terça-feira, 31 de agosto de 2010

Redenção para judeus e gentios (resumo do estudo nº 10)




Ou não tem o oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro, para desonra? Romanos 9:21

Reconhecer: A justiça de Deus em escolher como e por quem Ele cumpre Sua vontade.
Sentir: A amplitude e abrangência da justiça de um Deus que, por meios conhecidos e misteriosos, trabalha para oferecer a salvação a todos.
Fazer: Decidir fazer parte do remanescente confiante, obediente, a quem Deus pode usar para cumprir Seus propósitos.

Esboço do aprendizado

I. Trabalhando com as escolhas de Deus
A. Embora Deus haja escolhido cumprir Seu plano de salvação por meio de Israel, o plano não funcionou como Ele originalmente pretendia. Quais foram as consequências das decisões de Israel de depender da sua própria justiça e não da divina?
B. Qual era o plano original de Deus para Israel, e por que a nação falhou em executá-lo?

II. O grande quadro
A. Embora nem sempre possamos entender o grande quadro de como Deus trabalha, o que nos dá confiança em cada detalhe da ação de Deus que Ele é justo e compassivo?

III. Vasos dos atos de Deus
A. Em qualquer tipo de vasos que Deus escolher nos tornar, cabe a nós permitir, pela fé, que Ele faça de  nós filhos e filhas justos e nos use em Sua obra como Lhe agradar. Quais são alguns dos métodos de Deus, o Oleiro Mestre, para nos transformar em vasos para Sua obra?
B. Como remanescentes de Deus, que enganos dos filhos de Israel precisamos evitar?
C. Como nossa história pode ser diferente da história de Israel como povo remanescente de Deus?

Resumo: Se somos filhos da promessa, não podemos descansar em qualquer mérito próprio. Devemos aceitar, pela fé, as providências de Deus para nossa salvação e cooperar com Ele em Seus planos.

Ciclo do aprendizado

                                                                                              
Deus oferece a redenção a todos, não importando raça, casta, origem étnica, cor ou gênero.

Obviamente, havia algumas tensões étnicas na igreja romana – o que não assusta, pois estava na capital que se tornara o caldeirão racial do império. Sem dúvida, a igreja refletia a diversidade da população em geral. Mas o confronto mais importante era entre a população judia e outros povos (“nações”, “gentios”). Como ocorre frequentemente, surgem tensões entre diferentes grupos étnicos e nacionais.

Atividade: Se você tomar uma jarra com a água e acrescentar anilina nas seguintes combinações: (1) vermelho e azul, (2) amarelo e azul, (3) amarelo e vermelho, será possível ainda ver o vermelho, amarelo, ou azul? Claro, agora vamos  ver roxo, verde e laranja. A lição é que quando a igreja se mistura perfeitamente, não vemos “nós” e “eles”, porque, em Cristo, nos tornamos algo totalmente diferente – uma nova humanidade.

Comente: Que passos deveriam ser tomados para alcançar a meta da unidade?

Ao tratar do problema do exclusivismo, Paulo primeiro estabelece (Romanos 1–3) que não há lugar para jactância, porque todos estão igualmente perdidos. Se estamos todos destinados à destruição, existe pouca motivação para discutir sobre direitos de precedência. Mas Paulo quer que saibamos que Deus tem um plano de salvação disponível a todos os povos. Então, seu segundo ataque contra o exclusivismo se baseia nessa disponibilidade universal. Não haja lugar para jactância porque somos todos igualmente redimidos pela mesma misericórdia de Deus que não mostra parcialidade (Romanos 4–8). Como acontece com os dons espirituais, Deus escolhe algumas pessoas para várias funções de serviço em Seu plano de redenção. Porém, o fato de termos recebido o dom não é ocasião para jactância, mas uma oportunidade para humildade, expressa através do serviço a outros.


Comentário bíblico


I. Eleitos
1  Digo a verdade em Cristo, não minto, testemunhando comigo, no Espírito Santo, a minha própria consciência:
2  tenho grande tristeza e incessante dor no coração;
3  porque eu mesmo desejaria ser anátema, separado de Cristo, por amor de meus irmãos, meus compatriotas, segundo a carne.
4  São israelitas. Pertence-lhes a adoção e também a glória, as alianças, a legislação, o culto e as promessas;
5  deles são os patriarcas, e também deles descende o Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito para todo o sempre. Amém!
6  E não pensemos que a palavra de Deus haja falhado, porque nem todos os de Israel são, de fato, israelitas;
7  nem por serem descendentes de Abraão são todos seus filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência.
8  Isto é, estes filhos de Deus não são propriamente os da carne, mas devem ser considerados como descendência os filhos da promessa.
9  Porque a palavra da promessa é esta: Por esse tempo, virei, e Sara terá um filho.
10  E não ela somente, mas também Rebeca, ao conceber de um só, Isaque, nosso pai.
11  E ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama),
12  já fora dito a ela: O mais velho será servo do mais moço.
13  Como está escrito: Amei Jacó, porém me aborreci de Esaú.
14  Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum!
15  Pois ele diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão.   (Rm 9:1-15.)

