quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Todo o resto é comentário (resumo do estudo nº 13)



 

Ora, o Deus da paciência e da consolação vos conceda o mesmo sentir de uns para com os outros, segundo Cristo Jesus, Romanos 15:5

Conhecer: A importância de permitir que cada pessoa siga a vontade de Deus pelo melhor que sabe e, ao mesmo tempo, ser sensível ao efeito de nossas ações sobre os outros ao nosso redor.
Sentir: O valor da unidade em Cristo como um princípio que orienta tanto a independência como a interdependência.
Fazer: O que for preciso para contribuir para a paz e a edificação do corpo de Cristo.

Esboço

I. Unidade na diversidade
A. Embora cada pessoa possa ter uma compreensão diferente do que Deus lhe pede para fazer, por que devemos nos aceitar e encorajar mutuamente a seguir a consciência individual e estar dispostos a aprender uns dos outros?
B. Que diferenças podem surgir quando os membros da igreja seguem a própria consciência na obediência a Deus?
C. Como essas diferenças podem levar à divisão, e como podem levar ao crescimento?

II. Valorizando uns aos outros
A. Embora seja importante seguir a consciência individual, por que devemos também ser sensíveis à influência de nossas ações sobre os outros?
B. Como devemos nos relacionar com os membros da igreja que expressam preocupação sobre nosso estilo de vida, nossas ações ou sobre diferentes maneiras de pensar em questões espirituais?

III. Construindo o corpo
A. Considerando que, de muitas maneiras, os membros do corpo de Cristo são diferentes, como podemos, ainda assim, nutrir o espírito de unidade?

Resumo: 
Embora todos possamos ter diferenças de compreensão sobre nosso dever para com Deus, ao nutrir aceitação e respeito, e aprender uns dos outros, o resultado será que podemos crescer em união.

Motivação
Os cristãos podem concordar em princípios das Escrituras mas discordar dos métodos de como viver esses princípios. Nesses casos, graça e compreensão devem ser mais importantes do que crítica e condenação.

Roma era um caldeirão cultural. Portanto, não é surpreendente que diferentes culturas levassem os cristãos a compreensões divergentes sobre a vida cristã. Muito embora tanto os cristãos judeus como os gentios fossem igualmente dedicados a Jesus como Salvador, sua formação cultural produzia certa tensão quanto à maneira de os dois grupos expressarem seu compromisso. O Concílio de Jerusalém (At 15) foi uma tentativa de solucionar as disputas entre os dois grupos; mas o fato de que o livro de Romanos foi escrito vários anos depois do Concílio é uma evidência da dificuldade de solucionar essas diferenças.

Se a primeira igreja, historicamente mais próxima do primeiro advento de Cristo, teve essas dificuldades, devemos nos surpreender de que as igrejas tenham dificuldades para se harmonizar? Sua igreja inclui vários grupos étnicos? Como a igreja misturou essas várias forças? A variedade produziu desarmonia?

A idade é outro fator que frequentemente divide as igrejas. Os cientistas sociais até falam da cultura jovem, como se fosse uma entidade separada, condensando valores, padrões sociais e linguagem exclusivos. Em sua igreja, existe interação harmoniosa entre as várias faixas etárias? Surgem batalhas culturais sobre preferências musicais, observância do sábado e metodologia evangelística? Quando há discórdia entre os cristãos, como as diferenças são resolvidas? Igreja dividida, discussões ásperas, crítica e sarcasmo? Ou quem sabe as características de sua igreja sejam compreensão, mente aberta, disposição para ouvir e flexibilidade? Benditos são realmente os que experimentam esta condição, e não a primeira!

Tendo estabelecido um fundamento teológico adequado, Paulo se dirigiu às discordâncias culturais práticas que ameaçavam fraturar a igreja.

Atividade: Pegue um recipiente grande de vidro transparente.
Primeiramente, encha o recipiente com pedras grandes. Pergunte: O recipiente está cheio? A resposta esperada será “sim”. Então, mostre um saco de areia que até então esteve escondido, despejando areia no recipiente. Pergunte se agora o recipiente está cheio. Espere uma resposta afirmativa, embora alguns possam vacilar porque antes foi mostrado que eles estavam errados. Em seguida, tire uma garrafa de água escondida e encha novamente o recipiente.

Discuta: Como a atividade ilustra visualmente a importância de ter mente aberta e ser criativo em nossa abordagem da obra de Deus? Por que sempre deve haver espaço para novas ideias e metodologias além dos conceitos antigos?

Compreensão
Muitas vezes, teóricos intelectuais propõem esquemas grandiosos que resultam nos maiores fracassos quando provados na prática. A teologia de Paulo pode sobreviver ao “calor” do fogo cruzado cultural? Este mundo é um campo minado prestes a explodir. Como os líderes da igreja devem facilitar a cura e reconciliação quando surgem discórdias entre os fiéis?

