domingo, 4 de julho de 2010

Judeus e gentios (resumo do estudo nº 02)


 


Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. João 1:17

Conhecer: A grande divisão entre legalismo e justiça pela fé no início da igreja bem como na igreja de hoje.
Sentir: A defesa apaixonada da justificação pela fé por parte de Paulo e de outros líderes da igreja.
Fazer: Examinar a vida em busca de evidência da luz e do poder da graça, bem como o dom da obediência.
 
I. Conhecer: O retorno em direção às obras

A. Alguns cristãos judeus enfatizavam que os conversos gentios tinham que observar as leis e tradições judaicas, enquanto outros enfatizavam que a salvação unicamente pela fé era necessária tanto para os judeus como para os gentios. Quais foram as consequências?
B. Como Paulo e os outros líderes enfrentaram a primeira dissensão na igreja?

II. Sentir: Superiores promessas

A. Por que Paulo e os outros líderes da igreja tinham tanto interesse em não sobrecarregar os crentes cristãos com tradições religiosas supérfluas?
B. Quais são as “superiores promessas” (Hb 8:6) feitas aos cristãos? Quais foram algumas das normas que a igreja considerou serem ainda válidas?

III. Fazer: Compromisso com a graça

A. Qual é sua posição com relação às tradições religiosas e à justificação pela fé?
B. Que importância tem a obediência à lei de Deus em sua vida?
C. Você está demonstrando a importância da graça em sua vida e testemunho?

Resumo: 
A exemplo da primeira igreja cristã, ainda existe a tendência a destacar o que fazemos, em lugar de depender completamente do sacrifício reconciliador de Cristo e Sua promessa de viver em nós.

O debate da primeira igreja a respeito da obrigatoriedade dos cristãos de obedecer às leis do Antigo Testamento é parecido com nossos esforços hoje para alcançar o equilíbrio entre a lei e a graça em nossa vida.

No estudo desta semana, vamos considerar os problemas enfrentados pela primeira igreja a respeito da função da lei e da graça na salvação individual.

O grande escritor americano Ambrose Bierce definiu o cristão como “
alguém que acredita que o Novo Testamento é um livro divinamente inspirado e admiravelmente adaptado às necessidades espirituais de seu próximo”. Uma coisa que podemos ver é que Bierce não foi exposto ao tipo correto de cristão. Mas, como em todas as tiradas humorísticas, existe aqui um grão de verdade.

Provavelmente, Bierce estava se referindo ao hipócrita que acredita ser a obrigação de amar o próximo, atender aos desajudados, etc., um fardo a ser levado por alguém que não ele. Como sugere Lucas 11:46 (
Mas Jesus respondeu: Ai de vós também, intérpretes da Lei! Porque sobrecarregais os homens com fardos superiores às suas forças, mas vós mesmos nem com um dedo os tocais) essa escola de pensamento tem uma longa história.

Mas outro aspecto implícito no comentário sarcástico de Bierce é igualmente digno de consideração. A maioria de nós diria que o Novo Testamento ensina que somos salvos pela graça e que não existe nada que possamos fazer para ser salvos. Mas quando você diz “nós”, isso inclui você? Você acredita verdadeiramente que é salvo pela graça, ou está se sobrecarregando com coisas que precisa fazer para ser aceito? O evangelho é para você, ou só é admiravelmente adaptado ao seu próximo?

Pense nisto: 
Em Mateus 11:30, Jesus diz:O Meu jugo é suave, e o Meu fardo é leve”. Por que frequentemente sentimos a necessidade de torná-lo mais pesado para nós mesmos ou para outros?
             

Comentário bíblico


I. A lei como Jesus a via, e a lei que vemos em Jesus

Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra  (Mt 5:17-18 RA)


Não pensem que eu vim para acabar com a Lei de Moisés ou com os ensinamentos dos Profetas. Não vim para acabar com eles, mas para dar o seu sentido completo. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: enquanto o céu e a terra durarem, nada será tirado da Lei—nem a menor letra, nem qualquer acento. E assim será até o fim de todas as coisas. (Mt 5:17-18 NTLH)


34 Entretanto, os fariseus, sabendo que ele fizera calar os saduceus, reuniram-se em conselho.
35  E um deles, intérprete da Lei, experimentando-o, lhe perguntou:
36  Mestre, qual é o grande mandamento na Lei?
37  Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento.
38  Este é o grande e primeiro mandamento.
39  O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
40  Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas. (MT 22:34-40.)

