terça-feira, 14 de abril de 2009

Esperança




I. Introdução

Esperança é uma crença emocional na possibilidade de resultados positivos relacionados com eventos e circunstâncias da vida pessoal. A esperança requer certa perseverança e a crença de que algo é possível mesmo quando há indicações do contrário. H. Emil  Brunner afirma: “Vivemos no passado através da fé, vivemos no futuro através da esperança, e vivemos no presente através do amor.”


Mas, por incrível que pareça, nossa esperança se focaliza no futuro e depende de nosso otimismo no presente. Em seus diferentes períodos, o mundo é impulsionado por uma forma de pensar que delineia seus projetos e estratégias. Isso define também sua ação. Podemos igualmente chamar de cosmovisão essa forma de pensar do mundo em determinado período. Todo início de uma cosmovisão gera um frenesi de otimismo, em que toda esperança é direcionada a essa nova forma de pensar e agir. No início do século 20, não foi diferente. A revolução industrial impulsionou o desenvolvimento. A razão passou a ser o centro e a mola propulsora para tudo, inclusive a moralidade. Esse período, conhecido como lluminismoModernismo ou Racionalismo, como queiram, sucedeu a cosmovisão do Teocentrismo, em que Deus era visto como o centro de toda esperança humana.


A razão como centro de tudo não pode manter consolidada a esperança, devido a muitas atrocidades, pelas quais se comprovou quão insensível, frio e egoísta é o coração humano. A segunda guerra mundial, a guerra fria e o terrorismo mundial comprovaram que o ser humano e sua razão não podem nos dar uma esperança concreta e garantida. Nota-se que as novas cosmovisões que surgiram anunciavam o fracasso e a inoperância da filosofia de vida contida na cosmovisão anterior. Nossa esperança não encontrará decepção se for firmada na promessa de Jesus em Sua Palavra. “Há esperança para o teu futuro, diz o Senhor” (Jr 31:17).


II. Esperança garantida


O profeta Jeremias traz um tom de pessoalidade em suas palavras. Elas nos animam porque comprovam que Deus não nos trata por atacado. Por meio do profeta, o Senhor afirma: “Com amor eterno Eu te amei; por isso, com benignidade te atraí” (Jr 31:3). E com relação à esperança, ele afirma que Deus cuida do futuro não apenas do mundo, mas de cada um individualmente. Por isso, declara que “há esperança para o teu futuro” (31:17, grifo nosso). Essa esperança para nosso futuro é garantida, ao passo que a do mundo é incerta e aterrorizante. Os últimos acontecimentos comprovam que, a cada dia que passa, o mundo perde sua esperança.


O interessante é que nossa base da esperança, a Palavra de Deus, nos afirma que o cumprimento da desesperança do mundo comprova a veracidade da base de nossa esperança. A Bíblia nos afirma que a falta de esperança reinará nos últimos dias (2Tm 3:1-4; Lc 21:28).  Em contrapartida, esses fatos só devem confirmar a veracidade da Palavra de Deus. Nossa esperança é garantida pela certeza que a Palavra nos assegura de nosso futuro. O homem sempre quis ter domínio sobre o futuro.


O filme “De volta para o futuro” comprova essa intenção, em que o presente e o passado são frequentemente alterados pelo acesso ao futuro. Essa ficção apresenta a intenção humana de querer controlar o futuro. Somente Deus, em Sua Palavra, pode perdoar nosso passado, transformar nosso presente e garantir nosso futuro. E somente em Cristo reside toda a nossa esperança. E isso acontece no momento em que cremos em Jesus. A teologia chama de escatologia essa experiência realizada em Cristo. O próprio Jesus afirmou: “Aquele que Me aceita passa da morte para vida” (Jo 5: 24 e 25). Aqui Ele fala de uma experiência vivida já no momento em que é recebida, e não cumprida meramente no futuro. A presença do próximo século começa aqui e agora, já, quando o poder do reino da graça se faz evidente. O futuro é antecipado pela garantia de nossa esperança trazida à vida daquele que passa a crer em Jesus.


III. Esperança necessária


Como viveríamos sem esperança de vida eterna? Nossa geração é muito breve. Poderíamos dizer que nossa vida terrena é apenas uma amostra temporária do que é a vida. Vida só é vida se for eterna. Veremos que os temas de estudo neste trimestre estão interligados. É necessário que tenhamos esperança diante de uma vida tão breve. Esperança além da sepultura. Esperança eterna. Porque esta vida se inicia com apenas uma garantia: a de que vamos morrer. Por isso, Cristo afirma que “não veio julgar, mas salvar o mundo”. Como se pode julgar quem já nasceu condenado? (Ver Jo 3: 17, 18).


Se na trajetória de nossa vida condenada à morte não nos depararmos com Cristo, nossa verdadeira vida, permaneceremos mortos. Isso revela que precisamos ter esperança. Não qualquer esperança, mas a que tem natureza eterna e transcende a morte. Essa esperança só vem de Jesus e de Sua palavra. Ao falar sobre a morte, o apóstolo Paulo admoesta que não devemos ser ignorantes quanto aos que dormem. Assim, ele declara que, ao ressoar “a trombeta de Deus, ... os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro” (1Ts 4:16, 17). E o apóstolo afirma que sua declaração vem da Palavra do Senhor (1Ts 4:15).


Ele incentiva os irmãos para que tenham esperança baseada na Palavra. Seu argumento consiste de forma simples e completa na declaração: “Pois se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará, em Sua companhia, os que dormem” (1Ts 4: 14). Nossa esperança eterna e além do túmulo se baseia em Jesus, não apenas pelo que Ele disse, mas principalmente pelo que fez. Ele ressuscitou (1Co 15). Por isso, a resurreição de Jesus é a base de toda a nossa esperança e um componenete essencial de nossa experiência  de fé (1Co 15: 19). Paulo afirma que nossa esperança não pode ser limitada em Cristo apenas nesta vida, caso contrário seremos os mais infelizes neste mundo.


 Somente a esperança respaldada em Jesus, fundamentada em Sua morte e ressurreição nos levará à eternidade. O Ser infinito tornou-Se finito sem deixar de ser infinito, para que, pela fé nEle, o ser finito novamente se tornasse infinito. Aqui está a breve biografia dos que cultivam a esperança em Jesus.


Conclusão


Sem esperança, a vida perde o sentido. Esta é, de fato, o componente vital na caminhada cristã. Sua base está em Cristo: Sua morte e ressurreição torna nossa esperança garantida a partir do momento em que recebemos o Espírito Santo no coração. Ela vai além do túmulo e é a única que nos conduz à eternidade. De fato, somente com uma esperança concreta poderemos ter um futuro garantido. E somente em Cristo a esperança se concretiza e garante nosso amanhã.



Mestre em Teologia Sistemática
Boa Viagem - Recife

Extraído de:  http://www.cpb.com.br/htdocs/periodicos/licoes/adultos/2009/com322009.html




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