Ao entrar numa aldeia, saíram-lhe ao encontro dez leprosos, que ficaram de longe e lhe gritaram, dizendo: Jesus, Mestre, compadece-te de nós! Ao vê-los, disse-lhes Jesus: Ide e mostrai-vos aos sacerdotes. Aconteceu que, indo eles, foram purificados. Um dos dez, vendo que fora curado, voltou, dando glória a Deus em alta voz, e prostrou-se com o rosto em terra aos pés de Jesus, agradecendo-lhe; e este era samaritano. Então, Jesus lhe perguntou: Não eram dez os que foram curados? Onde estão os nove?


A murmuração se originou na periferia do acampamento, e o fogo, castigo divino, foi dirigido contra os queixosos. Deus honrou a intercessão de Moisés. Caso contrário, os resultados poderiam ter sido piores. Tendo em vista que a localização das tribos era precisa, é provável que as primeiras reclamações tenham vindo do “populacho”, ou “bando de estrangeiros” (NVI), não hebreus que se uniram às doze tribos durante o êxodo egípcio. Esses teriam se acampado na periferia do acampamento, visto que não havia lugar designado para eles entre as tribos. A ironia é que esse povo havia vindo com Israel quando viu os milagres que Deus operara no Egito. 


Provavelmente, essas pessoas haviam saído junto com os hebreus como atalho para a prosperidade, ou, pelo menos, proteção contra a adversidade. Porém, não levou mais que poucos dias de desconforto para expor seus motivos superficiais e seu verdadeiro caráter.


Compare esse episódio com a história dos dez leprosos a quem Jesus curou. Por que só um deles retornou para agradecer?


Pense nisto: Como as falsas expectativas nos induzem ao desapontamento e levam às queixas? Como nossos motivos mesclados podem abrir o caminho à murmuração? Em Atos 8, Simão tentou comprar o poder de Deus porque achava que sua posse lhe daria status


Buscamos o poder e a bênção de Deus pelos motivos errados? 


Estamos construindo as esperanças futuras  com base no desempenho da Bolsa de Valores, em nossa casa nova ou na posição social? 


Como é fácil confiar em circunstâncias favoráveis em lugar de um Deus invisível!


 II. Na fronteira e de volta para o Egito

(Recapitule
Nm 1314Dt 1:19-46.)


Os israelitas avançaram para a fronteira da Terra Prometida e se detiveram para uma avaliação da tarefa que os aguardava. Doze exploradores, representando cada tribo, foram enviados para investigar a terra. Desde o Negeve, ao sul, até talvez as montanhas do Líbano, ao norte, os espias foram coletando dados.


Seus dados confirmavam a afirmação do Senhor de que a região era frutífera, mas o relatório da maioria foi corrompido pelo temor dos potenciais obstáculos. Só dois espias lembraram que, pouco antes, Deus os livrara do exército mais poderoso sobre a face da Terra. Dois destacaram a provisão diária de alimento. Dois falaram em fé. No entanto, a maioria venceu, e seu pessimismo condenou uma geração. Eles estavam cativados pela terra, mas pouco dispostos a se comprometer e assumir algum risco. Esse medo foi um bofetão na face de seu Parceiro divino, cuja capacidade estava sendo questionada.


Pense nisto: Como os cristãos de nossos dias podem rumar para o fracasso e desapontamento? 


Queremos os dons de Deus mas recuamos horrorizados de participar dos sofrimentos de Cristo.


Essa atitude revela o mesmo espírito covarde exibido pelos dez espias. Como a história poderia ter sido diferente se eles houvessem esperado o sofrimento, mas seguros de que Deus os guiaria através dessa provação?


Quando os cristãos esperam que a fé traga automaticamente uma vida de fama, prosperidade, saúde e facilidade, isenta de qualquer problema, caminham para o fracasso e desapontamento. 


Leia a parábola cômica a seguir e, então, comente a mensagem que ela traz para nossa vida. 