Logo no início de Seu ministério, Jesus deixou claro que Seu propósito não era anular nem destruir a lei, como está revelada no Antigo Testamento, mas cumpri-la. De acordo com esse propósito, os primeiros cristãos tratavam a lei com muita seriedade.

Havia duas coisas fundamentais para a teologia cristã da lei de Deus: O ensino de Jesus sobre a lei e a observância que Jesus praticou da lei em Sua vida, morte e ressurreição.

Primeiramente, o ensino de Jesus sobre a lei pretendia alcançar o que era essencial. Em Mateus 22:34-40, quando um fariseu Lhe perguntou qual é o maior dos mandamentos, Jesus reduziu a lei a seus elementos: o amor a Deus e o amor de uns para com os outros. Assim, Jesus deu a Seus seguidores  – presentes e futuros – uma base para julgar e avaliar todas as suas ações, pensamentos e atitudes, até mesmo as que podem parecer exteriormente obedientes à lei mas que, talvez, tenham motivos errôneos ou sejam prejudiciais aos outros.

Em segundo lugar, em Sua vida e ministério, Jesus tentou afastar os discípulos do legalismo equivocado dos fariseus e de outros que tentavam obedecer à lei por suas próprias forças. Essa lição é igualmente importante para nós hoje. Embora a obediência à lei seja importante e necessária, a salvação vem pela contemplação de Jesus: Seu exemplo e Sua obra completa em nosso favor.

Pense nisto:
Qual foi o ensino fundamental de Jesus sobre a lei, e como os fariseus cristãos de Atos 15:5 (“Insurgiram-se, entretanto, alguns da seita dos fariseus que haviam crido, dizendo: É necessário circuncidá-los e determinar-lhes que observem a lei de Moisés”)   tentaram subvertê-lo, embora parecesse haver lógica em seu raciocínio?

II. Judeus, gentios e outros    (Recapitule At 15.)

Desde os dias mais antigos, o sinal da circuncisão destacava a singular relação dos israelitas ou judeus para com Deus. A circuncisão de todos do sexo masculino de sua casa ratificou a aliança de Abraão com Yahweh.

Daquele que era circuncidado no corpo também se exigia que fosse circuncidado na mente e no coração, como ordena

Circuncidai, pois, o vosso coração e não mais endureçais a vossa cerviz  Deuteronômio 10:16

O SENHOR, teu Deus, circuncidará o teu coração e o coração de tua descendência, para amares o SENHOR, teu Deus, de todo o coração e de toda a tua alma, para que vivas. Deuteronômio 30:6

Circuncidai-vos para o SENHOR, circuncidai o vosso coração, ó homens de Judá e moradores de Jerusalém, para que o meu furor não saia como fogo e arda, e não haja quem o apague, por causa da malícia das vossas obras  Jeremias 4:4.

Era circuncidado de coração e de mente quem respondia prontamente ao chamado e à guia de Deus, alguém que literalmente havia abandonado algo para seguir a Deus. O ato físico era extremamente doloroso para um adulto, e os gentios que passavam por ela e se tornavam plenamente conversos ao judaísmo eram altamente considerados.

É importante perceber que Paulo e os outros apóstolos reconheciam o significado espiritual da circuncisão e a respeitavam. Porém, ao mesmo tempo, a verdadeira circuncisão era a do coração

Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus.   (Rm 2:29).

Pense nisto: Todas as leis de Deus, até mesmo as que poderiam parecer difíceis ou dolorosas, foram planejadas para ser uma bênção aos que as seguiram no espírito certo. Por outro lado, como essas mesmas leis podem se tornar um fardo intolerável, mesmo para os que sinceramente desejam seguir a Deus?