Nas sociedades democráticas, ligamos automaticamente o termo eleição com votação. Nos assuntos divinos, só um voto conta – o de Deus. Suas escolhas não estão sujeitas à alteração humana. Quando os seres humanos tentam frustrar os propósitos de Deus, Ele nunca perde; só os seres humanos desobedientes perdem. Então, quando Ele escolheu salvar nosso mundo, o resultado nunca esteve em dúvida. Os que tentam frustrar esse propósito são os únicos perdedores.

Alguns têm dificuldade em compreender a escolha soberana de Deus. Consideram essa uma interferência com a liberdade humana. No entanto, a Bíblia é clara (veja Rm 8:28-30) que a predestinação bíblica está de acordo com a presciência de Deus.

28  Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.
29  Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.
30  E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou. Rm 8:28-30

Deus pode ver antecipadamente todas as decisões individuais que serão tomadas, mas, em Sua presciência Ele não determina quais devem ser essas escolhas. ... A predestinação bíblica consiste no efetivo propósito de Deus, de que todos aqueles que crerem em Cristo sejam salvos (Jo 1:12; Ef 1:4-10). ... Mas o conhecimento divino a respeito do que os homens irão fazer não interfere mais com suas decisões efetivas do que o conhecimento que um historiador possui dos atos passados das pessoas interfere com aquilo que elas fizeram.

“Da mesma forma como uma câmera fotográfica registra as cenas, mas não interfere nelas, o conhecimento antecipado de Deus penetra o futuro sem alterá-lo
” (Nisto Cremos, p. 39, 40).

Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome;  Jo 1:12; 
 
assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor
5  nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade,
6  para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado,
7  no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça,
8  que Deus derramou abundantemente sobre nós em toda a sabedoria e prudência,
9  desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo,
10  de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu, como as da terra;   Ef 1:4-10

Além disso, quando Deus decide executar Seu propósito divino, a decisão não está sujeita à consideração humana. Deus escolheu Moisés, não Coré; Davi, não Jônatas; Jacó, não Esaú. O efeito dessas escolhas deve ter sido mais óbvio para os judeus: Se o plano da redenção estava somente nas mãos de Deus, quem eram eles, meros seres humanos, para excluir os gentios do reino? Deus é livre para escolher a quem deseje, e Ele desejou que todos, inclusive os gentios, fossem salvos (1Tm 2:4). O raciocínio de Pedro em Atos 10 para pregar aos gentios foi essencialmente o mesmo: Se o ministério a esse grupo foi divinamente confirmado, como podemos lutar contra a vontade de Deus? Paulo reforça o argumento com citações de Oseias e Isaías, indicando que Deus havia trazido os gentios para Sua família (Rm 9:25-29).

o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade.  (1Tm 2:4).

25  Assim como também diz em Oséias: Chamarei povo meu ao que não era meu povo; e amada, à que não era amada;
26  e no lugar em que se lhes disse: Vós não sois meu povo, ali mesmo serão chamados filhos do Deus vivo.
27  Mas, relativamente a Israel, dele clama Isaías: Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo.
28  Porque o Senhor cumprirá a sua palavra sobre a terra, cabalmente e em breve;
29  como Isaías já disse: Se o Senhor dos Exércitos não nos tivesse deixado descendência, ter-nos-íamos tornado como Sodoma e semelhantes a Gomorra.  (Rm 9:25-29).

Uma curiosa divergência de interpretação quanto a essas passagens levou a abordagens extensamente divergentes quanto ao evangelismo. Alguns sugerem que Deus escolheu arbitrariamente alguns para se perderem e outros para se salvarem. Desse modo, eles questionam por que deveriam ser feitos esforços para alcançar os perdidos. Se foi tudo predeterminado, qual é o proveito? No entanto, os que entendem que Deus convidou todos os povos que não estavam previamente incluídos têm sido forçados a suportar dificuldades e até martírio no afã de espalhar o evangelho. Perante a cruz, todos os seres humanos – não importando raça, casta, status ou origem étnica – são iguais. É importantíssimo que nenhum cristão se esqueça desse ponto.

