quinta-feira, 29 de julho de 2010

Lei e pecado




Frequentemente, ouvimos pessoas dizendo que, na Nova Aliança, a lei foi abolida e, então, continuam citando textos que acreditam provar esse aspecto.

A lógica por trás da declaração, porém, não é sólida, nem sua teologia.

7. Qual é a relação entre a lei e o pecado? 

3 Ora, sabemos que o temos conhecido por isto: se guardamos os seus mandamentos.
4  Aquele que diz: Eu o conheço e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade.
5  Aquele, entretanto, que guarda a sua palavra, nele, verdadeiramente, tem sido aperfeiçoado o amor de Deus. Nisto sabemos que estamos nele:
6  aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou.   1Jo 2:3-6; 

Aquele que diz: Eu o conheço e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade.  1Jo 3:4; 

visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado.  Rm 3:20

Cerca de cem anos atrás, o escritor irlandês Jonathan Swift escreveu: “Mas será que alguém diria que se as palavras beber, enganar, mentir, roubar fossem extirpadas da língua e dos dicionários ingleses por um Ato do Parlamento, na manhã seguinte iríamos acordar temperantes, honrados, justos e amantes da verdade? Essa é uma consequência justa?” (Jonathan Swift, A Modest Proposal and Other Satires [Uma Proposta Modesta e Outras Sátiras], Nova Iorque: Prometheus Books, 1995, p. 205).

Da mesma forma, se a lei de Deus foi abolida, por que mentir, matar e roubar ainda são pecados? Se a lei de Deus tivesse sido mudada, a definição de pecado também deveria ser mudada. Ou se a lei de Deus tivesse perdido o valor, o pecado também deveria ter desaparecido. E quem acredita nisso? (Veja também 

7  Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado.
8 Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós.
9  Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.
10  Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós.   1Jo 1:7-10; 
Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz.  Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte.  Tg 1:14-15

No Novo Testamento, estão presentes tanto a lei como o evangelho. A lei mostra o que é pecado; o evangelho indica o remédio para esse pecado, que é a morte e a ressurreição de Jesus. Se não houvesse lei, não haveria pecado, e então, de que seríamos salvos? Só no contexto da lei, e sua validade continuada, o evangelho faz algum sentido.

Frequentemente, ouvimos que a cruz anulou a lei. Isso é um tanto irônico, porque a cruz mostra exatamente que a lei não pode ser anulada nem mudada. Se Deus não revogou nem mudou a lei antes de Cristo morrer na cruz, por que faria isso depois? Por que não Se livrar da lei assim que a humanidade pecasse e, dessa forma, poupar a humanidade da punição provocada pela violação da lei? Assim, Jesus nunca teria precisado morrer. A morte de Jesus mostra que, se a lei pudesse ter sido mudada ou revogada, isso teria sido feito antes, não depois da cruz. Assim, nada mostra mais a validade contínua da lei que a morte de Jesus, ocorrida justamente porque a lei não pode ser mudada. Se a lei pudesse ter sido mudada para nos ajudar em nossa condição caída, não teria sido uma solução melhor para o problema de pecado do que Jesus ter que morrer?

Se não houvesse lei divina contra o adultério, esse ato provocaria menos dor e magoaria menos do que acontece agora aos que são vítimas dele? Como a resposta o ajuda a entender por que a lei de Deus ainda está em vigor? Qual foi sua experiência com as consequências de violar a lei de Deus?              


                                                  Estudo adicional


Leia Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 388: “Cristo, o Centro da Mensagem”; Patriarcas e Profetas, p. 125-127: “A Vocação de Abraão”; p. 363, 364: “A Lei e os Concertos”; O Desejado de Todas as Nações, p. 307, 308: “O Sermão da Montanha”; p. 608: “Conflito”; p. 762, 763: “Está consumado”.

Naquele século de tantas diferenças sociais, quando os direitos dos homens não eram muitas vezes reconhecidos, Paulo expôs a grande verdade da fraternidade humana, declarando que Deus ‘de um só fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da Terra’. À vista de Deus, todos são iguais” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 238).

Para o homem ser salvo, e para ser mantida a honra da lei, foi necessário que o Filho de Deus Se oferecesse como sacrifício pelo pecado. Aquele que não conheceu pecado tornou-Se pecado por amor de nós. Por nós morreu no Calvário. Sua morte demonstra o maravilhoso amor de Deus ao homem e a imutabilidade de Sua lei” (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, livro 1, p. 240).

Justiça é obediência à lei. A lei requer justiça, e esta o pecador deve à lei; mas ele é incapaz de apresentá-la. A única maneira em que pode alcançar a justiça é pela fé. Pela fé ele pode apresentar a Deus os méritos de Cristo, e o Senhor lança a obediência de Seu Filho a crédito do pecador” (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 367).

Se Satanás tiver sucesso em levar o ser humano a considerar meritórias e justas as próprias obras, ele sabe que pode vencê-lo em suas tentações, e torná-lo sua vítima e presa. ... Marque as ombreiras de suas portas com o sangue do Cordeiro do Calvário, e você estará seguro” (Ellen G. White, Review and Herald, 3 de setembro de 1889).

Perguntas para consideração

1. Por que é tão importante entender que a salvação se alcança unicamente pela fé, sem as obras da lei? De que erros esse conhecimento pode nos proteger? Que perigos aguardam os que perdem de vista esse ensino bíblico crucial?
2. Que outras razões você pode dar para a validade permanente da lei de Deus, mesmo quando entendemos que não é a lei e nem a obediência a ela que nos salva?
3. Pense mais nessa ideia de que, por causa da cruz, todos os seres humanos são iguais. Por que os cristãos, que têm a cruz diante de si, tão frequentemente parecem esquecer essa verdade importante e podem ser culpados de preconceito racial, étnico ou até nacional?
4. Como pecadores justificados, recebemos a graça e o favor imerecido de Deus, contra quem pecamos. Como esse fato deve afetar nossa maneira de lidar com os outros? Temos demonstrado graça e favor para com os que nos ofendem, que realmente não merecem nossa graça e favor?


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