Comentário bíblico


I. O irmão fraco

1 Acolhei ao que é débil na fé, não, porém, para discutir opiniões.
2  Um crê que de tudo pode comer, mas o débil come legumes;
3  quem come não despreze o que não come; e o que não come não julgue o que come, porque Deus o acolheu.
4  Quem és tu que julgas o servo alheio? Para o seu próprio senhor está em pé ou cai; mas estará em pé, porque o Senhor é poderoso para o suster.

A cada dia, são tomadas milhares de decisões referentes a uma variedade de escolhas de estilo de vida. Os cristãos creem que nenhuma decisão é sem importância, porque toda a sua existência pertence ao senhorio de Cristo. Os cristãos também vivem em comunidade; portanto, um posição isolacionista é impossível.

Que acontece quando surgem entre os fiéis diferentes padrões e discordâncias quanto às práticas cristãs? Infelizmente, uma opção inaceitável que aparece muito frequentemente é a de depreciar os mais escrupulosos. Os contemporâneos de Paulo tinham dificuldades a respeito dos alimentos sacrificados aos ídolos e da observância dos sábados cerimoniais. Hoje, os adventistas do sétimo dia debatem questões semelhantes – regime alimentar, moda aceitável, apropriada observância do sábado, casamento inter-racial e preferências musicais. Às vezes, os mandados e diretrizes divinos são interpretados de forma diferente, mas, com maior frequência, o debate se refere a assuntos que não são tratados especificamente nas Escrituras.
Esses casos não são sem importância, e os cristãos devem extrair princípios das Escrituras para guiar sua decisão quanto a novas tecnologias e diferenças culturais recentemente encontradas.
Certamente, deve-se exercer precaução para evitar abismos intransponíveis de um lado ou de outro. O primeiro abismo é imaginar que as Escrituras tratam diretamente de cada situação cultural. A segunda é acreditar ingenuamente que as Escrituras não têm nada a dizer sobre essas situações. O estudo cuidadoso em oração dos princípios bíblicos, sob a direção divina, livrou a igreja da desintegração ao longo da história cristã. No entanto, será que o cristão escrupuloso deve sofrer comentários depreciativos de seus irmãos de fé por sentir-se impossibilitado de aceitar conscienciosamente certas coisas? “Não”, diz Paulo. Nem deve o escrupuloso (“fraco”) condenar aqueles que veem conscienciosamente as coisas de modo diferente.

Os cristãos não são livres para rejeitar assuntos definidos claramente e tratados diretamente pelas Escrituras. Também devem reconhecer que a maioria das decisões corriqueiras da vida não se classificam nessa categoria.
Humildemente e em oração, os fiéis devem buscar a Deus para alcançar a sabedoria para reconhecer a diferença.

Todas as culturas estão contaminadas pelo pecado. Os fiéis não são compelidos a aceitar o materialismo ocidental nem as práticas de vodu caribenho simplesmente porque são marcas registradas culturais. A defesa de práticas com base unicamente na cultura é inadequada. Deus espera um padrão mais elevado. Porém, condenar práticas simplesmente com base na cultura é igualmente indefensável.

Pense nisto: 
Como os cristãos conscienciosos devem se relacionar com outros crentes que praticam sua fé de forma diferente? O que normalmente acontece quando os crentes dirigem condenação contra outros cristãos que pensam diferente? Como se deve determinar qual é o fundamento irredutível do evangelho e o que é questão de preferência? Como os fiéis devem reagir quando outros membros arrogantes os depreciam?

II. Com o critério com que julgardes
Tu, porém, por que julgas teu irmão? E tu, por que desprezas o teu? Pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus. Rm 14:10.)

Romanos 14:10 pode ser descrito como o trunfo de Paulo. Para o leitor não convencido, esse princípio é a essência de seu ensino: Se você julgar os outros com severidade aqui, o juízo divino cairá sobre você em maneira e extensão idênticas

1 Não julgueis, para que não sejais julgados.
2  Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também.
3  Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio?
4  Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu?
5  Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão.Mt 7:1-4).

Inversamente, aqueles que tratam humildemente as diferenças de opinião em áreas controversas, que demonstram uma atitude misericordiosa, podem esperar misericórdia no dia de prestar contas.

Pense nisto: 

10  Tu, porém, por que julgas teu irmão? E tu, por que desprezas o teu? Pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus.
11  Como está escrito: Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua dará louvores a Deus.
12  Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus.  

14  Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará;
15  se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas.