Pense nisto: Como a aceitação da mensagem de Paulo contribui para a harmonia racial dentro da igreja? Que armadilhas que impediriam o fervor evangelístico aguardam a igreja? Como a mensagem de Paulo pode nos proteger contra a tentação de assumir uma posição de superioridade entre os fiéis? Como nossa segurança espiritual é comprometida quando deixamos de colocar os dons espirituais de Deus no evangelismo e serviço?

Que notícia gloriosa fomos comissionados a dar: aqueles que antes não eram povo de Deus, agora são! Celebramos adoção, cidadania adquirida e outros sinais de pertinência. Que estamos fazendo com a maior experiência de inclusão – estendendo o convite aos outros para se unirem à família de Deus? Que passos práticos estamos dando para nos assegurar de que todos os grupos de pessoas em nossa comunidade tenham a oportunidade de se aquecer à luz divina de Romanos 9?

Atividade: Faça uma lista de todos os grupos populacionais em sua comunidade. Faça isso em uma coluna vertical, abrindo espaço à direita da lista para anotações  adicionais. Depois de compilar a lista, comente cada grupo, anotando no espaço em branco o que a igreja está fazendo para alcançar cada grupo. Seja específico. Alguns grupos estão sendo esquecidos ou abandonados? Desenvolva ideias para alcançá-los. Que sabemos sobre suas necessidades, cultura, idioma, história, experiência nacional? O que nossa classe pode fazer para alcançar pelo menos um grupo além de nossa própria origem étnica ou cultural?

Perguntas de aplicação
1. Que informações devo recolher sobre outros grupos de pessoas a fim de ser instrumento eficaz nas mãos de Deus para partilhar o evangelho?
2. Com que dons espirituais e habilidades naturais Deus abençoou minha classe para libertar os perdidos?
3. Por que certos grupos de nossa comunidade têm sido omitidos?
4. Como nossa igreja pode cultivar a semente do testemunho cristão?

Pesquise alguma publicação adequada para dar a mensagem do evangelho a um dos grupos mencionados acima. Existe um componente cognitivo na conversão, e por isso você deve ter cuidado para achar a melhor literatura ou material de estudo disponível para seu esforço. Em um assalto militar, os planejadores da invasão avaliam que armas são necessárias para vencer os obstáculos entre a força invasora e o objetivo. Essa avaliação não é a mesma para todos os casos. Da mesma forma, os cristãos devem planejar cuidadosamente as melhores ferramentas, mais adequadas a essa invasão do território de Satanás.

Atividade: Discuta métodos que sua classe porá em prática para essa invasão do reino de Satanás. Desenvolva um cronograma. Por exemplo: Se o objetivo proposto for a escola de ensino médio local. Primeiro mês: Ponha uma barraca no campus durante o Dia de Recursos da Comunidade a fim de convidar os estudantes a participar do grupo de dramatização de sua igreja, clube ciclístico, time de futsal, etc. Segundo mês: patrocine a doação de periódicos de temperança para a biblioteca. Terceiro mês: Patrocine o sorteio de CD’s sacros em algum evento esportivo (música cristã contemporânea com a qual os estudantes se relacionem, evidentemente).



segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Liberdade em Cristo (comentário do estudo 09)





Liberdade é um tema por demais explorado. Ao longo de séculos e milênios, tem sido abordado por homens pensantes de todos os níveis, poetas, filósofos, mestres, literatos, políticos, etc. Todos, de fato, anseiam ser livres, pois o senso de liberdade está incorporado à natureza humana.

Mas há muita incompreensão em torno do assunto. Há os que imaginam que liberdade só existe quando toda e qualquer restrição é eliminada. “Quero fazer o que bem entendo”, grita o filho aos pais, confrontado por regras estabelecidas para a preservação dos bons costumes. Todavia, mais cedo do que se pensa, a ilusão por liberdade sem restrições se desvanece, como prova a experiência de muitos jovens na escravidão das drogas.

Por outro lado, imagine o caos nos grandes centros se não existisse um código de trânsito; falta de lei é anarquia. De fato, a verdadeira liberdade só existe dentro dos limites da lei; que igualmente o digam aqueles que estão numa penitenciária amargando o fruto de seus crimes.

