Lei Moral | Lei Cerimonial |
1. Dada por Deus diretamente a Moisés – Êx 31:18 | 1. Dada por Moisés aos Levitas – Dt 31:25 e 26 |
2. Proferida pelo próprio Deus – Êx 20:1-22; Dt 12 e 13 | 2. Proferida por Moisés – Dt 4:44 e 45 |
3. Escrita por Deus – Êx 31:18; 32:16 | 3. Escrita por Moisés – Êx 24:4; Dt 31:9 |
4. Escrita em tábuas de pedra – Êx 31:18; Dt 4:13 | 4. Escrita Dt 31:24; Êx 24:4 e 7 |
5. Colocada por Moisés dentro da Arca – Dt 10:5; Êx 40:20; Hb 9:4; 1Rs 8:9 | 5. Colocada pelos Levitas ao lado da Arca, fora dela – Dt 31:26; 2Rs 22:8 |
6. Denominada lei do Senhor – Sl 1:2; 19:7 | 6. Denominada a lei de Moisés – Ne 8:1; At 15:5 |
7. Chamada a lei real – Tg 2:8 | 7. Chamada a cédula das ordenanças – Cl 2:14; Ef 2:15 |
8. Existia antes da queda do homem – Rm 4:13, 14 e 15 | 8. Dada depois da queda do homem – Hb 10:1; 9:9, 10 |
9. Perfeita – Sl 19:7 | 9. Imperfeita, nenhuma coisa aperfeiçoou – Hb 7:19 |
10. Tem estatutos bons, em cujo cumprimento há vida – Ne 9:13; Ez 20:11; Rm 7:12 | 10. Tinha estatutos que não eram bons – Ez 20:25; Cl 2:14 |
11. Trata de preceitos morais – Êx 20:1-17 | 11. Tratava de matéria ritual e cerimonial – Lv 12, 16, 23, etc. |
12. Nada contém de ofertas, sacrifícios e ordenanças típicas – Jr 7:22 | 12. Nada continha de moral – Hb 9:1, 9 e 10; 10:1-10 |
13. Revela o pecado – Rm 3:20; 7:7; 1Jo 3:4 | 13. Prescrevia ofertas para pecados – Lv |
14. Deve ser guardada – Mt 19:17; 1Co 7:19; 1Jo 5:3; Ap 14:12; Ec 12:13 | 14. Não devia ser guardada – At 15:24 |
15. Permanece para sempre – Sl 111:7 e 8 | 15. Cravada na cruz – Cl 2:14 |
16. Estabelecida na dispensação evangélica – Rm 3:31 | 16. Abolida na dispensação evangélica – Ef 2:5 |
17. Que julga – Tg 2:12; Rm 2:12; Ec 12:12 e 13 | |
18. Uma lei espiritual – Rm 7:14 | 18. Não espiritual – tinha mandamento carnal – Hb 9:10; 7:16 |
19. Atua em nosso favor, por ser santa, justa e boa – Rm 7:12; Sl 19:7, 9 e 10 | 19. Era contra nós – Cl 2:14 |
20. Uma lei eterna, irrevogável – Mt 5:18 | 20. Mera sombra de coisas futuras – Hb 10:1 |
21. Lei da liberdade – Tg 2:12 | 21. Jugo de escravidão – Gl 5:1 |
22. Lei que dá prazer – Rm 7:22; Sl 1:1; 119:72 e 97 | 22. Não dava prazer, por ser contrária a nós, fraca e pobre – Gl 4:9; Cl 4:9 |
23. Não pode ser mudada – Lc 16:17 | 23. Mudada por necessidade – Hb 7:12 |
24. Engrandecida por Cristo – Is 42: 21; Sl 40:8; Hb 10:7-9 | 24. Abrogada por Cristo – Hb 7:18 e19 |
25. Contém um Sábado semanal – Êx 20:8-11 | 25. Continha sábados anuais – Lv 23:24, 27, 32 e 39; Lv 23:38 |
26. Contém um sábado do qual se afirma que durará até a eternidade – Is 66:23 | 26. Tinha sábados cerimoniais – sombra das coisas futuras – que cessaram na cruz – Cl 2:14, 16 e 17 |
sexta-feira, 9 de julho de 2010
JUDEUS E GENTIOS - (Comentário ao estudo nº 02)
Quando a epístola aos Romanos foi escrita, a comunidade cristã de Roma comportava um grupo gentio, a maioria, senão todos, ganha direta ou indiretamente por Paulo. Entre eles havia conversos de diferentes localidades visitadas pelo apóstolo, e que tinham se mudado para Roma (ver 16:5, 6, 8-10, 12-16). Mas entre os conversos de Paulo havia também judeus (v. 3, 4, 7, 11), os quais, somados àqueles que haviam se convertido há mais tempo, formavam a maioria na comunidade cristã de Roma.