Descubra o que está por trás


Recruta. Você... é realmente... um agente?
Agente. O próprio. Entendo que você se candidatou para a agência. Você está certo de que é isso que você quer?
Recruta. Ah, sim, certamente. Quero dizer, desde que posso lembrar, James Bond e MacGyver foram meus ídolos. Nunca desejei outra coisa.
Agente. Bem, pode não ser exatamente o que você está esperando.
Recruta. Talvez você possa me dizer o que está envolvido. Qual é sua missão?
Agente. Nossa missão básica é sustentar a causa da liberdade. As informações que transmitimos ajudam a nos opor aos inimigos da liberdade.
Recruta. É isso que eu sou, por dentro e por fora. Estou aí mesmo com você. Eu morreria para conseguir um daqueles sapatos telefones que vocês usam.
Agente. Bem, na verdade, deixamos de usar isso há algumas gerações. Agora, temos chips implantados cirurgicamente em nossos aparelhos auditivo e fonador para transmitir informações.
Recruta. Incrível! Esse negócio é muito melhor do que eu pensava! Quero dizer, em algumas semanas eu serei capaz de superar o MacGyver! Aquele sujeito é tão legal! Acho que vi toda a série duas vezes, e já posso fazer metade de seus truques. Não precisa procurar mais. Creia, sou o homem certo para esse trabalho!
Agente. Bem, esse “negócio”, como você chama, envolve muito mais que isso.
Recruta[Preocupado] O quê, por exemplo?
Agente. Solidão. Às vezes, operamos por anos em território estrangeiro em que ninguém fala nossa língua. Somos estrangeiros em terra estranha onde a cultura da liberdade é desconhecida e, frequentemente, menosprezada.
Recruta. E...?
Agente. E nossa vida está em perigo 24 horas por dia. Nós temos sangue real. Os agentes são ameaçados, espancados e até mortos. Não estou certo de que seja o piquenique que você está procurando.
Recruta. Por que eles não mostram isso no cinema?
Agente. Não é só isso. Às vezes, você não está nem certo de que pode confiar na agência. Existem agentes duplos que estão realmente trabalhando para o inimigo. Eles são os mais perigosos. Você vê, tivemos sujeitos como você antes. Eles veem o brilho, o deslumbramento e a excitação, e até sentem alguma simpatia pela nossa missão; mas vêm pelos motivos errados. Então, descobrem que temos que preencher relatórios, estar longe da família, comer comida fria. Sentem os desconfortos de ser um agente real e reclamam do Diretor e se queixam dos outros agentes que parecem ter tarefas melhores. O passo seguinte, você sabe, é que ou eles saem ou, pior, se tornam agentes duplos.
Recruta. Talvez eu precise pensar um pouco mais.
Agente. Faça isso. Essa é a posição mais compensadora que já tive, e existe excitação e tudo o mais; mas você tem que se unir porque é dedicado à missão. Você tem que estar pronto a sofrer o que nós passamos. A luta pela liberdade é só isso – uma luta; se foi isso o que você decidiu fazer, você nunca se lamentará.
RecrutaObrigado por me mostrar o quadro real.
Agente. Certo. É a única forma pela qual o Diretor permite que a realidade seja mostrada.


Atividade: Faça uma lista de 14 coisas pelas quais você pode agradecer a Deus. Pense cuidadosamente como pode agradecer a Deus o sofrimento (lembre-se de Joni, no início deste estudo), e também os aspectos mais agradáveis de sua vida. Cada manhã e noite, nesta próxima semana, agradeça a Deus uma coisa em sua lista até que haja agradecido cada uma.


Extraído de: http://www.cpb.com.br/htdocs/periodicos/licoes/adultos/2009/frlic542009.html



domingo, 25 de outubro de 2009

Murmurações e apostasia de Israel no deserto







Está na moda reclamar. Reclamamos de produtos com defeito, mau atendimento, serviços decepcionantes, atrasos de entregas, e com razão. Essa é uma atitude esperada quando se quebra uma relação contratual, comercial ou mesmo afetiva. Uma parte se queixa da outra, por não ter cumprido o combinado, ou por não tê-lo feito completamente.


No estudo desta semana, que trata de Números 11–14, notamos que o povo de Israel murmurou (reclamou) intensamente contra Deus no deserto. Todavia, veremos que eram murmurações ilegítimas e mereciam a indignada reação de Deus.


Buscaremos compreender o que estava por trás dessas murmurações, por que elas foram tão graves aos olhos do Senhor e o que os israelitas perderam com isso. Acima de tudo, veremos a importância de um senso de gratidão e confiança na direção divina, mesmo em meio aos nossos desertos pessoais.


