segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Amor e lei (comentário ao estudo nº 12)


 


Chegamos à última seção temática de Romanos, que se estende de 12:1 a 15:13. O restante da epístola é reservado para mensagens e recomendações pessoais, saudações, e a bênção apostólica. O estudo desta semana trata especificamente dos capítulos 12 e 13.

Até aqui, Paulo descreveu o processo glorioso da salvação provida por Deus, fundamentada no dom de Seu amado Filho. Deus não negou o que de mais precioso o Céu possuía, e isso garante que, com Ele, todas as coisas são e serão outorgadas aos que creem (8:32). Digo “serão” porque a plenitude das bênçãos da redenção em Cristo aguarda pelo dia final (ver Fl 1:6), e “são” porque um antegozo dessas bênçãos pode ser desfrutado na qualidade de vida que o seguidor de Jesus vive nesse tempo intermediário, durante o qual ele já é “nova criação” (2Co 5:17, NVI).

A escatologia bíblica, de fato, é para ser entendida tanto como consumada na história (“serão”) como já realizada em Cristo (“são”), algo que se efetiva no exercício cristão autêntico. Justificação pela fé é uma experiência dinâmica, renovadora, transformadora, que revoluciona a vida do ser humano e o coloca em harmonia com o Céu. Como o estudo afirma, Jesus é o elevadíssimo padrão a ser seguido.

Estimulando os leitores a seguir o exemplo máximo de Jesus, o escritor sagrado define como o verdadeiro cristão se relaciona...

1) com Deus (12:1, 2)
2) consigo mesmo e com o próximo (12:3-21)
3) com o mundo (13:1-14)
3.1) as autoridades (vv. 1-7)
3.2) o ser humano (vv. 8-10)
3.3) o pecado (vv. 11-14), e

4) com a Igreja (14:1-15:13)
4.1) os companheiros de fé (14:1-23)
4.2) o exemplo de Cristo (15:1-13)

Será que Paulo precisaria ser mais completo?

Sacrifícios vivos
Nesta abordagem, Paulo deixa de falar em termos conceituais para falar da prática vivencial da salvação. Ele expõe o resultado ético da justificação pela fé, que se traduz num comportamento moral semelhante ao de Jesus; nesse nível de espiritualidade, a obediência à lei é motivada exclusivamente pelo amor a Deus e ao próximo, como o  estudo desta semana pressupõe a partir do título. Ele abre suas considerações apelando aos cristãos romanos para que ofereçam a Deus seus corpos em sacrifício vivo. Que significa isso?

O estudo deduz que, ao fazer seu apelo, o apóstolo tinha em mente os sacrifícios do Antigo Testamento, quando determinados animais eram escolhidos e levados ao santuário para serem imolados. A pergunta 1 inquire sobre as semelhanças e diferenças entre o sacrifício reclamado por Paulo e aqueles sacrifícios.

Naturalmente, a maior semelhança tem a ver com qualidade e intensidade: apenas animais perfeitos deveriam ser sacrificados, e eram totalmente dedicados a isso; por sua vez, é esperado que o crente, sem reservas, ofereça seu corpo em “sacrifício... santo e agradável a Deus”, na condição de um “culto racional”. Da mesma forma que a mente dirige cada parte do corpo, assim o ofertante deve estar movido por tal disposição que seja levado a uma total dedicação a Deus. Esta é a forma apropriada de adorá-Lo.

Por outro lado, a maior diferença entre uma categoria de sacrifício e outra é sem dúvida o fato de os animais, quando sacrificados, perderem a vida, enquanto o seguidor de Jesus nasce para a verdadeira vida precisamente ao se oferecer a Deus; por esta razão, Paulo conclama os crentes a que apresentem seus corpos “por sacrifício vivo”. Sobre isso, as palavras de Jesus me parecem pertinentes:
“... quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; quem perder a vida por Minha causa, esse a salvará” (Lc 9:24). Sacrifício, aqui, equivale a ganho, conquista, vitalização, superação.

Mas por que Paulo diz que é o corpo que precisa ser sacrificado? Porque o pecado se radica nele e faz dele o seu domicílio.
“...na minha carne não habita bem nenhum...” (Rm 7:18). Daí a necessidade de se morrer para o pecado (6:11). “Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo...” (v. 12). O homem certamente viverá se mortificar “pelo Espírito... os feitos do corpo” (8:13). Isso, é claro, requer abnegação, altruísmo, desprendimento, a morte do “eu”, enfim; tal é o sacrifício do corpo reiterado pelo apóstolo. Mais uma vez, as palavras de Jesus são pertinentes: “Se alguém quer vir após Mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz [instrumento de sacrifício] e siga-Me” (Mt 16:24).