O que acontecia ali acontecia em boa parte das igrejas, senão em todas, no império romano. Naturalmente, a presença de dois grupos assim antagônicos provocava confrontos de natureza religiosa, principalmente fomentados pelos judeus, contenciosos como eram. Na introdução à lição é feita referência a questões suscitadas em torno de prescrições estipuladas no Antigo Testamento, não mais vigentes na era cristã. Tais questões tinham que ver diretamente com a forma pela qual o pecador é salvo.
I. Superiores promessas
Em que sentido as promessas de Deus em exercício na era cristã são superiores àquelas da antiga dispensação? No fato de que, antes de Cristo, todas as promessas eram dependentes de uma salvação que ainda se manifestaria e seria executada. Todavia, Jesus já tinha vindo e o plano da redenção se tornara plenamente concretizado. Não haveria, portanto, nenhuma possibilidade de que tais promessas (incluindo as do Antigo Testamento) não fossem cumpridas.
Os pecadores agora contam com uma expiação já provida, através da qual eles podem ter como seguro o perdão de seus pecados e o desfrute de uma comunhão plena com Deus. A justiça de Cristo, a única perfeita e que o Céu aceita, está à disposição deles para tomar o lugar da falha e rota justiça humana, que tão somente nos confirma na perdição.
Entre essas superiores promessas estão aquelas vinculadas à “nova aliança”, segundo a qual Deus usa de misericórdia para com as iniquidades dos membros de Seu povo, não se lembrando de seus pecados e, mais que isso, conduzindo-os a uma nova realidade de vida, por imprimir Sua lei na mente e coração deles, e por ser seu Deus plenamente conhecido por eles (Hb 8:10-12).
Que mais podemos esperar em matéria de promessas de Deus a nosso respeito, que não esteja incluído em Suas provisões decorrentes da salvação por nós operada no Calvário?
Descobrimos, então, que, nesta nova realidade gerada pelo primeiro advento de nosso Senhor, os mandamentos de Deus, aqueles de caráter moral e eterno, são transferidos das antigas tábuas de pedra para as tábuas da nossa consciência, o que implica a permanência e efetivação deles. Mais que isso, descobrimos que é exclusivamente por meio do evangelho que somos, pela fé, capacitados a viver a vontade de Deus, sendo assim transformados à semelhança dAquele que viveu plenamente essa vontade, tema desdobrado por Paulo em suas epístolas, principalmente naquela enviada aos romanos.
II. Leis e regulamentos judaicos
A lição de segunda-feira estabelece o devido contraste entre as leis de caráter cerimonial e a lei moral de Deus, concedida na forma de “estatutos e juízos” não somente no Pentateuco, mas em todas as Escrituras. A lição também registra outras categorias de leis no antigo Israel, comentando brevemente cada categoria.
Como a lição recomenda, é bom que nos familiarizemos com as prescrições cerimoniais, e outras, para que estejamos mais aptos a discernir o contraste de que trata a lição de hoje, lembrando sempre que os preceitos morais são universais, eternos e permanecem inalterados como Deus os prescreveu. Aliás, a profecia bíblica previu que seria uma força antiDeus que intentaria uma alteração deles (ver Dn 7:25; 8:12).
É impossível que não haja biblicamente uma lei cerimonial em contraste com a lei moral. Se assim não fosse, a Bíblia encerraria bom número de contradições. Aqui temos uma suma desse contraste, com base numa listagem preparada pelo saudoso Pr. Arnaldo B. Christianini:
III. “Que devo fazer para ser salvo?”
Essa é a pergunta mais importante que pode ser feita. Nada neste mundo, nem em qualquer parte do Universo, se compara em importância à salvação. “... Que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou o que dará o homem em troca de sua alma?” (Mt 16:26). De que adianta uma casa abarrotada de bens para aqueles que ficam de fora? Estamos cansados de saber que o Céu é lindíssimo, maravilhoso, pleno de alegria e felicidade, mas de que adianta tudo isso se nunca ali entrarmos?