O pecado da ingratidão


“Queixou-se o povo” – é assim que começa o capítulo 11 de Números. No texto não está expressa a razão específica da reclamação; queixavam-se de sua “sorte” (ARA), de “suas dificuldades” (NVI).1
Logicamente, o deserto não era um ambiente recomendável para se fincar uma tenda. Todavia, o Libertador da nação não prometeu um teletransporte para Canaã. Era necessário que chegassem lá pelas próprias pernas. E o Senhor usou essa jornada como um “processo de disciplina”2, uma aprendizagem de virtudes celestiais e esquecimento dos costumes egípcios. Na caminhada, eles precisavam exercer fé e um senso de dependência de Deus que um oásis não lhes permitiria.


Contudo, como vimos nos capítulos anteriores de Números, Deus estava mais do que presente entre o povo. Qualquer reclamação sobre alguma ameaça à integridade física da nação seria completamente infundada, pois não lhes faltava alimento, água ou saúde. A vida não era fácil na areia quente, mas não era e nem é impossível, tanto que os beduínos se adaptam bem ao deserto até hoje, constituindo cerca 10% da população do Oriente Médio.3 Além disso, a jornada era suavizada pelo cuidado divino.


Em vez de se alegrarem com a Providência que os libertara e sustentava, deram lugar ao descontentamento. Poderiam raciocinar que a travessia seria passageira: segundo o plano divino, em poucos dias, já adentrariam a Terra Prometida. Qualquer sacrifício seria grandemente recompensado pouco depois. Contudo, muitos se entregaram à insatisfação e ao desânimo.


A reação divina foi imediata e letal. Fogo irrompeu nas “extremidades do acampamento” (NVI) – um fogo que não tinha o que queimar no deserto, a não ser as murmurações injustas, ingratas e irracionais. Era um fogo justo4, visto que:


a) Não era a primeira vez que os israelitas murmuravam (Nm 14:22). Já o haviam feito desde a travessia do Mar Vermelho, mas Deus os havia tolerado por Sua misericórdia e porque Se compadeceu de sua “ignorância e cegueira”;


b) Uma aliança havia sido feita com eles no Sinai. Deus era oficialmente o Rei da nação, e as murmurações constituíam um ato de rebelião contra Ele;


c) Essa rebelião consciente deveria ser punida com severidade, “para que Israel fosse preservado da anarquia e ruína”.


O fogo surgiu onde as murmurações provavelmente começaram: pelas extremidades, onde os “estrangeiros”5 habitavam.6  O povo “clamou a Moisés”, que orou a Deus e o fogo se apagou. O lugar foi chamado de Taberá, “lugar de fogo”7, nome que provém de um verbo hebraico que significa “queimar”, “consumir”, “exterminar”.8


Logo em seguida, os estrangeiros tornaram ao murmúrio, que se espalhou entre os próprios israelitas. Passaram a chorar de saudades das carnes, peixes, pepinos, melancias, “alhos porós” (NVI) [ou cebolas (BJ )] e dos alhos que comiam no Egito (Nm 11:5). 


Faziam-no “em particular, em suas tendas, e também publicamente, ocupados em seus trabalhos e atividades diárias”.9 Ou seja, seu passado de escravidão lhes parecia melhor do que a presente liberdade no deserto, contanto que o estômago estivesse cheio. Como Esaú, trocavam sua herança pela comida (Gn 25:34). Ao mesmo tempo, desprezaram o maná, alimento que não provia um banquete, mas também não tinha gosto ruim. O maná era um alimento versátil e saboroso (Nm 11:7-9; Êx 16:23). Além disso, também se alimentavam de produtos de origem animal (Dt 32:14).


É evidente que os israelitas não reclamavam de uma carência real ou justificável. Parodiando, Deus lhes oferecia um guarda-Sol no deserto, mas eles queriam ar condicionado. Sua murmuração provinha de caprichos e paixões descontroladas. Assim como a deles, nossa disposição moral para o bem é fraca (Mt 26:36), fazemos orações egoístas10 (Tg 4:3) e facilmente cedemos ao desânimo, que se materializa em reclamações injustas contra Deus, a igreja e seus líderes. Lembremos também de que a influência má de uns poucos pode contaminar um grande grupo. Por isso, devemos cultivar o hábito de agir corretamente por nós mesmos.