Tudo isso requer, naturalmente, o esforço humano, mas é a operação do Espírito Santo que faculta ao pecador os triunfos aqui expressos. Tal transformação é possível “pela renovação da vossa mente” (Rm 12:2), o que denota uma obra exclusiva dEle. A terceira pessoa da Divindade se apossa da “mente, espírito, coração e caráter” do pecador. E quais são os resultados? “São vencidos pecados costumeiros; maus pensamentos não são permitidos; os maus hábitos são expulsos do templo do coração. As tendências que convergiam para a direção errada se volvem para a direção certa. Propensões errôneas e maus sentimentos se modificam; são providos novos princípios de ação e há um novo padrão de caráter. Santa disposição e emoções santificadas constituem agora o fruto produzido pela árvore cristã. Uma transformação completa tomou lugar” (Ellen G. White, SDABC, v. 6, p. 1.080).

Pensando em si mesmo
O estudo de hoje abrange os versos 3-21 de Romanos 12. Depois de expor em termos breves e concludentes o relacionamento do cristão com Deus, ele se refere ao trato do cristão com o próximo com base numa consciência correta de seu valor pessoal (v. 3-21). Isso está em consonância com a ética cristã fundamentada na lei de Deus, a qual implica três relacionamentos (o cristão e Deus, o cristão e o próximo, o cristão e si mesmo), quando considerada não apenas na letra, mas antes, como bem lembra a lição, no “espírito por trás dela”, o amor: “
Amarás o Senhor teu Deus... e o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22:37-40).

Prezar nosso semelhante como Cristo fez não é fácil porque, antes de tudo, demanda uma autoestima correta, condizente com os princípios do evangelho, exemplificados no espírito humilde e solidário de Jesus. Se exercitados, esses princípios destronarão o egocentrismo. Não é fácil, porque tais princípios se opõem aos desejos carnais que lutam por supremacia. Só o poder do Espírito Santo pode quebrar a tirania do pecado.

Entretanto, não é requerido que alguém se subestime para que tenha o próximo no devido apreço; muito ao contrário, pois não há como esperar que alguém leve em consideração o próximo quando nem a si próprio considera. De fato, Cristo jamais Se subestimou, e ninguém amou tanto como Ele! Mas também não é possível amar o próximo como deve ser amado se nos amamos com amor egoísta, o que nos torna exclusivistas e nos faz sentir acima de todos os demais.

Assim, a forma de consideração conferida ao próximo dependerá de como a pessoa considera a si mesma. É por isso que Paulo, no tratamento de tão magno assunto, intercala referências ao imperativo do amor a afirmações paralelas da maneira como seus leitores se devem conduzir na concepção de si mesmos.

Por exemplo, ao exortar cada um deles a “
que não pense de si mesmo além do que convém, antes pense com moderação segundo a medida de fé que Deus repartiu” (v. 3), ele tem em vista o exercício dos dons espirituais proporcionados pelo Espírito Santo para benefício não de um, nem de alguns, mas de toda a igreja, comparada aqui a um corpo (v. 4, 5). Então, ele assinala como deve ser o desempenho desses dons para que o propósito divino seja alcançado (v. 6-8). É claro que o amor ao próximo é essencialmente o motivo dessas orientações, mesmo porque o amor deve gerir o exercício dos dons (1Co 13).

 Um segundo exemplo é visto no apelo apostólico para que o cristão, em vez de amaldiçoar, abençoe até mesmo aqueles que o perseguem (v. 14); ou, em lugar de ser orgulhoso, condescenda com o humilde (v. 16). Tente encontrar até o v. 21 outras referências assim cruzadas que demonstrem a forma ponderada e sábia de Paulo instar com os crentes a que ajam de maneira cristã no trato com as pessoas.

Relacionamento com o governo
Em Romanos 13, Paulo demonstra como o cristão deve se relacionar com o mundo. Embora o crente autêntico não aprove qualquer forma de mundanismo, nem se considere “do mundo” (ver Jo 17:16), ele, entretanto, está no mundo, aqui vive, e desfruta de coisas boas, ou relativamente boas, e necessárias, que o mundo disponibiliza. Isso o conscientiza de deveres a cumprir para com o mundo.