O pecado é o maior fator de anarquia e de escravidão. É por conta disso que só em Jesus há liberdade plena, pois “Ele Se manifestou para tirar os pecados” (1Jo 3:5) e colocar “ordem na casa”. Esse é o quadro oferecido em Romanos 8, como é afirmado na introdução da lição: “Paulo continua explicando que essa liberdade foi adquirida a um custo infinito. Cristo, o Filho de Deus, que assumiu a humanidade – a única maneira de Ele Se relacionar conosco – Se tornou nosso exemplo perfeito e o substituto que morreu em nosso lugar... Como resultado, os requisitos justos da lei podem ser cumpridos em nós (v. 4). Em outras palavras, Cristo tornou possível a vitória sobre o pecado, bem como o atendimento aos reclamos positivos da lei.” E nisso se efetiva a verdadeira liberdade.

I. Liberdade da condenação
Dizer que “nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8:1), significa dizer que os que nEle estão foram justificados pela fé e estão salvos. Não andarsegundo a carne, mas segundo o Espírito” é o resultado dessa abençoada experiência. A justificação pela fé é algo dinâmico, que transforma a vida do crente e lhe dá o título da vida eterna.
O estudo pergunta o que significa a fórmula “nenhuma condenação”. Precisamente isto: “nenhuma condenação”. É uma fórmula jurídica, pois o processo da justificação é também jurídico. Deus olha para aquele que se une a Cristo e não vê nele culpa; então, ao declará-lo inocente, o grande Juiz o isenta da pena capital imposta pelo pecado: a morte eterna (lembre que “o salário do pecado é a morte”, conforme o apóstolo já declarara em 6:23).

O estudo deixa claro como é possível essa reversão da situação do pecador: “condenado no passado como transgressor da lei, passa a estar perfeito à vista de ­Deus, como se nunca houvesse pecado, porque a justiça de ­Jesus Cristo o cobre completamente. Não mais existe condenação, não porque essa pessoa não tenha defeitos, esteja sem pecados, ou que seja digna da vida eterna (porque não é!), mas porque o registro da vida perfeita de Jesus toma o lugar da pessoa; assim, não existe condenação.”

O segredo disso tudo é a pessoa estar “em Cristo”, isto é, manter “uma união íntima e pessoal com” Ele, de modo que a vida de tal pessoa não mais seja votada e voltada para o pecado, mas vive a própria vida de Cristo, votada e voltada para a justiça (ver Gl 2:20; Rm 6:10-13). Cristo Se torna seu grande modelo; e o “modo de vida” dEle passa a ser “seu próprio modo” de vida.

Então, no verso 2, Paulo expõe a razão pela qual não há condenação para o crente em Cristo: “A lei do Espírito da vida em Cristo Jesus te livrou da lei do pecado e da morte.” Paulo se referiu à “lei do pecado” em 7:23 e 25, e aqui ela é posicionada em antítese à “lei do Espírito da vida”; à “lei do pecado” o apóstolo juntou o complemento “e da morte” não somente porque esta segue o pecado num processo regular da causa e efeito (“o salário do pecado é a morte”, 6:23), mas também por uma questão de contraste com “Espírito da vida”. Assim, o paralelo antitético da cláusula positiva com a negativa é perfeito:
Cláusula positiva = “a lei do Espírito da vida”
Cláusula negativa = “a lei do pecado e da morte”  

A questão é: a que ou a quem Paulo se refere com a fórmula “lei do Espírito e vida”? O estudo afirma que é ao “plano de Cristo para salvar a humanidade”; mas, considerando que tudo o que Cristo fez nesse sentido se efetiva através da operação do Espírito Santo, o “Espírito da vida” mencionado por Paulo é, inegavelmente o Espírito Santo, não só porque Ele é criador da vida, mas porque, no contexto desta passagem, Ele é a própria vida (ver versos 10 e 11). Outra evidência desse fato é que a “lei do pecado” mencionada por Paulo significa o poder atuante que rege a vida de servidão ao pecado; assim a “lei do Espírito” deve ser entendida igualmente como o poder atuante que rege a nova vida daquele que recebeu a Cristo como Salvador.

II. O que a lei não pode fazer
Abordei as funções da lei em relação ao pecado e ao pecador no comentário do estudo nº 08. Ali ficou bem claro que salvar não é a função da lei; agora, segundo o texto do estudo de hoje, Paulo afirma que isso lhe é “impossível” porque está “enferma pela carne”, ou seja, transgredida. Nessa condição, uma lei apenas condena, jamais absolve; não pode justificar o transgressor, por mais que ele se esforce por obedecer-lhe.