Precisamos ter consciência de que atravessamos um deserto passageiro, e que nossas lutas são recursos que podemos aproveitar para nosso crescimento na graça. Em meio ao nosso deserto, devemos cultivar o sentimento de gratidão a Deus por Sua providência nas pequenas e grandes coisas.


Pressões na liderança


A ira divina se acendeu “grandemente” contra os israelitas, e Moisés passou a reprovar... a Deus! (Nm 11:10). Apesar de ser homem humilde na maior parte do tempo (Nm 12:3), sua impaciência aflorou, e ele passou a questionar o Senhor e a reclamar do peso da liderança (v. 11-14); chegou a pedir a morte! (v. 15). Isso demonstra que até os mais consagrados servos de Deus no passado tiveram suas falhas.


De certa forma, o relato da impaciência de Moisés é um consolo para cristãos atribulados pela culpa. Não podemos nos cobrar impecabilidade (1Jo 1; 10). Porém, isso não justifica o erro. Momentos negativos como esse devem ser exceção na vida cristã. O relato também é uma evidência de quanto sofrimento desnecessário o povo de Deus causa aos seus líderes, o que torna o trato com os membros da igreja, em “muitos” casos, “insuportável”.11


Yahweh passou por alto o desabafo de Moisés: ordenou a escolha de 70 anciãos para dividirem com ele as responsabilidades pelo povo. Para desempenhar a tarefa e como sinal de que haviam recebido autoridade, começaram a profetizar, o que “pode significar levantar a voz em louvores”.12

Em seguida, com justa indignação nas palavras, Deus ordenou que o povo se preparasse para comer carne “não um dia, nem dois... nem ainda vinte, mas um mês inteiro”, até que saísse pelo nariz! (v. 19 e 20).
Novamente atrevido, Moisés questionou a capacidade divina de realizar tal milagre (v. 21), e Deus o desafiou a ver que Sua palavra se cumpriria (Nm 11:23). Ele fez soprar um vento que “trouxe as codornizes do mar” (v. 31a). As codornizes euro-asiáticas são animais de 20 cm a 25 cm de comprimento, e pertencem à família dos faisões e perdizes. São voadoras, e fazem grandes migrações.13

Moisés se havia esquecido de que Deus já tinha feito esse milagre (Êx 16:13; Sl 105:40) e que poderia repeti-lo com maior intensidade: “As aves se espalhavam pelo arraial quase caminho de um dia sobre a terra” (v. 31b). Segundo Gleason Archer, a expressão “fez passar” indica que “o vento forçou” as aves a passarem por uma altura suficiente (cerca de um metro) para que os israelitas pudessem capturá-las14. Árabes capturavam codornizes dessa maneira no início do século XX.15 Champlin afirma que muitas delas, devido ao cansaço da migração e da luta contra o vento, poderiam até ter caído no chão.16


O povo recolheu codornizes por um dia e meio (v. 32), cerca de dez ômeres por pessoa (algo entre 1,9 mil e 2,2 mil quilos).17 Mal começaram a comer, uma “praga terrível” os atingiu (v. 33). A violenta reação divina pode ter pelo menos duas explicações: 


a primeira, que parece forçar o texto, proposta por Samuel Schultz – os israelitas se adiantaram e comeram as codornizes sem as cozinharem18; 


a segunda, que não exclui totalmente a primeira, é mais coerente – os israelitas pecaram especialmente por “desejarem a comida dos egípcios” (v. 34), porque cobiçaram as coisas más (1Co 10:6) e por duvidarem do poder divino (Sl 78:19-21). O nome do local da praga, Quibrote Taavá, “tumbas de concupiscência” 19, parece confirmar a segunda explicação.