O apóstolo começa afirmando que as autoridades governamentais foram constituídas por Deus, e devem ser tidas como tais. Romanos 13:1-7 tem suscitado a seguinte questão: até que ponto deve o seguidor de Jesus apoiar os poderes públicos? Em geral, se afirma que os bons governos devem contar com o apoio da igreja, enquanto os maus devem sentir a aversão dela. O que surpreende, porém, é que quando Paulo escreveu sua recomendação, governava o mundo um dos maiores déspotas dos registros históricos, Nero. Este se tornou imperador em 54 d.C. e dominou até 68 d.C., quando se suicidou ao perceber que uma revolta liderada por Galba, seu rival, contava com amplo apoio popular.

Alguns acreditam que, em 58, quando a epistola aos romanos foi escrita, o governo de Nero não era mau; de fato, a história confirma que, em seus primeiros anos, ele foi um grande empreendedor, agindo com bondade e justiça. A partir de 60, porém, Nero se tornou cada vez mais corrupto e sanguinário. Foi um dos poucos imperadores a perseguir os cristãos no primeiro século. Pedro e Paulo foram martirizados por ordem dele.

Devemos apoiar governos que agem dessa maneira? Bem, a recomendação apostólica não é para que apoiemos os desmandos governamentais de quem quer que seja. Tudo o que é dito é que sejamos submissos “às autoridades superiores”; e isso por pelos menos quatro razões:

– elas procedem de Deus e foram por Ele instituídas (v. 1). O próprio Jesus afirmou a Pilatos que ele não teria poder algum “se de cima não” lhe “fosse dado” (Jo 19:11);
– resistir-lhes é resistir “à ordenação de Deus”, o que pode resultar em “condenação” (Rm 13:2;). Pedro exorta seus leitores a que não sejam punidos por outro motivo que não o “nome de Cristo” (1Pe 4:14, 16). “Não sofra, porém, nenhum de vós como assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se intromete em negócio de outrem” (v. 15);  
– porque “a autoridade é ministro de Deus para o... bem” (Rm 13:4); e, finalmente,
– porque a submissão é um “dever de consciência” (v. 5).

O mau governo jamais nulifica ou altera o fato de que o princípio de autoridade é de origem divina (crê-se que foi logo após o dilúvio que esse princípio foi estabelecido, ao Deus ordenar: “Se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se derramará o seu” [Gn 9:6]). Como o estudo observa, “os seres humanos precisam viver em uma comunidade com regras, regulamentos e padrões. A anarquia não é um conceito bíblico.”

Paulo se refere em Romanos 13 à espécie de sujeição que a igreja deve prestar ao governo, e não à espécie de governo a que ela deve estar sujeita. O que, no contexto bíblico, significa sujeitar-se às “autoridades”? Ser cidadãos leais no cumprimento da lei e do dever (1Pe 2:12-15); orar por aqueles que governam (1Tm 2:1, 2), inclusive no interesse da liberdade de consciência; dar a devida honra e respeito às pessoas investidas de autoridade (Rm 13:7; 1Pe 2:17); estar sempre pronto e disposto a agir em favor de ideais cívicos legítimos, contribuindo para o bem (Tt 3:1); e agir com honestidade no cumprimento de obrigações civis, tal como o pagamento de impostos (Rm 13:6, 7).

O estudo também nos adverte de algo fundamental: quando as exigências governamentais “
se chocam com as reivindicações de Deus, temos que obedecer a Deus de preferência aos homens.” Nenhum dever cívico jamais pode ser cumprido em detrimento de compromissos espirituais, pois a lei de Deus se sobrepõe a qualquer outra lei, por mais importante que seja. O princípio geral estabelecido por Jesus a esse respeito é muito claro: dar a Deus o que é de Deus e a César o que é de César (Mt 22:21). Podemos até dar a Deus o que é de César, mas não é justo dar a César o que é de Deus.

Um último ponto: estamos nos aproximando de mais uma eleição, e temos o direito e o dever de votar. Por quais candidatos deveríamos optar? Alguns pioneiros, com o consenso de Ellen G. White, achavam “
direito votar em favor dos homens defensores da temperança... em vez de, por seu silêncio, correr o risco de serem eleitos homens [e eu acrescentaria também mulheres] intemperantes” (Mensagens Escolhidas, p. 337).

E é de sua pena esta solene advertência: “
Não podemos trabalhar para agradar a homens [e, mais uma vez, eu acrescentaria mulheres] que irão empregar sua influência para reprimir a liberdade religiosa e pôr em execução medidas opressivas... O povo de Deus não deve votar para colocar tais homens [e/ou mulheres] em cargos oficiais; pois, assim fazendo, são participantes nos pecados que eles cometem enquanto investidos desses cargos” (Fundamentos da Educação Cristã, p. 475).