Naturalmente, aquilo que era impossível à lei, Deus realizou particularmente pela morte de Seu Filho na cruz. Mas, à luz do texto em consideração no estudo de hoje (Rm 8:3, 4), toda a vida que Jesus viveu desde a manjedoura de Belém até o Calvário foi essencial para a efetivação do ato salvífico de Deus. O estudo toca esse ponto ao declarar: “É apropriado exaltar a cruz, mas, no resultado do plano de salvação, a vida de Cristo ‘em semelhança de carne pecaminosa’ também é extremamente importante.”

A propósito, a fórmula “em semelhança de carne pecaminosa” não indica que Jesus assumiu, na encarnação, uma natureza humana decaída, e que Ele tinha, como nós, propensões para o pecado, como querem os perfeccionistas. Paulo não diz que Ele veio em carne pecaminosa, mas “em semelhança de carne pecaminosa”. O termo não indica mera aparência, como queriam os docéticos, e tampouco é sinônimo de equivalência ou igualdade. Se fosse isso que o apóstolo queria dizer, ele teria empregado o termo ísos, principalmente na forma neutra, ísa, que ele mesmo empregou em Filipenses 2:6, afirmando que Jesus não é semelhante a Deus, mas é igual a Ele.

Mas, voltando à citação do estudo, “a vida de Cristo ‘em semelhança de carne pecaminosa... é extremamente importante” porque no processo da justificação pela fé não é apenas a morte de Jesus que é levada em conta; Sua vida de perfeita obediência é igualmente um componente decisivo, não apenas porque, se Cristo não cumprisse rigorosamente cada reivindicação da lei de Deus Ele não poderia nos salvar, mas acima de tudo porque, no ato de nos justificar, Deus atribui a nós a vida de perfeita justiça de Seu Filho, enquanto atribui a Ele nossa vida de pecados. Então, Ele precisava viver essa justiça perfeita. Esse processo divino, maravilhoso, resulta em três consequências:
(1) Jesus morreu em meu lugar, (isto é, recebeu meu castigo)
(2) Jesus tomou os meus pecados, e deu-me Sua justiça (vida de obediência);
(3) recebo vida eterna, algo que só Jesus merece por nunca ter pecado.

Todo o processo que culmina com a justificação pela fé permite que o apóstolo afirme em 8:3 algo bastante significativo e ao mesmo tempo maravilhoso: enquanto a lei condena o pecador (subentendido em toda a exposição paulina até aqui), Deus condena não o pecador, mas o pecado. Mas se Ele condena o pecado, por que Aquele que nem mesmo conheceu pecado é que foi condenado? Porque Ele foi feito “pecado por nós” (2Co 5:21).

Não podemos jamais esquecer, todavia, que a justificação pela fé salva o pecador estando este no pecado, mas o salva para libertá-lo do pecado. A justificação é forense (ou jurídica) em sua natureza, mas ética em seus resultados. Tão logo o pecador é justificado pela fé, começa a santificação progressiva do cristão. O grande alvo: tornar-se cada vez mais semelhante a Jesus. Assim como Ele foi obediente à lei, o cristão também o será. É por isso que, no verso 4, o apóstolo afirma que tudo o que fez Deus em Seu Filho e por Seu Filho, para salvar o pecador, ocorreu “a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.

Essa finalidade é entendida de duas formas distintas: objetivamente e subjetivamente. A primeira tem que ver, antes de tudo, com o que Cristo fez por nós ao morrer na cruz, pagando o preço da nossa redenção; e com o benefício que auferimos quando cremos nEle e O aceitamos como nosso Salvador pessoal. Em termos práticos como se viu acima, isso significa que, quando o pecador, crendo em Cristo, O recebe como Salvador, seus pecados são atribuídos a Jesus, enquanto a vida justa de Jesus é atribuída a ele. Então, diante da lei, Jesus aparece como aquilo que o pecador é, um transgressor e, portanto, morre; e o pecador aparece como aquilo que Jesus é, um justo e, portanto, vive.
Em outras palavras, assumindo Jesus a culpa do pecador, este, no momento em que crê nEle, é inocentado, absolvido, justificado, enquanto Jesus é condenado, e paga o preço da transgressão do pecador. Este pode ser absolvido, ou justificado, precisamente porque, no momento em que crê em Jesus, ele é considerado um cumpridor da lei, já que a vida justa de Jesus lhe é atribuída. Assim, o preceito da lei foi cumprido no pecador, e ele tem o direito à vida assegurada àquele que lhe obedece.