Conflito familiar


Assim como o capítulo anterior, Números 12 começa com murmurações, não do povo, mas de duas das pessoas mais próximas a Moisés: seus irmãos Arão e Miriã. O cansado líder foi pego de surpresa. Ambos “eram favorecidos com o dom de profecia e, por determinação divina, tinham estado ligados a Moisés no livramento dos hebreus.”20 


Abaixo de Moisés, Arão e Miriã eram os representantes de Deus (Mq 6:4). Arão, três anos mais velho que Moisés (Êx 7:7), foi escolhido por Deus para ser seu porta-voz nas comunicações com o faraó e com o povo (Êx 10:8, 16; 16:10); mais tarde, foi escolhido como chefe de uma dinastia sacerdotal (Êx 28:1). Além de tudo, Arão sabia o que era suportar a murmuração (Êx 16:2), mas agora fazia o mesmo contra seu irmão.


Miriã havia desempenhado um papel chave em favor de Moisés, protegendo-o quando bebê (Êx 2:4); também era “abundantemente dotada de dons de profecia e música”, tinha “força de caráter” e, “nas afeições do povo e nas honras do Céu, ela estava apenas abaixo de Moisés e Arão”. No entanto, o mesmo pecado que provocou desentendimento no Céu era alimentado em seu coração.21


O texto indica que Miriã iniciara a murmuração, acusando Moisés por ter se casado com uma “cusita” (pertencente à linhagem de Cuxe, neto de Noé – Gn 10:6, origem associada à Etiópia22). Ou seja, Miriã acusava Moisés de ser casado com uma não israelita, o que comprometia sua autoridade. No entanto, os laços de Zípora, a esposa de Moisés, com o verdadeiro Deus eram inegáveis. Ela era uma descendente de Midiã, filho de Abraão com Quetura (Gn 25:1-4). Seu pai, Jetro, era “sacerdote” de Deus (Êx 3:1; 18:1, 12). De forma nenhuma era uma estranha à adoração do Senhor.


Na verdade, o que estava por trás da acusação de Miriã e Arão era que as últimas decisões estavam sendo tomadas sem sua consulta – a escolha dos 70 anciãos, por exemplo. Alegaram que o Senhor também falava por meio deles, indicando que tinham direito de questionar Moisés (Nm 12:2). A acusação referente à esposa de Moisés era apenas uma “cortina de fumaça”23 por trás da qual se escondiam ciúmes e o desejo de supremacia.


Apesar de ter sido usada por Deus em momentos anteriores, Miriã cometeu um gravíssimo erro e influenciou negativamente a Arão. Moisés se calou, pois era “manso” (ARA).24 Deus “ouviu” essas murmurações e chamou os três irmãos para fora da “tenda da congregação”. Ali, vindicou a liderança de Moisés, afirmando que, com ele, a comunicação era “boca a boca” (ARA), “face a face” (NVI) e os questionou por terem se atrevido a criticá-lo (Nm 12:8).


Logo, ambos perceberam a gravidade de seu erro: Miriã ficou coberta de “lepra” (poderia ser qualquer doença de pele), e provavelmente nem conseguia falar; Arão clamou por misericórdia. Moisés, então, se pronunciou pela primeira vez em oração, em favor de Miriã. Deus respondeu que não a ferira para morrer; a “lepra” duraria sete dias, permanecendo como uma lição sobre a gravidade de ter acusado seu irmão e líder de Israel.


O inimigo usa as pessoas mais próximas a nós para nos prejudicar. No entanto, como Moisés, precisamos exercer o silêncio nos momentos certos e responder às agressões com paciência, “vencendo o mal com o bem” (Rm 12:21). A rebeldia de Miriã e Arão é um exemplo de quão grave é atacar um líder escolhido por Deus e de como servos fiéis de Deus podem cair, quando se deixam dominar pelo desejo de exaltação própria.


Na fronteira


No capítulo 13, descrevem-se os fatos que compõem o clímax de uma onda de murmurações e incredulidade que teriam consequências trágicas para toda uma geração de israelitas. À beira da morte, Moisés relembrou que a ideia de enviar espiões para Canaã tinha sido dos líderes do povo (Dt 1:22). Em Sua sabedoria, Deus lhes atendera o pedido, ordenando a escolha de um príncipe por tribo.25 Sua missão era percorrer toda a região da Palestina para verificar os aspectos topográficos, demográficos, econômicos e militares.