É por isso que a ciência da salvação é a mais preciosa de todas. É imperativo que nos apercebamos daquilo que a Bíblia diz a esse respeito, aceitemos e vivamos sua mensagem porque, se há uma área dentro da qual se multiplicam as teorias falsas e os enganos satânicos, muitos dos quais, devo reconhecer, são fascinantes e fáceis de enredar incautos, essa área é a soteriologia, ou seja a doutrina da salvação. E problemas ligados a esse assunto ocorreram desde os primórdios do cristianismo.
Meticulosos como eram com as tradições judaicas, os judeus-cristãos impuseram aos gentios convertidos a aceitação das regulamentações contidas na Torah, o código de direito civil/religioso do judaísmo. Mas deve-se reconhecer que essas prescrições não se limitavam apenas àquilo que caducou com o Calvário; envolviam também o que era permanente e válido para ser ainda observado, mas cuja aplicação e cumprimento eram distorcidos pelo elemento judaizante. Aqui se enquadram os Dez Mandamentos, a obediência dos quais era tida como um meio de salvação.
Naturalmente, os judeus assim se empenhavam motivados pelo sentimento de que o cristianismo nada mais era que um ramo mais recente do próprio judaísmo, e aqueles gentios que aceitavam o evangelho deveriam, para todos os efeitos, se converter à fé judaica. Dirigidos pelo Espírito Santo, desde o princípio os pregadores cristãos procuraram estabelecer a devida distinção entre uma crença e outra, mostrando que o cristianismo, embora oriundo do judaísmo, não estava ligado a este e não poderia, consequentemente, ser norteado por suas normas.
Chamado por Deus inclusive para sistematizar o pensamento teológico da igreja, Paulo foi naturalmente aquele que mais elucidou os pontos controvertidos, fazendo com que as novas realidades assomassem, por exemplo: a lei, não importando se moral ou cerimonial, não poderia ocupar o lugar de Cristo como recurso de salvação,. Assim, a justificação do pecador diante de Deus não ocorreria mediante o cumprimento de prescrições morais ou cerimoniais (“obras da lei”), mas exclusivamente mediante a fé em Jesus.
Naturalmente, as colocações paulinas jamais poderiam ser entendidas como licença para o pecado, biblicamente definido como “transgressão da lei” (1Jo 3:4). Não é porque não é salvo pela lei que você tem o direito de transgredi-la. Se assim entendermos o ensino de Paulo, incorreremos no mesmo deslize dos adversários do apóstolo, que o difamavam afirmando que era isso o que ele ensinava (ver Rm 3:8 em comparação com 6:1, 2). Aquilo que permanecera vigente na era cristã deve ser observando pelos que exercem fé em Jesus, mesmo porque a fé, antes que abolir a lei de Deus, confirmou-a (Rm 3:31).
IV. “Não impor maior encargo?”
A lição de terça e de quarta-feira tocam num ponto importante: um problema de ordem teológica ou de fé surgido entre o corpo de fiéis é tratado e resolvido não por uma ou duas pessoas, por mais capacitadas que sejam, nem mesmo um grupo delas, mas pelo “corpo maior da igreja”, reunindo, em assembleia, representantes ou delegados dela (At 15:12 fala em multidão reunida). A disputa soteriológica criada pelo elemento judaizante na era apostólica foi resolvida através do concílio de Jerusalém, cuja decisão foi devidamente acatada, pelas várias congregações existentes. Infelizmente, como se verifica no estudo de amanhã, nem todos os membros, individualmente falando, tiveram o mesmo comportamento.