Como se entende o texto, a segunda forma tem que ver com o que Deus faz em nós, evidenciada pela nova vida que o pecador, uma vez justificado pela fé, vive pelo poder da graça nele operando. Paulo afirma nesse texto que o preceito da lei se cumpre em nós “que não andamos segundo a carne,” isto é, não satisfazendo os desejos pecaminosos, “mas segundo o Espírito,” ou seja, vivendo de acordo com a vontade de Deus, o que caracteriza a nova vida.

Andar segundo o Espíritonos levará à plena harmonia com a lei de Deus, que também é “espiritual” (7:14). Como criaturas nascidas de novo, e com a força que Jesus nos dá, palmilharemos o caminho da obediência. A linguagem de nossa vida será: “Quanto amo a Tua lei! É a minha meditação todo o dia” (Sl 119:97). Assim, o preceito da lei nele se cumpre. Com John Stott afirma: “...a lei só pode ser cumprida naqueles que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.’ ... A obediência é um aspecto necessário e possível do discipulado cristão. Embora a lei não possa garantir essa obediência, o Espírito pode” (Romanos, S. Paulo, SP: ABU Editora, 2000, p. 265).

Continua o referido autor evangélico: “...a santidade é o propósito supremo da encarnação e da expiação de Cristo. O objetivo de Deus ao enviar Seu Filho não foi apenas justificar-nos, livrando-nos da condenação da lei, mas também santificar-nos através da obediência aos mandamentos da lei... A santidade consiste em cumprir a justa exigência da lei... Romanos 7 insiste em dizer que não podemos guardar a lei porque a “carne” habita



Autor: José Carlos Ramos 
José Carlos Ramos é pastor e professor do SALT ora jubilado. Engenheiro Coelho, SP.




sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Liberdade em Cristo (estudo nº 09)




Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito (Romanos 8:1, RC).

Leituras da semana: Rm 8:1-17

Romanos 8 é a resposta de Paulo a Romanos 7. Em Romanos 7, Paulo fala de frustração, fracasso e condenação. Em Romanos 8, a condenação está anulada, substituída pela liberdade e vitória provida por Jesus Cristo.

Em Romanos 7, Paulo disse que se você se recusar a aceitar Jesus Cristo, terá a experiência infeliz ali descrita. Você será escravo do pecado, impossibilitado de fazer o que preferir. Em Romanos 8, ele diz que Cristo Jesus lhe oferece libertação do pecado e liberdade para fazer o bem que desejar fazer mas que sua natureza pecaminosa não permite.

Paulo continua explicando que essa liberdade foi adquirida a um custo infinito. Cristo, o Filho de Deus, que assumiu a humanidade – a única maneira de Ele Se relacionar conosco – Se tornou nosso exemplo perfeito e o substituto que morreu em nosso lugar. Ele veio “
em semelhança de carne pecaminosa” (v. 3). Como resultado, os requisitos justos da lei podem ser cumpridos em nós (a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.v. 4). Em outras palavras, Cristo tornou possível a vitória sobre o pecado, bem como o atendimento aos reclamos positivos da lei.

Devido a limitações de espaço, só vamos cobrir os primeiros 17 versos de Romanos 8. Conforme o tempo que tiver, leia o restante do capítulo, que está pleno das maravilhosas garantias do amor de Deus. Esses versos nos apontam poderosamente a esperança que devemos ter como cristãos que são “
mais que vencedores, por meio daquele que nos amou” (v. 37) e que, por amor, Ele “não poupou o Seu próprio Filho, antes, por todos nós O entregou” (v. 32).   

Domingo                           Liberdade da condenação


1. “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito” (Rm 8:1, RC). Que significa “nenhuma condenação”? Nenhuma condenação de quê? E por que essa notícia é tão boa?
Em Cristo Jesus” é uma frase comum nos escritos de Paulo. Estar alguém “em” Cristo Jesus significa que aceitou Cristo como seu Salvador. Aquele que nEle confia implicitamente decide fazer do modo de vida de Cristo o seu próprio modo. O resultado é uma união íntima e pessoal com Cristo.

Em Cristo Jesus” está em contraste com “na carne”. Também está em contraste com a experiência detalhada no capítulo 7, em que Paulo descreve como sendo carnal a pessoa que está sob condenação, antes de se render a Cristo, significando que é escrava do pecado.

A pessoa está sob a condenação da morte.  