Moisés lhes dera recomendações adicionais: “Sejam corajosos! Tragam fruto da terra” (v. 20 – NVI). Após os quarenta dias de espionagem, nota-se que a segunda recomendação foi obedecida, pois trouxeram um enorme cacho de uva. A primeira, no entanto, foi obviamente ignorada. Começaram seu relatório elogiando a terra laconicamente, não enfatizando nenhuma característica positiva adicional. Após breves palavras de elogio, pronunciaram um triste mas – “mas o povo que lá vive é poderoso, e as cidades são fortificadas e muito grandes” (v. 28).


A notícia caiu como um balde de água fria sobre uma frágil chama de fé e esperança. Os rostos alegres dos israelitas logo se desfiguraram. O pêndulo da emoção foi da expectativa para um profundo desapontamento. Todos começam a gritar até que Calebe pediu silêncio para dizer palavras de encorajamento: “Subamos e tomemos posse da terra. É certo que venceremos!” (v. 30) Por sua vez, os demais príncipes tomaram a palavra, decretando uma derrota de antemão (v. 31 e 32). 


Na invasão a Canaã, descrita no livro de Josué, percebe-se que poucos eram gigantes e que a terra não devorava seus moradores. Os espias haviam mentido. Calebe e Josué eram a voz da razão baseada na fé. Ainda hoje, Deus precisa de pessoas como Calebe e Josué, que sejam firmes pelo que é certo.26


O grande problema do relato dos espias incrédulos foi terem retirado Deus do cenário. “Julgavam as coisas pelo que viam, mas não com a fé”.27 Era evidente que, por seus próprios recursos, o povo não conseguiria vencer os cananeus. Nem armas tinham! 


No entanto, eles não enxergavam o General que jamais perdeu uma batalha e que ia adiante deles. Esqueciam-se de que Deus os libertara do Egito, uma nação mais poderosa do que todos os cananeus juntos. Suas justificativas racionais excluíam o Deus que os acompanhava. Da mesma forma nós, cristãos do século XXI, muitas vezes falamos e agimos como se Deus não estivesse no cenário e tudo dependesse exclusivamente de nós. A qualidade fundamental do cristão, segundo Jesus, é a capacidade de se deixar guiar, como uma criança (Mt 18:3). Aos espias e ao povo faltou essa confiança em Deus, e o resultado foi desastroso.


De volta ao Egito


Cegos diante da própria loucura, todo o povo “chorou em alta voz” durante toda aquela noite (Nm 14:1). E fizeram queixas horríveis, dizendo que: 


a) preferiam morrer no Egito ou no deserto; 
b) Deus tinha o objetivo de fazê-los morrer em combate; 
c) suas mulheres e filhos seriam tomados como prisioneiros de guerra; 
d) seria melhor voltar ao Egito (v. 2-3). 


Desprezando a liderança de Moisés e do Senhor, chegaram a escolher um capitão para voltar à terra de escravidão (v. 4).


A multidão estava descontrolada. Em angústia, Moisés e Arão se prostraram (v. 5). Corajosamente, Josué e Calebe rasgaram suas vestes (um gesto de “profunda consternação e tristeza.28) e fizeram o último apelo ao povo, manifestando a confiança no poder de Deus para colocá-los em Canaã, logicamente dependendo de o povo se arrepender daquela rebeldia e de o Senhor Se agradar deles. Afirmaram que os cananeus estavam desamparados, não deveriam ser temidos, pois seriam devorados “como pão” (v. 8 e 9).  


Desde a promessa a Abraão, os cananeus tiveram quatro gerações de misericórdia, e naquele momento já haviam atingido o limite de tolerância divina à iniquidade (Gn 15:6). O povo de Israel seria usado como instrumento de juízo, assim como o fogo foi empregado em Sodoma e Gomorra (Gn 13:13; 19:24).


Ainda mais enlouquecida, a multidão começou a falar em apedrejar29 os dois fiéis servos de Deus, quando a glória divina irrompeu na “tenda da congregação” (ARA), ou “tenda do encontro” (NVI). Deus, então, falou diretamente a Moisés sobre Sua indignação com o povo que O tratava “com pouco caso” e se recusava a crer nEle, apesar de todos os milagres realizados até então (v. 11). A punição seria a imediata destruição de todo o povo; Moisés seria o pai de uma nova nação.