Relações com os outros 
Nosso dever de amar a todos é claramente estipulado: “
A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor...” (Rm 13:8; ver também 12:17). A ideia de que uma pessoa, para ser santa, precisa se tornar eremita, reclusando-se à vida monástica, é pagã, não bíblica. “Vós sois o sal da terra”, disse Jesus, e “a luz do mundo” (Mt 5:13, 14). Ora, como o sal temperará o alimento se estiver fora dele? E como a luz iluminará se estiver distante do objeto a ser iluminado? “Não devemos viver isoladamente”, diz Ellen G. White. “Cumpre-nos fazer aos mundanos todo o bem que nos seja possível” (Obreiros Evangélicos, p. 394).

A pergunta 4 inquire sobre o sentido das palavras de Paulo em Romanos 13:8: “
Quem ama o próximo tem cumprido a lei” (e eu as ligo ao que ele afirma no final do v. 10, “o cumprimento da lei é o amor”). Em sua argumentação, ele cita quatro mandamentos da segunda tábua da lei (v. 9), a que tem a ver com o amor ao próximo. Significa isso que estamos desobrigados de guardar os demais mandamentos do decálogo?

Absolutamente, não! Para começar, Paulo nem mesmo cita todos os mandamentos que têm que ver com o amor ao próximo, embora abra espaço para “qualquer outro mandamento” (v. 9). Ele cita de passagem esses mandamentos apenas para ilustrar seu argumento, ao tratar “de relações pessoais”, como a lição afirma.

Ademais, ele não está falando de uma abstração de amor, ou, nos termos da lição, de “um padrão vago de amor”. O amor a que o apóstolo se refere é o amor colocado em prática, o amor que age! Temos que concordar que guardar a letra da lei é muito mais fácil, simples, que amar nos termos como Paulo conceitua o amor. Para tanto, basta uma reconsideração de Romanos 12:9-21, onde as qualidades do amor a que ele se refere são claramente expostas. Vejamos:

– Amar sem hipocrisia, detestando o mal e apegando-se ao bem (v. 9);
– Amar cordialmente e fraternalmente, considerando o próximo mais digno de honra (v. 10);
– Socorrer os santos em suas necessidades e praticar a hospitalidade (v. 13);
– Abençoar, e jamais amaldiçoar, nem mesmo os que perseguem (v. 14);
– Alegrar-se com os que se alegram e chorar com os que choram (v. 15), é claro, sem hipocrisia como determina acima a primeira qualidade de amor;
– Cultivar a estima recíproca (v. 16, Bíblia de Jerusalém);
– Substituir o orgulho pela condescendência com o humilde (v. 16);
– Não presumir de si mesmo como sendo sábio (v. 16);
– Não pagar o mal com o mal, mas esforçar-se para fazer o bem a todos (v. 17);
– Fazer o possível para viver em paz com todos (v. 18);
– Não partir para a vingança, mas deixar a questão com Deus (v. 19);
– Atender às necessidades mesmo do inimigo (v. 20); e
– Triunfar sobre o mal praticando o bem (v. 21).

Convenhamos: haveria qualquer dúvida quanto à obediência aos Dez Mandamentos por alguém que ama nos termos acima? Não está aqui uma descrição da própria maneira de Jesus amar? Observando principalmente, mas não exclusivamente, a primeira e a última dessas qualidades, não vemos implícita a obediência indistinta a todos os mandamentos, inclusive o quarto? Descumpri-los não é praticar o mal, algo contra o qual Paulo insiste? (ver 12:9, 17, 21; 13:10). E cumpri-los não é praticar o bem?

Mais próxima do que quando cremos
Concluindo Romanos 13, Paulo apresenta a razão fundamental por que temos que nos relacionar corretamente com o mundo: a proximidade da volta de Jesus. E junto a essa razão, ele exorta a igreja a se opor ao pecado, e viver mais intensamente a fé (v. 12-14).
“... nossa salvação está agora mais perto do que quando no princípio cremos” (v. 11).

Notemos que “salvação” aqui tem uma dimensão futura: ela alcança a plenitude com a volta de Jesus (cf. Lc 21:28; Rm 8:23), pois com ela se iniciará a última fase do processo que resulta na erradicação definitiva do pecado. A história que teve começo com a queda de Adão, e cujo transcurso é marcado por conflitos, sofrimento e morte, chegará ao fim com a restauração plena de todas as coisas. A volta de Jesus nos conduz a esse momento ideal, tão longamente almejado pelo povo de Deus, e para o qual as profecias apontam.