11  Porque o pecado, prevalecendo-se do mandamento, pelo mesmo mandamento, me enganou e me matou.
13  Acaso o bom se me tornou em morte? De modo nenhum! Pelo contrário, o pecado, para revelar-se como pecado, por meio de uma coisa boa, causou-me a morte, a fim de que, pelo mandamento, se mostrasse sobremaneira maligno.
24 Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? (Rom 7:11, 13, 24).

Serve à “lei do pecado”
 
23  mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros.
25  Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado. (Rom 7:23, 25).

Essa pessoa está em uma terrível condição de desgraça

24  Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?

Mas, então, a pessoa se rende a Jesus, e ocorre uma imediata mudança em sua condição diante de Deus. Condenada no passado como transgressora da lei, essa pessoa agora está perfeita à vista de Deus, como se nunca houvesse pecado, porque a justiça de Jesus Cristo a cobre completamente. Não mais existe condenação, não porque essa pessoa não tenha defeitos, esteja sem pecados, ou que seja digna da vida eterna (porque não é!), mas porque o registro da vida perfeita de Jesus toma o lugar da pessoa; Assim, não existe condenação.

Mas a boa notícia não termina aí.

2. O que livra uma pessoa da escravidão do pecado? 
Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte.  Rom 8:2
A lei do Espírito da vida”, aqui, significa o plano de Cristo para salvar a humanidade, em contraste com “a lei do pecado e da morte”, que foi descrita no capítulo 7 como a lei pela qual o pecado governa, e cujo fim é a morte. Ao contrário, a lei de Cristo traz vida e liberdade.

Todo aquele que se recusa a se entregar a Deus acha-se sob o domínio de outro poder. Não pertence a si mesmo. Pode falar de liberdade, mas está na mais vil servidão. ... Enquanto se lisonjeia de seguir os ditames de seu próprio discernimento, obedece à vontade do príncipe das trevas. Cristo veio quebrar as algemas da escravidão do pecado” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 466). Você é escravo, ou você é livre em Cristo? Como você pode saber com certeza?       





O que a lei não pode fazer




Embora seja boa, a “lei” (a lei cerimonial, a lei moral, ou mesmo ambas) não pode fazer por nós o que mais precisamos, isto é, nos prover os meios de salvação, de modo a nos salvar da condenação e da morte que o pecado traz. Para isso, precisamos de Jesus.

3. O que Cristo fez e que a lei, por sua própria natureza, não pode fazer? 
Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado, a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.   Rm 8:3-4
Deus proveu um remédio “enviando o Seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa”, e “condenou... , na carne, o pecado”. A encarnação de Cristo foi um passo importante do plano de salvação. É apropriado exaltar a cruz, mas, no resultado do plano de salvação, a vida de Cristo “em semelhança de carne pecaminosa” também é extremamente importante.

Como resultado do que Deus fez ao enviar Cristo, agora é possível atendermos aos justos requisitos da lei; isto é, fazer as coisas certas que a lei exige. “
Debaixo da lei” (Rm 6:14), isso era impossível; agora, “em Cristo”, é possível.

Mas devemos nos lembrar de que fazer o que a lei exige não significa guardar a lei para obter a salvação. Essa não é uma opção – nunca foi. Significa simplesmente viver como Deus nos habilita a viver; significa uma vida de obediência, em que crucificamos “
a carne, com as suas paixões e os seus desejos” (Gl 5:24), vida em que refletimos o caráter de Cristo.

No verso 4, andar é uma expressão idiomática que significa “conduzir-se”.

A palavra carne, aqui, é uma referência à pessoa não regenerada, antes ou depois da condenação. Andar segundo a carne é ser controlado por desejos egoístas.

Em contraste, andar segundo o Espírito é cumprir os justos requisitos da lei. Só mediante a ajuda do Espírito Santo podemos atender a esse requisito. Só em Cristo Jesus existe liberdade para fazer o que a lei exige. À parte de Cristo, não existe essa liberdade. A pessoa escravizada ao pecado acha impossível fazer o bem que escolhe fazer (veja Rm 7:15, 18
Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto. -  Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo).  



A carne contra o Espírito




4. “Os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito. Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz (Rm 8:5, 6). Pense nesses versos. Que mensagem básica eles trazem? O que eles lhe dizem sobre sua vida? 
Inclinar-se”, aqui, é usado no sentido de agir “de acordo com” (grego kata) alguma coisa. Cogitar significa fixar a mente em alguma coisa. Um grupo de pessoas deixa que sua mente siga os desejos naturais; o outro deixa a mente nas coisas do Espírito, para seguir às Suas ordens. Porque a mente determina as ações, os dois grupos vivem e agem diferentemente.