Ao ouvir isso, Moisés intercedeu pelos israelitas, confiante na misericórdia divina.30 Deus ouviu Seu servo, concordou em poupar os israelitas, mas os condenou a serem vítimas de suas próprias palavras:


a) como diziam preferir morrer no deserto a entrar em Canaã, isso ocorreria; 
b) como diziam que as mulheres e filhos seriam presas dos cananeus, somente os de 20 anos ou menos entrariam na Terra Prometida. 


Aqueles que não murmuraram, como Calebe e Josué, bem como as crianças e jovens, sofreriam pelos erros dos demais. Ao longo de 40 anos vagueariam pelo deserto, cada ano por um dos 40 dias de espionagem em Canaã.

Subitamente, os 10 espias traidores foram mortos por uma praga divina, e todo o povo percebeu quão insanos tinham sido. Seguiu-se uma segunda madrugada de choro, diferente da primeira – um remorso por terem desperdiçado a chance de entrar em Canaã em poucos dias e por amargarem a perspectiva de toda uma vida na areia quente.31 Todavia, para muitos, as lágrimas não eram fruto de um arrependimento sincero. Desobedecendo novamente a Deus, decidiram lutar pelas próprias forças contra os cananeus – uma loucura muito maior do que a primeira, pois não tinham o amparo do Senhor. O resultado foi uma vergonhosa derrota (v. 40-45). A desobediência insistente prejudica ainda mais a vida humana.



Conclusão


Um homem viu um garoto rabiscando uma folha de papel, e perguntou:
– O que você está desenhando?
– Estou fazendo um desenho de Deus.
– Você não pode fazer isso, porque ninguém sabe como Deus é.
– Quando eu terminar, as pessoas saberão – respondeu o menino, todo confiante.32



Muitos tentam pintar Deus de acordo com suas próprias concepções, mas o Deus dos israelitas no deserto não mudou (Ml 3:6; Hb 13:8). O Senhor sempre terá aversão ao pecado e a toda sorte de injustiça e murmurações (1Co 10:10). Por outro lado, Sua misericórdia nos convida a refletir e a mudar nossa vida. Como herdeiros espirituais dos israelitas do deserto, precisamos aprender com seus erros e acertos, para renovarmos nossa vida cristã (1Co 10:16).


Somos o “povo do advento”, que segue por um “caminho reto e estreito” em direção à cidade. Uma luz brilha à nossa frente e outra, por trás. Alguns desanimam, outros perseveram.33 Assim como os israelitas, temos um deserto a atravessar, mas uma Canaã celestial para adentrar. Por isso, precisamos conservar nosso foco em Deus, acima de todas as dificuldades e nos manter firmes no caminho, sem desânimo nem dúvida. 


Nosso dever é estar ao lado daqueles que mantiveram firme sua fé, como Moisés, Josué e Calebe, sempre agindo pelo que é certo e não cedendo às pressões do grupo. Precisamos também cultivar um coração agradecido a Deus por Suas bênçãos e cuidado ao longo da caminhada.