Ele voltará para concluir o propósito salvífico de Deus; em outras palavras, é para que o povo de Deus se aposse finalmente da vida eterna que Jesus voltará. Sem Sua volta, a salvação não se consuma. É por isso que esse evento é identificado como “a bendita esperança” (Tt 2:13), que em todos os tempos fortaleceu a Igreja.

A salvação tem, igualmente, uma dimensão passada (Tt 3:5; 2Tm 1:9), e uma dimensão presente, no sentido de que continuamos sendo salvos conforme a vida transcorre (1Co 1:18, NVI). As dimensões passada e presente se efetivam respectivamente na experiência da justificação e na da santificação; a futura se efetivará em nossa glorificação.

Não importa quanto tempo a segunda vinda demore; a cada momento estamos mais próximos dela. Na verdade, desde a morte, ressurreição e ascensão de Jesus, o mundo vive seus “últimos dias”. Satanás, “o deus deste século” (2Co 4:4), sabe “que pouco tempo lhe resta” (Ap 12:12).

É esse fato que empresta significado à mensagem da iminência do fim, registrada repetidamente nas páginas do Novo Testamento; embora a passagem do tempo possa ser constrangedora para nós, devido à sensação de demora (e Jesus previu que ocorreria mesmo uma sensação de demora – ver Mt 24:38; 25:5, 19; Mc 13:35), devemos admitir que o plano divino está sendo cumprido e será plenamente concretizado.
“... Os desígnios de Deus não conhecem adiantamento, nem tardança” (O Desejado de Todas as Nações, p. 32).

Além disso, devemos ter em mente que a volta de Jesus pode ocorrer a qualquer momento, pois, a qualquer momento, podemos “fechar os olhos”. Como a lição afirma, “
a segunda vinda está tão próxima quanto o potencial de nossa própria morte. Seja na próxima semana, seja daqui a 40 anos, fecharemos os olhos na morte, e quer durmamos só quatro dias ou por 400 anos – isso não fará nenhuma diferença para nós. A próxima coisa de que teremos consciência é a volta de Jesus.” Cabe-nos, então, viver na expectativa desse grande evento. E o que significa isso?

Viver na expectativa da volta de Jesus é ter a vida inteiramente dedicada a Ele, e todos os nossos interesses voltados para o alto, “
onde Cristo vive, assentado à direita de Deus” (Cl 3:1, 2), mantendo a consciência despertada e atenta para os solenes acontecimentos que ora se processam e que logo culminarão no aparecimento do Rei da glória. É sermos estimulados em nosso preparo pessoal e cabal, e induzidos na propagação do evangelho por preceito e exemplo, para que pessoas sinceras se convertam e partilhem conosco da mesma esperança. “A si mesmo se purifica todo o que nEle tem esta esperança, assim como Ele é puro” (1Jo 3:3). “Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade” (2Pe 3:11).

Paulo deixa um recado semelhante aos leitores de Romanos, ao instar com eles a que...

– deixem “as obras das trevas” e se revistam “da armadura da luz”;
– comportem-se “com decência, como quem age à luz do dia, não em orgias e bebedeiras, não em imoralidade sexual e depravação, não em desavença e inveja”;
– “revistam-se do Senhor Jesus Cristo” e
– “não fiquem premeditando como satisfazer os desejos da carne” (Rm 10:12-14, NVI)

Ele afirmara previamente que já era “hora de vos despertardes do sono...” (v. 11). O mundo está mais que amadurecido para o fim. No que ele poderá piorar? O que falta é a Igreja se levantar, sacudir de vez a sonolência laodiceana e assumir definitivamente seu papel de porta-voz de Deus nesses dias finalíssimos.

O mundo está pronto para o fim; mas, e a Igreja? Vivemos a verdade na mesma proporção em que o mundo vive o pecado? Quando tal acontecer, não há dúvida que a obra será concluída. De fato algumas “últimas” profecias faltam se cumprir, a mais citada entre as quais é a de Mateus 24:14. Mas estas profecias não se cumpriram ainda porque não nos dispusemos para o seu cumprimento. “
Cristo aguarda com fremente desejo a manifestação de Si mesmo em Sua igreja. Quando o caráter de Cristo se reproduzir perfeitamente em Seu povo, então virá para reclamá-los como Seus” (Parábolas de Jesus, p. 69).

De tal maneira Deus nos abençoe, que assumamos logo tamanho privilégio!



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