III. Fariseus cristãos?

Insurgiram-se, entretanto, alguns da seita dos fariseus que haviam crido, dizendo: É necessário circuncidá-los e determinar-lhes que observem a lei de Moisés (At 15:5.)
Fariseus cristãos. Para o leitor comum do Novo Testamento, essa expressão pode ser paradoxal, ou mesmo completamente contraditória, como “pacifistas pela proliferação nuclear”. Mas eram esses os indivíduos descritos em Atos 15:5 – eles eram cristãos e eram fariseus. A maioria das traduções os descreve como “da seita dos fariseus que haviam crido”. Como tal, eles criam que Jesus era o Messias. Sua alegação de que os novos conversos deviam ser circuncidados e obedecer às leis de Moisés foi considerada seriamente pela igreja mas, finalmente, foi rejeitada.

Semelhantes aos fariseus, todos vamos a Cristo levando nossa bagagem. Podem ser nossos maus hábitos, ou podem ser convicções falsas ou desnecessárias sobre Deus, sobre os outros, sobre nós mesmos ou sobre o Universo como um todo. Deus nos aceita como somos – e o mesmo deve fazer a igreja – mas Ele quer nos ajudar a crescer além dessas coisas. Tudo o que é necessário é estarmos dispostos a ouvir, ter coração e ouvidos circuncidados. Em determinado ponto, precisamos decidir quais ligações são as mais importantes para nós.

Pense nisto:
À semelhança dos “fariseus cristãos”, você se apega a crenças, costumes ou hábitos falsos ou que não mais são úteis à experiência com Deus?

Anime com as perguntas a seguir para pensar sobre a esperança cristã e como se relaciona com a própria vida e com o mundo em geral.

Perguntas para consideração

1. O que faz a diferença entre os Dez Mandamentos – ou a lei moral – e todas as outras leis –  cerimoniais, civis e de saúde? Em resposta aos que acusam os adventistas do sétimo dia de serem legalistas, por que é significativo que o mandamento do sábado é um dos dez?
2. O que estava na raiz da questão da circuncisão e da imposição de outras leis do Antigo Testamento que eram claramente específicas para os israelitas antes do tempo de Cristo? Por que Paulo foi tão enfático na oposição aos que continuavam a pregar a circuncisão e outras formas de legalismo? Por que o assunto não podia ser considerado como simplesmente “concordar em discordar”?

Perguntas de aplicação

A solução do problema quanto a exigir ou não dos conversos gentios a circuncisão e a observância da lei judaica foi um claro meio-termo. Está nos escritos de Paulo que a ingestão de carne sacrificada aos ídolos, em si, não era importante (1Co 8:4
No tocante à comida sacrificada a ídolos, sabemos que o ídolo, de si mesmo, nada é no mundo e que não há senão um só Deus). Por que Paulo, tão inflexível em algumas coisas, estava disposto a aceitar esse meio-termo? Existe alguma orientação aqui para nós sobre quando é aceitável assumir uma posição flexível?

A tentação de cair em alguma forma de legalismo é universal. Por que o legalismo é tão atraente? É sempre fácil distinguir entre legalismo – ou o desejo de alcançar salvação pelos próprios esforços de obedecer escrupulosamente à lei – e o desejo sincero de fazer o melhor para Deus?

Encontramos situações legalísticas em nossa igreja hoje, assim como Paulo enfrentou, quando introduzimos os conversos à fé?

Alimentação? Práticas de saúde (não fumar e não beber álcool, por exemplo)? Observância do sábado? Além disso, como os adaptamos a essas expectativas, ao mesmo tempo em que os protegemos daqueles que lhes dariam informações falsas sobre o que se requer, com base mais em opiniões e preferências pessoais que na Bíblia?

Nesta semana, estudamos a maneira de relacionar a lei de Deus com a fé cristã conforme se desenvolvia no primeiro século e como se aplica hoje à nossa experiência como cristãos e adventistas do sétimo dia.

Examine os livros do Pentateuco, como Levítico, Números e Deuteronômio, nos quais encontramos a maioria das leis do Antigo Testamento. Resuma algumas dessas leis em fichas individuais e onde estão registradas. Veja se aquela lei particular é uma lei moral, cerimonial, civil, ou de saúde, e como podemos saber. Vocês podem também procurar encontrar possíveis aplicações espirituais das leis que caem na categoria cerimonial ou civil. Que princípios havia por trás delas?



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