  1. Foram utilizadas siglas para indicar as versões bíblicas utilizadas: ARA (Almeida Revista e Atualizada), NVI (Nova Versão Internacional) e BJ (Bíblia de Jerusalém).
  2. White, Ellen. Patriarcas e Profetas. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2001. CD-ROM. p. 378.
  3. Disponível em: <http://mundoestranho.abril.com.br/historia/pergunta_287080.shtml>. Acesso em 21 de outubro de 2009.
  4. White, p. 379.
  5. “O termo hebraico assim traduzido [“estrangeiros”] é ‘asapup, que se acha apenas aqui em todo o Antigo Testamento. O termo tem o sentido básico de ‘coleção’, pois estavam em foco aquelas pessoas que haviam sido ‘coletadas’ ao longo do caminho, pessoas indesejáveis, que não pertenciam ao povo de Israel (...)  No Egito, muita outra gente vivia escravizada, e escravos de outras raças que tinham se aproveitado da emancipação dos israelitas para escaparem. Outros podem ter sido meros aventureiros que estavam procurando uma oportunidade para fugir. E também havia meros descontentes, talvez até alguns egípcios que buscavam fortuna (...) Pessoas dessa natureza seriam as primeiras a murmurar; mas é tolice pensar que a murmuração não foi generalizada. Outra palavra está por trás do nome ‘ereb, ‘multidão mista’, que se vê em Êx 12:38; Ne 13:3. Mas a mesma gente está em pauta.” Champlin, R. N. O Antigo Testamento Interpretado. São Paulo: Candeia, 2000. 1ª edição. 1:641.
  6. Nichol, Francis D. (ed.) e outros. Comentario Bíblico Adventista Del Septimo Dia. vol 1. Buenos Aires: Casa Editora Sudamericana, 1992. 1:874. Há mais informações sobre os “estrangeiros” em Ex 12:38; Dt 29:11; Js 8:35.
  7. Champlin, p. 641.
  8. Ibid.
  9. Ibid., p. 642
  10. Ibid.
  11. Uma leitura bem humorada e descontraída sobre a relação do ministro com sua congregação pode ser obtida em: Groeschel, C. Confissões de um pastor. São Paulo: Mundo Cristão, 2008. 1ª edição. p. 17. O primeiro capítulo tem como título “Muitos cristãos são insuportáveis”.
  12. Champlin, 642. cf. Harper (ed.) e outros. Comentário Bíblico Beacon. Rio de Janeiro: CPAD, 2005. 1ª edição. p. 346.
  13. Horn, Siegfried (ed.) e outros. Diccionario Bíblico Adventista Del Séptimo Dia. 1ª edição. Buenos Aires: Associação Casa Editora Sudamericana, 1995. p. 238.
  14. Gleason, Archer Jr. Merece Confiança o Antigo Testamento? São Paulo: Vida Nova. 2000. 3ª edição. p. 168.
  15. “No começo deste século, os árabes que viviam nas circunvizinhanças de El-Arish, ao norte do Sinai, costumavam caçar entre um e dois milhões de codornizes durante a migração do outono, em redes espalhadas para pegar as aves que voavam baixo. Gispen, W. H. Comentar op het Out Testament – Het boek Numeri I-II, 1959, 1964. In Wenhan, G. J. Números. São Paulo: Vida Nova; Mundo Cristão, 1985. 1ª edição. p. 116.
  16. Champlin, p. 646.
  17. Ibid.
  18. Schultz, S. A História de Israel no Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2000. p. 77.
  19. Ibid.
  20. White, p. 382.
  21. Ibid.
  22. “Cuxe normalmente se refere à Etiópia”. Wenhan, p. 117.
  23. Ibid.
  24. A melhor tradução de ‘anaw seria “humilde”; não “manso”. Wenhan, p. 118.
  25. White, p. 387.
  26. “Deus precisa de Seus homens em momentos de crise (...) Ele [o servo de Deus] quererá fazer o que é certo, apesar dos votos em contrário.” Champlin, 654. Vale relembrar a clássica citação de Ellen White: “A maior necessidade do mundo é a de homens – homens que se não comprem nem se vendam; homens que no íntimo da alma sejam verdadeiros e honestos; homens que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato; homens, cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao pólo; homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus.” White, E., Educação. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2001. CD-ROM. p. 57.
  27. Champlin, p. 652.
  28. Ibid., p. 653.
  29. “Isto não é apenas um linchamento executado pela multidão (...) a congregação tinha autoridade judicial, e o apedrejamento era reservado para a punição de crimes religiosos importantes (...) e pecados contra a família (...) Josué e Calebe os haviam acusado de se rebelarem contra o Senhor (v. 9); a congregação rejeitou essa acusação como falsa, e propôs que se executasse a pena apropriada para falsas testemunhas.” Wenhan, p. 128.
  30. “Moisés fez o seu apelo com base na compreensão que tinha do amor divino.” Champlin, p. 655.
  31. Os israelitas choraram pela “tristeza de serem punidos”. Harper e outros, p. 352.
  32. Lutzer, Erwin. 10 Mentiras sobre Deus. São Paulo: Vida, 2001. p. 15.
  33. A primeira visão de Ellen White tem que ver com o povo do advento, que segue por um caminho estreito e perigoso. Há paralelos claros entre essa visão e as experiências dos israelitas descritas em Números. Veja: White, E. Primeiros Escritos. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2001. CD-ROM. p. 14-24.

Diogo Cavalcanti, 
bacharel em Teologia e Jornalismo
Editor Associado na Casa Publicadora Brasileira