Como Romanos 14:10-12 se relaciona com Mateus 6:14-15? Os cristãos podem ser firmes e inflexíveis, mas também não ser críticos?
III. Não dando motivo para escândalo

15  Se, por causa de comida, o teu irmão se entristece, já não andas segundo o amor fraternal. Por causa da tua comida, não faças perecer aquele a favor de quem Cristo morreu.
16  Não seja, pois, vituperado o vosso bem.
17  Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.
18  Aquele que deste modo serve a Cristo é agradável a Deus e aprovado pelos homens.
19  Assim, pois, seguimos as coisas da paz e também as da edificação de uns para com os outros.
20  Não destruas a obra de Deus por causa da comida. Todas as coisas, na verdade, são limpas, mas é mau para o homem o comer com escândalo.
21  É bom não comer carne, nem beber vinho, nem fazer qualquer outra coisa com que teu irmão venha a tropeçar ou se ofender ou se enfraquecer.
22  A fé que tens, tem-na para ti mesmo perante Deus. Bem-aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprova.
23  Mas aquele que tem dúvidas é condenado se comer, porque o que faz não provém de fé; e tudo o que não provém de fé é pecado. Rm 14:15-23

A influência humana é nossa responsabilidade. Somos responsáveis por nossa influência sobre os outros. Como um cristão pode ignorar levianamente essa responsabilidade quando pode ser essa a diferença sobre o destino eterno de outra pessoa? Qual deve ser mais importante – a salvação eterna da pessoa ou o exercício de minha liberdade cristã? O princípio de responsabilidade pessoal não nos proíbe de ajudar o cristão escrupuloso a formar a consciência quanto à liberdade cristã, mas nos adverte a não ignorar arrogantemente seus sentimentos.

Tendo em conta esta discussão, considere a seguinte situação: Jonatã ouviu que Rogério faz a melhor salada da cidade. Embora ele nunca haja tomado bebidas alcoólicas, ele sabe que Rogério também tem a reputação em toda a região metropolitana de ter “o ponto de encontro dos bêbados”. Por isso, ele come em outro restaurante. Comer no restaurante de Rogério é pecado? Não. Comer em outro lugar é talvez mais prudente?

Pense nisto: Esse princípio pode oferecer aos membros “conservadores” um impulso impróprio? Se somos a consciência mais “conservadora”, como podemos evitar que os outros se sintam “incomodados”?

Aplicação
Escolha uma ou mais das seguintes situações da vida e comente como se aplicam os princípios de Romanos 14 e 15. Como os cristãos podem tornar seu mundo mais sujeito aos princípios e mais tolerante ao mesmo tempo?

Atividade: Leia o seguinte:

A. Adonias foi criado em um lar conservador caracterizado por vestuário simples, rígida observância do sábado e educação caseira. Depois de completar um exame supletivo, ele pensava em frequentar um instituto “independente” porque seus pais achavam que os colégios adventistas eram muito mundanos. Mas ele mudou de ideia porque tinha muita vontade de cursar enfermagem, e o instituto independente não fornecia aquele curso. Pelo menos, ele argumentava, a universidade adventista seria menos mundana que uma universidade oficial. Para sua felicidade, ele descobriu um grupo de amigos conservadores na universidade adventista. Certo sábado, pouco antes da formatura, ele e sete rapazes visitaram um pequeno lago na montanha rodeado por uma trilha. A meio caminho, um de seus amigos sugeriu que eles fossem nadar no lago para acalmar o calor sufocante. Adonias ficou chocado por seus amigos conservadores fazerem isso, pois lhe fora ensinado que nadar no sábado era pecado. Como essa situação deveria ser tratada?

B. Joanita se uniu à igreja três anos atrás. Ela se tornou muito ativa em levar pessoas a Cristo e, recentemente, levou para a igreja sua vizinha, Solange, por três semanas sucessivas. Joanita mencionou a Solange que cada quarto sábado do mês havia um “ajunta-panelas”, mas nunca imaginou que Solange levaria algum prato. Solange se sentiu tão aceita nessa nova família da igreja que quis contribuir com alguma coisa para o almoço. Assim, ela preparou a receita tradicional da família. Isso requereu várias horas de preparação, mas, por gratidão, ela fez alegremente o prato. Quando a matriarca da igreja viu a carne assada com batatas, ela quase explodiu. (Existe uma regra não escrita que todos os pratos devem ser estritamente vegetarianos.) Ela praticamente arrastou Joanita pelo corredor até a cozinha para questioná-la. Como esta situação devia ser resolvida?

Pergunta para consideração
Que papel deve ter nosso sistema educacional em desenvolver discernimento, tolerância e compaixão?

Criatividade
A paixão de Paulo por uma igreja unida na pregação do evangelho de liberdade em Cristo deve ser reproduzida em nossa geração. O diálogo a respeito dos assuntos práticos é necessário; as batalhas, não.

Atividade: Escreva uma nova canção que destaque os temas de parceria, tolerância e abnegação cristã no contexto deste estudo. O que você planeja fazer para praticar essas virtudes nos próximos meses?          




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