O parecer do concílio foi em duas direções: (1) exigências que os cristãos gentios estavam desobrigados de cumprir, e (2) recomendações a que deveriam prestar atenção e respeito. Estas envolviam a abstinência do sangue, de carnes previamente oferecidas a ídolos, de carnes de animais sufocados e de relações sexuais ilícitas (At 15:29). As primeiras se relacionavam com prescrições judaicas que não tinham mais razão de ser, entre elas o rito da circuncisão; as segundas tinham valor moral e ético, principalmente considerando as condições e ambiente dos quais os gentios eram apartados quando se convertiam; estas deveriam ser cumpridas. Em outras palavras, apenas ritos religiosos vazios e não mais significativos deveriam ser considerados obsoletos, não as determinações morais da lei de Deus. A questão da guarda do sábado sequer foi cogitada, a exemplo do cumprimento de outros mandamentos do decálogo, porque não eram pontos de controvérsia.
V. A heresia dos gálatas
“Nem todos, entretanto, ficaram contentes com a decisão [do Concílio]; havia uma facção de irmãos ambiciosos e possuídos de presunção que a desaprovaram. Esses homens pretensiosamente tomaram a decisão de se empenhar na obra sob a própria responsabilidade [em outras palavras, a decisão de tomar a obra nas próprias mãos]. Entregaram-se a muita murmuração e crítica, propondo novos planos e procurando deitar abaixo a obra dos homens a quem Deus ordenara ensinassem a mensagem do evangelho. Desde o início, a igreja teve tais obstáculos a enfrentar, e há de tê-los até a consumação do tempo” (Atos dos Apóstolos, p. 196, 197).
Temos a aprender aqui que, quando a igreja, devidamente convocada, toma uma deliberação segundo a orientação divina, é dever nosso, como membros dela, admitir e atender o que ficou determinado. Se não aceitamos a decisão e passamos a veicular uma ideia contrária, tornamo-nos apóstatas naquele ponto, e nosso parecer é considerado “heresia”. Isso é grave, não só em suas eventuais consequências, mas na própria natureza desse comportamento. A Bíblia diz, precisamente na epístola aos Gálatas, que “discórdias, dissenções” e “facções” são “obras da carne”, e “que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam” (5:21).
Esses inconformistas começaram a visitar as igrejas e a impor-lhes o que eles imaginavam ser imperativo para a vida cristã. O assunto era extremamente fundamental, porque tinha que ver com a salvação do pecado, e, como foi dito, se há um assunto em relação ao qual o inimigo procura confundir as pessoas, é a salvação. “É estudado esforço de Satanás desviar as mentes da esperança da salvação pela fé em Cristo e obediência à lei de Deus” (Ibid., p. 387). Ou ele dissemina a ideia de que a salvação pode ser alcançada por outros meios que não o único, Cristo, ou ele procura adicionar elementos estranhos, e geralmente nocivos, ao plano de Deus, ou, finalmente, ele subtrai algo do processo, o que lesa esse plano. E, para tanto, ele conta com emissários que difundam suas artimanhas.
A comunidade cristã da Galácia foi afetada com a visita de tais emissários e passou a acreditar num evangelho totalmente deturpado, que Paulo chamou de “anátema” (1:8), maldição. Já que não podia visitá-los, Paulo lhes escreveu uma carta em que condenou todo e qualquer empenho de dissidentes, mostrando a falsidade do ensino herético e exaltando o único meio de salvação por Jesus: a justificação pela fé em Seu sacrifício.
Naturalmente, esses hereges não se limitaram a visitar a Galácia. Foram também por outras igrejas (muitos deles eram pregadores itinerantes), como se subentende por aquilo que o apóstolo afirmou sobre salvação em outras de suas epístolas. Mas, evidentemente, foram os gálatas que mais se deixaram levar pelo engano. Eles chegaram ao ponto de ficar fascinados com a heresia (ver 3:1). Outra congregação também minada com o engano foi a de Colossos, a quem Paulo igualmente encaminhou uma epístola.
Nada, porém, do que o apóstolo afirmou, seja em Gálatas, em Colossenses, em Romanos, ou em qualquer outro documento do Novo Testamento jamais autoriza o desrespeito aos Dez Mandamentos. Como a lição afirma, “Paulo enfatizou que a salvação é pela fé somente, e não pela guarda da lei, até mesmo a lei moral ― mas isso não é o mesmo que dizer que a lei moral não deve ser guardada. A obediência aos Dez Mandamentos nunca esteve em questão...”
Autor: Dr.José Carlos Ramos [i]
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