5. O que a mente carnal não pode fazer? 
Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus. Rm 8:7-8
Ter a mente fixa em cumprir os desejos da carne, em realidade, é colocar-se em inimizade contra Deus. Alguém que tem a mente assim não tem interesse de fazer a vontade de Deus. Pode até estar em rebelião contra Ele, desconsiderando abertamente Sua lei.

Paulo deseja enfatizar especialmente isto: separados de Cristo, é impossível guardar a lei de Deus. Novamente, Paulo volta a este tema: não importa quanto o indivíduo tente, separado de Cristo, ele não pode obedecer à lei.

O propósito especial de Paulo era persuadir os judeus de que eles precisavam de algo mais que sua Torah (lei). Por sua conduta, eles mostravam que, apesar de ter a revelação divina, eram culpados dos mesmos pecados dos quais os gentios eram culpados (Rm 2). A lição de tudo isso era que eles precisavam do Messias. Sem Ele, os gentios seriam escravos do pecado, incapazes de escapar de seu domínio.

Essa era a resposta de Paulo àqueles judeus que não podiam entender por que aquilo que Deus lhes dera no Antigo Testamento não mais era suficiente para a salvação. Paulo admitiu que o que eles haviam feito era tudo bom, mas eles também precisavam aceitar o Messias.

Pense em suas últimas 24 horas. Suas ações foram do Espírito ou da carne? O que sua resposta lhe diz sobre você mesmo? Se foram da carne, que mudanças você precisa fazer, e como pode fazê-las?  





O Espírito em nós




Paulo continua seu tema, contrastando as duas possibilidades que as pessoas enfrentam em seu viver: Ou de acordo com o Espírito; isto é, o Espírito Santo de Deus, que nos é prometido, ou de acordo com sua natureza pecaminosa e carnal. Uma leva para a vida eterna; a outra, para morte eterna. Não existe meio-termo. Ou, como o próprio Jesus disse: “Quem não é por Mim é contra Mim; e quem comigo não ajunta espalha” (Mt 12:30). É difícil deixar mais claro, ou mais preto no branco, do que isso.

6. Que promessa têm os que se rendem completamente a Cristo? 
9 Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.
10 Se, porém, Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito é vida, por causa da justiça.
11  Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita.
12  Assim, pois, irmãos, somos devedores, não à carne como se constrangidos a viver segundo a carne.
13  Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis.
14  Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. 

A vida “na carne” é contrastada com a vida “no Espírito”. A vida “no Espírito” é controlada pelo Espírito de Deus, o Espírito Santo. Neste capítulo, Ele é chamado de Espírito de Cristo, talvez no sentido de que é representante de Cristo, e por meio dEle Cristo habita no cristão (v. 9, 10).

1 Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante?
2  De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?
3  Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte?
4  Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida.
5  Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição,
6  sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos;
7  porquanto quem morreu está justificado do pecado.
8  Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos,
9  sabedores de que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte já não tem domínio sobre ele.
10  Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus.
11  Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus. Romanos 6:1-11

Nestes versos, Paulo volta a uma figura que usou em Romanos 6:1-11. Figurativamente, no batismo “o corpo do pecado”; isto é, o corpo que servia ao pecado, é destruído. O “velho homem” é crucificado com Ele” (v. 6). Como no batismo, não existe um sepultamente, apenas, mas também uma ressurreição; portanto, a pessoa batizada ressurge para andar em novidade de vida. Isto significa matar o velho eu, uma escolha que temos que fazer por nós mesmos, cada dia, momento a momento. Deus não destrói a liberdade humana. Mesmo depois que o velho homem do pecado é destruído, ainda é possível pecar. Aos colossenses, Paulo escreveu: “Façam morrer tudo o que pertence à natureza terrena de vocês” (Cl 3:5, NVI).

Deste modo, depois da conversão, ainda existe uma luta contra o pecado. A diferença é que a pessoa em quem habita o Espírito tem agora o poder divino para a vitória. Além disso, se a pessoa foi tão miraculosamente liberta do domínio da escravidão do pecado, ela é obrigada a nunca mais servir ao pecado.

Pense nesta ideia de que o Espírito de Deus, que ressuscitou Jesus dos mortos, é o mesmo que habita em nós, se o permitirmos. Pense no poder que está à nossa disposição! O que nos impede de fazer uso dEle tanto quanto deveríamos?